Análise real/Cardinalidade

Subconjunto editar

Um subconjunto importante dos naturais é o   para algum  .

  • Exemplo: Caso exista uma bijeção entre A e  , então A possui 5 elementos.

Conjuntos finitos e infinitos editar

 

Um conjunto A é finito quando assume uma das opções abaixo:

  • quando ele é vazio. (Neste caso o conjunto não têm elementos)
  • quando existe uma bijeção entre   e  . (Neste caso o conjunto têm n elementos)
    • escreve-se  .

Concluímos que:

  • todo conjunto   é finito.
  • Que uma função bijeção entre dois conjuntos finitos ocorre somente quando eles possuem a mesma quantidade de elementos, aí dizemos que eles possuem a mesma cardinalidade. (De forma geral, se existe uma bijeção entre dois conjuntos, eles possuem a mesma cardinalidade, podendo eles serem infinitos).
  • Numa bijeção, se um conjunto é finito, o outro também o é ou se um não for finito o outro também não é.
  • Seja A um conjunto não vazio. Se existe   e uma função injetiva   diremos que A é finito, caso contrário, A é infinito.
  • O menor número n que verifica esta propriedade é dito número de elementos de A. Escrevemos  . Diremos também que o conjunto vazio é finito e que seu número de elementos é 0.

Cardinalidade de um conjunto editar

  •  : significa Cardinalidade de A. Caso A seja finito,   é a quantidade de elementos de um conjunto finito A.
Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios. Dizemos que A e B têm a mesma cardinalidade ou que a cardinalidade de A é igual à de B e escrevemos  , se existe uma bijeção  .
  • Caso contrário dizemos que eles não têm a mesma cardinalidade ou que suas cardinalidades são diferentes e escrevemos  .
Exemplo:  

Exemplo editar

Prove que o conjunto dos Naturais e dos Pares Naturais têm a mesma cardinalidade.

Prova:

  • Basta exibirmos uma função bijetiva entre os dois. Assim tome  
  • Injetividade:  
  • Sobrejetividade: Dado  , devemos mostrar que existe  . Assim Tomemos  .

Exemplo2 editar

Prove que um conjunto X com n elementos pode ser ordenado de n! modos.

Prova(Por indução):

  • Devemos mostrar que é válido para quando   (A ordenação é única).
  • Como fica quando  ; Pode ser ordenado como:  , isto é   vezes.
    • Acontece que o termo   foi colocado antes do termo   e depois do termo  . Então para cada opção que tinhamos antes ficou duplicada.
  • Como fica quando  ; Pode ser ordenado como:  , isto é 3! = 6 vezes.
    • Aconteceu para cada opção que tinhamos antes com 2 elementos foi triplicada com a inserção de um terceiro elemento.
    • Sendo que no primeiro o termo   foi inserido, antes, entre e depois dos termos em   e depois antes, entre e depois dos termos em  .
  • Suponha ser válida para quando  , existem   modos de ordenar.
  • Devemos mostrar que para quando  , existem   modos de ordenar esses   elementos.
    • Como para k elementos existem k! modos de ordenar, então para cada uma delas existem k+1 maneiras de ordenar com o k+1-ésimo elemento.
    • Assim dado uma sequência com k elementos:  , teremos  , onde o elemento   vai sendo colocado entre as posições dos elementos, antes e depois, resultando em k+1 lugares para ser colocados em k! elementos, resultando em   possibilidades
  • Logo um conjunto com X com k+1 elementos, pode ser ordenado em k+1! modos.

Exemplo3 editar

Proposição: Se um conjunto X tem n elementos e possui t subconjuntos, o conjunto   tem n+1 elementos e possui 2t subconjuntos.
Teorema: Um conjunto com n elementos possui   subconjuntos

Prova(indução sobre n):

  • Um conjunto com 1 elemento possui   subconjuntos, no caso de  , teremos os subconjuntos  
  • Um conjunto com 2 elementos possui   subconjuntos, no caso de  , teremos os subconjuntos  
    • Ou seja, foram inseridos os subconjuntos   ao inserir o elemento  .
  • Um conjunto com 3 elementos possui   subconjuntos, no caso de  , teremos os subconjuntos  
    • Ou seja, foram inseridos os subconjuntos   ao inserir o elemento  .
  • Vamos supor válido para quando n = k, ou seja, um conjunto com k elementos têm   subconjuntos.
  • Devemos mostrar válido para quando n = k+1, isto é, um conjunto com k elementos têm   subconjuntos:
    • Um conjunto com k elementos tem   subconjuntos. Ao inserir o elemento  a quantidade de subconjuntos vai dobrar(segundo a proposição), assim um conjunto com k+1 elementos têm   subconjuntos.

Prova (Triângulo de Pascal)

  • um conjunto com n elementos tem   subconjuntos
  • um conjunto com 0 elementos tem   subconjunto
  • um conjunto com 1 elementos tem   subconjuntos
  • um conjunto com 2 elementos tem   subconjuntos
  • um conjunto com 3 elementos tem   subconjuntos

...

  • um conjunto com k elementos tem   subconjuntos
  • onde o   é a quantidade de conjuntos nulo, que no caso é sempre 1
  • onde o   é quantidade de conjuntos unitários
  • onde o   é a quantidade de conjuntos formados de 2 elementos
  • onde o   é a quantidade de conjuntos formados com n-1 elementos
  • onde o   é a quantidade de conjuntos com n elementos, que no caso é sempre 1

Relações e exemplos de cardinalidade editar

  • Sejam A e B conjuntos não vazios.
    • Se existe função injetiva  , então dizemos que a cardinalidade de A é menor ou igual à de B e escrevemos  .
    • Se existe uma função sobrejetiva  , então dizemos que a cardinalidade de A é maior ou igual a de B e escrevemos  .
    • Se  , então escrevemos   (lê-se a cardinalidade de A é menor que a de B).
    • Analogamente, se  , então escrevemos   (lê-se a cardinalidade de A é maior que a de B).
Feita esta definição, temos que   é enumerável se, e somente se,  .
Exemplo: Seja A um conjunto não vazio. É evidente que   pois a função identidade   dada por   é uma bijeção.
Exemplo: Sejam A e B dois conjuntos não vazios com  . Obviamente   pois a função   dada por   é injetiva.

PROPOSIÇÃO 1 editar

Uma função   é injetiva se, e somente se, existe uma função   que seja sobrejetiva.”
  • Para provar essa proposição, fazemos em separado:
Tomemos por hipótese que   é injetiva. Vamos provar que   que é sobrejetiva.
  •  , não sabemos se  
  • Assim vamos considerar que  
    • Se ocorresse que  , teríamos que   e assim essa g é sobrejetiva.
  • Vamos tomar  . Assim, construamos  . Ao tomarmos  .
  • Assim, se  , logo  , fixemos  , um elemento arbitrário, tal que  .
  • Da forma que construímos g,  , ou seja, g é sobrejetiva.
    • Com efeito, se   teríamos   ou seja,  , que é uma contradição. Mas se  , que é uma contradição, logo  .
    • Também, se   teríamos  , que é uma contradição, logo  .
Tomemos por hipótese   é uma função sobrejetiva. Vamos provar que qualquer   é injetiva.
  • Suponha que exista uma  , de forma que f não seja injetiva.
  • Pela não-injetividade da f, existem  
  • Mas, se acontecesse que, dado  , g não seria uma função.
  • Portanto f é injetiva.

PROPOSIÇÃO 2 editar

Prove que uma função   é invertível se, e somente se, f é bijetiva.”
Prova
  • Vamos tomar por hipótese que   é invertível.
    • Uma função f é invertível se existe outra função g tal que   para todo x em A e y em B.
    • Por g ser uma função,  
    • Observando que dado qualquer y em B, existe um único x, tal que f(x) = y, nos diz que f é sobrejetiva e g é injetiva.
    • Observando que dado qualquer x em A, existe um único y, tal que g(y) = x, nos diz que g é sobrejetiva e f é injetiva.
    • Logo f e g são bijetivas.

TEOREMA = editar

TEOREMA De Cantor1-Bernstein2-Schroder3)
Se   e  , então  .

Prova:

  • Considere  
    • Como   temos que   só pode ser definida se  
    • Como   temos que   só pode ser definida se  
  • Portanto  

Propriedades importantes dos conjuntos finitos editar

Teorema (Bijeção sobre um subconjunto) editar

Seja  . Se existir uma bijeção   então  .

Prova editar

  •  
  • Como f é bijetiva   
  • Logo  

Corolário (unicidade numa bijeção) editar

Se existir uma bijeção   então  . Consequentemente, se existem duas bijeções   e  , logo  .

Prova editar

  • Pela bijeção de f,  
  • Pela bijeção de f,  

Corolário (bijeção sobre uma parte própria) editar

Não pode existir uma   de um conjunto finito sobre uma parte própria  

Prova editar

Teorema (Propriedades de um subconjunto) editar

Se   é um conjunto finito então todo subconjunto   é finito. O número de elementos de Y não excede o de X e só é igual quando Y = X.

Prova editar

Corolário editar

Seja   uma função injetora. Se Y for finito então X também será. Além disso, o número de elementos de X não excede o de Y.

Prova editar

Teorema editar

Seja X e Y conjuntos finitos, então   é finito e tem-se que  
Prova
  • Primeiro vamos mostrar que  
    •  
    •  . Podemos somar porque a união é disjunta.
  • Assim  
  • Assim  
  • Logo  
  •