Iniciação à Pesquisa Científica em Saúde /REPOSITÓRIO DE EXERCÍCIOS RESOLVIDOS/ Exercício 26: Incontinência urinária II

Questão 26: Incontinência urinária II editar

 

Um estudo científico acompanhou uma coorte de 30 mulheres com queixa de perda involuntária de urina. As características clínicas e epidemiológicas destas mulheres foram registradas em um sistema eletrônico de informação. Parte da base de dados extraída para análise foi apresentada a seguir (Nome: iniciais / Prontuário hospitalar / idade (anos) / Duração_sintoma (meses) / IMC (indice de massa corporal, kg/m2) / Urodinâmica (1- Incontinência de esforço leve / 2- Incontinência de esforço grave). Analise-a e responda às questões.

Nome Prontuário Idade Duração_sintoma IMC Urodinâmica
AVP 915075 58 19 26,6 1
MMS 814470 77 150 24,5 2
MJSM 815475 39 6 37,0 2
MSD 715555 43 12 31,0 2
PDT 835470 50 12 32,0 2
MMFT 809475 68 72 29,9 2
ZJD 825375 49 60 22,6 1
MS 825377 56 120 30,1 2
NNO 925005 45 6 31,6 2
ACV 825366 48 60 27 2
SDE 810839 61 48 40 2
WES 810075 49 48 28,5 2
IJN 822325 56 48 27,6 2
FGT 825333 49 12 29,2 2
SDE 775375 53 72 26,8 2
DCC 805075 49 12 25,7 1
FEDR 815371 72 120 18,9 1
SWE 825676 67 120 29,1 2
SDD 835374 78 24 30,4 2
SACV 835335 67 9 27,4 2
IJLO 828379 69 24 25,7 1
FVC 825071 47 36 29,1 2
SDE 824355 49 72 20,9 2
AMN 829365 56 9 30,5 2
HBG 805079 45 60 22,4 2
DFR 825473 67 120 36,5 2
FFR 819476 54 12 23,6 1
CDE 811470 53 12 32 2
RTF 813476 79 48 26,3 2
MJ 815474 79 60 31,1 2

a) Calcule o valor médio, desvio padrão, mediana e amplitude do IMC para os grupos de mulheres com Incontinência de esforço leve (1) e Incontinência de esforço grave (2)

b) Construa um intervalo de confiança de 95% para as médias de IMC nestes dois grupos (use: t alfa/2 = 2)

c) Com base nos intervalos de confiança de 95%, o IMC das mulheres com Incontinência de esforço grave parece diferente do IMC das mulheres com Incontinência de esforço leve?

Outras fontes wiki: https://pt.wikipedia.org/wiki/Intervalo_de_confian%C3%A7a

Resposta da questão: editar

a) Média e mediana são medidas de tendência central e servem para representar em um único número o que é típico (ou médio) em um conjunto de dados.

O valor médio, ou a média, é a soma de cada valor de uma determinada tabela, dividida pela quantidade de registros. O maior problema é que ela pode ser desviada por um número que foge do padrão, logo é mais utilizada para distribuições normais.

Quando a distribuição não é normal, podemos utilizar a mediana, que é menos sensível a esses valores fora do padrão. A mediana corresponderá ao "ponto do meio" da distribuição. Assim, colocamos em ordem crescente, ou decrescente, os valores da tabela e olhamos qual é o valor “do meio”. Caso a quantidade de dados na tabela seja par, podemos fazer a média simples dos dois valores “do meio”.

Amplitude é uma medida rápida da variabilidade. Ela consiste na diferença entre o mais alto e o mais baixo valor de um determinado conjunto de dados. Ela tem a vantagem de ser simples e rápida de calcular. Porém tem a desvantagem de depender apenas de dois valores de toda a distribuição (o menor valor e o maior valor). Com isso, ela pode ser claramente influenciada por um único valor.

Para entendermos desvio padrão é necessário entender o conceito de desvio, o qual é a distância de um número qualquer à média. Sendo assim, temos:

DESVIO = ( X - Xm )

Onde "X" representa um valor arbitrário e "Xm"  representa a média. Sabemos também que a soma de todos os desvios de uma determinada tabela é igual a zero.

Outro conceito a se introduzir é o de variância a qual possui a fórmula a seguir:

s²=[ ∑ ( X - Xm )²] / ( n - 1 )

Elevamos ao quadrado o desvio, pois se somarmos todos sem elevar ao quadrado obteríamos o número zero. Após isso, dividimos o número obtido pela quantidade de termos em uma determinada tabela – 1. A variância considera todos os valores da distribuição, oferecendo uma vantagem sobre amplitude que considera somente dois valores. Como no numerador da fórmula os valores dos desvios são elevados ao quadrado, a unidade original de medida acaba sendo alterada. Para resolver tal problema podemos retirar a raiz quadrada do valor obtido, e teremos o desvio padrão:

s =[ ∑ ( X - Xm )²] / ( n - 1 )

A interpretação do desvio padrão pode ser feita como o valor médio, que os valores de determinada tabela se afasta da média.

Agora podemos resolver a primeira proposição.

1-    Para o valor médio:

Somando os valores de IMC de (1) obtemos 143,1kg/m2 agora dividimos pela quantidade de dados de (1) que são 6, obtendo o resultado de 23,85. Realizando o mesmo processo para (2) obtemos o resultado de 29,62kg/m2.

2-    Para a mediana

Ao colocarmos os valores em ordem crescente de ( 1 ) o número “do meio” é: (23,6 + 25,7) /2 = 24,65kg/m2

Repetindo o processo para (2) temos o valor ( 29,9+29,2) /2 = 29,55kg/m2

3-    Para amplitude

O extremos valores de (1) são 18,9 e 26,6 e obtemos o valor de 7,7kg/m2

Repetindo para (2) temos 40 – 20,9 = 19,1kg/m2

4-    Para desvio padrão

Os desvios elevados ao quadrado de (1) são: 24,5 / 1,56 / 0,06 / 3,42 / 3,42 / 7,56. Ao jogarmos esses valores na fórmula, obtemos um desvio padrão de 2,85kg/m2

Os desvios elevados ao quadrado de (2) são: 26,21 / 54,46 / 1,9 / 5,66 / 0,08 / 0,23 / 3,92 / 6,86 / 107,74 / 1,25 / 4,08 / 0,07 / 7,95 / 0,27 / 0,61 / 4,93 / 0,27 / 76,04 / 0,77 / 52,13 / 47,33 / 5,66 / 11,02 / 2,19. Ao jogarmos esses valores na fórmula, obtemos um desvio padrão de 18,33kg/m2.

b) Intervalos de confiança são usados para indicar a confiabilidade de uma estimativa. Assim, ao se calcular um intervalo de confiança de 95% para uma média, obteremos um intervalo onde, ao pegarmos 100 amostras aleatórias, 95 possuirão uma média dentro desse determinado intervalo e 5 não estarão contidos nesse espaço.

A fórmula para tal é:

P: ( Xm - t alfa/2(s/√n), X , Xm + t alfa/2(s/√n) )

1-  Assim, para o (1) temos: 23,85 – 2(2,85/2,45)  23,85 + 2(2,85/2,45)

21,52kg/m2 ≤ X ≤ 26,18kg/m2

2-   Para (2) temos: 29,62 – 2(18,33/4,9)  29,62 + 2(18,33/4,9)

22,13kg/m2 ≤ X ≤ 37,10kg/m2

c) Com base nos intervalos de confiança, estamos 95% confiantes de que a média de IMC de mulheres com incontinência de esforço leve está entre 21,52kg/m2 e 26,18kg/m2. Também estamos 95% confiantes de que a média de IMC de mulheres com incontinência de esforço grave está entre 22,13kg/m2 e 37,10kg/m2. Assim, podemos concluir que NÃO há uma relação entre IMC e gravidade da incontinência de esforço.

(VEJA QUE HÁ VALORES DE IMC QUE SE SOBREPÕEM NAS FAIXAS DO INTERVALO DE CONFIANÇA DE 95% PARA O VALOR MEDIO DO IMC NO GRUPO DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA LEVE E GRAVE. PORTANTO NÃO SE PODE AFIRMAR QUE SÃO GRUPOS COM IMC DISTINTOS, BASEANDO-SE NA ANÁLISE DO INTERVALO DE CONFIANÇA. EM SALA DE AULA VIMOS 2 EXERCÍCIOS DESTE TIPO NA AULA 7, AMOSTRA E INTERVALO DE CONFIANÇA).

Fontes:

  • Pagano, M. Princípios de Bioestatística. 2.ed. Cengage Learning. 506p.

Indexadores do tema deste exercício editar

Estatística descritiva

Síntese numérica de um conjunto de dados sobre saúde

Medidas de tendência central

Medidas de variabilidade

Noções sobre Intervalo de confiança

Bibliografia utilizada editar

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