Comunicação online e aprendizagem/Presença Social, Presença Cognitiva e Presença de Ensino – O Modelo da Comunidade de Inquirição

O Modelo da Comunidade de Inquirição editar

O Modelo de Comunidade de Inquirição (CoI), configura-se num importante referencial teórico para orientar estudos sobre a eficácia do e-Learning. Desenvolvido pelos pesquisadores Randy Garrison, Terry Anderson et al (University of Calgary), apresentou luzes para a compreensão da comunicação mediada por computador (CMC) no apoio a uma experiência educacional.

O CoI apresenta-nos os três elementos fundamentais para que uma experiência educacional satisfatória seja alcançada:

1. A Presença Social

Nos seus estudos  Garrison, Anderson & Archer (2000) definiram a Presença Social como:

“a capacidade dos participantes numa comunidade de inquirição para se projectarem a eles próprios, social e emocionalmente, como “pessoas reais” através do meio de comunicação usado” (pág. 94)

Nessa teoria existe uma participação elevada de interação entre professor e estudante, entre estudantes e conteúdos na educação online. Para explicar melhor a teoria elaboraram um modelo da experiência da educação online, baseado em três elementos básicos: presença cognitiva, presença social e presença de ensino. Sendo esta comunidade constituída por professores e estudantes, os componentes chave do processo educacional.

2. A Presença Cognitiva

Entendida como a capacidade dos estudantes construírem e confirmarem significados através da reflexão e do discurso numa comunidade crítica de inquirição. Ou seja, é ela que garante que ocorrem aprendizagens relevantes num ambiente que suporta o desenvolvimento de capacidades de raciocínio complexo e crítico. A presença cognitiva é definida como um ciclo de inquirição prática, onde os participantes se movimentam de forma deliberada da compreensão do problema ou questão até á sua exploração, integração e aplicação.

3. Presença de Ensino

Remete ao paradigma Pedagógico, sem o qual não adianta ter interações efetivas, facilitadas por um LMS dialógico e com um bom sistema de tutoria, se o Design Instrucional não facilita o direccionamento dos processos cognitivos e sociais, com vistas à conquista de resultados com valor educacional.

A Presença de Ensino é um fator significativo quando se avalia a satisfação dos estudantes on-line, pois é a partir deste elemento que o mesmo identifica a sua aprendizagem efetiva..

A presença de ensino define-se como o desenho, a facilitação e a orientação de processos cognitivos e sociais no sentido de alcançar resultados de aprendizagem que sejam significativos a nível pessoal e relevantes do ponto de vista educativo. Ela constitui aquilo que o professor faz para criar uma comunidade de inquirição que inclui tanto a presença cognitiva como a presença social.

Fazer perguntas, interrogar, indagar, questionar, pesquisar, investigar... São ações imprescindíveis para um processo eficiente e eficaz de ensino e aprendizagem, e essa característica basilar provavelmente norteou os autores que conceberam o Modelo Teórico da CoI, que aborda de maneira completa e integrada, como nenhuma outra, o papel do professor no contexto on-line, que tem como ponto forte e necessário o estímulo à interação e ao trabalho colaborativo.

Elementos Categorias Indicadores (Exemplos)
Presença Social Comunicação Aberta

Coesão do Grupo

Expressão Afetiva

Livre Expressão

Encoraja a colaboração

Emoticons

Presença Cognitiva Evento desencadeador

Exploração

Integração

Resolução

Sentimento de perplexidade

Partilha de informação

Conectando ideias

Aplicação de novas ideias

Presença de Ensino Desenho e organização

Facilitação do discurso

Ensino direto

Definindo currículo e médodo

Partilhando significado pessoal

Focando a discussão

Os elementos que norteiam a análise da eficácia dos resultados das CoI baseiam-se nas três presenças apresentadas anteriormente, em conformidade com as fontes pesquisadas, mas gostaríamos de nos deter um pouco mais na análise da Presença de Ensino, pois percebemos que este elemento é responsável por estabelecer a forma que tornará possível a tangibilização dos resultados, consolidados pela aprendizagem efetiva da comunidade.

Garrison e Arbough (2007), enfatizam que o estímulo às interações e aos processos de cognição que fundamentam as CoI necessitam de um direcionamento, propiciado pela presença de ensino, no qual o professor possui três grandes atribuições:

  1. Planear o processo de aprendizagem, através de um bom desenho e organização, amparado por um bom Design Instrucional.
  2. Facilitação do discurso, que exige do professor interação constante, com revisão e comentários das questões postas pelos alunos, a fim de auxiliá-los com a partilha de sentido e a tentativa de chegar ao entendimento.
  3. Instrução direta, que baseia-se no pré-requisito fundamental que o formador deve ter no aspecto do domínio técnico, que naturalmente passará segurança aos alunos nos conteúdos partilhados pelo mesmo Garrison (2007).
 
gráfico comunidade de Inquirição

Para os autores, pensar o ensino online apenas como uma questão de tecnologias e de meios de comunicação mais sofisticados constitui um erro de perspectiva, pois acaba por hipotecar o enorme potencial que a sua conjugação com uma abordagem pedagógica de inspiração construtivista e sociocultural oferece à construção significativa e partilhada do conhecimento, desperdiçando esse elemento valiosíssimo cuja emergência no ensino a distância revolucionou as práticas e as metodologias até então adotadas – o grupo de aprendizagem. Por outro lado, tal postura separa-se daquilo que é a tendência da atuação humana nas sociedades atuais desenvolvidas, que passa, cada vez mais, pela colaboração na realização de tarefas e na resolução de problemas; dessa experiência virtual e, no entanto, tão real, de inserção em redes de interdependência, partilha e entre ajuda que a Internet, enquanto força cultural transformadora, cada vez mais dissemina, nomeadamente no seu atual estádio, a Web2.0; e do resultado do impacto desta no ensino online, o e-Learning2.0.