História da Europa/Revolução Científica e Iluminismo: diferenças entre revisões

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De Copérnico até Galileu, a ciência viveu um processo de rompimento de certas premissas para enfim fundamentar aquilo que conhecemos como matematização da ciência.
 
* Copérnico – Defendeu a passagem do geocentrismo ao heliocentrismo. Apenas propõe nova hipótese às teorias consideradas “verdadeiras”"verdadeiras" de Aristóteles e Ptolomeu.
* Tycho Brahe – Astrônomo dinamarquês que, ainda defensor do geocentrismo, notou que os cometas atravessavam as camadas ao redor da terra, concluindo que não poderiam ser esferas materiais como se acreditava.
* Kepler – Aprimora os conceitos de Tycho Brahe. Era tido também como astrólogo, função que permanecia misturada à astronomia.
* Galileu – Fundador da ciência moderna, Galileu trouxe em definitivo a matematização da ciência, e rompe definitivamente com Aristóteles e Ptolomeu.
 
Bacon também criticará Aristóteles através de seu rigoroso método indutivo.
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Assistimos ainda no século XV o surgimento de filosofias céticas, ou seja, filosofias que afirmavam a impossibilidade de se chegar a um conhecimento verdadeiro, ou consensual entre as pessoas.
 
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== CIÊNCIA E FILOSOFIA MODERNA ==
 
(De Descartes à Kant. Caracterizada pelo embate entre racionalismo e empirismo).
 
Enquanto Descartes, baseado na filosofia aristotélico-tomista e em sua formação de Ratio Studiorum Jesuíta, fundamentou sua filosofia na razão e no racionalismo. John Locke – fundador, ou sistematizador do empirismo (pois Bacon já subentende empirista) – afirma que todo o conhecimento é originado da experiência, que nada existe no intelecto humano que não tenha antes estado nos sentidos, e que o intelecto humano é como uma folha de papel em branco. Dessa forma, Locke critica as idéias inatas, intrínsecas ao ser humano e universais. Hume, outro pensador, afirmará que não existe relação necessária entre causa e efeito, apenas um histórico do que aconteceu anteriormente, não podendo ser tomado como regra, pois todo conhecimento é a posteriori, e só conhecemos o que é originário da experiência.
Esta oposição nos leva a um paradoxo. O racionalismo, entendido como conhecimento a priori, não se apresenta de forma expansiva, ao contrário das conclusões a posteriori da empiria. Kant lança-se na tarefa de constatar que o conhecimento pode, ao mesmo tempo, ser racional e empírico.
 
Immanuel Kant :
 
• Kant entende a filosofia como um enorme campo de batalha, não tendo seguido o caminho da matemática ou da física. Kant, entretanto, quer fundar a metafísica como ciência, e que pudesse desenvolver um conhecimento que fosse ao mesmo tempo necessário, universal e expansivo.
• Kant distingue o conhecimento sensível (que abrange as instituições sensíveis) e o conhecimento inteligível (que trata das idéias metafísicas).
• Operou na epistemologia uma síntese entre o Racionalismo (de René Descartes e Gottfried Leibniz , onde impera a forma de raciocínio dedutivo), e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que valoriza a indução).
• Kant é famoso, sobretudo, pela sua concepção conhecida como transcendentalismo: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar.
 
Immanuel Kant nasceu, estudou, lecionou e morreu em Koenigsberg. Jamais deixou essa grande cidade da Prússia Oriental, cidade universitária e também centro comercial muito ativo para onde afluíam homens de nacionalidade diversa: poloneses, ingleses, holandeses. A vida de Kant foi austera (e regular como um relógio). Levantava-se às 5 horas da manhã, fosse inverno ou verão, e se deitava todas as noites às dez horas.
 
O método de Kant é a "crítica", isto é, a análise reflexiva. Consiste em remontar do conhecimento às condições que o tornam eventualmente legítimo. Em nenhum momento Kant duvida da verdade da física de Newton, assim como do valor das regras morais que sua mãe e seus mestres lhe haviam ensinado. Não estão, todos os bons espíritos, de acordo quanto à verdade das leis de Newton? Do mesmo modo todos concordam que é preciso ser justo, que a coragem vale mais do que do que a covardia, que não se deve mentir, etc... As verdades da ciência newtoniana, assim como as verdades morais, são necessárias (não podem não ser) e universais (valem para todos os homens e em todos os tempos). Mas, sobre que se fundam tais verdades? Em que condições são elas racionalmente justificadas? Em compensação, as verdades da metafísica são objeto de incessantes discussões. Os maiores pensadores estão em desacordo quanto às proposições da metafísica. Por que esse fracasso?
 
Os juízos rigorosamente verdadeiros, isto é, necessários e universais, são a priori, isto é independentes dos azares da experiência, sempre particular e contigente. À primeira vista, parece evidente que esses juízos a priori são juízos analíticos. Juízo analítico é aquele cujo predicado está contido no sujeito. Um triângulo é uma figura de três ângulos: basta-me analisar a própria definição desse termo para dizê-lo. Em compensação, os juízos sintéticos, aqueles cujo atributo enriquece o sujeito (por exemplo: esta régua é verde), são naturalmente a posteriori; só sei que a régua é verde porque a vi. Eis um conhecimento sintético a posteirori que nada tem de necessário (pois sei que a régua poderia não ser verde) nem de universal (pois todas as réguas não são verdes).
 
Entretanto, também existem (este enigma é o ponto de partida de Kant) juízos que são, ao mesmo tempo, sintéticos e a priori. Por exemplo: a soma dos ângulos de um triângulo equivale a dois retos. Eis um juízo sintético (o valor dessa soma de ângulos acrescenta algo à idéia de triângulo) que, no entanto, é a priori. De fato eu não tenho necessidade de uma constatação experimental para conhecer essa propriedade. Tomo conhecimento dela sem ter necessidade de medir os ângulos com um transferidor. Faço-o por intermédio de uma demonstração rigorosa. Também em física, eu digo que o aquecimento da água é a causa necessária de sua ebulição (se não houvesse aí senão uma constatação empírica, como acreditou Hume, toda ciência enquanto verdade necessária e universal estaria anulada). Como se explica que tais juízos sintéticos e a priori sejam possíveis?
Eu demonstro o valor da soma dos ângulos do triângulo fazendo uma construção no espaço. Mas por que a demonstração se opera tão bem em minha folha de papel quanto no quadro negro? É porque o espaço, assim como o tempo, é um quadro que faz parte da própria estrutura de meu espírito. O espaço e o tempo são quadros a priori, necessários e universais de minha percepção (o que Kant mostra na primeira parte da Crítica da Razão Pura, denominada Estética transcendental. Estética significa teoria da percepção, enquanto transcendental significa a priori, isto é, simultaneamente anterior à experiência e condição da experiência). O espaço e o tempo não são, para mim, aquisições da experiência. São quadros a priori de meu espírito, nos quais a experiência vem se depositar. Eis por que as construções espaciais do geômetra, por mais sintéticas que sejam, são a priori, necessárias e universais. Mas o caso da física é mais complexo. Aqui, eu falo não só do quadro a priori da experiência, mas, ainda, dos próprios fenômenos que nela ocorrem. Para dizer que o calor faz ferver a água, é preciso que eu constate. Como, então, os juízos do físico podem ser a priori, necessários e universais?
 
É porque, responde Kant, as regras, as categorias, pelas quais unificamos os fenômenos esparsos na experiência, são exigências a priori do nosso espírito. Os fenômenos, eles próprios, são dados a posteriori, mas o espírito possui, antes de toda experiência concreta, uma exigência de unificação dos fenômenos entre si, uma exigência de explicação por meio de causas e efeitos. Essas categorias são necessárias e universais. Assim sendo, a experiência nos fornece a matéria de nosso conhecimento, mas é nosso espírito que, por um lado, dispõe a experiência em seu quadro espacio-temporal (o que Kant mostrará na Estética transcendental) e, por outro, imprime-lhe ordem e coerência por intermédio de suas categorias (o que Kant mostra na Analítica transcendental). Aquilo a que denominamos experiência não é algo que o espírito, tal como cera mole, receberia passivamente. É o próprio espírito que, graças às suas estruturas a priori, constrói a ordem do universo. Tudo o que nos aparece bem relacionado na natureza, foi relacionado pelo espírito humano. É a isto que Kant chama de sua revolução copernicana. Não é o Sol, dissera Copérnico, que gira em torno da Terra, mas é esta que gira em torno daquele. O conhecimento, diz Kant, não é o reflexo do objeto exterior. É o próprio espírito humano que constrói - com os dados do conhecimento sensível - o objeto do seu saber.
Na terceira parte de sua Crítica da Razão Pura, na dialética transcendental, Kant se interroga sobre o valor do conhecimento metafísico. As análises precedentes, ao fundamentar solidamente o conhecimento, limitam o seu alcance. O que é fundamentado é o conhecimento científico, que se limita a por em ordem, graças às categorias, os materiais que lhe são fornecidos pela intuição sensível.
 
No entanto, diz Immanuel Kant, é por isso que não conhecemos o fundo das coisas. Só conhecemos o mundo refratado através dos quadros subjetivos do espaço e do tempo. As únicas intuições de que dispomos são as intuições sensíveis. Sem as categorias, as intuições sensíveis seriam "cegas", isto é, desordenadas e confusas, mas sem as intuições sensíveis concretas as categorias seriam "vazias", isto é, não teriam nada para unificar. Pretender como Platão, Descartes ou Spinoza que a razão humana tem intuições fora e acima do mundo sensível, é passar por "visionário" e se iludir com quimeras.