Geografia do Brasil/Piauí: diferenças entre revisões

[edição não verificada][edição não verificada]
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 19:
Antes da implantação das fazendas de gado, é o índio a primeira atração oferecida aos bandeirantes, que o tem como objeto de caça. O nativo era utilizado tanto em empreita-das militares quanto nas tarefas diárias como escravo. O certo é que o território piauiense só é desbravado quando as fronteiras das províncias vizinhas já estavam de-marcadas. A posse e a manutenção da terra é feita mediante luta armada entre posseiros e sesmeiros. O grau de violência deste embate é desconhecido em outras partes do Nordeste ocidental. Esta ocupação feita no sentido norte-sul, vai imprimir marcas indeléveis na paisagem física (formato) e sócio-econômica (atraso e isolamento do sul) do Estado.
A existência de bons atributos naturais como amplas pastagens, rios perenes (na maior parte do ano), relevo pouco acidentado, entres outros, favoreceram a prática da pecuária extensiva que exigia pouco investimento. A agricultura, mesmo de subsistência, era pouco expressiva. A região oferecia condi-ções de coleta alimentar animal e vegetal suficientes para man-ter a população rarefeita existente. É mister ressaltar, ainda, que estas atividades, por suas características intrínsecas, não favorecem um povoamento ostensivo. O que, em parte, já explica a reduzida população absoluta que este estado apre-senta, quando comparado aos demais estados nordestinos. O Piauí separa-se do Maranhão e torna-se capitania em 1811. Já existiam centenas de fazendas de gado e mais de uma dezena de vilas consolidadas. Para garantir essa autonomia, os piauienses aderem à Independência e enfrentam as forças portuguesas, ao lado de maranhenses e cearenses, até 1823. Na década seguinte, a província do Piauí é novamente atingida por uma insurreição, desta vez de caráter social e popular, a Balaiada. Na segunda metade do século XIX, com a capital provincial já instalada em Teresina (1852), o Piauí atravessa um longo período de relativa estabilidade política, mas também de pouco crescimento econômico, em parte devido à permanência da pecuária tradicional, extensiva, e ao predomínio das oligarquias rurais, facilitado pelo próprio isolamento do estado, que a construção de uma ferrovia (Estrada de Ferro Central do Piauí) e de uma companhia de navegação a vapor no Rio Parnaíba (Cia. de Navegação do Rio Parnaíba, fundada em 1869) não consegue romper inteiramente.
 
== Climas do Piauí ==
 
 
O Piauí está situado entre duas regiões climáticas bem distintas: o Sertão semi-árido e a Amazônia quente e úmida. É, portanto, uma autêntica faixa de transição. Desta forma, pode-se dizer que a dinâmica climática do estado caracteriza-se pela sua grande complexidade. Um exemplo desta complexidade é a destacada variabilidade pluviométrica registrada no tempo (chuvas concentradas em poucos meses) e no espaço (distri-buição espacial das chuvas).
Em função de sua posição geográfica em área de baixas latitudes, de altitudes predominantemente baixas e da atuam no Piauí as seguintes massas de ar:
•Equatorial Atlântica (Ea) – forma os alísios de nordeste do Atlântico, que sopram em julho, dando origem a uma aragem denominada de ‘vento parnaibano’ que, ao avan-çar pelo vale do rio Parnaíba, ameniza as noites caloren-tas da capital. Determina ainda o regime pluviométrico denominado de Equatorial marítimo com totais pluviomé-tricos que variam entre 1.600 e 1.000 mm. Os municípios de Luzilândia, Matia Olímpio, Barras e Porto acusam os maiores índices.
•Equatorial Continental (Ec) – originária da Amazônia, atua nas áreas mais baixas do estado, situadas próximas do rio Parnaíba e ao longo do litoral. Responsável pelas chuvas de verão no sul, normalmente produz chuvas rá-pidas mas intensas, acompanhadas de trovoadas. Em Teresina, não por acaso situada na Chapada do Corisco, ocorre, em média, 60 trovoadas por ano, freqüentes no verão (10 a 11 dias cada, mês de janeiro a abril) e muito raras a partir de maio.
•Convergência Intertropical (CIT) – também conhecida como “equador térmico”, é uma faixa de encontro dos alísios situada entre o Equador e a latitude de 2° a 7° S em seu deslocamento meridional mais significativo, quando causa chuvas de verão-outono no centro-norte piauiense. Determina (em consórcio com a Ec) o regime pluviométri-co (Equatorial continental) da região, marcado por totais pluviométricos que variam de 1.200 a 550 mm anuais.
 
 
== Temperaturas ==
 
A variação da temperatura, em sua distribuição espacial, depende da latitude associada à altitude, da mesma forma que, com relação às estações do ano, depende da evolução da nebulosidade (cobertura de nuvens) e do efeito regulador da oceanidade (Embrapa, 1989).Na área litorânea, no período de julho a novembro, com pouca cobertura de nuvens, acarreta o registro das maiores amplitudes diárias, próximas de 15° C. A amplitude absoluta (anual) gira em torno dos 26° C. A temperatura média anual é de 27ºC, nas áreas de baixa altitude como as de Parnaíba, Luzilândia, Porto, José de Freitas, Teresina e outras que apresentem condições semelhantes. A máxima observada no estado foi de 40,5ºC em Oeiras e mínima de 10ºC em Corrente e Pedro II. Nas áreas de maior altitude (500-600 m, por exemplo), as médias anuais deverão atingir 26° C (Embrapa, 1989). A amplitude térmica anual, como se pode perceber, é reduzida.
A umidade relativa do ar é de 72%, variando entre 60 e 84%.
 
 
== Precipitação ==
 
 
A variação do regime pluviométrico é mais acentuada na direção sudeste/noroeste, onde se registram totais anuais abaixo de 500 mm, , em Pio IX, na divisa com o Estado de Pernambuco e na região do vale do rio Guaribas, até valores acima de 1.600 mm, na região de Porto, em direção ao litoral. Todavia, dois terços do estado estão situados em isoietas iguais ou superiores a 1.000 mm/ano. O regime pluviométrico Equatorial continental determina os meses de janeiro-fevereiro-março como o trimestre mais chuvoso na porção central do estado, enquanto no sul chove mais no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro. No litoral, por influência da massa Ea , chove mais no trimestre fevereiro-março-abril.
 
 
== Tipos climáticos ==
 
 
Existem diversas classificações climáticas, aqui será utilizada a de maior apelo didático: a classificação climática de Köppen. É oportuno ressaltar que a escassez de dados meteorológicos tornam essas classificações muito empíricas. A classificação climática de Köppen identifica, para o Piauí, três tipos climáticos gerais:
•Aw’ - Tropical com chuvas de verão e outono – predomina no norte do estado.
•Aw – Tropical Continental ou semi-úmido, com chuvas concentradas no verão. É considerado como o clima predominante na maior parte do Piauí.
•BSh – semi-árido quente com chuvas de verão: domina o sudeste do estado, apresentando, como é comum, grande irregularidade pluviométrica (250,5 mm em 1932 e 1.269 mm em 1974, na Serra da Capivara).
 
== ESTRUTURA GEOLÓGICA ==
 
 
A maior parte da estrutura geológica do Piauí é formada por terrenos sedimentares constituintes da Bacia Sedimentar do Meio Norte(cerca de 600.000 km²). Abrange grande parte dos estados do Maranhão e Piauí, o nordeste do Pará, o extremo nor-nordeste de Tocantins, pequena porção da Bahia e ainda uma estreita faixa do noroeste do Ceará. O embasamento é constituído principalmente por rochas cristalinas do Pré-Cambriano.
As bases geológicas do Piauí correspon-dem aos seguintes corpos rochosos:
I.Embasamento cristalino Pré-Cambriano:
•Abrange cerca de 39.000 km², ou seja, 15% da área do Piauí;
•Surge no sul-sudeste do estado, existe um pequeno afloramento na praia da Pedra do Sal, no município de Parnaíba;
•Forma, nas áreas de rochas mais resis-tentes à erosão, pequenas elevações.
II.Sedimentos paleozóicos da B. Sedimentar do Maranhão-Piauí.
•Inicia-se a formação da bacia em ambien-te marinho, situação que perdura do De-voniano ao final do Paleozóico;
•Forma cuestas e importantes lençóis freá-ticos (“chapadas esponjosas”);
•Recobre 209.000 km², representando 83,5% da área do estado.
III.Sedimentos Terciários da formação Barrei-ras:
•Aflora no litoral;
•Recobre uma faixa de 40/55 km corres-pondendo a 1.700km² (0,7% do estado);
•Constituem os tabuleiros pré-litorâneos.
IV.Sedimentos costeiros Quaternários:
•Formam depósitos aluvionais e dunas;
•Constituem a planície litorânea;
•Ocupam 600km², ou seja, 0,2% da área total do estado.
 
 
== GEOMORFOLOGIA ==
 
 
Nas diversas propostas de classificação do relevo brasileiro existentes, as referências acerca do relevo piauiense eram muito genéricas e/ou muito superficiais.
Apresentaremos aqui as proposta de dois pesquisadores piauienses que tentaram preencher essa lacuna. Toda classificação reflete, em suma, os avanços da ciência no seu tempo e o modo como cada pesquisador a Interpreta:
b)CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DE JOÃO G. BAPTISTA (1975): agrupa as formas de relevo do Piauí em cinco chapadas ou chapadões:
1.O Arco da Fronteira, que se divide em duas secções pela Chapada do Araripe, constituindo-se ao Sul o divisor das bacias hidrográficas do Parnaíba e do São Francisco e ao Norte separando os vales piauienses dos cearenses;
2.Os Chapadões do Sul, corres¬pondendo às escarpas do Arco da Fronteira, “que vão perdendo altitude no sentido sul-norte”;
3.As Cuestas do Centro, que apresentam mergulho das camadas de leste para oeste;
4.Os Contrafortes da Ibiapaba, identificados como cuestas que pertencem ao setor norte do Arco da Fronteira;
5.Os Morros Isolados, que são as formas de pequenas altitudes, que intercalam as formas de maior expressão espacial.
 
b) CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL DE IRACILDE M. FÉ LIMA (1984): Associando a estrutura geológica e a composição dos terrenos ao clima, a autora dividiu o relevo do Piauí nos seguintes compartimentos:
I.Depressões Periféricas:
II.Chapadões do Alto-Médio Parnaíba
III.Planalto Oriental da Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí
IV.Baixos Planaltos do Médio-Baixo Parnaíba
V.Tabuleiros Pré-Litorâneos
VI.Planície Costeira
 
== Referências ==