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=História=
 
= História =
A Bioquímica tem as suas raízes na história da Química, em particular no interesse do homem em saber que transformações ocorriam nos organismos vivos, responsáveis pela sua origem, crescimento e metamorfose. As questões colocadas por aqueles que procuraram compostos na Natureza que curassem doenças, que se interrogaram sobre a fisiologia do corpo humano, que usaram processos naturais como a fermentação de cervejas e que observaram a decomposição da matéria orgânica, entre outros, lançaram as bases da Bioquímica tal como é conhecida na actualidade.
 
== Na Antiguidade ==
[[Imagem:Demokrit.jpeg|thumb|Demócrito]]
A religião taoísta desenvolvida há mais de 2000 anos na China concebia o mundo como dividido em dois opostos, Yin e Yang, que, na luta para se manterem em equilíbrio, gerariam os cinco elementos água, terra, fogo, madeira e metal, que constituiriam todas as coisas. Os chineses preparavam então elixires contendo compostos de modo a equilibrar Yin e Yang no corpo; esta busca de elixires levou à descoberta de medicamentos e processos de fermentação. Experiências com fluidos corporais levaram provavelmente à descoberta de hormonas sexuais. Este tipo de alquimia reflectia então as práticas médicas/farmacêuticas da época.
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É também sabido que os povos árabes possuem uma longa tradição de conhecimentos farmacológicos, mas foram os antigos Gregos quem desenvolveram a alquimia, uma das bases da Química moderna, e portanto também da Bioquímica, com a preparação de poções e tinturas a partir de minerais e plantas.
 
== Idade Moderna ==
[[ImageImagem:Paracelsus01.jpg|thumb|Paracelso.]]
[[w:Paracelso|Paracelso]], no século XVI, formulou o universo como sendo regulado por leis químicas, em que os processos químicos serviriam de base às transformações observadas na Natureza. Também estabeleceu a ideia de que as doenças deveriam ser tratadas usando compostos químicos e que a natureza das próprias doenças estaria ligada à putrefacção dos "dejectos" provenientes de processos químicos. A utilização da [[Química]] para fins medicinais foi denominada "iatroquímica" por Paracelso.
 
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Franciscus Sylvius, discípulo de van Helmont, ampliou o conceito de digestão, englobando a participação da saliva e sucos pancreáticos e caracterizando o processo digestivo como uma neutralização entre ácidos e bases. Sylvius considerou que também noutros processos fisiológicos ocorreria neutralização e que, deste modo, as doenças surgiriam de situações em que existisse um excesso de ácido ou de base no corpo.
 
=== A influência do atomicismo ===
[[ImageImagem:Microscope de HOOKE.png|thumb|O microscópio de Hooke.]]
A ideia de que toda a matéria seria composta por unidades de tamanho diminuto, sendo por isso invisíveis se pensadas isoladamente, ganhou força no século XVII. A invenção do microscópio composto, por [[w:Robert Hooke|Robert Hooke]], permitiu as primeiras observações de células. [[w:Robert Boyle|Robert Boyle]] considerou a matéria como composta por corpúsculos; [[w:Descartes|Descartes]] apoia a teoria atomicista. Boyle afirma que as propriedades da matéria são explicáveis pelas propriedades físicas (tamanho e forma) dos corpúsculos, assim como pelo seu movimento, e que as transformações químicas são produzidas pela interacção mútua entre essas diminutas entidades.
 
=== O conceito de oxidação ===
 
Até aos trabalhos de [[w:Antoine-Laurent Lavoisier|Antoine-Laurent Lavoisier]], persistiram ideias como a dos elementos aristotélicos (ou variações desta; uma ideia particularmente persistente foi a do fogo como elemento de transformação) e a teoria do flogisto. Lavoisier explicou pela primeira vez a oxidação de metais e não-metais pelo oxigénio e alargou o conceito de oxidação aos processos fisiológicos: o oxigénio respirado seria utilizado na "combustão" do carbono contido em alimentos, formando-se dióxido de cabono, expulso na expiração, e calor, que explicaria o calor interno dos animais. Uma parte do ar que não seria respirável, o azoto, seria expulso sem alteração.
 
Nos finais do século XVIII, [[w:Joseph Priestley|Joseph Priestley]], que dedicou uma grande parte da sua vida ao estudo dos gases,descobriu que as plantas produziam "ar desflogistificado", isto é, contendo oxigénio, na presença de luz; foi na mesma época que Jan Ingenhousz e [[w:Jean Senebier|Jean Senebier]] formularam uma teoria para a [[Bioquímica/Fotossíntese|fotossíntese]].
 
== Idade Contemporânea ==
=== A influência da Química-Física ===
Quando, nos finais do século XIX, começou a haver um interesse na química de soluções, e a Química-Física ascendeu à categoria de ramo independente da Química, surgiu também um renovado interesse pelo estudo da concentração do ião hidrogénio (H<sup>+</sup>) e a sua relação com o [[Bioquímica/pH, pKa e soluções tampão|pH]]. O dinamarquês [[w:Søren Sørensen|Søren Sørensen]] sugeriu em 1909 utilizar o negativo do logaritmo da concentração de H<sup>+</sup>, -log[H<sup>+</sup>], originando a escala de pH tal como é conhecida na actualidade, uma ferramenta de auxílio na determinação da força de ácidos e bases. O conceito de pH foi rapidamente assimilado nos estudos bioquímicos, pois eram então conhecidas as capacidades de tampão de sistemas fisiológicos, evitando extremos de acidez ou alcalinidade.
 
=== O fim do vitalismo ===
Quando, nos finais do século XIX, começou a haver um interesse na química de soluções, e a Química-Física ascendeu à categoria de ramo independente da Química, surgiu também um renovado interesse pelo estudo da concentração do ião hidrogénio (H<sup>+</sup>) e a sua relação com o [[Bioquímica/pH, pKa e soluções tampão|pH]]. O dinamarquês [[w:Søren Sørensen|Søren Sørensen]] sugeriu em 1909 utilizar o negativo do logaritmo da concentração de H<sup>+</sup>, -log[H<sup>+</sup>], originando a escala de pH tal como é conhecida na actualidade, uma ferramenta de auxílio na determinação da força de ácidos e bases. O conceito de pH foi rapidamente assimilado nos estudos bioquímicos, pois eram então conhecidas as capacidades de tampão de sistemas fisiológicos, evitando extremos de acidez ou alcalinidade.
===O fim do vitalismo===
No século XIX, aquando do estudo da fermentação de açúcar a álcool em leveduras, [[w:Louis Pasteur|Louis Pasteur]] concluiu que a fermentação era catalisada por uma força vital dentro das células, a que chamou "fermentos". Pensava-se então que os fermentos funcionavam apenas dentro de organismos vivos.
[[Imagem:Friedrich woehler.jpg|thumb|Friedrich Wöhler]]
Originalmente acreditava-se que a vida não era assunto para a ciência. Acreditava-se que apenas os seres vivos podiam criar as "moléculas das vida" (a partir de moléculas já existentes). Este pensamento começou a mudar a partir do ano de 1828 quando [[w:Friedrich Wöhler|Friedrich Wöhler]] publicou um trabalho sobre a síntese de uréia, provando que compostos orgânicos podiam ser criados artificialmente e derrubando o [[w:vitalismo|vitalismo]] como base teórica para a distinção entre a matéria animada e inanimada.
 
=== A Bioquímica moderna ===
Talvez o fator crucial para o surgimento da Bioquímica tenha sido a descoberta da primeira [[Bioquímica/Enzimas|enzima]] em 1833, que na época recebeu o nome "diastase" (hoje chamada "amilase"); quem a descreveu foi [[w:Anselme Payen|Anselme Payen]]. Em 1896, [[w:Eduard Buchner|Eduard Buchner]] contribuiu para a Bioquímica descrevendo pela primeira vez um complexo processo bioquímico fora da célula - a fermentação alcoólica de extratos celulares de fermento - o que lhe valeu o Prémio Nobel da Química de 1907.