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"A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA"
<br>(por ALEXANDRE GAETA TOTH)
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO
 
 
 
: Introdução
 
:: 1. Os Primeiros Instrumentos e o Fogo:
(Pré-história — 3,5 milhões de anos até 4.000 a.C.)
::: 1.1. Período Paleolítico Inferior
::: 1.2. Período Paleolítico Médio
::: 1.3. Período Paleolítico Superior
::: 1.4. Período Mesolítico
::: 1.5. Período Neolítico (ou Idade da Pedra Polida)
 
:: 2. Técnicas Agrícolas e Descobertas de Novos Metais:
(Antiguidade — 4.000 a.C. ao século V, em 476 d.C)
::: 2.1. Idade do Cobre
::: 2.2. Idade do Bronze
::: 2.3. Idade do Ferro
 
:: 3. Navegação, Implementos e o Grande Desenvolvimento da Agricultura:
(Idade Média — século V ao século XV, em 1453)
::: 3.1. Alta Idade Média
::: 3.2. Baixa Idade Média
 
:: 4. Aperfeiçoamentos dos Transportes Náuticos e Armamentos:
(Idade Moderna — metade do século XV ao século XVIII, em 1789)
::: 4.1. Navegação
::: 4.2. Implementos Industriais
::: 4.3. Armamentos
 
:: 5. A Era das Invenções: compreende as maiores invenções, em um processo evolutivo extremamente rápido:
(Idade Contemporânea — final século XVIII até os tempos atuais)
::: 5.1. Fase Antecedente à 2ª Guerra Mundial (1939–1945)
::: 5.2. Fase Posterior à 1945
 
:: 06. Considerações Finais
:: 07. Referências Bibliográficas
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO
 
 
 
A Evolução Tecnológica é algo muito interessante, pois sempre esteve presente na vida do homem. Abrange desde os primórdios até, e principalmente, os dias atuais. Cada vez aumenta mais sua relação com o homem, e cada vez aumenta mais seu ritmo de evolução. Sendo assim, é algo muito interessante para ser estudado.
 
Tecnologia são, de uma maneira geral, todas as criações feitas pelo homem, isso para ampliar sua atuação no planeta e simplificar o modo de vida. Abrange, por exemplo, desde simples ferramentas até complexos aparelhos para se explorar o universo. Compreende coisas simples, que se tornaram fundamentais no cotidiano, como também instrumentos mais complexos indispensáveis à certos ramos profissionais.
 
O desenvolvimento da pesquisa tem como objetivo específico mostrar a utilidade dos instrumentos e seus aperfeiçoamentos, que compreende uma complexa evolução. Será algo detalhado do desenvolvimento, de modo geral, não se aprofundando em todas as evoluções, devido à imensidão que esse tema abrange.
 
Essa pesquisa pretende responder à seguinte pergunta: Como ocorre a evolução tecnológica? Porém podemos deduzir a resposta antecipadamente ao término da pesquisa: esses fatores devem-se a acontecimentos espontâneos ou, e principalmente, às necessidades do homem, exigindo a criação de novos objetos. Esses fatores para a evolução tecnológica mudam em relação a determinados períodos da história, assim a estrutura do texto será dividida em determinados períodos da História, sendo que cada um apresenta fatores diferentes à evolução da tecnologia.
 
Para o desenvolvimento da pesquisa será utilizado como meio de pesquisa: livros e CD-ROOMs. Dessa maneira, em síntese, cada capítulo abrangerá o que se segue.
 
No Capítulo 1 (Pré-história), apresenta a tecnologia a partir de sua existência: a partir de tempos remotos. Começou com simples instrumentos de pedra, muito rudimentares, que serviam como instrumentos de corte, estes ajudaram os hominídeos a obterem seus alimentos (subsistência de caça e pesca); e depois descobriu-se como fazer fogo. Depois parte para uma significativa evolução, onde começam a praticar agricultura, desenvolvem técnicas agrícolas, melhoram os instrumentos de corte (ficam mais afiados, pois agora são polidos), passando assim a se sedentarizarem.
 
No Capítulo 2 (Antiguidade), compreende a ascensão de grandes civilizações (como civilizações mesopotâmicas e egípcias), que permitiu uma grande evolução da agricultura: criação do arado, que se torna um instrumento fundamental. Desenvolve-se novos materiais, como o tijolos, ladrilhos e, principalmente, o cobre e o bronze, com isso tem-se o desenvolvimento de novas técnicas de construção; outro material é o ferro forjado, um novo material que poderia ser moldado, mas para isso era preciso submetê-lo a uma temperatura elevada, implicando no aperfeiçoamento da fornalha. Desenvolve-se a engenharia hidráulica (como canais de irrigação), o transporte (carruagens puxadas a cavalo, estradas pavimentadas) e armamentos (aperfeiçoamento de armas, criação da catapulta e da armadura e carros de guerra).
 
No Capítulo 3 (Idade Média), mostra que nessa época houve grande contribuição para a agricultura. Assim, aperfeiçoa-se instrumentos com o desenvolvimento do arado pesado, do arreio, e de moinhos d’água. As técnicas de construção são aperfeiçoadas através do arco gótico. Assim, o final desta época é marcado pela criação da tipografia e pela propagação da escrita.
 
No Capítulo 4 (Idade Moderna), mostra que os grandes avanços são no transporte náutico — principalmente com a criação da caravela — e na criação da Máquina a Vapor. Foram também inventados novos instrumentos para a navegação. As armas são bastante aperfeiçoadas, passando a ter maior potência e eficiência, além de terem um custo menor.
 
No Capítulo 5 (Idade Contemporânea), demonstra a razão pela qual essa época é denominada a Era das Invenções: processo evolutivo em um ritmo bastante acelerado, e inventos que a tecnologia teve desde o começo desta Era até os dias de hoje. Começa inicialmente na Inglaterra, pois foi o país percursor e iniciador da Revolução Industrial. Inicialmente houve grande desenvolvimento na mecânica e vias férreas, e assim na construção de locomotivas e barcos a vapor. Muitos cientistas tornaram-se inventores. Aperfeiçoa-se a indústria têxtil; o aço substitui o ferro; aprimora-se os instrumentos agrícolas; etc. Constitui assim grande centros industriais, localizados nas cidades. Além disso, ocorre o desenvolvimento das comunicações; da ampliação do uso da eletricidade; da invenção da Máquina de Combustão Interna, que permitiu o desenvolvimento do automóvel, e assim da maior procura pelo petróleo. Após o século XX, ocorreu a invenção das naves espaciais e o desenvolvimento do computador eletrônico — que apesar de já existir desde a Segunda Guerra Mundial, foi com a invenção dos chips que realmente evoluiu, sendo aplicados nos mais diversos setores.
 
 
 
 
 
 
 
1. Os Primeiros Instrumentos e o Fogo:
(Pré-história — 3,5 milhões de anos até 4.000 a.C.)
 
 
O período da Pré-história compreende do surgimento do homem (3,5 milhões de anos) aos primeiros indícios de registros escritos (4.000 a.C.). Este período é dividido em: Paleolítico (3,5 milhões de anos a 10.000 a.C.); Mesolítico (10.000 a.C. a 8.000 a.C.); e Neolítico (8.000 a.C. a 4.000 a.C.). Estas datas são tomadas como base, podendo ocorrer alterações de região para região.
 
O conhecimento sobre este período é incompleto, pois não pode-se chegar a uma conclusão dos objetos utilizados. Objetos deterioráveis (madeira, pele, etc.) já estão decompostos, assim, praticamente, os únicos meios para se estudar o desenvolvimento neste período é através de objetos com demorada decomposição: pedra, sílex, osso e restos de animais. (Shapiro, 1972:80).
 
A subsistência do homem nesse período era inicialmente conseguida através da caça de animais e coleta de frutos silvestres. Para isto o homem utilizou de ferramentas, que eram lascas de pedras ou ossos. Porém, como observa o autor Shapiro (1972:80), neste período o desenvolvimento consagrado é lento, gradual, e isto é observado, no início, no fato de uma única ferramenta ser utilizada para diversos feitos; e ser provenientes de lascas de pedras.
 
Para o homem da Pré-história conseguir seus instrumentos, ele lascava pedras. Para produzirem uma lasca preparavam o núcleo da pedra, deixando uma superfície plana, e então golpeavam essa superfície (lugar denominado plataforma de percussão) com um martelo de pedra; abaixo ao lugar onde foram dados os golpes denomina-se ponto de impacto, formando neste lugar uma saliência denominada bulbo de percussão; ao lado desta saliência, apresenta uma marca (marca bulbar), estas são fraturas que se desprendem do resto da pedra, constituindo assim uma lasca. Após isso, fazia-se um processo de lascagem denominado retoque: processo de finalização, onde aplicava-se a lascagem por compressão. Este processo de finalização, porém, constituía uma nova fase, com uma técnica mais evoluída e utilizada para tornar estas lascas com uma lâmina mais afiada.
 
Os instrumentos deste período podem ser divididos em quatro tipos:
– Instrumento Biface: machado de mão, feito por golpes dados no núcleo da pedra; possui duas bordas cortantes opostas.
 
– Trinchante: instrumento com uma só borda; feitos de seixos (semelhante a um cascalho, porém pouco menor) que são lascados em um lado, ou nos dois lados, da borda de corte.
 
– Ferramenta de Lasca: instrumentos de corte, grande, alongado e em forma oval; produzidos com martelo de pedra ou madeira.
 
– Instrumento Laminado: lascas muito bem preparada, possuindo uma lâmina muito fina e, por isso, muito afiada.
 
 
1.1. Período Paleolítico Inferior
 
Este é o mais longo período da Pré-história, sendo seus instrumentos encontrados próximo a vales, assim, deduz que o homem vivia, neste período, perto de fontes de água. Inicialmente, a tecnologia utilizada era muito precária. Os primeiros instrumentos feitos pelo homem, constituindo o processo evolutivo Abevilense, eram machados de mão e as lascas. Esses machados são os mais antigos e rústicos instrumentos, sua forma varia e o lascamento é irregular, assim apresenta a sua borda cortante sinuosa, provavelmente eram feitos por martelos de pedra. Quanto às lascas resultantes é muito provável que não tinham utilidade nenhuma, somente eram provenientes da manufatura dos machados.
 
Após uma pequena evolução na tecnologia de fabricação desses instrumentos, esta praticamente estagnou-se por um longo período, não apresentando processo evolutivo significativo. Após isso, consistiu-se um novo processo denominado Acheulense, tendo como característica a fabricação do machado de mão, com predominância de formas ovaladas. Depois, neste mesmo processo, passou a apresentar machados de mão com formas ovaladas e acentuada sinuosidade do fio. Em seguida, passa a predominar o machado de mão com forma de lança, onde havia um fio de corte reto ou côncavo, e apresentavam suas superfícies mais planas. Na última fase, apresenta-se machados de mão com fios retos e muito bem polidos, com forma alongada. Em todas essas pequenas evoluções, sempre esteve presente, porém em pequena escala, as trinchantes e os machados de mão com forma triangular.
 
A partir de agora, o processo evolutivo é denominado de Clactonense, onde os instrumentos passam a ficarem, gradativamente, mais afiados. Predominam os objetos lascados — ou seja, ainda fabrica-se machados de mão —, além também da manufatura das trinchantes. Os objetos lascados são feitos a partir do núcleo de pedras de sílex, tendo formas irregulares; geralmente não são polidos, porém às vezes verifica-se a prática do processo de retoque.
 
Então, os instrumentos passam a ter um aspecto mais em forma de lança, sendo aperfeiçoados para terem maior poder de corte. São submetidos a um processo especial de preparo do núcleo da pedra: grande avanço dessas ferramentas. De uma forma gradual vão se aperfeiçoando, neste novo processo denominado Lavaloisense. Na primeira fase deste processo (Lavaloisense Inferior) caracterizam-se por lascas pesadas e lâminas de forma convexa; suas plataformas de percussão não são polidas. O Período do Paleolítico Inferior passa a ser substituído pelo Paleolítico Médio, onde nesse o processo evolutivo Lavaloisense tem continuidade.
 
 
1.2. Período Paleolítico Médio
 
A partir do Paleolítico Médio o Lavaloisense passa a apresentar consideráveis evoluções na técnica de produção dos instrumentos. Caracterizando a fase do Lavaloisense Médio, tem-se o processo de manufatura das lascas aperfeiçoado: as lascas tornam-se mais leves, finas e melhores retocadas; suas lâminas tornam-se mais afiadas; e a sua forma passa a ter aspecto mais triangular. Por seguinte, na fase Lavaloisense Superior, os objetos lascados são manufaturados em formas ovais e alongadas, e espessura mais fina (tem melhor corte); e o processo de retoque é ainda mais aperfeiçoado. No Lavaloisense Final, tem-se a fabricação de lascas com ponta bastante triangular e um aperfeiçoamento no processo de retoque da lâmina, que se torna mais comum.
 
Esse processo evolutivo não pode ser seguido rigorosamente para designar o desenvolvimento em todas as regiões, pois isso ocorre de diferentes formas de desenvolvimento para cada região. Isso é verificado, por exemplo, pelo fato de que em regiões onde encontra-se o sílex em grandes blocos de pedras foi empregado técnicas para a manufatura do maior tamanho possível de lascas. Já em regiões onde os blocos de pedras eram menores, encontra-se lascas com tamanhos menores. Dependendo da região e da técnica empregada — lascas feitas a partir de blocos maiores ou menores —, as lascas são encontradas em cavernas e abrigos de rocha, ou em lugares abertos. (Shapiro, 1972:95–96).
 
Além disso, foi a partir deste período que o homem descobre como fazer fogo. E também, foi quando o homem passa a produzir instrumentos, ou ferramentas, a partir de ossos. A técnica, embora ainda muito primitiva, consistia na fabricação de instrumentos para triturar, que tinham como finalidade, servirem de apoio para cortar. Estas ferramentas foram encontradas em locais fechados, sendo que não foram encontradas em locais abertos devido à decomposição que estas ferramentas sofreram. Assim, não pode-se ter certeza em afirmar de que foi somente a partir deste período onde começou a prática da fabricação de ferramentas de osso. Conclui-se, como disse Shapiro (1972:96), que pode ter havido a prática da técnica de fazer instrumentos de osso no Paleolítico Inferior, porém devido ao fato de eles estarem sujeitos à decomposição — o homem nesta época não vivia em abrigos fechados, somente em lugares abertos — não foram encontrados ferramentas pertencentes ao período do Paleolítico Inferior.
 
 
1.3. Período Paleolítico Superior
 
Esse período é, dentre os períodos paleolíticos, o menos extenso. Porém, é o período onde ocorre o mais significativo progresso evolutivo, no qual os machados de mão e as lascas são substituídos por instrumentos que apresentam uma maior prática de técnicas, a partir deste período são produzidas lâminas com preparo especial e instrumentos diversificados.
 
Apesar do processo de preparação de lâminas já ter sido utilizado em períodos anteriores, foi no Paleolítico Superior que mais desenvolve-se, pois agora, além de rochas comuns e do sílex, são utilizados o osso, o marfim e chifres. Agora, também, o homem passa a viver em moradias, estas ainda muito simples, de forma ovalada e alongada. O homem começa a ter uma vida social mais complexa, com a pratica de uma caça coletiva.
 
O período do Paleolítico Superior é subdividido em Perigordense, Aurignacense, Solutrense e Magdalenense. Cada subdivisão compreende um ou mais instrumentos que a caracteriza: buris, raspadeiras, pontas, perfuradores, etc. O buril, tem grande importância para com o trabalho em ossos, possibilitando também a maior facilidade no desenvolvimento da arte. As pontas, como, por exemplo, a ponta com espigão (ferramenta semelhante a um martelo), possibilitou a fabricação de projéteis com cabo e agulhas com orifício, que implicaram na costura de roupas. Desenvolve-se também a arte de desenhos nas paredes de cavernas, e gravações e esculturas em pedras e ossos.
 
Na subdivisão do Paleolítico Superior, há uma certa complexidade em relação ao Perigordense e Aurignacense. A seqüência adotada designa que o Perigordense, compreende Aurignacense Inferior e Aurignacense Superior; e que o Aurignacense, compreende o Aurignacense Médio. Em ordem cronológica a evolução tecnológica da ferramentas se deu da seguinte maneira: tanto no Perigordense quanto no Aurignacense, temos como característica principal as lâminas de fio e costas bem retocadas.
 
No período Aurignacense Inferior, caracteriza-se por lâminas com longas pontas curvas, sendo que as costas desta ferramenta não apresentam corte (pontas de Chatelperron). Por seguinte, temos o Aurignacense Médio, onde desenvolve-se todos os instrumentos característicos do Paleolítico Superior (buril, pontas, raspadeiras). Nesse etapa temos, também, uma larga utilização de ossos, para a fabricação de dardos de arremesso, instrumento que servia de apoio para lançamento de setas. Surgem também as técnicas de criação de enfeites pessoais, usados como colares, e feitos de dentes ou de marfim perfurados. Já no Aurignacense Superior, temos a produção de lâminas com pontas retas e costas sem corte (pontas de Gravette). Após uma pequena evolução da tecnologia, temos o buril (com pontas bastante angulares); e as pontas de espigão, que apresentam forma de lâminas.
 
Compreendendo uma outra subdivisão do Paleolítico Superior, a Solutrense, temos grandes aperfeiçoamentos de trabalho em sílex, com o desenvolvimento de lascas chatas, regulares e fios de corte paralelos. Este desenvolvimento já vinha acontecendo no final do período anterior, mas é a partir do Solutrense que ocorre um aperfeiçoamento real: lascas laminadas com formas simétricas — denominadas, pela sua forma, folhas de louro — e pontas com ressaltos. Compreendendo um desenvolvimento dos instrumentos característicos do Paleolítico Superior, temos o desenvolvimento de perfuradores, uns com aparamento delicado e outros com aparamento bastante rude. A manufatura de ossos para serem utilizados como instrumento ocorre de uma forma secundária, embora mais intensiva do que em períodos anteriores.
 
O Solutrense Inferior tem como instrumentos característicos, as pontas retocadas, principalmente em sua parte superior, sendo que parte inferior era aparada para ficar com uma base lisa (processo de retoque) e com pontas afiadas: pontas denominadas folhas de protolouros, ou pontas protosolutrenses. No Solutrense Médio é onde realmente aparecem as folhas de louro, lâminas bifaceadas, sendo que as primeiras eram rudes e grossas, e as últimas tiveram forma fina e regular, submetidas a um processo de retoque. Na subdivisão do Solutrense Superior, temos como característica as pontas chanfradas (com chanframento único em sua base), bem como folhas de louro pequenas (submetidas a um bom processo de retoque).
 
Chegando à última fase do Paleolítico Superior, temos o Magdalenense, este se destaca pelo grande desenvolvimento das técnicas de utilização de osso e chifres para a produção de ferramentas. Esta técnica atingiu seu auge a partir do Magdalenense Médio.
 
Os instrumentos característicos desta fase Magdalenense são os feitos de ossos, sendo: pontas de azagaia (lança curta de arremesso) com base chanfrada ou bifurcada; arpões (lança longa para caçar); agulhas (instrumentos finos e com um orifício em uma das extremidades), apoios-guias para o lançamento de setas, perfuradores, arremessadores de lança, cinzéis (instrumento cortante em uma das extremidades); etc.
 
Os instrumentos característicos do Paleolítico Superior — estes são instrumentos de pedra — presenciam esta última fase, porém não apresentam grandes sofisticações, com exceção do buril com bico de papagaio (tem esse nome pois apresentam uma ponta com a forma de um bico de papagaio). Os instrumentos desta fase teve, durante ela, pequenos aperfeiçoamentos, como o manufaturamento em forma alongada, com lados paralelos e com dupla função: perfuradores-raspadeiras, raspadeiras de duas pontas e raspadeiras-cinzéis.
 
Este período (Magdalenense) se caracteriza essencialmente pela utilização de ossos para a fabricação de instrumentos, sendo assim esta fase apresenta seus processos evolutivos relacionados com a utilização do osso. O Magdalenense Inferior caracteriza-se por pontas de azagaia com base chata, chanfradas ou em forma de cone. O Magdalenense Médio apresenta arpões de osso e chifre com uma de suas laterais farpadas. O Magdalenense Superior tem como instrumentos característicos arpões com a suas duas laterais farpadas.
 
 
1.4. Período Mesolítico
 
O Período Mesolítico está compreendido entre o período Paleolítico e Neolítico (ou Idade da Pedra Polida), porém não pode ser definido como uma fase de transição entre estes dois períodos. Isso porque apresenta características próprias em sua cultura, porém, em relação ao desenvolvimento dos instrumentos, ocorreu que alguns instrumentos ainda continuaram sendo utilizados, já outros foram aprimorados. (Shapiro, 1972:107).
 
O período Mesolítico tem grande influência da técnica dos micrólitos, já iniciada superficialmente no Paleolítico Superior. Os micrólitos eram instrumentos característicos do Paleolítico Superior — como buris, raspadeiras, pontas e perfuradores, etc. — de forma pequena, geométrica e feitos de sílex.
 
Este período, caracteriza-se essencialmente por arpões planos (feitos de chifre de veado e base perfurada); por instrumentos de pedra, com aspecto de micrólitos, compreendendo raspadeiras redondas, pontas, lâminas de cinzéis; e por instrumentos de ossos, como pontas de ossos e chifres, porém em quantidades mínimas de fabricação.
 
Durante esse período aperfeiçoou-se vários instrumentos, além de novas invenções, sendo uma delas muito especial, trata-se do microburil (buril com forma pequena). Em tempos mais medianos deste período, encontra-se a manufatura de instrumentos mais pesados, provavelmente utilizados para o trabalho em madeira. Dentre os instrumentos pesados incluem lascas, lâminas, perfuradores, cutelos (instrumento cortante e semicircular), raspadeiras côncavas e picaretas — este período é caracterizado por um tipo especial de picareta. Além disso encontram-se rudes machados, raspadeiras de quartzo e picaretas simples. Estes instrumentos, para serem aprimorados, sofreram influências da mudança de alimentação destes homens então presentes.
 
Em uma fase mais avançada, após passado da metade deste período, aparecem maiores quantidades de implementos de madeira: cabos, remos, pirogas (embarcação comprida, estreita e veloz), etc. Além desses, os instrumentos mais importantes que aparecem são os feitos de ossos: pontas de ossos (muitas vezes apresentando farpas), estas colocadas em lanças, arpões de pesca e de caça. Tem-se também machados de sílex, machados de chifre e perfuradores.
 
Na fase final do Paleolítico Médio, apresenta-se machados de chifre com cabos; raspadeiras — de extremidades arredondadas e longas lâminas, ou raspadeiras pequenas, largas e ovais; buris; e setas, que implicam no uso do arco.
 
A partir desta fase final do Mesolítico ocorrem alterações geológicas de uma forma gradual — a Era Glacial chegava ao seu fim, conseqüentemente, as geleiras começara a derreter, fazendo com que ocorressem transformações geológicas —, esta transformação levaram milhares de anos para se estabilizarem: a mudanças foram no clima (temperatura, umidade, etc.), no índice pluviométrico, no nível dos mares, na flora (formações de florestas que se alastraram, ou a formação de desertos com o esgotamento de algumas extensões de florestas), na fauna (ocorreram mudanças na forma de vida dos animais), e ocorrem transbordamento dos rios — em fases posteriores foram importantes para que ocorresse a fertilização das terras e sua utilização agrícola —, etc. (Moraes, 1999:08).
 
Ainda no final do período Mesolítico ocorreram, em algumas regiões em especial, o desenvolvimento de comunidades menos nômades do que as de períodos anteriores e que praticavam mais intensamente agricultura. Estas comunidades eram menos nômades pois passavam mais tempo em uma determinada região, sendo que estas regiões eram principalmente aquelas que lhes forneciam maior quantidade de alimentos. Os instrumentos desenvolvidos nessas regiões especiais eram inovadores, e conseqüência de maior intensidade da prática agrícola: ferramentas de carpintaria. Estas ferramentas de carpintaria eram: enxós, ferramentas de carpinteiro para desbastar madeira e que tinha cabo curto e lâmina cortante; goiva, instrumento de carpinteiro, sendo que tinha cabo de madeira e lâmina convexa; seta com ponta de osso, instrumento que servia para matar animais de pêlos, e que preservava a pele do animal para sua posterior utilização.
 
Então, a partir do fim deste período, passa a predominar um período — Período Neolítico — centralizado no desenvolvimentos de vários objetos e instrumentos que são fabricados a partir de ossos. Porém a transição do período Mesolítico para o Paleolítico compreendeu muitos séculos, através de um complexo processo.
 
 
1.5. Período Neolítico (ou Idade da Pedra Polida)
 
O Período Neolítico é caracterizado pelo cultivo de alimento e pela criação de gado (de abate ou para fornecimento de alimento). Ou seja, isso gera mais independência do homem quanto à sua alimentação, isso por que o homem não limitava-se mais a um lugar para obter seu alimento, ele mesmo poderia produzi-lo, além de ser o quanto necessitava — em período anteriores o homem dependia das condições de alimentação de uma região, e quando estas esgotavam-se deveriam partir para outro lugar (processo nômade).
 
Assim o homem neolítico passa a caracterizar um novo processo de modo de vida: processo de sedentarização. Isso era necessário, pois havia um crescimento populacional, e, com o controle da produção de alimentos e da criação de gado, poderia-se aumentar essa produção para suprir as necessidades. A produção de alimentos baseava-se no cultivo de cereais — inicialmente trigo e cevada —, e a criação de gado baseava-se em animais com chifres e em caprinos, além de carneiros. Esse processo ocorrido — transformação da atividade econômica exercida, ou seja, a caça e a pesca, para um processo de cultivo de alimento e criação de gado — chama-se Revolução Neolítica.
 
Além disso, o fogo passa a ter uma maior utilização, sendo utilizado para amolecer os alimentos (cozinhar) e endurecer lanças. A utilização do fogo é de difícil compreensão quanto ao fato de como começaram a produzi-lo. Sua utilização tem raízes no Paleolítico Médio, porém nessa fase é restrito somente a algumas regiões mais desenvolvidas e encontrados somente poucos indícios, assim sendo a sua utilização mais intensiva foi neste último período da Pré-história. Sua produção provavelmente foi a partir de faísca geradas por raios que caíam em folhagem seca, assim isso fez acender fogueiras de onde o homem pôde ter pegado algo em chamas (galhos, por exemplo), para fazerem pequenas fogueiras. Esta possibilidade pode ter incentivado o homem a produzir por ele mesmo o fogo, através do atrito que faz surgir faíscas e acender folhagem seca. O que também motivou o homem a produzir fogo foi o amolecimento dos alimentos — não é muito provável pois não havia necessidade de os homens quererem alimentos amolecidos, levando em consideração que tinham seus dentes e maxilares adaptados para isso —, ou, e possivelmente, a alteração do sabor dos alimentos, que melhorou. (Moraes, 1999:12).
 
Para o cultivo das terras produtivas, que precisavam ser revolvidas, foram inventados instrumentos apropriados: plantador, bastão empregado como cavadeira em algumas regiões, e em outras regiões a enxada (lâminas feitas de pedra ou chifre, e, posteriormente, de madeira). Devido ao excedente de produção, surgiram locais apropriados para o armazenamento desse excedente: celeiros e silos (locais que mantém conservado, por um certo período de tempo, os alimentos); estes eram, respectivamente, casa para armazenagem construída sobre o solo e local de armazenamento subterrâneo.
 
Para a colheita dos cereais e sua posterior transformação em farinha, foram inventados implementos (ou seja, instrumentos fundamentais, indispensáveis). Estes implementos eram a ceifadora, esta consistem em pedaços retos de madeira com uma pequena fileira de pedras constituídas por serras; a foice curva feitas de madeira, ou de ossos (especialmente maxilares de animais), com pontas de sílex; para a trituração dos grãos, tinha-se o conjunto pilão e almofariz, ou mesmo eram triturados com pedras de forma arredondada, e este último meio (pedras arredondadas) por ser mais usual passou por transformações até chega ao modelo padrão do moinho de mão.
 
A criação de gado implicou na utilização de novos instrumentos de cultivo. O gado podia ser facilmente transportado, sendo assim era facilmente concebido a troca, ou até mesmo eram roubados. Este último permitiu o desenvolvimento de instrumentos de guerra, pois estes instrumentos eram um meio pelo qual proprietários de gado poderiam garantir que seu gado não fosse roubado. Além disso, leva-se em consideração a competição por terras cultiváveis para contribuir com o desenvolvimento de instrumentos. (Shapiro, 1972:137).
 
Nesse período desenvolveu-se técnicas para que fossem manufaturados produtos têxteis. Estes precisavam de matérias-primas, a lã ou o linho, que precisavam ser cultivadas — talvez utilizavam a lã de carneiros, porém não há certeza quanto a isso. As fibras deveriam ser enroladas para serem transformadas em fios, compreendendo assim um fuso (instrumento roliço onde os fios são enrolados). Máquinas de tear não existiam nesse período, foram invenções posteriores, assim os tecidos eram manufaturados.
 
Quanto às moradias do Neolítico, caracterizam-se, em geral, por serem mais sólidas e cômodas do que as de períodos anteriores; outras caracterizavam-se como casas retangulares e muito compridas. Porém, em algumas regiões, as moradias utilizadas eram ainda cavernas e abrigos. O materiais utilizados para a construção eram diversos, sendo que o mais utilizado era o adobe; algumas regiões compreendiam a utilização de galhos sobrepostos, recobertos por barro. Para a construção do telhado utilizava-se, geralmente, folhas. Essas moradias possivelmente tinham móveis feitos de madeira, porém esta afirmação não é consistente, já que a madeira se deteriorou e não há como provar. Todavia, os móveis de madeira foram substituídos por móveis de pedra, sendo sua existência mais consistentes devidos aos indícios encontrados. Dentre os móveis, havia: camas, armários e prateleiras para se guardar utensílios. A iluminação e o calor eram provenientes de lareiras, estas serviam também para cozinhar, porém para isso estas lareiras eram complementadas com fornos de argila; o tamanho destas lareiras estava relacionado com as temperaturas das diversas regiões.
 
As evoluções mais significativas deram-se na Europa, sendo também o lugar que constituía as aldeias mais completas. Poucas aldeias apresentavam desenvolvimentos de instrumentos de defesa até a fase final deste período, sendo que as poucas aldeias que apresentavam esse desenvolvimento utilizavam como objetos de defesa, ao redor das aldeias, os fossos (cavidades no solo) e as paliçadas (estacas de defesa). Então, a partir da fase final do Neolítico, praticamente todas aldeias apresentavam objetos defensivos, ou de guerras, tais como machados de guerra (em pedra) e objetos de sílex.
 
Ocorreu em sepulcros do Neolítico, a construção de tumbas gigantescas de pedras extraordinariamente grandes e pesadas — estas tumbas são chamadas de megálitos. Outras tumbas, menores, porém com as mesmas funções e, além disso, com maior aplicação de tecnologia, eram feitas de pedras pequenas e teto feito por modilhões (projetos arquitetônicos nos quais apresentavam formas sinuosas).
 
Os desenvolvimentos em cada região, porém, se deram em diferentes tempos. Todavia, os instrumentos produzidos e desenvolvidos eram, em geral, os mesmos ou muito semelhantes. Nesse período, o que também contribuiu para o desenvolvimento foi o intercâmbio existente entre as regiões, permitindo, assim, que técnicas fossem permutadas, conseqüentemente, ocorreu um maior desenvolvimento devido a isso. (Shapiro, 1972:141).
 
 
 
 
 
 
 
2. Técnicas Agrícolas e Descobertas de Novos Metais:
(Antiguidade — 4.000 a.C. ao século V, em 476 d.C)
 
 
Esse período tem como ponto marcante a descoberta de importantes metais — cobre, bronze e ferro, respectivamente — que são fundamentais para o desenvolvimento de novos instrumentos. Esses contribuíram muito para o transporte — agora com tração animal —, e, principalmente, para a agricultura — revolucionada pelos canais de irrigação e, essencialmente, pelo arado.
 
 
2.1. Idade do Cobre
 
Esse primeiro período da Antiguidade caracterizou-se em viabilizar a agricultura o máximo possível. Para esse desenvolvimento, primeiramente, passa-se a gerar um excedente dos produtos agrícolas. Para tal excedente houve grandes mudanças sociais (maior relação entre pessoas de uma mesma região, ou de lugares mais distantes) e econômicas. Implicando também em mudanças tecnológicas.
 
Implicações tecnológicas foram cruciais para que pudesse ocorrer importantes transformações no modo de produção. Assim, canais de irrigação foram usados para tornar terras áridas e montanhosas propícias para o cultivo — onde antes não era possível chegar com água —, além de tornarem-se adequadas para habitação. Antes da implantação desses canais, era possível apenas o cultivo de produtos agrícolas perto das margens dos rios. Em oposição às áreas desérticas e montanhosas, onde basicamente não havia água, temos os locais que se caracterizam-se por terrenos alagados. Esses locais precisavam de técnicas para a drenagem da água, e assim tornar possível o cultivo.
 
A forma de construção das casas não se caracteriza mais por galhos e argila, passa agora a ser construída de tijolos moldados, estes feitos de barro seco ao sol, e que posteriormente passaram a ser feitos em fornalhas. Nessas novas moradias, começou a domesticar-se animais, como o cavalo e o boi.
 
A escrita que aparece nas sociedades dessa época era uma forma de se transmitir o conhecimento, muito limitada e dificultosa. Eram feitos desenhos, não muito detalhados, para poder retratar algum ser, objeto ou tarefa do homem. Embora não fazia-se desenhos muito detalhados, era uma forma relativamente demorada para se retratar algo. Esse tipo de escrita, caracterizada pela representação em desenhos, era chamada de pictográfica.
 
Essa dificuldade de transmitir o conhecimento implicou no aperfeiçoamento da escrita, ou seja, na sua simplificação. Assim, o aperfeiçoamento da escrita consistiu em atribuir significados arbitrários às coisas representadas; agora não retratavam apenas coisas, mas também idéias. Essa nova maneira de se escrever, caracterizada pela representação através de símbolos, chama-se ideografia. Essa nova maneira de representar coisas e idéias foi adotada pela sociedade chinesa.
 
Porém, esse tipo de escrita ideográfica não foi adotada igualmente em todas regiões. Sendo assim, os sumerianos começaram a adotar um tipo de escrita que incluía palavras de uma única sílaba para representar a maioria das coisas e idéias, apesar de apresentar também ideografias. E, com o passar do tempo, os símbolos utilizados começariam a diminuir cada vez mais. Este tipo de escrita, porém, deu-se de forma mais efetiva na Idade do Bronze.
 
Os instrumentos feitos de pedra, osso e madeira ainda continuam sendo utilizados nessa primeira fase da Antiguidade, embora relativamente em pouca quantidades: dependia da região e de seu respectivo nível tecnológico. Esse período é caracterizado pelos implementos feitos de cobre — como por exemplo os machados. Sendo que agora, passam a ser fundidos.
 
A metalurgia, nesse período, caracterizou-se pela descoberta de um novo material: o cobre. E conseqüentes descobertas de sua maleabilidade, poder de fundir-se, e suas ligas. O cobre, quando aquecido, permiti que através de um molde assuma as formas que desejam ser moldadas, e após seu esfriamento torna-se bastante duro, além de ser possível fazer no material moldado um fio de corte. O molde para cobre era um recipiente geralmente de argila no qual coloca-se o cobre aquecido — ou seja, em estado líquido —, e espera seu esfriamento.
 
Os limites para a moldagem de um material e as vantagens em relação aos materiais usados anteriormente — pedra, sílex, etc. — são comentadas a seguir: o limite ao tamanho do molde depende da habilidade técnica que uma determinada pessoa tem conhecimento. Isso também se aplica às formas que definem um objeto, sendo, portanto, também ilimitadas. Além disso, após ser moldado e resfriado, o material pode ser novamente modificado com golpes de martelo, tendo em consideração que o cobre é maleável. Os materiais de cobre são mais duráveis do que os de pedra ou de osso, não por que seu fio de corte é mais durável — eles tem o mesmo tempo de durabilidade —, nem por que tem maior poder de corte. Mas sim pelo fato de que o cobre pode ser restaurado — fundindo-o —, caso quebre, ou mesmo pelo fato de sua lâmina — quando não tiver mais fio de corte — poder ser amolada. (Dutra, 1966:80–81).
 
A utilização do cobre como metal para a fabricação de diversos instrumentos, implicou no aperfeiçoamento das fornalhas para o aquecimento deste metal, devido ao fato de precisar de fornalhas que produzam altas temperaturas, sendo que isso era necessário para a fusão. Além da utilização de cadinhos (recipientes), para receber o material fundido; pinças, para levantar os moldes quando com o metal aquecido; e moldes, para determinar a forma e tamanho do objeto a ser moldado.
 
Chegando ao final deste período, o homem — devido às influências de crenças, onde utilizava o cobre devido à sua cor e brilho para a produção de talismã — descobriu que podia misturar carvão de lenha (de diferentes classes) com elementos mais comuns, como pedra e terra, para obter uma substância semelhante ao cobre quanto à cor. Implicou, então, no interesse de misturar cobre com outros metais — prata, chumbo e estanho —, chegando à descoberta de uma nova liga formada por cobre e estanho, denominada de bronze. E isso, foi de enorme importância para o surgimento de uma nova Era. Novos implementos foram concretizados.
 
 
2.2. Idade do Bronze
 
A descoberta da mistura de cobre e estanho origina uma liga de melhor qualidade, esta denominada bronze. Foi uma revolução para a metalurgia, pois passa a constituí a concretização para a expansão dos implementos feitos de metais.
 
O conhecimento das técnicas metalúrgicas difundiram-se à medida que as pessoas migravam. O incentivo à utilização dos metais devem-se à suas características: maior dureza, em comparação aos instrumentos de pedra —muito mais eficazes em uma luta, por exemplo, pois os instrumentos de pedra poderiam se quebrar facilmente, já os de metais não; e embora escasso na maioria das regiões, havia uma maior facilidade de transporte desses metais. (Dutra, 1966:83–85).
 
A escrita, a partir deste período, começa a assumir caráter mais simples. Algumas conseqüências da simplificação da escrita foram devido à rapidez da escrita e sua comodidade, os símbolos eram feitos com tanto descuido que não apresentavam, muitas vezes, características semelhantes com o objeto retratado. A escrita deixa de ser delineada, e começa a ser produzida através de um estile com forma de cunha: a chamada escrita cuneiforme. Essa escrita — que teve seu início na Idade do Cobre — foi idealizada pelos sumerianos, para aperfeiçoamento de sua escrita baseada em uma única sílaba. Inicialmente esse novo tipo de escrita foi aplicada para a transcrever os nomes de reis semitas, e logo depois para a escrita de documentos oficiais e comerciais.
 
Já no Egito, um novo tipo de escrita foi consagrado, a escrita hieroglífica, na qual ainda conserva-se a utilização de desenhos característicos da escrita pictográfica — esta que permaneceu durante mais de 3.000 anos. Após esse longo período, essa escrita assuma caráter ideográfico. Sendo assim, esse tipo de escrita não apresenta maior aperfeiçoamento do que a dos sumerianos (apesar de ser caracterizada pela utilização de uma sílaba, apresentava também características ideográfica). Pois a variedade de símbolos não é menor, assim não pode se considerada mais prática e simples. Essa escrita apresenta uma variação que era mais corrente: a hierática. A escrita hieroglífica apresenta relação à escrita dos sumerianos quanto a utilização de designações. Mas ao invés de uma sílaba, eram apenas consoantes. Dessa forma, apesar de os egípcios terem todas as consoantes para constituir um alfabeto, continuaram — como outras civilizações — a utilizarem símbolos.
 
Além da escrita, era necessário o desenvolvimento de um sistema numérico para acompanhar a evolução que estava ocorrendo nos mais variados setores, do período da Antiguidade. O sistema numérico então presente estava muito precário e ineficiente. Esse precário sistema consistia em fazer a contagem de determinada coisa, marcando respectivos riscos em uma tábua de madeira. Não mais correspondia às praticas comerciais para contabilidade e para a contagem do rebanho, por exemplo. Dessa forma, desenvolveu-se um novo sistema numérico. No qual os números inferiores a dez são expressados igual à maneira antiga — círculos semicirculares feitas com uma careta. E, porém, cada grupo de dez números passou a ser expressado de uma forma simbólica diferente: um círculo feito pela pressão de uma vareta na argila ou madeira.
 
Foram desenvolvidos dois tipos de sistema numérico: o sistema sexagesimal e o sistema decimal. No sexagesimal, foi introduzido um novo símbolo para designar o número 60, que consistia num semicírculo feito com uma vareta maior do que o utilizado no sistema descrito acima. E, no sistema decimal — utilizado para medir grãos — o mesmo símbolo que designava o número 60 (sistema sexagesimal), era aqui utilizado para designar o número 100. Na Suméria, depois de 2.500 a.C., o sistema decimal foi abandonado, passando a ser utilizado somente o sexagesimal.
 
As grandiosas obras e templos realizados através de trabalho cooperativo, exigiam a padronização de pesos e medidas. Isso é necessário pois, levando em consideração que eram realizadas por grandes contigentes de pessoas, não mais era possível utilizar membros do corpo — braço, perna, pé, nariz, dedo, etc. — para servir de medidas. Nem outros materiais — grãos, por exemplo — para servir de peso. Antes, era possível pois não eram construídos grandes obras, conseqüentemente não havia necessidade de grande quantidade de pessoas. Mas com inúmeras pessoas trabalhando, isso seria algo desastroso, pois cada pessoa tem uma determinada medida de seus membros, e não convêm utilizar grãos para determinar o peso de um objeto. (Dutra, 1966:113–114).
 
Para padronizar as unidades de medidas, convencionou-se a utilização de varas de metal ou de madeira, onde era marcado o tamanho de determinado objeto que se desejava medir. Assim, em uma construção, todos os trabalhadores poderiam ter a medida quase exata de um objeto. Quanto a padronização de unidades de peso, passou a determiná-lo cortando determinados materiais, principalmente a hematita que era freqüentemente encontrado por pessoas que escavavam metais. Sendo assim poderia ter medidas mais aproximadas, e, muito provavelmente, a balança fora inventada antes desses padrões, para que fosse possível determinar o peso de algo.
 
Com o surgimento de uma camada urbana na sociedade, foi necessário a criação de um calendário mais adequado. Esse calendário, primeiramente utilizado pelos sumerianos, dividia a parte do dia mais a da noite em 24 horas. Além disso criaram instrumentos específicos à marcação do dia e da noite: relógio de água (ou clepsidra) — baseado na ampulheta — e um relógio solar (espécie de quadrante solar). Este último era constituído por um círculo com uma espécie de triângulo retângulo que forma uma sombra ao lado oposto em que o sol reflete, sendo que o tamanho desta sombra, mostra aproximadamente a respectiva hora. Quanto à marcação dos anos, era feita através da simples observação da lua, o que se designa calendário lunar. Isso era feito por pessoas que tinham o conhecimento, pela observação do céu, da extensão do ano sideral. Às vezes, havia necessidade de se corrigir essa observação, pois era incerta.
 
Além do calendário idealizado primeiramente pelos sumerianos (calendário lunar descrito acima), foi realizado pelos egípcios um outro tipo: o calendário solar — precursor do utilizado atualmente na civilização ocidental. Esse tipo de calendário foi desenvolvido a partir de observações das cheias do rio Nilo. Assim, funcionários do faraó constataram — depois de 50 anos de observação — que o intervalo médio das cheias do rio Nilo eram de 365 dias; e que havia um dia de tolerância entre este intervalo. Desse modo, criaram um calendário oficial, que se tornou eficaz à agricultura, pois indicava aos camponeses quando deviam iniciar as operações agrícolas. Embora fora descoberta que havia um erro de aproximadamente 6 horas ao ano no calendário (devido a isso há atualmente os anos bissextos), já era muito tarde para poder corrigir.
 
A invenção do arado foi um importante progresso para a agricultura, sendo que através de um animal — o boi — foi possível adaptar uma espécie de enxada às costas do animal. Antes utilizado apenas como fornecedor alimentício, passa a ser utilizado também como meio para a preparação da terra, facilitando o trabalho humano, além de agilizá-lo. Sua utilização data por volta de 3.000 a.C., sendo as primeiras regiões a utilizá-lo, Egito e Mesopotâmia.
 
O transporte estava começando a se difundir de maneira mais generalizada. Tal como o trenó, já conhecido no período da Pré-história em algumas regiões da Europa, e talvez na Ásia Menor. Uma importante e indispensável revolução nos meios de transporte foi a invenção da roda, datando seu uso em carroças de duas e quatro rodas, de forma generalizada, em 3.000 a.C. A roda consistia em três peças de madeira sólida, estas encaixavam-se umas nas outras e eram revestidas com pregos de cobre; giravam juntamente com o eixo, e estes podiam ser fixados no corpo do veículo com tiras de couro.
 
Quanto a utilização de animais como meios de transporte, podemos considerar o asno — um animal de carga —, como o animal mais antigo utilizado como meio de transporte. Provavelmente já era empregado no Egito em 3.000 a.C., e certamente utilizado Síria e na Mesopotâmia; em relação às cargas, este animal as carregava no lombo. O boi, embora não-adequado à isso, também serviu de meio de transporte. Esse animal — ao contrário do asno — puxava a carga, ou seja, a carroça. O cavalo, devido ser um meio de transporte rápido, era utilizado para estabelecer relações comerciais; seu uso é mais provável a partir do ano de 2.000 a.C. Temos também a utilização do camelo na região desértica da Ásia Menor, desde 1.000 a.C.
 
O transporte por meio marítimo começa a surgir, de modo geral, antes do ano 3.000 a.C. Embora fora utilizado em algumas regiões no período pré-histórico, não se deu de forma efetiva, ou seja, não disseminou-se às várias regiões. Caracterizou-se primeiramente, por jangadas e canoas. Logo depois, começou a utilizar o vento como força motriz em barcos à vela.
 
A roda também foi revolucionária para o artesanato. Nesse sistema, colocava-se um bloco de argila numa roda que gira sobre um eixo vertical. Esse processo revolucionou a prática do artesanato na cerâmica.
 
Considerando a abundância da argila podemos dizer que: o ceramista não estava limitado a uma determinada região. Ele poderiam facilmente pegar sua roda de fazer cerâmicas e sua família, e assim viajar de região em região. Produzindo peças de cerâmica de acordo com um determinado local que ficaria por algum tempo. Isso dava a esses artesãos maior flexibilidade do que trabalhadores de outros ofícios. (Dutra, 1966:90).
 
Nos últimos séculos desse período, o bronze começou a ser mais utilizado para produzir diversos instrumentos, principalmente armamentos. E, além de disponibilizar aos soberanos o poder bélico, iniciou-se um período de expansão das terras, onde as sociedades que detinham maior poderio tomavam territórios alheios. Porém, quanto à abertura de terras fechadas pelas matas, que poderiam ser utilizadas para cultivo, não foi possível através das enxadas e arados de bronze — como aconteceria na Idade do Ferro.
 
As carroças passaram a ser utilizadas para invasões de territórios. Estas foram aperfeiçoadas, sendo constituídas, agora, com rodas raiadas — ao invés das rodas de madeira maciça —, e a força de tração — que era, geralmente, asnos ou bois — passou a ser os cavalos, permitindo, assim, uma viajem mais veloz. Em Creta, essas carroças começaram a ser usada em fins desse período.
 
O transporte marítimo começou a ser bastante utilizado, devido ao seu relativo baixo custo. Uma região onde era propícia a isso, foi no rio Nilo, onde até produtos de consumo popular eram vendidos. Assim, passou a ser utilizada uma caravana, que atingia pouco mais de 2 km/h.
 
Algumas realizações foram significativas para o avanço a um novo período — Idade do Ferro. Essas foram: o progresso da Matemática babilônica; a descoberta do vidro, no Egito; a criação do alfabeto Fenício; e a viabilização de pesquisas para a exploração do ferro, por uma tribo não identificada na Armênia.
 
O desenvolvimento da Matemática babilônica — da qual a matemática moderna surgiu — foi essencial para uma determinação mais precisa dos cálculos. Essa nova Matemática pode corresponder às necessidades da classe média. Ela simplificou os símbolos utilizados, sendo que o aperfeiçoamento mais significativo foi a possibilidade de executar cálculos com frações; porém ainda não haviam introduzido o símbolo do zero e da vírgula decimal.
 
A produção do vidro é descoberta pois egípcios — e também sumerianos e hindus — conheciam a química para a fabricação de uma pasta opaca de areia revestida com verniz: a faiança. Devido a semelhança com a química do vidro, os egípcios acabaram descobrindo a forma de produção do vidro transparente. Este podia ser fundido como o metal, assim, colocando varetas tubulares, podia ser moldado quando ainda quente, e até receber a forma de vasos. Além disso, foi aplicado à imitação de pedras preciosas, que poderiam ser vendidas a um preço mais acessível à classe média. Esta técnica foi também logo adotada na Fenícia.
 
Tal como o vidro, que disponibilizou à classe média algo mais acessível, a criação do alfabeto fenício também. Isso, pois, os fenícios necessitavam ampliar seu comércio à classe média, e não mais só aos poucos privilegiados especializados. Assim, a escrita fenícia caracterizada pela sua simplificação (selecionaram apenas 29 símbolos dos caracteres cuneiformes), foi tão próspera que se firmou, acabando por difundir e popularizar-se na Idade do Ferro.
 
O último passo que desencadearia na Idade do Ferro — acontecido no período que o antecedeu —, fora a descoberta de um novo metal: o ferro. Esse novo metal apresentava uma vantagem em relação ao bronze e ao cobre: era encontrado facilmente, assim não implicaria em seu alto custo. Para a moldagem do ferro — isto é, para fundi-lo — necessitava de uma fornalha que apresentasse temperaturas muito mais elevadas do que as disponíveis na Antiguidade: desenvolvida somente após muitos séculos. Assim foi constituído um novo processo para sua moldagem: o ferro forjado, no qual era executado submetendo-o a um aquecimento — não ao seu derretimento, como para a fundição —, e depois moldado a golpes de martelo.
 
Assim, devido aos eficientes e econômicos métodos de se trabalhar o ferro, e este mais barato e acessível, tornou-se popular aos implementos da agricultura, da indústria e também da guerra. Com isso, qualquer camponês podia dispor de um machado de ferro — para cortar os matagais — e de um arado de ferro — para afofar a terra —, e assim torná-la utilizável. Artesãos podiam dispor de ferramentas necessárias ao seu trabalho, tornando independente às casas dos nobres ou reis. A camada pobre podiam, agora, enfrentar os cavaleiros. E os povos que antes se mostravam em desigualdades em relação a outros — quando o bronze era privilégios de alguns —, agora podiam enfrentá-los, já que não existia mais uma enorme desigualdade das condições de armamentos. (Dutra, 1966:191-192). Assim constituía bases para o novo período: a Idade do Ferro.
 
 
2.3. Idade do Ferro
 
O início dessa fase foi marcado por sucessivas invasões de territórios entre os diversos povos. Assim, neste período inicial — que durou aproximadamente cinco séculos — não houve uma evolução significativa. Mas após essa limitação, começou um período de evoluções nunca visto antes.
 
Uma importante inovação nesse período foi a iniciação de uma sistema fabril de cerâmica, nos séculos V e VI a.C. Este sistema fabril era executados por empregados, cada um responsável por um ofício: um pintor, no início incumbia ao próprio mestre de cerâmica, mas posteriormente passou a ser à uma pessoa específica; um forneiro; quatro modeladores; e também o proprietário. Provavelmente, esse tipo sistema fabril não foi somente aplicado à indústria de cerâmica, como também às outras indústrias. Essas indústrias utilizavam, em grande escala, trabalhadores escravos. Apesar de também existirem, embora muito pouco, artesão livres.
 
Tendo em consideração que os escravos constituíam grande parte da população, e recebiam um salário que com o qual não podiam se alimentar direito. Esses não poderiam comprar os produtos que eles próprios produziam. Essa situação desencadeou na decadência da indústria, e desse modo os industriais passaram a não mais investir no setor industrial, começando a investir nos setores da agricultura e empréstimos a juros.
 
No campo da Matemática, foram descobertas muitas propriedades interessantes e importâncias dos números. Um dos fatores que limitavam os cálculos nesse período, era o não-conhecimento do sistema de notação numérica — onde utiliza-se letras para descobrir valores interligados, ou seja, as equações. Para a resolução de cálculos de contabilidade usava-se o ábaco (recurso inventado provavelmente pelos fenícios). Foram aprimorado cálculos geométricos, onde atribuiu-se a Pitágoras o Teorema de Pitágoras, dentre outras propriedades. Descobriram, com ajuda dos gregos, os valores aproximados do números irracionais — até então não-descoberto por nenhuma sociedade—, e também como resolver equações de segundo grau — onde foi concedida ajuda dos babilônios. Essas descobertas de novas propriedades da geometria, ajudaram a localizar planetas no céu, naves no mar e a dividir com mais precisão os relógios solares.
 
Além disso, no século III a.C., os matemáticos babilônicos estabeleceram, finalmente, um símbolo para o número zero, aperfeiçoando, assim, o sistema babilônico. Entretanto, foi no campo da Geometria que a matemática teve maior significado: foi sistematizada teoricamente; aplicou-se os estudos anteriores sobre superfície curvilínea; e, principalmente, fora aplicadas aos objetos reais feitos pelo homem — tal como para traçar a parábola dos projéteis das catapultas, e as hipérboles traçadas pelas sombras no relógios de sol. Nesse século também foram trabalhados com equações do terceiro grau e produzido aproximações, embora pequenas, de razões trigonométricas, como números irracionais e o valor de PI. Assim, astrônomos passaram a dedicar-se a calcular as distância entre os planetas, seus tamanhos, etc.
 
A artilharia recebeu uma revolucionária invenção: as catapultas. Estas eram muito mais eficazes do que arcos e flechas, fundas (um tipo de estilingue para arremessar pedras), aríetes (espécie de máquina para derrubar muralhas), etc.
 
Os moinhos eram máquinas complexas, que consistia na inovação de mecanismos. Assim, convertiam movimentos horizontais em rotatórios, e aumentavam a energia diminuindo a velocidade. Eram feitos de madeira — como todas as aparelhagens da moenda. Havia também alguns que apresentavam rodas dentadas (feitas de metal).
 
As indústrias secundárias desenvolveram-se segundo os padrões clássicos. E houve uma maior especialização dos operários, como na região de Delos. Comumente empregavam de dez a vinte trabalhadores. Na indústria de moagem houve uma verdadeira evolução. Essa evolução consiste no emprego de moinhos rotativos puxados a burro (cerca de 330 a.C.), ou por força hidráulica (depois de 100 a.C.) — primeira renovação do emprego da força motriz.
 
Para a drenagem das águas, inicialmente foi inventado uma máquina de madeira na qual podia-se elevar a água de dois a quatro metros e, geralmente, impulsionada por uma força motriz humana. O processo baseava-se na rotação de um moinho de roda — este adaptado de baldes que giravam junto com o moinho — retirando a água do local desejado. Posteriormente, no século III d.C., foi inventado um máquina que apresentava bombas de drenagem d’água. Estas eram constituídas com válvulas, cilindros e pistões, num processo semelhante ao princípio pneumático da bomba manual. Porém, não há registro da utilização dessas invenções no período da Idade do Ferro, somente registros posteriores. Isso deve-se, provavelmente, à deficiência dos canos de chumbo ou do alto custo dos canos de bronze; o ferro nesse período, só alcançara a técnica de ser forjado, ainda não havia recursos para executar a sua fundição, por isso não podia ser utilizado.
 
A navegação ficou dependente da Astronomia (ciência que estuda os astros), onde os navegadores guiavam-se pela posição das estrelas (não havia ainda instrumentos para navegação). O estudo das estrelas foi feito pelos gregos, que aproveitaram o conhecimento dos babilônios e egípcios. Os navios tornaram-se maiores e mais rápidos, sendo seus mecanismos de direção e controles, aperfeiçoados. Foram também mais freqüentemente utilizado para atravessar o alto mar, ao invés de navegar no litoral. Uma verdadeira revolução para a navegação, foi a construção do farol: tinham o objetivo de sinalizar aos navegantes. Este constituía uma torre de mais de 160 metros de altura, e no seu ponto mais elevado havia fogo de uma madeira resinosa (substância inflamável). Além disso, outro importante melhoramento foi o dos portos, onde as contribuições dos romanos — cimento hidráulico, ensecadeira (tapume feito em volta das construções que estão submersas na água, para trabalhar em seco) e colocação de pilastras embaixo d’água — foram importantes.
 
O transporte terrestre também teve seus melhoramentos, se tornando mais rápido. O sistema de estradas dos persas foi ampliado e aperfeiçoado. Os romanos, ao unirem a Itália sob sua hegemonia, começaram a ligar estradas, com objetivos militares. Esse tipo de transporte enfrentava problemas como a poeira — embora incomodo, não impossibilitava o tráfego — e o barro — ao contrário da poeira, impossibilitava o tráfego. Assim, tornava-se lento e caro.
 
Nessa época, não era conveniente enviar produtos de um lugar a outro por meio do transporte terrestre, ou mesmo marítimo. Desse modo, foi a indústria que passou a se expandir para os mercados.
 
Com essas invenções, aperfeiçoamentos e desenvolvimentos de novas técnicas, objetos e máquinas úteis ao homem, preparava-se o fim da Idade do Ferro e inícios da Idade Média. Por parte da agricultura, esse período que chegava ao fim, apenas introduziu os objetos que seriam aperfeiçoados no período seguinte; assim como aconteceu com os moinhos, e com os outros inventos. A Idade do Ferro deu início aos implementos que seriam aperfeiçoados na Idade Média. Esse novo período, porém, foi bastante caracterizado pelo aperfeiçoamento dos instrumentos já existentes.
 
 
 
 
 
 
 
3. Navegação, Implementos e o Grande Desenvolvimento da Agricultura:
(Idade Média — século V ao século XV, em 1453)
 
 
Esse período, durante sua maior parte não apresentou invenções significativas, basicamente o aperfeiçoamento dos instrumentos já existentes. Foi somente em a fase final, que compreende a menor parte deste período, que foi concebidos alguns inventos significativos. Desse modo, este período foi subdividido em: Alta Idade Média, que compreende a fase de maior duração — entre aproximadamente o século V e XI/XII; e, subseqüente, a Baixa Idade Média, que compreende a fase final.
 
As técnicas agrícolas foram as que mais se aperfeiçoaram durante a Idade Média. Isso ocorreu pois as civilizações estavam aumentando suas relação com outras, desenvolvendo um mercado consumidor maior. Assim, aumentou a procura por produtos agrícolas, e como os instrumentos existentes não supriam a esse aumento, implicou em um desenvolvimento tecnológico na agricultura: técnicas de irrigação, cultivo, etc.
 
Do mesmo modo, o transporte marítimo precisou ser aperfeiçoado. Cada vez mais, era necessário o desenvolvimento de instrumentos de navegação e da construção naval. Isso, pois, as distâncias navegadas ficaram mais longas.
 
 
3.1. Alta Idade Média
 
Os armamentos de guerra tornaram-se privilégios de nobres da cavalaria especializados. Esses armamentos tornaram-se pesados, sendo uma importante invenção o estribo, que dava condições de segurança ao cavaleiro, antes inexistente. O cavaleiro também estava pesadamente armado com escudos, lanças e espadas; vestiam uma cota de malha (espécie de roupa feita de couro ou metal, que cobria o corpo do pescoço à cintura); vestiam também armaduras, luvas e o elmo (armadura para a cabeça, espécie de capacete). Estes armamentos davam segurança ao cavaleiro.
 
A arquitetura assumiu uma forma de expressão artística, medieval — principalmente a arquitetura religiosa. A arquitetura foi caracterizada pelo estilo românico e pelo gótico. O estilo românico foi característica desse período, assumindo sólidas monumentalidades: pesadas e grossas paredes, formas geométricas — predominando-se a quadrangular. E com ornamentação — esculturas e pinturas dos pilares, muros — em dependência das técnicas arquitetônicas e desprezo da descrição naturalista; caracteriza-se por pinturas esmaltadas e pouca claridade.
 
A invenção do papel deve-se aos chineses, que o inventaram por volta de 150 d.C. Consistia em uma mistura de algodão, palha e madeira. Nessa, acrescentavam água e amassava-a, até conseguir-se uma espécie de polpa. Depois, a água era escorrida e alisavam as fibras, formando a folha de papel. Por fim, prensavam e deixavam-na secar. Os chineses esconderam essa técnica até o século VIII, quando árabes capturaram alguns especialista chineses, forçando-os a fornecerem o segredo. Na Europa, essa técnica só foi descoberta no século XII, instalando-se uma indústria papeleira.
 
A técnica de impressão para estampagem em tecidos disseminou-se — aproximadamente no século V — para várias regiões do período medieval, tais como: Egito, Ásia Central, Pérsia e Japão. Esse processo, entretanto, surgiu na Índia pouco antes do início da Idade Média. Consistia talhar, em relevo, num bloco de madeira padrão, sobre o qual colocava-se tinta e, após isso, pressionava-o sobre o tecido. Eram padrões simples e repetitivos, que posteriormente, utilizando a mesma técnica, foram aplicados à impressão em papel.
 
Os chineses foram importantes para o desenvolvimento do método de impressão, pois detinham a técnica de fabricação do papel. Em fins do século V, a manufatura de papel foi uma importante atividade na China. Esta técnica, contribuiu para desenvolver-se a tinta nanquim — esta fora usada para escrever no papel manufaturado pelos chineses —, na qual era feita a partir de uma mistura de fuligem e amido solúvel em água, formando blocos sólidos de tinta, tendo que ser diluídas ao usar. Os chineses através de um bloco de madeira e tinta nanquim, imprimiam — por volta do ano 1000 d.C. — livros, calendários e até papel-moeda. O mais antigo livro impresso foi o Sutra Diamante, em 868 d.C. Povos de outras regiões, posteriormente, também usufruíram dessa técnica de impressão: na Pérsia, a impressão do papel moeda (cerca de 1294); na Europa, tecidos e mesmo quadros (este último, o mais antigo encontrado data 1423); etc.
 
Um rudimentar moinho de vento foi desenvolvido, tendo a função de trituração de determinados produtos. Foi construído por volta de 650 d.C. Esses primeiros e rudimentares moinhos de vento, compreendiam uma alta torre de tijolos, com um sistema de asas verticais sobre um eixo fixo. Essas asas, para transformar a força do vento em força mecânica, e então executar a trituração. Devido a sua arquitetura — somente duas aberturas que permitiam a passagem do vento —, só era possível a sua utilização em locais onde o vento soprava continuamente em uma única direção — como na Pérsia, onde fora muito utilizado.
 
 
 
 
3.2. Baixa Idade Média
 
Agora, após passado um período de quase estagnação evolutiva, começam a ocorrer evoluções significativas. Assim, algumas das maiores invenções da Idade Média, foi a criação de implementos agrícolas, que possibilitaram gerar um excedente de produção.
 
Assim, ocorreu a substituição do velho arado de madeira ou de ferro pela charrua (ou arado pesado), este por ser mais pesado fazia sulcos mais profundos na terra, possibilitando um maior cultivo; permitia a aragem de duros solos argilosos, os quais compreendiam grande parte da Europa Setentrional. Outra invenção, foi a nova forma de atrelar os animais (prender à esses animais o arado), através do arreio mais rígido, e pela substituição da tração do boi pela do cavalo. O moinho de roda, passou a funcionar pela força hidráulica ou animal, melhorando o poder de moer. E, além desses implementos, foi implantado uma técnica de rotação do plantio — isto é, mudar o produto cultivado a cada período de tempo — e de adubamento, nos quais consistiam em deixar a terra sempre produtiva.
 
A indústria manufatureira foi se expandindo. Abrangiam artigos de madeira, osso, couro e, principalmente, tecido de lã. Assim, tomando por base a indústria têxtil, havia nela uma divisão do trabalho, cada um responsável por uma etapa. Foram inventados implementos para a produção: a roca e o fuso, que serviam para produção dos fios de tecido; o tear, que consistia em um objeto horizontal movido a pedais; e o pisão, no qual consistia em reforçar os fios de tecido, apertando uns contra o outro. Esses inventos surgiram por volta do século XIII, triplicando a produção, e surgindo um próspero mercado consumidor, onde teve a necessidade de uma organização para discutir-se os preços, qualidades e possibilidades de mercado.
 
Quanto aos armamentos, as armaduras ganharam mais mobilidade. As pesadas armaduras e cavaleiros, foram substituídas por guerreiros que lutavam sem cavalos, ou seja a pé, e utilizavam como armas, o arco e flecha: armas que atiravam a uma distância de 400 metros, e tinham força para perfurar as antigas armaduras dos cavaleiros. Um exemplo dessa eficácia foi na Guerra dos Cem Anos, onde arqueiros inglesas derrotaram milhares de cavaleiros franceses devido a esses aperfeiçoamentos que disponibilizaram maior mobilidade. Após essa arma, foi desenvolvida outra mais moderna e destruidora: a arma de fogo.
 
Antes da introdução da arma de fogo, foi consagrada uma descoberta fundamental para o desenvolvimento dessa arma: a pólvora. Esse explosivo já era utilizado no século XI, pelos chineses, para fabricar fogos de artifício; e, no século XIV, foi introduzido pelos árabes, e começou a ser utilizado pelos europeus para impulsionar projéteis. Passou, então, a denominar pólvora negra. Compunha-se por nitrato de potássio (salitre), carvão vegetal e enxofre. Após isso, comprimia-se essa mistura e a fragmentava em grânulos de vários tamanhos. Os grânulos eram peneirados e separados de acordo com seu tamanho, cada um para determinado uso. A característica da pólvora — bem como a sua força explosiva — dependia da proporção correta dos ingredientes e de suas qualidade. Desse modo, o carvão proveniente de uma variedade de corniso (determinado tipo de arbusto) para a fabricação da pólvora era utilizado em armas leves, enquanto o carvão de salgueiro e amieiro — estas, plantas semelhantes — eram para a fabricação de pólvora utilizada pela artilharia.
 
Agora, já descoberto a pólvora, foi desenvolvido na China, a arma de fogo. Sendo em meados do século XIII mais comumente utilizada. Em 1272, porém, os chineses já usavam uma espécie de balista (arma que lança projéteis de lanças e azagaias), sendo posteriormente adaptada para um canhão mais eficiente. Por volta de 1326, foi desenvolvido na Inglaterra canhões, com um orifício na base, onde a carga era acesa. Esses canhões eram enchidos com pólvora, e atiravam um único projétil, provavelmente de ferro; o estrondo causado pelo lançamento do projétil era mais temeroso que o próprio dano causado pelo tiro. Entretanto, logo foi substituído, sendo em 1350 desenvolvidas dois tipos básicos de armas: armas pesadas com suporte, ou seja, os canhões; e armas leve de mão.
 
Esses canhões, porém, eram responsáveis por inúmeros acidentes no momento do tiro, pois o recipiente de bronze costumava explodir. Assim, foi adaptado a eles tiras de ferros que eram enroladas nas peças cilíndricas dos canhões. Esses tipos de canhões disparavam pedras arredondadas, sendo adotadas as balas esféricas de ferro por volta de 1400; conseguiam atirar, em média, projéteis de até 350 quilos.
 
As primeiras armas leves, ou seja de mão, eram fabricadas — tão como os canhões — de bronze fundido ou com tiras de ferro. Para disparar com essas armas, o atirador devia apoiá-la no chão ou nas axilas e, então, colocar um estopim de queima lenta no orifício de ignição da carga.
 
O comprimento do cano, a partir de 1420, passou a ser maior. E o estopim passou a estar localizado em um cano articulado, no qual era possível baixá-lo sobre o orifício de ignição, pressionando um gatilho. A arma, chamada de bacamarte, era montada em uma coronha de madeira, podendo ser apoiada contra o ombro (foi precursora dos mosquetes e rifles). E, além disso, desenvolvia-se uma arma leve de mão menor: a pistola. Nesse mesmo período, foi desenvolvido uma nova técnica de canhões de bronze, onde era fabricado sob uma única peça sólida, perfurado por um dispositivo hidráulico. E, assim, os canhões distinguiram-se em dois modelos: a bombarda, de cano grosso e curto, que disparava projéteis pesados; e a colubrina, de cano longo, e com a vantagem de disparar projéteis mais leves a uma longa distância.
 
O transporte, inicialmente, era muito dispendioso, implicando sua utilização apenas para objetos de alto valor. Porém na Europa, para o transporte de objetos de baixo valor, foi utilizado as vias marítimas, devido à grande quantidade de rios que atingiam várias regiões européias. Por outro lado, o custo do transporte terrestre era o inverso, sendo também deficiente quanto à conservação das estradas, e implicando a execução do transporte terrestre através de comboios de cargueiros. Havia, também, outras regiões que podiam usufruir das vias marítimas, porém não tão eficazes quanto às européias: Índia e Oriente Médio.
 
Praticamente somente a Europa apresentava condições favoráveis de rotas marítimas. Começando, antecipadamente à outras regiões, a exploração dessas rotas, e implicando mais rapidamente no desenvolvimento da construção de navios e na navegação. Possibilitaram, assim, um grau de segurança maior, necessário para a navegação nas altas marés. Um dos inventos foi o leme (aparelho usado na parte traseira do barco, tendo a função de lhe dar direção), este substituiu o antigo remo (alavanca de madeira que serve para impulsionar o barco) com timoneira (vão do barco onde gira-se o remo). Ocorreram também muitos outros inventos, tal como os promovidos pelos chineses: a bússola; quilhas corrediças (peça de madeira que fica mergulhada na água, e estende-se de uma a outra extremidade do navio); velas de pano; e um aumento do tamanho e força das embarcações.
 
Um invento muito importante para a navegação, foi a invenção da bússola — no ano de 1040, pelos chineses, baseando-se em informações de fabricação da agulha magnética. Originalmente, consistia em um pedaço de magnetita (óxido de ferro magnético) — este tinha uma forma ovalada — que era colocado para flutuar na água. Com o decorrer do tempo, os chineses aprenderam formas de magnetizar o ferro: friccionando-o com magnetita; ou aquecendo e depois deixando-o imóvel até esfriar.
 
Provavelmente, a bússola foi primeiramente utilizada para profecias, sendo somente em 1115 d.C. utilizada para a navegação. No início, tratava-se de um instrumento inadequado para a navegação em alto mar, somente em mares calmos. (Civita, 1976:91). Assim, a bússola teve, por volta de 1300, dois aperfeiçoamentos. O primeiro consistiu na colocação da bússola em anéis de sustentação, estes concêntricos e articulados de tal modo que quando o navio balançava, a bússola permanecia na vertical. O segundo, foi a introdução da rosa-dos-ventos, esta marcada com os quatros pontos cardeais básicos e suas subdivisões. Antes da implantação desse aperfeiçoamento, a bússola não era tão precisa, e o navegador precisava ainda basear-se em outros fatores — como sol, lua e estrelas. Já agora, era possível os navegantes traçarem com precisão o seu curso marítimo. Esse equipamento teve uma importância fundamental (Civita, 1976:92): a rosa-dos-ventos, talvez mais do que qualquer outro equipamento, possibilitou as explorações marítimas promovidas por portugueses e espanhóis no século XV, estas chegaram ao seu auge com a descoberta dos caminhos marítimos para as Índias e viagens ao Novo Mundo.
 
Os navegantes tinham condições precárias para medir grandes distância antes da invenção do quadrante, bem como era difícil aos astrônomos determinar a distância dos astros (estrelas, planetas, etc.). O quadrante foi primeiramente utilizado para medir distância dos astros, sendo uma versão simplificada do astrolábio. O primeiro quadrante a ser construído foi em 1220 d.C., e consistia em uma peça metálica, com a forma de uma quarta de um círculo, dotada de uma escala em sua borda e um fio de prumo — para determinar a direção vertical — suspenso do vértice do ângulo reto. Havia também, além do quadrante de medida, o quadrante de horários. Surgiram no fim do século XIII, servindo como relógio de sol de altitude, onde determinava-se a hora pela altura do sol acima da linha do horizonte. Nos séculos posteriores ao fim da Idade Média, ocorreram grandes aperfeiçoamentos, tornando-os mais precisos e mais comum sua utilização na navegação.
 
A arquitetura nesse período assume o estilo gótico. Este caracteriza-se pela imensa claridade refletida através dos vitrais, muito utilizados. As janelas assumem um estilo em forma de arcos ogivas (arcos que se cortam superiormente); as torres têm formas pontiagudas, afiladas, e apresentam-se em grandes quantidades — ao contrário do estilo românico.
 
A força hidráulica começa — a partir do século XI, e até o século XIV — a se ampliar rapidamente. Antes desses séculos, na Alta Idade Média e até mesmo na Antiguidade, embora tenha sido utilizada, restringiu-se somente a poucas regiões: Ásia Menor, no século I a.C., e entre os romanos; e um pouco mais abrangente no século IX — Alta Idade Média —, na região da Europa. Assim, quando a roda d’água começou a se expandir, ficou cada vez mais comum o seu uso para moer cereais, ou também para outras utilidades. O desenvolvimento dessa técnica de aproveitamento das águas, foi favorecida na Europa, devido sua abundância de rios, e na Ásia, somente na região da China, pois esta tinha uma abundância de rios.
 
O mais importante aperfeiçoamento desses moinhos foi a adaptação de projeções ao eixo principal. Esses permitiram a construção de mecanismos de trituração, engatando hastes em colunas verticais; ou mesmo adaptar eixos de martelos articulados, para obter martinetes (grande martelo movido a água). Os martinetes tinham a função de auxiliar os artesãos na fabricação de peças, maiores que as comuns, de ferro forjado.
 
A energia hidráulica foi introduzida à indústrias, sendo utilizada nas mais diversas atividades. Equipamentos movidos a água com a função de se prensa, foram utilizados para: prensar a lã, e produzir o feltro; transformar minerais coloridos em pó, para a produção de tinta; triturar as azeitonas, para a fabricação de azeite; nas cervejarias, para obter-se a pasta de cevada; e para a manufatura de papel. Outros equipamentos, eram serras movidas à energia hidráulica para cortar madeira; e minas equipadas com guindastes hidráulicos. No século XV, essa energia já era utilizada para quase todas atividades industriais.
 
Os moinhos de vento são aperfeiçoados, e ganham diversos modelos — ao contrário do que ocorrera na Alta Idade Média. Além da variedade de modelos, há uma condição fundamental para sua utilização em diferentes regiões: podem aproveitar o vento vindo de qualquer direção. É provável que tenha surgido na França ou na Inglaterra, pois nesses locais encontra-se referências de madeira, como casas, e os moinhos eram também feitos de madeira. Suas construções possuíam, no topo, uma casa com telhado triangular. As asas verticais que giravam sobre um eixo fixo desapareceram, sendo construído um eixo móvel no qual girava sobre uma coluna. Esta era fixada ao solo por meio de travessas. Em sua extremidade superior havia um mancal de ferro (peça onde giram os eixos) fortemente fixada no interior da casa do moinho. Na extremidade inferior estava o rotor, por onde girava a coluna. Para o funcionamento do rotor, havia uma roda dentada presa ao eixo, que engrenava-se com os raios de outra roda, onde transmitia a força à coluna, e então esta acionava o moedor.
 
O principal aperfeiçoamento do moinho, entretanto, foi sua disponibilidade de captar ventos vindos de qualquer direção. Para isso, a casa do moinho girava sobre si mesma. E para sua fixação era utilizado uma longa estaca, que estendia-se da casa do moinho até o solo, onde era, então, amarrada em um pequeno poste.
 
Além deste modelo de moinho de vento, havia outros, como o moinho de torre. Este era bastante comum na Europa Medieval. E consistia em uma torre baixa de pedra, onde localizava-se na parte superior o rotor; seu telhado era baixo e cônico, onde em seu interior ficava o eixo da hélices. Neste moinho, a grande diferencia em relação ao moinho de vento era que somente seu telhado se movia para orientá-lo em direção ao vento — e não a casa do moinho. A principal vantagem destes dois modelos de moinhos, em relação às rodas de água, é que não precisavam estar localizados nas margens dos rios.
 
A impressão, nesse período, expandiu-se para todo o mundo de uma forma menos dispendiosa, e incentivando o processo de comunicação. Isso, pois, Johannes Gutenberg desenvolveu — na Alemanha, no século XV — um método de produzir letras de metal para impressão: os tipos, metálicos e móveis. Assim, para a impressão, os tipos eram juntados formando palavras e colocados em uma prensa, sendo depois separados. O primeiro livro impresso com essa técnica foi feito por Gutenberg, e era uma edição em latim da Bíblia.
 
 
 
 
 
 
 
4. Aperfeiçoamentos dos Transportes Náuticos e Armamentos:
(Idade Moderna — metade do século XV ao século XVIII, em 1789)
 
 
O período da Idade Moderna é bastante restringido, compreendendo pouco mais de três séculos, e sendo marcado também por uma mudança extremamente significativa no sistema político, social e, principalmente, econômico: a transição do feudalismo para o sistema capitalista. Esse curto espaço de tempo, além desse novo sistema capitalista, foi essencialmente dedicado às Grandes Navegações — iniciadas por Portugal e, seguidas posteriormente, pela Espanha —, visando a conquista de mercados externos. Isso implicou no melhoramento da navegação: a caravela e instrumentos de navegação. Além disso, houve também um aperfeiçoamento dos armamentos.
 
 
4.1. Navegação
 
A navegação neste período foi revolucionada por Cristóvão Colombo, que efetuou uma modificação de um navio, construindo a primeira caravela. Esta foi a primeira a fazer a travessia de um Oceano, o Atlântico (em 1492); porém sendo, desde 1425, muito utilizadas para a exploração do litoral africano.
 
Sendo assim, eram inicialmente utilizadas para a navegação em águas rasas e perigosas, e, por serem pequenas, utilizadas em locais onde navios de porte não poderiam entrar. Porém, precisavam ser acompanhadas de navios de porte, pois estes levavam suprimentos necessário à população. Para as explorações litorâneas, eram colocadas velas latinas (vela triangular que facilitava a navegação com o vento a favor); mas, para as travessias oceânicas, utilizavam a velas quadradas (velas que poderiam ser utilizadas, também, com o vento em sentido contrário). A primeira caravela a ser modificado, foi Niña (por Colombo), porém a primeira a efetuar a travessia do Atlântico foi Pinta, em setembro de 1492.
 
Neste período, também é utilizado e desenvolvido novos instrumentos que facilitam a localização em alto mar: bússola, astrolábio e tábua de travessia. Além disso, esses instrumentos possibilitam aos cartógrafos desenharem mapas do mundo. Os astrolábios ajudavam a calcular latitudes; a bússola, o instrumento mais preciso desta época, é utilizada para indicara o rumo a seguir pelo navio; a tábua de travessia, utilizada para marcar a duração do curso do navio — em um período de até 4 horas —, apresentava furos onde se introduziam pinos a cada 30 minutos.
 
Inicialmente, os navios de guerra serviam para transportar tropas que capturavam navios inimigos, aproximando-se deles e o invadindo. Posteriormente, por volta do século XVI, adaptaram aos navios de guerra canhões em aberturas feitas em suas laterais. Isso foi estabelecido primeiramente pelos ingleses, instalando nos navios chamados de Great Harry e Marry Rose.
 
Esses navios de guerra se aperfeiçoaram, surgindo o vaso de guerra (metade do século XVIII). Manteve supremacia até a construção dos navios a vapor e da chapa de couraças (navios protegidos com blindagem de aço). Esses novo tipo de navio de guerra era extremamente pesado — em grande parte, pela quantidade de muitos canhões — e poderosos o suficiente para formar a linha de batalha. Visavam não afundar o navio inimigo, mas sim bombardeá-los para depois subir a bordo e dominá-lo. Eram classificados de acordo com o número de canhões que possuía, sempre com 50 ou mais canhões. Os projéteis lançados pelos seus canhões podiam ser arredondados, balas de ferro duplas (estas giravam no ar, servindo para cortar os cabos do navio atacado) ou também metralhas (servindo para eliminar um grande número de homens).
 
Além de navios de guerra, havia os navios mercantes, que transportavam valiosas cargas, tão como ouro, prata e diamante. Esses eram utilizados por Holanda, Inglaterra e França, que comercializava com a Índia e o Extremo Oriente: trocavam suas mercadorias de valor por especiarias dessas regiões. E pelo fato de terem que ser defendidas dos piratas, supriam de grande armamentos, sendo realmente navios de guerra, tanto que eram usados em épocas de conflitos. Sendo também navios de guerra, tão como esses, foi substituído por navios movidos a vapor (no século XIX), devido a maior eficácia em rapidez e economia desses novos navios.
 
Nos últimos anos desse período, foi construído um transporte marítimo de guerra revolucionário: o submarino. Em 1776, foi construído por David Bushnell, o primeiro modelo (chamado de Turtle) a atacar um navio de guerra na superfície. Consistia em uma embarcação submergível de madeira e com forma oval; tinha tanques d’água que enchiam-se através de um sistema de bombeamento, para fazê-lo submergir, e hélices manuais que o levava para cima, para baixa e para frente.
 
 
4.2. Implementos Industriais
 
A invenção mais significativa na Idade Moderna é a Máquina a Vapor. Assim, a primeira foi construída por Thomas Newcomen (em 1708), servindo como bomba para drenar a água de minas. Porém, somente em 1768, por James Watt, que é inventada uma máquina a vapor tendo a função de base para toda a indústria, ou seja, tendo uma utilização mundial.
 
Uma invenção de extrema importância ocorreu, aumentando a utilização e produção do ferro: substituição da utilização do carvão vegetal pelo carvão mineral (ou hulha). Essa substituição ocorreu essencialmente porque a devastação das florestas estava sendo bastante, e com isso aumentando o custo para fundir o ferro.
 
Esse novo carvão mineral, inicialmente continha muita impurezas (mais especificamente, muito enxofre), tornando o ferro quebradiço. Assim, em 1709, Abraham Darby resolveu esse problema de quebra do ferro: liberava a hulha do gás e dos fumos de alcatrão, obtendo assim um resíduo — o coque —, que era carbono praticamente puro. Essa invenção só foi viável a partir de 1760, pois foi somente quando constróem altos-fornos de grande capacidade — podendo ser produzidos em grande quantidade, e ficando menos dispendioso. Sendo a partir da consolidação destes altos-fornos que começa sua utilização em construções de pontes, edifícios e máquinas.
 
A indústria de tecelagem foi a que mais se desenvolveu, pois os tecidos eram leves, e estavam tornando-se populares. Começou com a invenção da lançadeira volante (por John Kay, em 1733), tornado a tecelagem manual mais rápida; e mais adiante ocorreu uma série de inventos, como a spinning-jenny (fiadeira mecânica) em 1967, que fiava mais de 100 fios ao mesmo tempo — porém os fios não tinham muita resistência, quebrando e dificultando a tecelagem. Com isso, foi construída uma que produzia fios mais grossos (por Richard Arkwright, em 1769), e sendo econômica pois era movida a água: a water frame. Então, Samuel Crompton, construiu em 1779 uma combinação entre as duas fiadeiras mecânicas, que fabricavam fios tanto quanto finos e resistentes, esta chamava-se mule. Assim, foi substituindo-se os teares manuais pelos mecânicos, e posteriormente pelo tear mecânico a vapor (por Edmund Cartwright, em 1785), sendo que a energia necessária era obtida da queima do carvão.
 
Com o tear mecânico de Cartwright, a indústria moderna surge — isso correspondendo ao fim da Idade Moderna. E assim a máquina substituíra a ferramenta do artesão; a energia a vapor substitui a animal ou humana. Continuando, porém, a mola do progresso tecnológico, ou seja, os desequilíbrios que acontecem. A tecelagem acompanhava o ritmo da produção, mas a matéria-prima não — ou seja, o algodão —, pois tinha de ser colhido e descaroçado à mão, constituindo uma operação muito lenta. Isso implicando na invenção do descaroçador mecânico (por Eli Whitney, nos Estados Unidos). Considerando que as máquinas tornavam-se mais caras, pesadas e grandes, não podia ser adquirida por qualquer um, nem em qualquer lugar. Assim constituíra as fábricas, onde os trabalhadores se reuniam. (Arruda, 1977:125).
 
 
4.3. Armamentos
 
A principal modificação foi o sistema de ignição, utilizado no século XVII por uma arma chamada mosquete. Constituiu-se um no qual empregava uma espécie de cordão que ardia fogo lentamente: a mecha. Mais tarde, aperfeiçoaram-no ao descobrirem que se encharcados em mistura com salitre e depois posto a secar, tornavam-se mais eficazes. Porém, esse sistema de ignição era dificultoso para os soldados que estavam em batalha, pois deveria haver uma brasa por perto.
 
Assim, foi constituído um sistema mecânico simples: a serpentina. Consistia basicamente em um duplo braço curvado e apoiado ao centro, preso ao lado do fecho da arma. A extremidade superior da mecha — pressa em uma peça que se movia para frente e para trás — era então encostada na caçoleta (peça que onde era colocado algo em brasa), acendendo a mecha. Este invento iniciou um processo de sofisticação e utilidade da arma de fogo portátil. Sendo que no final do século XVI, foi inventado sistemas de ignição mais sofisticados, acionados por gatilho.
 
Outras partes da arma — em especial o tipo chamado mosquete — também ganharam aperfeiçoamentos, como: o cano — que se tornou mais comprido; a coronha — que tornou mais anatômica e, assim, mais confortável, facilitando o seu apoio contra o ombro; e uma invenção rudimentar de mira, localizada no cano.
 
O manuseio desta arma — o mosquete — era muito complicado e dependia de uma série de condições externas, como o vento e o clima. Assim, foram se aperfeiçoando, sendo que constituiu uma arma percursora do arcabuz, com a implantação de um sistema de ignição que utilizava a fricção entre uma peça de metal e um mineral chamado pirita. Neste o atirador puxava a peça de metal para trás, pressionando-a contra a pirita, e dando a ignição. Este, dentre outros métodos, substituiu o de combustão.
 
Esse novo sistema de ignição por meio de fricção, tornou o manuseio mais prático e rápido; também tornou possível sua utilização em pistolas e por cavaleiros — antes a dificuldade de manuseio não permitia. Apesar dessas simplificações, ainda era complicado a sua utilização. Então, cavaleiros passaram a utilizar um par de pistolas, ou as novas pistolas que possuíam dois canos, ou ainda a utilização das invenções de balas superpostas — estas aumentavam o número de disparos, pois equivalia a mais de uma bala comum.
 
O sistema de ignição chamado de snaphaunce, foi revolucionário para as armas. Consistia em um braço curvo — o cão — que comprimia com uma das extremidades — constituída de sílex — a pólvora presente na caçoleta. Assim, para disparar a arma, o cão era puxado para trás travando-se — na chamada armadilha —, então ao pressionar o gatilho, o cão era destravado — ou seja a armadilha soltava-o — gerando faísca, por compressão da pólvora. Esse sistema permaneceu durante vários séculos, até por volta do século XIX, sendo que recebeu algumas modificações.
 
Várias modelos de armas foram inventados, por diversos países (escocesas, alemãs, espanholas, italianas, austríacas, francesas). Ocorreu a invenção de diversos tipos de espingardas e pistolas. Porém, praticamente, todas essas tinham a mesma desvantagem de dispararem poucos tiros — não passava de treze. Então, por volta de 1600, começou a aparecer em pouca quantidade o bacamarte, tipo de arma que foi marcada pela seu enorme estrondo devido a larga boca — que afetava em pouco o efeito dispersivo do tiro. Essa arma consistia em utilizar várias balas pequenas em lugar de uma grande, conseguindo disparar cerca de vinte balas por tiro.
 
Já no século XVII, foram inventadas as armas com baionetas. Estas eram úteis após o descarregamento da arma, pois compreendiam lanças compridas, resistentes e com pontas pontiagudas. Primeiramente, consistiam em lanças que eram fixadas na arma por meio de uma braçadeira. Posteriormente, passaram a ser construídos permanentemente fixas ao cano, mas com um sistema que permitia girá-las para trás e seguradas ali por um fecho. Este fecho quando liberado, permitia que uma mola forçasse a lança para frente. Esse sistema foi patenteado por John Walters em 1781, e essas armas compreendidas de baioneta tornaram-se bastante comuns.
 
 
 
 
 
 
 
5. A Era das Invenções: compreende as maiores invenções, em um processo evolutivo extremamente rápido:
(Idade Contemporânea — final século XVIII até os tempos atuais)
 
 
A Revolução Industrial é a característica marcante desse período contemporâneo. Ela teve início, porém, nos tempos modernos, mas foi principalmente a partir desta época que se difundiu. A Revolução Industrial divide-se da seguinte maneira:
 
– 1ª Revolução Industrial: de 1760 a 1850, praticamente restrita à Inglaterra. Os principais aperfeiçoamentos foram no ramo de tecelagem, tendo também a introdução da força a vapor.
 
– 2ª Revolução Industrial: de 1850 a 1900, com difusão pela Europa (Bélgica, França, Alemanha, Itália e, no final do século, Rússia), América (Estados Unidos) e Ásia (Japão — a partir de 1868). Agora, surgem novas formas de energia elétrica — como a hidrelétrica —, novos derivados do petróleo — como a gasolina, sendo utilizada posteriormente pelos motores a explosão. Houve também grande desenvolvimento do transporte marítimo e terrestre — como, respectivamente, barcos e locomotivas a vapor.
 
– 3ª Revolução Industrial: de 1900 até os tempos atuais, com a sua expansão pelo mundo inteiro. Compreende o aperfeiçoamento dos inventos, tendo principalmente a explosão do processo evolutivo. Assim, apresenta novas técnicas industriais e energéticas, e expansão dos meios de comunicação.
 
 
5.1. Fase Antecedente à 2ª Guerra Mundial (1939–1945)
 
Um dos desenvolvimentos muito significativo para o transporte terrestre, foi o surgimento da locomotiva a vapor de George Stephenson, no início do século XIX — que ampliou a rede de estradas de ferro. Essa primeira locomotiva —chamada de Locomotion, e que atingia 24 km/h — foi desenvolvida para a primeira ferrovia pública de 65 quilômetros de extensão, que ligava Stockton a Darlington. Conseguinte, foi desenvolvida pela mesma pessoa, em 1829, a segunda locomotiva chamada de Rocket, e que passou a ser usada na ferrovia Liverpool-Manchester. Essa locomotiva constituía-se basicamente por um vagão de combustível, um tanque d’água e uma cadeira tubular. As primeiras ferrovias foram construídas na Inglaterra, Estado Unidos, Alemanha e Bélgica. Esse desenvolvimento facilitou a distribuição de mercadorias que se tornou mais rápida, barata e eficiente — esse último deve-se ao transporte de cargas muito mais pesadas.
 
Outro importante transporte terrestre foi a construção do primeiro automóvel pelo engenheiro francês Étienne Lenoir, em 1862. Ele instalou sobre uma carreta de três rodas um motor de combustão interna (seu funcionamento deve-se à queima de combustível no interior de vários cilindros). Esse rudimentar automóvel tomou uma forma mais parecida com os de hoje a partir da construção do Ford modelo T, por Henry Ford. Este foi a transformação da carreta a motor de Lenoir para um automóvel teria como método de fabricação a produção em série, revolucionando a maneira de se fabricar carros, e implicando numa venda de mais de 15 milhões de modelos vendidos, em 1930. O carro era montado a partir de um conjunto de peças padronizadas. Posteriormente, surgiria o carro mais popular e mais vendido de todos os tempos: o Fusca. Ele foi projetado na década de 1930, pelo engenheiro alemão Ferdinand Porsche, e conseguiu ter mais de 20 milhões de unidades vendidas.
 
Nos transportes marítimos, foi essencial a navegação que utilizava força a vapor, sendo os primeiros barcos desse tipo foram utilizados para transportar passageiros nos rios dos Estados Unidos. Esses barcos, através da força do vapor, eram movidos por imensas rodas equipadas com pás — um exemplo é Delta Queen, de 1826. Assim, em 1843, o britânico Isambard Kingdom Brunel, desenvolveu o Great Britain, provido de um gigantesco casco de ferro e propulsor a hélice — este, respectivamente, possibilitava maior segurança e transporte de mais carga, além de atingir-se maior velocidade.
 
Além disso, houve o desenvolvimento de novos instrumentos de navegação, que possibilitaram aos cartógrafos desenharem mapas com mais exatidão métrica. Assim, temos o sextante (no século XIX) — um aperfeiçoamento do astrolábio —, que permitiu a localização precisa do navegador no globo terrestre, a partir de medições dos ângulos entre as estrelas conhecidas e a linha do horizonte (observava-se no telescópio, e então fazia-se a leitura da escala).
 
A partir deste século, há a introdução de um novo meio de locomoção, o transporte aéreo. O primeiro vôo foi feito pelos irmãos americanos Orville e Wilbur Wright, em 1903; porém, o primeiro vôo devidamente homologado foi realizado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, em 1906. Assim, em seguida, o engenheiro francês Louis Blériot voou, em 1909, de França à Inglaterra — compreendendo 42 quilômetros. Esses primeiros aviões eram de madeira e tecido, com suportes de ferro. Foram aperfeiçoados e substituídos por modelos de metal aerodinâmicos, na década de 1920. Sendo, por um alemão em 1939, desenvolvido o primeiro avião a jato, chamado de He 178. Atualmente, existem jatos — como o Boeing 747 — que pode carregar mais de 400 passageiros e executar uma viagem de mais de 12 quilômetros.
 
A Primeira Guerra Mundial (1914–1918) foi essencial para acelerar o desenvolvimento dos aviões — que tinham fins militares. Em 1918 já existia aeroplanos muito mais rápidos e seguros. Além disso, Jornais ofereciam prêmios àqueles que fizessem façanhas aéreas. Assim, em 1919, foi realizado pelos britânicos John Alcock e Arthur Brown a primeira travessia transatlântica sem escalas, realizada em 16 horas e meia. Outra façanha foi a travessia transatlântica realizada por um só homem, Charles Lindbergh, em 1927.
 
No século XIX, mais exatamente entre 1878 e 1879, a lâmpada elétrica é desenvolvida. Antes deste século, a iluminação era feita com fogueiras, velas e lamparinas. A precursora da lâmpada elétrica foi a iluminação a gás, que em 1807, fez Pall Mall (em Londres) tornar-se a primeira rua no mundo com esse tipo de iluminação; porém passou a ter segurança somente em 1885 com a invenção da camisa (ou véu) de gás. Segue-se a isso a lâmpada elétrica, inventada ao mesmo tempo pelo inglês Joseph Swan e pelo americano Thomas Alva Edison; os dois inventores juntaram-se mais tarde para comercializar a invenção. A lâmpada construída por eles, constituía-se por um filamento muito fino (de carbono) por onde percorria a corrente elétrica, e produzia uma iluminação branca e muito brilhante, sendo que tudo isso envolvido por um bulbo de vidro.
 
Os meios de comunicação teve como precursor o telégrafo, que através de fios permitia enviar mensagens por sinais elétricos codificados. O primeiro desse aparelho foi inventado por dois ingleses em 1837: C. Wheatstone e W. Cooke. Mas foi em 1838 que seria inventado por Samuel Morse o código mais famoso: o código morse. Neste, as letras são representadas por um código binário (traços e pontos). Então, em 1876, foi inventado pelo americano Alexander Graham Bell, o telefone. E, em 1884, através da Companhia Telefônica Bell, instalou-se a primeira linha telefônica de longa distância — entre Nova Iorque e Boston; o primeiro cabo a cruzar o oceano atlântico é de 1956, fazendo somente 36 chamadas por vez.
 
Os meios de comunicação começavam a surgir. Em 1895, é inventado o rádio pelo cientista italiano Guglielmo Marconi, que obteve apoio de outro cientista descobridor das ondas de rádio — o alemão Heinrich Hertz. Assim, em 1901, Marconi enviou a primeira mensagem transatlântica por rádio, sendo transmitida por código morse; e em 1906, data-se a primeira transmissão sonora transatlântica. Os programas de rádio tornaram-se regulares na década de 1920. Os primeiros rádios eram grandes, mas com a invenção dos transistores, em 1947, foram reduziu-se seu tamanho.
 
A transmissão sonora via rádio deve-se à invenção da válvula a vácuo, que constituía o componente básico dos circuitos eletrônicos dos primeiros aparelhos de rádio. Primeiramente, constitui-se as válvulas diodo, sendo em 1906 introduzida a válvula triodo, que possibilitou transmitir, receber e amplificar sinais de rádio, transformando-os em sons compreensíveis — como a voz.
 
A captura de imagens e sua reprodução, ou seja, a invenção da fotografia, o cinema e a televisão, respectivamente, ocorreram da seguinte maneira. Na década de 1870, Eadweard Muybridge obteve o efeito de movimento através de fotos sucessivas de movimentos humanos e animais, tiradas com um aparelho de alta velocidade. Apesar de já na década de 1830 o francês Louis-Jacques Daguerre ter criado um processo fotográfico que utilizava placas de cobre cobertas com prata e iodo — simulando o movimento —, este era muito precário pois produzia uma cópia de cada fotografia. Um pouco mais tarde, o inglês Wiliam Fox Talbot inventou um processo que utilizava uma imagem negativa, permitindo um número ilimitado de cópias positivas da mesma fotografia. Surgia, então, a câmera fotográfica, que utilizava este último processo de revelação de imagens. Esta consistia de uma caixa escura, com um orifício de um lado, por onde entra a imagem do exterior e a reproduz sobre a parede oposta da câmera. Ela foi aperfeiçoada colocando-se uma lente em seu orifício, e assim obtendo uma imagem mais nítida. Posteriormente, em 1826, conseguiu obter o primeiro registro de uma imagem permanente, através de uma chapa de estanho coberta com betume sensível à luz. Então, finalmente inventa-se a fotografia, retirando a placa e tratando a fotografia quimicamente.
 
Conseqüentemente à criação da fotografia, surge o cinema. Para isso, foi inventado a câmera cinematográfica, por Étienne-Jules Marey, capaz de tirar doze fotos por segundo. Após nove anos foi inventado, por Thomas Edison, o cinetoscópio (exibia uma série de imagens a certa velocidade, produzindo assim um efeito de movimento). Posteriormente, em 1895, os irmãos franceses Louis e Auguste Lumière, usaram um dispositivo semelhante a este descrito para a primeira exibição pública cinematográfica. Este dispositivo usava uma tira contínua de filme, rodada à mão num projetor de imagens à tela. Então, na década de 1920, teve-se a invenção de filmes sonoros; em 1932, da produção de filmes coloridos, pelo sistema Technicolor.
 
Em 1926 teve-se a invenção da televisão, pelo escocês John Logie Baird. Esse aparelho é concebido a partir da invenção, de Vladimir Zworykin, do iconoscópio (dispositivo eletrônico que por meio de lentes focaliza a imagem no interior de um tubo de vidro). Baseando-se nesse invento, tem-se a televisão eletrônica moderna, que aparece em 1936. O primeiro serviço público de tevê foi iniciado pela BBC (British Broadcasting Corporation) de Londres; as transmissões regulares começaram em 1941, nos Estados Unidos; e a primeira transmissão à cores foi feita em 1953, pela rede americana CBS.
 
O motor de combustão interna (ou motor a explosão), tem grande repercussão em vários setores — principalmente no automotivo. Esta máquina térmica é baseada na máquina a vapor, só que utiliza como energia derivados do petróleo (o primeiro derivado utilizado foi a gasolina). Esse motor consiste em mover um êmbolo com a pressão causada pela explosão do combustível, que este fica altamente explosivo em contato com o ar. Antes de entrar no cilindro, o combustível mistura-se com o ar no dispositivo chamado carburador. Então, primeiramente, a mistura entra no cilindro pela válvula de admissão e o êmbolo desce (1º tempo: admissão). Em seguida, fecha-se a válvula de admissão, o êmbolo sobe e comprime a mistura (2º tempo: compressão). Agora, um dispositivo chamado de vela produz uma faísca que provoca uma explosão, isso gera-se gases que empurram o êmbolo para baixo (3º tempo: expansão). Assim, a válvula de escape abre-se quando êmbolo quando chega ao ponto inferior, que logo em seguida sobe empurrando os gases contidos no cilindro para o exterior.
 
Devido à Revolução Industrial, surge a siderurgia (indústria de produção de ferro e aço em grande escala). Embora, já conhecia-se há muito tempo a técnica de produção do ferro fundido, foi a partir deste século XIX que passa a não ser mais produzido em pequenas oficinas e em pouca quantidade. O ferro fundido consiste em um processo de seu aquecimento até o ponto de fusão, quando torna-se líquido, e assim possibilita sua moldagem, sendo depois colocado para esfriar. Já o aço, é uma liga de ferro com uma pequena quantidade de carbono (oscila de 0,05% a 1,8%). Para isso, o ferro tem que ser elevado à temperatura de 1.200 °C a 1.600 °C. Então, foi constituído um processo, em 1855 por Henry Bessemer, que devia-se introduzir o ferro fundido num conversor por onde circula ar comprimido para oxidar as impurezas. Essa oxidação desprende o calor necessário para elevar a temperatura — não precisando utilizar mais combustível, e tornando o processo muito econômico. Finalizando, o conversor que contém o aço, é inclinado, despejando-o num caldeirão. Este processo é utilizado até hoje. Um grande exemplo das primeiras construções que utilizavam ferro fundido e aço é a Torre Eiffel, em 1889, projetada por Gustave Eiffel. Foi construída em Paris para a celebração do centésimo aniversário da Revolução Francesa.
 
Outro processo industrial que revoluciona-se neste período, é a mineração. Esse processo é essencial às siderúrgicas, sendo até antes do século XIX feito manualmente. Cavavam-se poços de até 4 quilômetros, onde percorriam os mineiros em elevadores de cargas, que ficavam agachados enquanto arrancavam o mineral com a picareta, a barra e a talhadeira. Os poços possuíam galerias (paredes de onde extrai-se o carvão); porém essas galerias eram sustentadas por vigas de madeira, tornando seu desmoronamento freqüente. Então, a partir do século XIX, passa-se a utilizar máquinas para cortar o carvão, e também uma correia transportadora que conduz o minério até o poço, e deste a um elevador que o leva até a superfície.
 
Os armamentos ganharam grande aperfeiçoamentos a partir do século XIX, devido, principalmente, às duas Grandes Guerras. Assim, no início desse século, foi construída a pistola de percussão, esta carregada com apenas um cartucho, ou seja, uma bala. Seu funcionamento é simples: ao se disparar, o cão — que tem em sua extremidade o percursor — atinge uma carga detonadora que incendeia a pólvora da bala e a dispara. Samuel Colt patenteou, em 1836, o primeiro revólver no qual apresentava um tambor onde era possível colocar seis cartuchos — sendo que este girava automaticamente após puxar-se o cão, ajustando a posição do tambor para o próximo tiro. As armas Colt eram muito utilizadas no Velho Oeste, tornando-se o tipo de arma portátil mais popular de todos os tempos.
 
Dando continuidade, foi inventada por Richard J. Gatling, em 1862, o primeiro modelo de metralhadora. Consistia em uma arma que disparava um fluxo contínuo de munição (este primeiro modelo possuía uma alimentação manual de balas). A metralhadora totalmente automática, foi inventada por Hiran Maxim, em 1884. Essas armas automáticas usavam como energia para o disparo, um sistema que produzia um impacto sobre a bala — o coice — ou um impacto por pressão de gás sobre a bala.
 
Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foram construídos os tanques de guerra. Constituídos basicamente por peças de automóveis e tratores, teve como uns dos primeiros modelos o Mark I, de patente britânica, e que fazia 6,4 km/h, possuindo dois canhões. Mas foi principalmente a partir da Segunda Grande Guerra que se destacaram, tendo grande importância em ataques relâmpagos. Tiveram 50 mil unidades produzidas por fábricas norte-americanas, em 1944.
 
 
5.2. Fase Posterior à 1945
 
A Segunda Grande Guerra forçou a um rápido desenvolvimento da indústria — compreendendo suas técnicas e a sua expansão. Isso era necessário devido à necessidade de obter-se armamentos bélicos cada vez mais sofisticado em relação ao do oponente. Implicando também no desenvolvimento dos meios de comunicação e de transporte.
 
A indústria se revoluciona apresentando em todos, ou quase todos, setores a tecnologia da robótica. Entretanto, já a muito tempo se constrói robôs, como os autômatos (máquinas que imitam o movimento e a forma de seres animados). Exemplos desses robôs autômatos são aves mecânicas que podiam voar e leões mecânicos. A robótica atual é o ramo da tecnologia no qual se ocupa em projetar e construir robôs, isso para a simplificação, segurança, qualificação e aumento da produtividade industrial. Temos, então, o primeiro robô construído para fins industriais, e controlados por computador, construído por George Devol, em 1960. (Paciornik, 1995:178).
 
A ramo da robótica, porém, foi impulsionado a partir da década de 70 com a invenção do microprocessador. Eles substituem o homem para a realização de trabalhos hostis — como a fundição e a estamparia; em ambientes perigosos, onde ocorre, por exemplo, o desprendimento de gases tóxicos — como na pintura ou fabricação de adesivos; nas ocupações cansativa, monótonas e repetitivas — como as Linhas de Montagem ou no Controle de Qualidade. (Paciornik, 1995:178).
 
Os robôs apresentam três partes fundamentais: os elementos mecânicos, o sistema de controle e os sensores. Os elementos mecânicos diferem-se quanto à aplicação. Um deles são os motores elétricos, que têm maior utilização devido ao seu baixo custo, pouco espaço que ocupam e facilidade de controlá-los. Mas, para aplicações que exigem maior potência e rapidez, é utilizado o motor pneumático (movido a ar comprimido). E, ainda, para aplicações onde é utilizado cargas muito pesadas, utiliza-se o motor hidráulico (movido por algum tipo fluído comprimido — como a água).
 
O sistema de controle funciona da seguinte maneira: informa-se ao computador sobre como é o ambiente que irá atuar, depois é calculada a posição na qual o robô deve se dirigir e, por último, o computador pode comandar os motores do robô para que realize seus movimentos.
 
A última parte fundamental são os sensores. Estes são dispositivos acoplados nos robôs que calculam automaticamente fatores externos. Atualmente, pode-se programar robôs para atender à voz humana, e não às complicadas linguagens de programação. Os sistemas de visão possibilitam determinar como está disposto objetos ao redor do robô. Além disso, os sensores determinam como encontra-se a temperatura ambiente ao redor do robô, e sensores de pressão, constituídos de microinterrupitores, determinam a pressão necessária para pegar um objeto e também a forma do objeto.
 
Os robôs apresentam diferentes tipos. Há aqueles mais simples, os robôs manipulados, que precisam ser movimentados por uma pessoa, realizando a tarefa mais pesada e difícil. Outros são os robôs de aprendizagem, que precisam ser programados na primeira vez de uso, para executarem a ação desejada. Os mais sofisticados são os robôs inteligentes que podem executar diversas funções e possuem sensores (tais como os descritos no parágrafo anterior) para determinar condições externas.
 
Uma grande evolução foram as invenções do transistor e do semicondutor. Estes substituíram as válvulas a vácuo. Os físicos norte-americanos John Bardeen e Walter Branttain, inventaram os transistores em 1947, sendo estes baseado nas propriedades dos semicondutores — para a fabricação tanto de rádios quanto de circuitos eletrônicos de computadores. Estes semicondutores são um material menos isolante que o vidro e mais que os metais: silício ou germânio. A partir de 1958, descobri-se o circuito interligado, que permitiu a redução cada vez maior dos aparelhos eletrônicos. Atualmente, é possível a reunião de mais de três milhões de transistores em 1 cm² de material semicondutor.
 
O laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, isto é, amplificação de luz por emissão estimulada de radiação) é uma luz altamente concentrada que viaja em linha reta, e que tem várias aplicações — desde sua utilização em impressoras até em delicadas operações cirúrgicas.
 
O raio laser resulta de uma descarga elétrica em um tubo contendo uma mistura de gases — incluindo sempre o gás hélio e o gás néon. Desta, implica na emissão de fótons, pelos elétrons dos gases, que se chocam com os novos elétrons, provocando uma reação em cadeia. O fóton é menor porção possível da luz, com valor exatamente determinado para cada freqüência de radiação; nesse caso do raio laser, é emitido todos com a mesma energia — ou seja, com o mesmo comprimento da freqüência da onda — implicando que saiam do tubo como um feixe fino de luz. Se difere totalmente da luz comum, pois esta emite freqüências de onda de diferentes comprimentos, e assim se dispersa pelo ambiente.
 
O laser apresenta uma grande variedade de aplicações, devido à sua concentração luminosa. Mas desde aplicações mais simples, como em impressoras, já mostra-se revolucionário quanto à rapidez, eficiência e a forma silenciosa destas. Até aplicações mais complicadas, como no corte preciso de placas de aço de grande rigidez. Também utiliza-se para fins bélicos, como em mísseis guiados que utilizam como alvo, o raio laser — aliás, o tipo mais preciso de alvo —, sendo utilizados também em alvos de armas portáteis (revólveres e rifles). Na medicina, é utilizado para a eliminação de tumores cancerígenos, permitindo atingir o tumor com maior precisão, pois antes já era possível eliminá-los — com os tratamentos de quimioterapia e de radioterapia —, porém afetavam e prejudicavam células normais. Nesse ramo da medicina, é utilizado também para problemas dermatológicos — desde eliminação de tatuagens e manchas, até o tratamento de câncer de pele; e na microcirurgia, para operações na retina do olho ou para corrigir defeitos de visão — como a miopia e astigmatismo. Uma de suas aplicações revolucionárias é em hologramas (representação tridimensional — parecida com uma fotografia em 3D — produzida por raio laser). Satélites espaciais, dispõem de sistemas de telemetria em laser que permite a medição de objetos a longa distância. Em telecomunicações permite a transmissão da voz — convertida em sinais de laser — por cabos de fibra óptica. Entre muitas outras aplicações.
 
O desenvolvimento da fibra óptica começou a partir da década de 1980, quando os sistemas de telecomunicação — que utilizam então linhas telefônicas comuns — começam a ficar deficientes devido ao crescimento da transmissão de dados via computadores desde a década de 60. Essa nova rede de telecomunicação conduz sinais luminosos em alta velocidade, ao contrário dos cabos tradicionais que transmitem dados por ondas eletromagnéticas ou impulsos elétricos. (Paciornik, 1995:146).
 
O cabo de fibra óptica é constituído, essencialmente, por um fio de aço central, revestido por fibras (na parte do seu núcleo), e envolvendo tudo isso uma capa de polietileno protetora. Esses cabos têm a capacidade de transmitirem sinais digitais ou analógicos, de vídeo e áudio (televisão, Internet) ou áudio (telefone, rádio). Para sua transmissão, é necessário um dispositivo transmissor e outro receptor, sendo que a principal diferença entre a transmissão de sinais digitais para os analógicos, o seguinte: o primeiro precisa de apenas dois tipos de sinais luminosos — isso pois o digital consiste em um sistema binário constituído pelos números 0 e 1 —, já o segundo é necessário uma infinidade de sinais luminosos de diferentes intensidades de luz.
 
Essas revolucionárias redes de telecomunicação permitem a transmissão de dados à uma velocidade muito maior que a dos cabos convencionais de cobre — atinge a velocidade da luz (300.000 km/s), com a transmissão de até 1 bilhão de bits por segundo (cada bit equivale a uma unidade de informação no sistema binário). Simplificando, são pacotes de até 1 bilhão de bits enviados a cada segundo, que viajam à velocidade da luz. E também à uma maior distância sem a necessidade de uso de repetidores (dispositivos utilizados para o sinal não enfraquecer) — 4.000 metros contra 1.500 metros dos cabos convencionais. Além disso, permite uma menor interferência; menor possibilidade de intercepção, garantindo uma maior segurança de transmissão de dados; e impossibilidade de causar incêndios devido à não-produção de descargas elétricas. Entretanto, possuem custo mais elevado em relação aos cabos convencionais, e exigem equipamentos avançados para sua instalação: a necessidade de ficarem alinhados e não-submetidos à uma grande pressão — caso contrário, tem sua capacidade diminuída — exigem que os equipamentos de instalação sejam de grande precisão.
 
O microprocessador é a parte fundamental de um computador, mas não somente deste, pois é utilizado também para várias outras máquinas: máquinas de lavar e de costura, calculadoras, televisões e rádios modernos, carros, robôs, satélites, etc. Ele foi desenvolvido pela empresa Intel, em 1972.
 
O microprocessador — que está envolvido por uma cápsula chamada chip — compreende a unidade aritmético-lógica (dispositivo que realiza operações de cálculo), a unidade de controle (dispositivo que comanda outros, através de instruções corretas para executar tarefas), os registros (dispositivo de memória de dados e de resultados das operações das unidades de um microprocessador) e buses internos de conexão (bus é um microcabo que conecta os dispositivos de um computador, e permite o envio de mensagens). Para a comunicação do microprocessador com dispositivos externos, utiliza os buses externos.
 
O primeiro computador pessoal (ou PC — do inglês, personal computer), foi desenvolvido pelos norte-americanos Steve Jobs e Steve Woznic, em 1972. A grande empresa do ramo, a IBM, só foi desenvolver seu PC, cinco anos mais tarde; para o funcionamento de seu PC, ela contratou a empresa de Bill Gates, a Microsoft, para desenvolver um sistema operacional (é um programa controlador de todos os demais, e que fornece bases para o funcionamento desses demais): o MS-DOS — este estabeleceu um padrão de sistema operacional pelo mercado, pois tinha uma arquitetura aberta, ou seja, permitia que outros fabricantes o licenciasse, e constituindo assim um monopólio que perdura até hoje. Então, em 1983, foi construído pela IBM, o PC XT: compreendia um microprocessador 8088 e um disco rígido (dispositivo com certa capacidade de armazenamento de dados de um computador). Subseqüente, temos o desenvolvimento de outros microprocessadores mais avançados, sendo que estes caracterizam os nomes dos computadores: 286, 386, 486 (cada um com diversos tipos, como o 486 SX e 486 DX).
 
A Interface Gráfica é a utilização do computador por meios gráficos, que por meio de ícones (símbolo gráfico) pode-se indicar um comando pelo qual o computador deve seguir. Isso é feito através do mouse (periférico que move um indicador para executar um comando). Assim, a Interface Gráfica substituiu o teclado para a execução de comandos, simplificando a utilização dos microcomputadores. Esta simplificação do modo de utilização do computadores, foi desenvolvida pela empresa Apple, que lançou o Macintosh para competir com o PC da IBM. Posteriormente, foi desenvolvido pela Microsoft um programa para computadores PC que rodava no sistema operacional MS-DOS, e que simulava um sistema operacional: o Windows. Porém, foi somente em 1995, que foi lançado um verdadeiro sistema operacional para PC: o Windows 95.
 
A partir da Segunda Guerra Mundial, começa a exploração espacial. Sendo assim, o primeiro foguete capaz de sair da atmosfera terrestre, foi um desenvolvido pela Alemanha: o V2. Os foguetes com estágios começam a surgir no final da década de 40, tendo uma duas ou três seções para transportar combustível extra. O primeiro satélite espacial lançado, em 1957 pela União Soviética, foi o Sputnik I. Este ficou na órbita terrestre durante 92 dias. Assim, no final da década de 50, foram lançados muitos satélites espaciais pelos Estados Unidos e União Soviética, que travavam uma corrida espacial. O primeiro módulo espacial que obteve sucesso foi o soviético Lunar 3, em 1959. Este tirou fotos do lado oculto da Lua, nunca antes visto. Então, logo em seguida, os Estados Unidos lançaram, em 1962, o Mariner 2, que obteve fotografias de Vênus. E assim muitos outros foram lançados.
 
Subseqüente, visa-se colocar o homem no espaço, e isso é conseguido em 1961, com o cosmonauta soviético Yuri Gagarin, que realizou na nave Vostok, uma viagem pela órbita terrestre. Em 1965, através do soviético astronauta Aleksey Leonov, o homem consegue a façanha de vagar pelo espaço. Mas, a realização mais marcante, ocorreu em julho de 1969, quando o cosmonauta norte-americano Neil Armstrong, membro da nave Apollo 11, pisa pela primeira vez na Lua.
 
Esse desenvolvimento no campo espacial, permitiu a construção de satélites artificiais. Estes nos permite a comunicação, onde sinais de sons e/ou imagens são convertidos em ondas, nas centrais de telefonia ou televisão. Assim, essas ondas são captadas pelos satélites e enviadas para os aparelhos de telefone ou de televisão, onde são novamente convertidos em sons e/ou imagens. A importância desses satélites de comunicação em relação às estações terrestres, consiste que estes abrangem uma zona onde precisaria de várias estações repetidoras terrestres a poucos quilômetros de distância.
 
Os primeiros satélites artificiais de comunicação são desenvolvidos na década de 60, estes eram dotados de equipamentos eletrônicos; antes destes, porém, haviam satélites precários que baseavam-se na transmissão das ondas recebidas da Terra por espelhos de alumínio — como o Echo I. Os dotados de equipamentos eletrônicos, consistem em mudar a freqüência das ondas recebidas para não haver interferências e amplificar os sinais que chegam da Terra para enviá-los completo à estação de destino.
 
Com o desenvolvimento dos microprocessadores, permitiu-se o cálculo das órbitas dos satélites, para serem guiados automaticamente e, também, orientados constantemente por estações terrestres. Um exemplo desses tipos revolucionários de satélites, é o Syncom II, colocado em órbita por meio de um foguete espacial. Este possui um sistema de telemetria por raios laser (permite a transmissão à distância dos resultados de uma medição) e um centro de controle de Terra (possibilidade de guiá-lo a partir da Terra, através de procedimentos eletrônicos). Eles obtém informações precisas da posição e velocidade, baterias, quantidade de combustível, temperatura, etc. do satélite a cada momento, e possibilita o reajuste de sua posição, caso necessário.
 
O suprimento de energia é obtido através de painéis solares que captam a intensa luz solar presente na atmosfera da Terra. Além disso, os atuais satélites não precisam de muita energia para serem supridos. Os painéis possuem células solares — com baterias de níquel-cádmio — presas à sua superfície, que convertem a energia luminosa proveniente do Sol em energia elétrica. Atualmente, estes painéis solares provém de articulações — para ocupar pouco espaço — que se abrem em órbita terrestre, após serem lançados pelos foguetes espaciais.
 
Existem vários satélites de comunicação em operação, como o INTELSAT, o EUTELSAT e o ASTRA. Para captar os sinais de um desses satélites, era preciso — a poucos anos atrás — orientar a posição das antenas parabólicas para o satélite correspondente. Posteriormente, inventaram equipamentos que possibilitam a orientação automática das antenas parabólicas para o satélite correspondente ao canal de televisão que se desejava assistir. Atualmente, as antenas parabólicas revolucionaram-se muito, tendo cerca de um metro de diâmetro — como a da SKY e da Directv. Um grande problema atualmente é que satélites artificiais já ultrapassados quanto à tecnologia são abandonados na órbita terrestre, agravando mais a quantidade de lixo espacial. E cada vez mais lança-se foguetes para colocar satélites em órbita, estando criando uma rede de satélites ao redor do planeta.
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
 
 
Evoluções Tecnológicas ocorrem durante toda a existência do homem, sendo impulsionadas pela necessidade — e também pelo instinto humano de desenvolver-se. Há também a evolução que ocorre espontaneamente, mas é somente observada quanto à descoberta do fogo. Nesse caso, fala-se em descoberta, e não em desenvolvimento, criação, construção, etc. Entretanto, esta descoberta pode ser considerada como tecnologia, pois foi uma simplificação do modo de vida do ser humano e amplificação de sua atuação no planeta, que abrangeu em grandiosa amplitude, permitindo um avanço geral, e não só focalizado em uma única situação.
 
À questão da necessidade, pode-se dizer que impulsionou cada vez mais a criação de tecnologia, pois o homem sempre precisou estar evoluindo e adaptando-se ao mundo. Essa questão está relacionada aos determinados períodos históricos, e tendo diferentes intensidades de evolução em cada um. Dessa forma, é na atualidade que a necessidade impõe uma maior evolução tecnológica, de maneira alguma alcançada antes desse período contemporâneo. Esses fatores explicam como a evolução tecnológica ocorreu, sendo, basicamente, iniciado por instrumentos rudimentares de caça (em tempos dos hominídeos), passando a desenvolver-se mais em tempos modernos, e chegando ao intenso grau de evolução atual.
 
Pode-se afirmar, então, que a tecnologia tem a tendência de aumentar a intensidade de sua evolução, cada vez em um compasso maior, bem como o homem quanto à sua necessidade de obter mais tecnologia para a sua adaptação às mudanças globais — estas causadas pela própria evolução da tecnologia que implica ao homem uma dependência gradativa por ela.
 
 
 
 
 
 
 
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