Civilização Tupi-Guarani/Sociedade: diferenças entre revisões

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A base da alimentação era a farinha de mandioca, que era preparada a partir da ralação das raízes de mandioca com o auxílio de língua de pirarucu (''Arapaima gigas'') ou de um pedaço de madeira com pedras pontiagudas incrustradas. Antes de ralada, a raiz de mandioca era deixada de molho durante três dias em um rio, para soltar a casca e fermentar. A mandioca ralada era então espremida em um trançado de palha chamado ''tipiti'' (do tupi ''tipi'', "espremer", e ''ti'', "água") para remover todo o líquido. Do líquido esbranquiçado era extraído o polvilho, ou seja, o amido da mandioca, através do processo de decantação.<ref>http://www.brasilsabor.com.br/por/roteiros/artigo/47</ref> Já a massa seca era torrada, resultando na farinha de mandioca.
[[File:Guyane 0016.jpg|center|350px|thumb|Tipitis pendurados no telhado]]
Um costume disseminado amplamente entre as tribos macrotupi era o do canibalismo, que consistia em umno sacrifício ritual de um prisioneiro de uma tribo inimiga, seguido do consumo de sua carne crua por todos os membros da tribo (exceto pelo carrasco, que se retirava para uma rede e ficava em recolhimento ritual por um certo período). A carne que não era imediatamente consumida era defumada ("moqueada") na grelha e guardada para consumo posterior. O canibalismo era movido por dois objetivos: primeiro, a vingança contra os inimigos da tribo; segundo, adquirir as qualidades positivas do inimigo ingerido, pois os macrotupi acreditavam que adquiriam as qualidades do indivíduo ingerido. PorPelo essemesmo motivo, elesos macrotupi evitavam ingerir carne de animais lentos, como a preguiça, e procuravam ingerir a carne de animais velozes, como o veado. Especula-se, também, se a ausência da pecuáriacriação de animais de corte (excetuando-se a criação de patos-do-mato) na cultura tradicional dos povos macrotupi possa ter umacontribuído relaçãopara como a prática canibalcanibalismo, dada a dificuldade relativa de se obter fontes animais de proteína através da caça e da pesca.
[[File:Cannibals.23232.jpg|center|400px|thumb|Gravura de Théodore de Bry, de 1562, retratando o canibalismo entre os índios tamoio]]
Os macrotupi tinham um grande conhecimento das propriedades das plantas. Usavam por exemplo o tabaco (''Nicotiana tabacum'') em suas cerimônias religiosas, através de cigarros primitivos feitos com folhas de palmeiras, charutos, cachimbos, rapé ou mascando suas folhas. Era através do fumo que os pajés conseguiam se contactar com o mundo espiritual, os deuses, os mortos e fazer previsões sobre o futuro. Fabricavam também uma bebida inebriante a partir das raízes da jurema (''Mimosa hostilis''), o chamada "vinho de jurema". Usavam sementes de urucum (''Bixa orellana'') e jenipapo (''Jenipa americana'') para produzir tinta vermelha e preta, respectivamente, para pintar a pele. Conheciam também ervas de efeitos estimulantes, como a erva-mate (''Ilex paraguariensis'') utilizada pelos índios guarani e o guaraná (''Paulinia cupana'') utilizado pelos índios maué. E ainda o timbó, designação genérica de várias espécies de plantas com propriedades sedativas que eram utilizadas para pesca.