Capoeira/História: diferenças entre revisões
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No século XVI, era costume dos povos pastores do sul da atual Angola, na África, comemorar a iniciação das jovens à vida adulta com uma cerimônia chamada ''n'golo'' (que significa "zebra" na língua quimbunda). Dentro da cerimônia, os homens disputavam uma competição de luta animada pelo toque de atabaques em que ganhava quem conseguisse encostar o pé na cabeça do adversário. O vencedor tinha o direito de escolher, sem ter de pagar o dote, uma noiva entre as jovens que estavam sendo iniciadas à vida adulta. Com a chegada dos invasores portugueses e a escravização dos povos africanos, esta modalidade de luta foi trazida, através do porto de Benguela, para a América, especialmente para o Brasil, onde se fixou a maior parte dos escravos africanos trazidos à América<ref>http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1445</ref>. Porém a luta também chegou à ilha caribenha da Martinica, onde continuou a ser praticada com o nome de ''ag'ya'', ''ladja'' ou ''danmye''<ref>http://www.youtube.com/watch?v=Rl4CEEse_fI</ref>.
A partir do século XVI, começaram a chegar no Brasil os primeiros escravos africanos. Eles eram trazidos por traficantes portugueses e brasileiros, que os compravam na África, transportavam-nos de navio e os revendiam a donos de engenhos de açúcar, a comerciantes e a cafeicultores no litoral brasileiro<ref>http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/escravidao.htm</ref>. No Brasil, eram submetidos a um regime de trabalho forçado. Eram também forçados à adoção da língua portuguesa e da religião católica. Como expressão da revolta contra o tratamento violento a que eram submetidos, os escravos gradualmente passaram a desenvolver uma forma de combate que era praticada de forma escondida, nos terrenos de mata mais rala conhecidos como "capoeiras" (termo que vem do tupi ''kapu'era'', que significa "mata que foi", se referindo aos trechos de mata que eram queimados ou cortados para abrir terreno para as plantações dos índios)<ref>FERREIRA, A.B. de H. ''Novo Dicionário Aurélio''. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1986. p.334</ref>.▼
[[File:Angola map.png|300px|thumb|Mapa atual de Angola]]
[[File:Common zebra 1.jpg|thumb|Zebra]]
[[File:Igreja Benguela, Angola .jpg|thumb|Igreja colonial portuguesa em Benguela]]
[[File:Anse Cafard Slave Memorial.JPG|thumb|Memorial da escravidão, na Martinica]]
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[[File:024debret.jpg|thumb|Pintura de Debret retratando o tratamento cruel imposto aos escravos no Brasil]]
Assim como as religiões africanas, que continuaram a ser praticada pelos escravos porém sob uma fachada católica (no fenômeno conhecido como "sincretismo religioso"), a capoeira era praticada sob a fachada de uma dança, com acompanhamento musical. O principal instrumento musical utilizado era e continua sendo o berimbau: um instrumento de origem africana, espécie de arco com arame tocado com uma vareta, cujos sons são amplificados dentro de uma cabaça (o fruto da cuieira ou coité, árvore da família das cucurbitáceas cujo nome científico é ''Crescentia cujete''<ref>FERREIRA, A.B.
[[File:Hn 3berimbau.jpg|thumb|Três berimbaus de diferentes tamanhos]]
[[File:Crescentia cujete (fruit and foilage).jpg|thumb|Cuieira ou coité (''Crescentia cujete''), a árvore da qual se extrai a cabaça usada no berimbau]]
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[[File:CapoeiraEarle.JPG|thumb|Pintura de 1824 de Augustus Earle retratando luta entre escravos]]
[[File:O Quilombo de Manuel Congo por Marcos.jpg|thumb|Capa do livro de Carlos Lacerda (sob o pseudônimo de Marcos) sobre a revolta de escravos liderada por Manoel Congo no século XIX em Vassouras, na província do Rio de Janeiro]]
Uma vez no Brasil, a capoeira continuou o seu processo evolutivo natural, inclusive com a própria adoção do nome "capoeira", que é originário da língua tupi (na época, a língua mais falada no Brasil). Assim como "paraná", que é um dos principais bordões da capoeira. "Paraná" significa "mar" em tupi. No caso das canções da capoeira, "paraná" se refere ao rio Paraná, que era o limite a partir do qual os escravos acreditavam que poderiam se julgar livres, pois não seriam mais perseguidos pelos capitães do mato. A palavra "paraná", deste modo, representava a liberdade tão sonhada pelos escravos.
[[File:Parana atardecer.JPG|thumb|Rio Paraná]]
Na cidade do Rio de Janeiro da primeira metade do século XIX, destacou-se o capoeirista Miguel Nunes Vidigal, que era o auxiliar do chefe da divisão militar da guarda real de polícia implantada pelo príncipe regente D. João VI em 1809. O major Vidigal, como era conhecido, foi caracterizado no clássico da literatura brasileira ''Memórias de um sargento de milícias'' (1857), de Manuel Antônio de Almeida<ref>http://portalcapoeira.com/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=119</ref>. A guarda foi o embrião da atual polícia militar do estado do Rio de Janeiro<ref>http://www.policiamilitar.rj.gov.br/sintese_historica.php</ref>.
[[File:Manuel antonio de almeida.jpg|thumb|Manuel Antônio de Almeida]]
Ao longo do século XIX, diversas leis foram gradualmente acabando com a escravidão no Brasil, culminando com sua abolição definitiva na chamada lei
[[File:Open Razor with double stabiliser.JPG|thumb|Navalha]]
No início do século XX, o capoeirista Manuel Henrique Pereira tornou-se uma lenda em Santo Amaro da Purificação, no estado brasileiro da Bahia. Era chamado de Besouro Cordão de Ouro ou Besouro Mangangá.
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