Civilização macrojê/História: diferenças entre revisões

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O avanço dos colonizadores portugueses sobre territórios habitados pelos índios do grupo macrojê, visando à plantação de cana-de-açúcar, criação de gado e exploração de minas, causou reações violentas, como por exemplo a confederação dos Cariris, que foi uma revolta generalizada das tribos de línguas macrojês que habitavam o nordeste brasileiro contra os portugueses, no final do século XVIIe início do século XVIII.
 
O avanço dos colonizadores, no entanto, continuou ao longo dos séculos, diminuindo progressivamente a área dos índios de língualínguas macrojêmacrojês que, antigamenteantes da chegada do homem branco, detinham o controle de praticamente todo o Brasil central. Muitas tribos foram forçadas a fugir para o oeste e outras foram dizimadas sem deixar qualquer registro escrito sobre suasuas culturaculturas e língualínguas.
 
Ao longo do século XIX, as regiões montanhosas do sul do Brasil, que eram território tradicional dos índios caingangues, passaram a ser alvo da expansão da fronteira agrícola. Guerras realizadas pelos governos provinciais da região forçaram o aldeamento dos índios e permitiram a fixação de agricultores na região. Entre eles, imigrantes italianos, alemães, poloneses, ucranianos, russos etc. O mesmo processo ocorreu na província argentina de Misiones. No oeste do estado brasileiro de São Paulo, tal processo ocorreu no início do século XX, com a abertura da estrada de ferro que ligaria a cidade de Bauru ao estado de Mato Grosso. Devido aos frequentes ataques dos caingangues locais aos trabalhadores envolvidos na construção da estrada, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio, em 1910, visando a cuidar da questão indígena no país<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kaingang/287</ref>. Seu primeiro diretor foi o marechal Rondon.
 
No século XIX, o cientista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius percorreu grande parte do território brasileiro e propôs uma divisão dos índios brasileiros segundo um critério linguístico. Baseado nesse critério, ele criou o grupo gê, que englobava tribos que falavam línguas semelhantes e que costumavam autodenominar-se utilizando a partícula ''gê'', que significava "pai, chefe ou antepassado". Um nome alternativo, segundo o próprio Martius, seria "cram", pois, nesse grupo, também era muito utilizada a partícula ''cran'' ("filho, descendente") para a nomeação das tribos. Grande parte das antigas tribos tapuias estava englobada pelo grupo gê<ref>CHAIM, M. ''Aldeamentos Indígenas (Goiás 1749-1811)''. Segunda edição. São Paulo: Nobel, 1983. p. 47</ref>.
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Em 17 de julho de 1873, o ministério de agricultura, comércio e obras públicas do império brasileiro decretou o fim das aldeias indígenas no Brasil, sob o argumento de que não existiriam mais índios no país. Isso significou que as terras ocupadas pelos índios brasileiros passaram a ser consideradas legalmente sem dono e, portanto, passíveis de ocupação através de leilão público<ref>http://plantasenteogenas.org/community/threads/kariri-xoc%C3%B3-o-povo-da-sagrada-jurema.4376/</ref>.
 
No final do século XIX e início do século XX, foi construída a estrada de ferro Vitória - Minas, desalojando os últimos índios aimorés que ainda habitavam a região. Os últimos remanescentes dos aimorés estão atualmente em reservas nos arredores do município de Resplendor, em Minas Gerais, sob a denominação de krenakcrenaque, que é o nome pelo qual eles mesmos se reconhecem.
A partir do final do século XIX, as regiões montanhosas do sul do Brasil, território tradicional dos kaingangues, passaram a ser colonizadas por imigrantes italianos, alemães, poloneses e russos. Isto gerou conflitos pela posse da terra<ref>http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:zO77fmZbd9cJ:www.ram2009.unsam.edu.ar/GT/GT%252013%2520%25E2%2580%2593%2520Estrategias%2520Ind%25C3%25ADgenas%2520y%2520Estatales%2520en%2520los%2520Procesos%2520de%2520Expansi%25C3%25B3n%2520Nacional%2520Enfoques%2520Regionales%2520y/GT13-Ponencia(Dornelles_Soraia_Sales).pdf+serra+ga%C3%BAcha+colonos+europeus+%C3%ADndios+kaingang&hl=pt-BR&gl=br&sig=AHIEtbSi_f1hx-OP012WGkVcen7skGfO-g</ref>.
 
No final do século XIX e início do século XX, foi construída a estrada de ferro Vitória - Minas, desalojando os últimos índios aimorés que ainda habitavam a região. Os últimos remanescentes dos aimorés estão atualmente em reservas nos arredores do município de Resplendor, em Minas Gerais, sob a denominação de krenak, que é o nome pelo qual eles mesmos se reconhecem.
 
Dentro de um processo de reconhecimento científico e político do valor da cultura indígena, o governo brasileiro iniciou uma política de pesquisa da cultura indígena, pacificação de tribos indígenas hostis e criação de reservas indígenas onde os índios poderiam preservar sua cultura, como o parque indígena do Xingu, criado em 1961. Vários nomes se destacaram dentro desse processo, como os irmãos Villas-Bôas, o antropólogo Darcy Ribeiro e o marechal Rondon: este, um descendente de várias etnias indígenas, como a dos bororos, por exemplo.
 
Em 1910, foi criado o primeiro órgão do governo brasileiro voltado especialmente para a questão indígena: o Serviço de Proteção ao Índio, que teve, como primeiro diretor, o marechal Rondon. Em 1937, foi criada a terra indígena Caramuru-Paraguaçu, no sul da Bahia, destinada a abrigar índios pataxós hã-hã-hães. Porém, logo em seguida, o governo brasileiro começou a conceder lotes dentro da terra indígena para agricultores, iniciando um conflito fundiário que perduraria por décadas.
 
Em 19 de abril de 1940, índios de todo o continente americano se reuniram na cidade mexicana de Pátzcuaro para debater a situação dos povos indígenas americanos. Desde então, a data passou a ser comemorada como o dia do índio<ref>http://brincandocomarte.blogspot.com/2011/04/surgimento-do-dia-do-indio.html</ref>.
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Na década de 1960, os índios xavantes foram expulsos de suas terras no estado brasileiro do Mato Grosso e transferidos para uma reserva indígena. No lugar desocupado pelos xavantes, foi instalada a fazenda Suiá-missu<ref>http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2399</ref>.
 
Em 1967, o SPI foi substituído pela Fundaçãofundação Nacional do Índio (FUNAI).
 
No início da década de 1970, as obras de construção da estrada BR-163, que ligaria a cidade de Cuiabá, no estado brasileiro de Mato Grosso, até a cidade de Santarém, no estado brasileiro do Pará, atingiram o território tradicional dos índio panarás, na bacia do Rio Peixoto de Azevedo, no extremo norte do estado de Mato Grosso. Como resultado deste contato, muitas doenças se disseminaram entre os índios, gerando grande mortandade e levando a força aérea brasileira a executar uma operação de resgate dos índios em 1975, transportando-os até uma nova morada: o parque nacional do Xingu, 250 quilômetros a oeste.
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Para evitar a confusão com a letra "g" do alfabeto, o termo "gê" foi substituído por "jê". Atualmente, considera-se "jê" o nome de uma família linguística, a qual pertencem as línguas apinajé, aquém, caiapó, caingangue, timbira, panará, suiá e xoclengue. O termo "macrojê" designa o tronco linguístico que abrange, além da família jê, as famílias bororo, botocudo, camacã, carajá, cariri, guató, masacará, maxacali, maromomi, ofaié, puri, ricbata e tarairu.
 
Em 1980, o xavante Mário Juruna representou os índios brasileiros no Quartoquarto Tribunaltribunal Bertrand Russel, nos Países Baixos. Em onze11 de agosto do mesmo ano, índios txucarramães (um ramo dos índios caiapós) liderados pelo cacique Raoni, mataram onze peões que estavam desmatando um terreno no Parque Nacionalparque do Xingu, próximo à aldeia KretireCretire<ref>http://jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=22945</ref>. Em 1982, Juruna foi eleito, pelo estado brasileiro do Rio de Janeiro, o primeiro deputado federal brasileiro de origem indígena. Juruna foi responsável pela criação da comissão permanente do índio no congresso nacional. Juruna também ficou famoso por gravar as promessas dos políticos e, depois, usar as gravações para cobrar as promessas feitas. O gravador de Juruna encontra-se, atualmente, exposto no museu do Índio de Campo Grande, no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/c/iniciativas-indigenas/organizacoes-indigenas/historia</ref>.
 
Em 1984, o cacique caiapó Raoni Metuktire tornou-se famoso nacionalmente ao conseguir, do então ministro do interior Mário Andreazza, a demarcação das terras de seu povo no norte do estado de Mato Grosso, após os índios bloquearem por mais de um mês a estrada BR-080. Na ocasião, Raoni presenteou o ministro com uma borduna (porrete indígena) e puxou o lóbulo da orelha do ministro, dizendo: ''Aceito ser seu amigo, mas você tem que ouvir o índio''<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/c/iniciativas-indigenas/organizacoes-indigenas/historia</ref>.
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Em 2002, morreu o ex-deputado federal Mário Juruna, de complicações renais causadas por diabete. Seu corpo foi velado no salão negro da câmara dos deputados e então transportado para sua aldeia natal, em Barra do Garças, Mato Grosso, para ser sepultado<ref>http://pib.socioambiental.org/c/noticias?id=5278</ref>.
 
Em 2003, uma conquista inédita: pela primeira vez, um povo indígena brasileiro conseguiu na justiça o direito de ser indenizado pelos danos causados pelo estado brasileiro. No caso, os danos referentes à construção da estrada BR-163 e à transferência forçada dos panarápanarás para o Parque Nacionalparque do Xingu, em 1975<ref>http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://img.socioambiental.org/d/226074-1/panara_9.jpg&imgrefurl=http://pib.socioambiental.org/pt/povo/panara/print&usg=__TpkvsPsSlwfiRIyCS0cQJpqaGp8=&h=451&w=620&sz=29&hl=pt-BR&start=1&itbs=1&tbnid=7cmE2vRI2Z5FxM:&tbnh=99&tbnw=136&prev=/images%3Fq%3Dpanar%25C3%25A1%26hl%3Dpt-BR%26tbs%3Disch:1</ref>.
 
Em 2008, o engenheiro da empresa de energia Eletrobrás, Paulo Fernando Rezende, foi agredido a socos e golpes de facão por índios caiapó, enquanto fazia uma exposição em Altamira, no Pará, sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, que ocasionaria a remoção de várias aldeias indígenas da região<ref>http://www.portalms.com.br/noticias/Entrevista-com-o-engenheiro-da-Eletrobras-atacado-pelos-indios/Brasil/Geral/14994.html</ref>.
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File:Alencar.jpg|José de Alencar
File:Gonçalves Dias.png|Gonçalves Dias
File:FlorestaOmbrófilaMista.jpg|Distribuição do bioma da floresta de araucárias, território tradicional dos kaingangcaingangues no sul do Brasil
File:Implantação de trecho da EFVM, Coronel Fabriciano MG.jpg|thumb|Implantação da estrada de ferro Vitória - Minas perto de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais, no Brasil, em 1924
File:PIX.jpg|thumb|Localização do parque indígena do Xingu no interior do Brasil
File:Cândido Rondon.jpg|Marechal Rondon
File:SanAgustinPatz.JPG|Praça de Gertrudis Bocanegra, em Pátzcuaro, em Michoacán, no México
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File:Brasilia Congresso Nacional 05 2007 221.jpg|Congresso Nacional brasileiro
File:Raoni 4.jpg|Raoni Metuktire em visita a Lille, na França, em 2000
File:Sting ThePolice 2007.jpg|O cantor Sting, em show do The Police em 2007
File:Caiapo.jpg|Índios caiapós
File:Pataxohahahae.JPG|Índios pataxós hã-hã-hães reinvidicam na câmara dos deputados, em 2008, a retomada de terras invadidas por fazendeiros