Civilização Tupi-Guarani/História: diferenças entre revisões
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[[File:Map-of-human-migrations.jpg|thumb|Mapa mostrando as migrações humanas. À esquerda, a Ásia;
[[File:Homtupinamba.jpg|thumb|Pintura do neerlandês Albert Eckhout do século XVII retratando um índio tupi]]
[[File:India tupi.jpg|thumb|Uma índia tupi e seu filho retratados por Albert Eckhout]]
[[File:Balanghoy.jpg|thumb|Plantação de mandioca]]
[[File:Oscar Pereira da Silva -GIGI Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500.jpg|thumb|Quadro de Oscar Pereira da Silva retratando o desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500. Os primeiros índios contatados pelos portugueses no Brasil foram os tupiniquins.]]
[[File:Tibiriçá.jpg|thumb|Tibiriçá, líder tupiniquim aliado dos portugueses na região da atual cidade brasileira de São Paulo, a
[[File:Quoniambec.jpg|thumb|Cunhambebe, líder tamoio, retratado por André Thevet no século XVI]]
[[File:Tearful salutations in Histoire d un voyage fait au Bresil 1580.jpg|thumb|Desenho do livro autobiográfico de Jean de
[[File:Hans Staden, Execução de um Prisioneiro que Está Preso à Mussurana.gif|thumb|Desenho do livro autobiográfico de Hans
Segundo a teoria mais aceita pelos estudiosos, os povos indígenas da América são procedentes de migrações de povos asiáticos, que alcançaram a América através do Alasca. De lá, eles provavelmente desceram ao longo do
Um desses povos diferenciou-se dos demais e desenvolveu uma língua do grupo linguístico macro-tupi, no sul da Amazônia, por volta do século V a.C., na região do atual estado brasileiro de Rondônia. De lá, ele se expandiu no início da era cristã pelo leste da América do Sul, dividindo-se em várias tribos:
Os macro-tupis começavam a desenvolver a agricultura, principalmente de mandioca, que era um dos alimentos básicos de sua dieta. A
Em suas migrações através da América do
No século XV, guaranis que habitavam o leste do atual território paraguaio se deslocaram para o noroeste, atravessando a região do chaco e escravizando e se mesclando aos chanos, que eram uma população de língua pertencente ao grupo aruaque. Se fixaram, então, no sul do atual território boliviano, nos limites do Império Inca, com o qual passaram a ter constantes conflitos. Os incas passaram a chamar
No século XVI, com a chegada dos colonizadores europeus, alguns povos macro-tupis, como os temiminós, os tupiniquins e os tabajaras, se aliaram aos portugueses, enquanto outros, como os potiguares e os tamoios, se aliaram aos franceses. Os carijós e os guaranis se aliaram aos espanhóis. Porém o resultado era sempre o mesmo: destruição das aldeias indígenas, escravização, doenças trazidas pelos europeus
Os índios macro-tupis reagiram contra essa política de escravização ou fugindo para o interior do continente ou atacando as povoações portuguesas no Brasil. Uma importante rebelião macro-tupi contra os portugueses foi a Confederação dos Tamoios, que reuniu os tupinambás desde Cabo Frio, no atual estado brasileiro do Rio de Janeiro, até Bertioga, no atual estado brasileiro de São Paulo, de 1554 a 1567. Os tamoios (termo que vem do tupi ''tamuya'', "velho", significando que a revolta era incentivada pelos anciões das tribos) eram liderados por Cunhambebe e, posteriormente, por Aimberê<ref>http://www.staff.uni-mainz.de/lustig/guarani/lingua_tupi.htm</ref>. Reflexos dessa confederação puderam ser encontrados no episódio da França Antártica, quando a França tentou criar uma colônia na Baía de Guanabara e aliou-se aos índios tamoios locais. A colônia francesa acabou por ser destruída pela aliança entre portugueses e índios tupiniquins e temiminós, episódio que culminou nas fundações das cidades do Rio de Janeiro (1565) e de Niterói (1567). A Confederação dos Tamoios só veio a ser destruída totalmente em 1567, na Guerra de Cabo Frio, com o ataque português ao último reduto tamoio nessa localidade do litoral fluminense e com a morte do líder tamoio Aimberê.
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A predominância de escravos índios e de seus descendentes na população do litoral brasileiro fez com que a língua franca nessa região fosse o tupi, que, remodelado gramaticalmente, uniformizado e simplificado pelos padres jesuítas, passou a ser chamado de nheengatu ("língua boa", traduzido do tupi), língua geral amazônica, língua brasílica ou língua geral paulista. O tupi era a língua mais utilizada pelos bandeirantes e missionários cristãos que exploravam o interior do Brasil, o que fez com que seu uso se difundisse por todo o território brasileiro. Em 1618, foi publicada uma versão em tupi do Catecismo Romano da Igreja Católica: era o Catecismo na Língua Brasílica, do jesuíta Antônio de Araújo. O livro tinha a função de ajudar na catequese dos indígenas e foi o mais longo texto já publicado em língua tupi antiga<ref>NAVARRO, E. A. ''Método Moderno de Tupi Antigo''. Terceira edição. São Paulo: Global, 2005. p. 104</ref>.
No século XVII, no contexto da expulsão
As missões jesuíticas no interior do continente prosperaram, colhendo erva-mate e criando gado e abastecendo as colônias espanholas na Bacia do Rio da Prata. Nas missões, os índios eram catequizados pelos jesuítas em guarani e produziam refinadas obras de arte sacra (música, escultura, arquitetura e teatro). Em 1639, o padre jesuíta peruano António Ruiz de Montoya, que vivia no Paraguai, publicou a primeira gramática da língua guarani: o Tesoro de la Lengua Guaraní, publicado em Madri, na Espanha<ref>http://www.campanhaguarani.org.br/historia/palavra.htm</ref>. Os jesuítas combateram o costume indígena da poligamia e forçaram os índios à prática da monogamia. No entanto, a grande concentração de índios nas missões despertou a cobiça dos bandeirantes paulistas,GIGI os quais faziam incursões frequentes em busca de mão de obra escrava. Como resultado, as missões se deslocaram cada vez mais para o interior do continente, procurando fugir da ação dos bandeirantes.
Por volta de 1700, uma etnia de língua macro-tupi se diferenciou das demais, provavelmente entre os rios Xingu e Tocantins.
Em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, a Espanha cedeu a região a leste do Rio Uruguai para Portugal e ordenou que as sete missões estabelecidas nessa região se transferissem para a margem oeste. Os missioneiros não
A literatura árcade brasileira do século XVIII ainda produziria um outro épico que retratava os costumes dos macro-tupis: Caramuru (1781), de Santa Rita Durão. O livro retrata a saga de Diogo Álvares Correia, náufrago português na Baía do século XVI que viveu entre os tupinambás do Recôncavo Baiano, pelos quais foi apelidado de ''Caramuru'' (termo tupi que significa "que ronca, poderoso"<ref>''Supermanual do escoteiro-mirim''. São Paulo: Abril, 1979. p. 357</ref>), numa alusão à espingarda usada pelo náufrago português. Ou então, significaria "lampreia"<ref>NAVARRO, E. A. ''Método
No litoral brasileiro, o aumento da
Em 1822, o Brasil se tornou independente de Portugal. Isso fez com que a nova nação se voltasse para a cultura indígena como símbolo de sua autonomia. Uma das consequências desse surto nacionalista foi a criação do gentílico "carioca" (termo tupi que significa "casa de cascudo", "casa de branco"<ref>http://blognorio.wordpress.com/2010/08/10/mais-curiosidades-sobre-a-baia-de-guanabara/</ref> ou "casa de carijó"<ref>http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/tempo_nomina_em_tupi.htm</ref>) para os naturais da cidade do Rio de Janeiro, em 1834 e a alteração do nome da Vila Real da Praia Grande para Niterói (outro nome tupi, significando "água escondida") em 1835. Esse interesse pela cultura indígena como símbolo do jovem país também se refletiu na literatura romântica brasileira do século XIX. O poeta brasileiro Gonçalves Dias (1823-1864) escreveu vários poemas com temática tupi, como I-juca-pirama (1851) e Os Timbiras (1857). Embora este último apresente um título equivocado, pois os timbiras pertencem, na verdade, ao grupo linguístico macro-jê. Na obra, Gonçalves Dias descreve típicos costumes dos índios tupis, imputando-lhes erroneamente aos timbiras<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/povo/timbira</ref>.
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Por volta de 1870, os caapores migraram para o atual estado brasileiro do Maranhão, seguindo o Rio Gurupi<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kaapor</ref>.
Em 17 de julho de 1873, o Ministério de Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Império Brasileiro decretou o fim das aldeias indígenas no Brasil, sob o argumento de que não existiriam mais índios no país. Isso significou que as terras ocupadas pelos índios brasileiros passaram a ser consideradas
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File:Estatua do lado do aquário.JPG|Estátua do padre José de Anchieta em Santos, no Brasil
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File:Yerba Mate.jpg|Erva-mate
File:Ruinas-saomiguel9.jpg|Crucifixo produzido na missão de São Miguel Arcanjo, na atual São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, no Brasil
File:Arte de la Lengua Guarani - Antonio Ruiz de Montoya.jpg|Capa da edição de 1724 de Arte da la Lengua
File:Sepé Tiaraju-São-luizense e Missioneiro.jpg|Monumento a Sepé Tiaraju em São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul, no Brasil
File:Missões jesuíticas em São Miguel das Missões, RS.jpg|Ruínas das missões jesuíticas em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, no Brasil
File:O Uraguai.jpg|Capa de edição de O Uraguai
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File:Anônimo - Episódios da vida de Diogo Álvares Correia, o Caramuru (II).JPG|Pintura no Mosteiro de São Bento da Baía retratando a chegada de Diogo Álvares Correia à Baía no século XVI
File:Louis-Michel van Loo 003.jpg|Retrato de 1766 do Marquês de Pombal, por Louis-Michel van Loo e
File:Jabuticaba2.jpg|Jabuticaba (''Myrciaria'' sp.). ''Jabuticaba'' é uma palavra tupi que significa "comida de jabuti"<ref>http://dicionariorapido.com.br/jabuticaba/</ref>.
File:Ipanema.png|Praia de Ipanema, no Rio de
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