Civilização macrojê/História: diferenças entre revisões
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[[File:PIX.jpg|thumb|Localização do Parque Indígena do Xingu no interior do Brasil]]
[[File:BR-163-364-070.jpg|thumb|Estrada BR-163]]
Segundo a tese tradicional, o
Acredita-se que os povos macro-jês detinham a hegemonia sobre a maior parte do atual território brasileiro, até que, por volta do ano 1000, os povos do
Desta forma, quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro, se depararam principalmente com tribos do grupo linguístico macro-tupi. Os colonizadores portugueses absorveram muito da cultura macro-tupi, inclusive a designação tupi para os povos do grupo macrojê: ''tapuia'', que significa "inimigo", "escravo". Os macro-jês ofereceram grande resistência à colonização portuguesa do território brasileiro, sendo responsáveis pela morte de muitos colonos portugueses e pelo fracasso de muitas capitanias hereditárias, como a de Ilhéus, a de Porto Seguro, a do Espírito Santo e a de São Tomé<ref>BUENO, E. ''Brasil: uma História''. São Paulo: Ática, 2002. pp. 43-44</ref>. No entanto, os índios não tardaram a sucumbir perante as forças militares europeias e as doenças trazidas pelos europeus, como a varíola e o sarampo, para o qual não apresentavam qualquer resistência natural. Os índios goitacazes, por exemplo, foram derrotados em 1631 e se dispersaram pelo interior dos atuais estados brasileiros de Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, passando a ser conhecidos como puris, coroados e coropós.
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Assim como algumas tribos tupis se aliaram aos portugueses, alguma tribos jês se aliaram aos neerlandeses, quando estes invadiram o nordeste brasileiro no século XVII. Por exemplo, a nação tarairiu, que ocupava o interior dos atuais estados brasileiros da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará<ref>http://www.auniao.pb.gov.br/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=5295&Itemid=44</ref>.
O avanço dos colonizadores portugueses sobre territórios habitados pelos índios do grupo macro-jê, visando à plantação de cana-de-açúcar, criação de gado e exploração de minas, causou reações violentas, como por exemplo a Confederação dos Cariris, que foi uma revolta generalizada das tribos de línguas macro-jês que habitavam o nordeste brasileiro contra os portugueses, no final do século XVII e início do século XVIII. Entre as tribos, estavam os paiacus, os caripus, os icós, os caratiús e os cariris. A revolta durou de 1688 a 1713 e terminou com a derrota e a quase extinção desses povos<ref>BUENO, E. ''Brasil'' - Uma História. Segunda edição. São Paulo: Ática, 2003. p. 66</ref>. Data, dessa época (1699), a confecção de uma gramática da língua dos índios kipeá (também chamados kiriri e kariri) residentes na fronteira dos atuais estados brasileiros de Sergipe e Baía, pelo padre jesuíta italiano Luís Vincêncio Mamiani<ref>http://biblio.etnolinguistica.org/</ref><ref>http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kiriri/print</ref>.
O avanço dos colonizadores europeus continuou ao longo dos séculos, diminuindo progressivamente a área dos índios de línguas macro-jês que, antes da chegada do homem branco, detinham o controle de praticamente todo o Brasil Central. Muitas tribos foram forçadas a fugir para o oeste e outras foram dizimadas sem deixar qualquer registro escrito sobre suas culturas e línguas.
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No início do século XX, foram realizados os primeiros estudos científicos sobre a língua caingangue. No caso, por um frei capuchinho italiano encarregado da catequese indígena no norte do estado brasileiro do Paraná, Mansueto Barcatta de Val Floriana, que escreveu um dicionário e uma gramática da língua, em 1918 e 1920<ref>http://www.portalkaingang.org/index_lingua_2_1.htm</ref>.
Dentro de um processo de reconhecimento científico e político do valor da cultura indígena, o governo brasileiro iniciou uma política de pesquisa da cultura indígena, pacificação de tribos indígenas hostis e criação de reservas indígenas onde os índios poderiam preservar sua cultura, como o Parque Indígena do Xingu, criado em 1961. Vários nomes se destacaram dentro desse processo, como os irmãos Villas-Bôas, o antropólogo
Outro intelectual que se destacou dentro desse processo de estudo da cultura indígena brasileira foi o antropólogo belga Claude Lévi-Strauss, que, durante a segunda metade da década de 1930, realizou várias expedições pelo interior do Brasil visando a estudar a cultura indígena. Entre as etnias por ele visitadas, estavam a dos caingangues e a dos bororos. Suas experiências ficaram registradas em seu famoso livro, "Tristes Trópicos", lançado em 1955.
Em 1937, foi criada a Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu, no sul do estado brasileiro da Baía, destinada a abrigar índios pataxós hã-hã-hães. Porém, logo em seguida, o governo brasileiro começou a conceder lotes dentro da terra indígena para agricultores, iniciando um conflito fundiário que perduraria por décadas.
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Em 19 de abril de 1940, índios de todo o continente americano se reuniram na cidade mexicana de Pátzcuaro para debater a situação dos povos indígenas americanos. Desde então, a data passou a ser comemorada como o dia do índio<ref>http://brincandocomarte.blogspot.com/2011/04/surgimento-do-dia-do-indio.html</ref>.
Em meados do século XX, despontou no futebol mundial um descendente de índios fulniôs: Mané Garrincha<ref>http://dialetica.org/agridoce/2009/03/13/garrincha-do-disparo-da-flecha-fulnio-a-ultima-garrafa/</ref>. Em 1953, a Associação Brasileira de Antropologia adotou a forma "jê" em substituição a "gê"<ref>RODRIGUES, A. D. ''Línguas Brasileiras''. Edições Loyola: São Paulo, 1986. pp.10,11</ref>.
Na década de 1960, os índios xavantes foram expulsos de suas terras no estado brasileiro do Mato Grosso e transferidos para uma reserva indígena. No lugar desocupado pelos xavantes, foi instalada a Fazenda Suiá-missu<ref>http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2399</ref>. Nessa década, uma pesquisadora alemã do Summer Institute of Linguistics, Ursula Wiesemann, criou um alfabeto para a língua caingangue<ref>http://www.portalkaingang.org/index_lingua_2_2.htm</ref>. Em 1961, os irmãos Villas Bôas criaram o Parque do Xingu, uma grande área no estado brasileiro de Mato Grosso dedicado à preservação de várias etnias indígenas. Entre elas, os quínsedje e os tapaiunas, pertencentes ao tronco linguístico macro-jê<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/povo/xingu</ref><ref>http://www.xinguofilme.com.br/</ref>.
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Durante os trabalhos da assembleia nacional constituinte, que viria a elaborar e promulgar a constituição brasileira de 1988, um gesto do líder indígena Aílton Krenak ficou marcado como um dos símbolos da constituinte. Foi quando Krenak, ao discursar no plenário, pintou a face com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso no reconhecimento dos direitos dos índios<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/c/iniciativas-indigenas/organizacoes-indigenas/historia</ref>.
A partir de 1989, o cacique caiapó Raoni Metuktire tornou-se famoso mundialmente, ao acompanhar o cantor inglês Sting em uma turnê para defesa dos índios e da floresta amazônica. Também em 1989, a índia caiapó Tuíra torna-se famosa mundialmente ao ameaçar com um facão José Antônio Muniz Lopes, o presidente da empresa Eletronorte, que na ocasião fazia uma exposição sobre os projetos da empresa para a construção de cinco usinas hidrelétricas no Rio Xingu, no Pará<ref>http://www.uniblog.com.br/edmilsonrodrigues/66053/tragedia-anunciada---belo-monte-a-qualquer-custo.html</ref>. Em 1990, foi homologada a Terra Índígena Kiriri, no norte do estado brasileiro da Baía<ref>http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kiriri/print</ref>.
Em 1992, pouco antes da conferência da Organização das Nações Unidas sobre o meio ambiente que seria realizado na cidade do Rio de Janeiro, um escândalo abalou a reputação do líder caiapó Paulinho Paiacã, famoso mundialmente como defensor da floresta amazônica. Paulinho e sua esposa, Irecrã, foram acusados de violentar a estudante Sílvia Letícia, na cidade de Redenção, no estado brasileiro do Pará. Na mesma época, foi homologada pelo presidente brasileiro Fernando Collor a Terra Indígena Ianomâmi na fronteira com a Venezuela.
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