História de Niterói/Fundação: diferenças entre revisões

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A região atualmente ocupada por Niterói foi habitada, a partir de 4000 a.C., aproximadamente, por povos coletores, caçadores e pescadores que deixaram, como marcas de sua passagem, grandes vestígios arqueológicos, os sambaquis. Sambaquis (do tupi ''tamba'', "concha" e ''ki'', "depósito", significando "depósito de conchas"<ref>http://www.historiamais.com/sambaquis.htm</ref>) são os restos de conchas, esqueletos humanos, cerâmica, machados, ossos de animais, peixes e pontas de pedra de flechas que foram soterrados e que passaram por um processo de fossilização. Tais testemunhos são muito comuns no litoral brasileiro e são extremamente valiosos para que os arqueólogos de hoje possam compreender como funcionavam essas sociedades pré-históricas. Em Niterói, existe um grande sítio arqueológico de sambaquis ao lado da Duna Grande da Praia de Itaipu, na Região Oceânica. Bem perto deste sítio, se localiza o Museu de Arqueologia de Itaipu, que expõe os sambaquis que foram encontrados na região.
 
Por volta do ano 1000, no entanto, estes povos coletores foram expulsos ou destruídos por tribos invasoras de língua tupi provenientes da Amazônia<ref>BUENO, E. ''Brasil: uma história''. 2ª edição. São Paulo. Ática. 2003. p. 19.</ref>. Os primeiros europeus que reconhecidamente passaram pela região foram os portugueses da expedição de reconhecimento liderada por Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio, que, em 1º de janeiro de 1502, descobriram a Baía de Guanabara, batizando-a "Rio de Janeiro". Os índios locais tamoios (também chamados tupinambás), que falavam a língua tupi, chamavam a região atualmente ocupada pela cidade do Rio de Janeiro de "Niterói"<ref>STADEN, H. ''Duas viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil''. Tradução de Angel Bojadsen. Porto Alegre, RS. L&PM. 2010. p. 101.</ref>. Como os portugueses não encontraram metais preciosos ou grandes impérios na região, a mesma não lhes interessou<ref>BUENO, E.''Capitães do Brasil''. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. p.66</ref>. Devido ao descaso dos portugueses, traficantes franceses de pau-brasil estreitaram os laços com os tamoios, gerando uma sólida aliança comercial entre os dois povos. Em meados do século XVI, a França decidiu implementar um projeto de colonização na região da Baía de Guanabara, intitulado França Antártica.
 
Em 1555, o navegador francês Nicolas Durand de Villegaignon chegou à Baía de Guanabara e se instalou na ilha denominada Serigipe pelos indígenas, no local atualmente ocupado pela Escola Naval, em frente ao Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio de Janeiro. Ali, ele construiu o Forte Coligny, que seria arrasado em 1560 por uma expedição portuguesa liderada pelo governador-geral Mem de Sá. Ainda em 1555, foi construído, pelos franceses, um posto de observação na Praia de Fora, em Niterói, para vigiar a entrada da Baía de Guanabara<ref>http://wikimapia.org/489143/pt/Forte-Bar%C3%A3o-do-Rio-Branco</ref>. Porém os sobreviventes franceses, aliados aos índios tupinambás, permaneceram na região e somente seriam definitivamente expulsos pelos portugueses em 1567. Nesse mesmo ano, os portugueses instalaram uma guarnição de artilharia na Praia de Fora, em Niterói, no antigo posto de observação francesa da entrada da Baía de Guanabara<ref>http://wikimapia.org/489143/pt/Forte-Bar%C3%A3o-do-Rio-Branco</ref>.
 
Em toda esta luta contra os tamoios e os franceses, os portugueses contaram com a ajuda valiosíssima dos índios temiminós, que habitavam originalmente a atual Ilha do Governador, na Baía de Guanabara, mas que haviam sido expulsos de lá pelos tamoios e franceses. Os temiminós, na ocasião, liderados por Maracajá-Guaçu, se transferiram para a Capitania do Espírito Santo<ref>http://www.caminhodearariboia.kit.net/cogitacoes.htm</ref>, onde se converteram ao catolicismo, foram catequizados pelos jesuítas, fundaram a cidade de Serra e ajudaram os portugueses a expulsar invasores neerlandeses. Com a invasão francesa, os portugueses recrutaram os temiminós para que eles os ajudassem a expulsar os franceses. Como recompensa pela ajuda, os portugueses ofereceram ao líder dos temiminós, Arariboia ("cobranome dotupi riopara dasa araras",cobra traduzidoconhecida dona língua idiomaportuguesa tupicomo "araramboia".<ref>NAVARRO, E. A. ''Método modernoDicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil dos primeiros séculos''. 3ª edição. São Paulo. Global. 20052013. 463 p. 60.</ref>. Arariboia também possuía um nome cristão de batismo, Martim Afonso de Souza), quee era filho do antigo chefe Maracajá-Guaçu), a porção direita da entrada da Baía de Guanabara, enquanto os portugueses ocupariam a sua porção esquerda, a atual cidade do Rio de Janeiro.
 
Tal forma de ocupação seria útil do ponto de vista estratégico para a defesa da baía. Arariboia aceitou e ocupou a região. Antes da ocupação da porção direita da entrada da Baía de Guanabara, os temiminós ainda ocuparam por algum tempo a região do atual bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Em 1573, os temiminós se mudaram para a atual região de Niterói, que foi batizada, na ocasião, como São Lourenço dos Índios. Esse ano consta no atual brasão da cidade de Niterói. O Dicionário Aurélio relata que a região onde foi fundada a cidade era habitada, na época, pelos índios cariis<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.353</ref>. Na mesma época, um francês chamado Martin Paris, que havia traído seus compatriotas e ajudado os portugueses, recebeu do governo português uma sesmaria na atual região de São Francisco, como recompensa<ref>http://flipagem.ofluminense.com.br/flip.asp?iidpublicacao=6&flargura=&ed=112010&pag=0&pc#</ref>.
 
O aldeamento de São Lourenço dos Índios tinha uma posição estratégica: se localizava no alto de um morro, propiciando vista panorâmica da entrada da Baía de Guanabara e era cercado de manguezais, o que dificultaria uma eventual invasão pela água. Foi na Igreja de São Lourenço dos Índios, em 10 de agosto de 1583, que ocorreu a primeira encenação da mais famosa peça do jesuíta José de Anchieta: Jesus na Festa de São Lourenço<ref>http://www.staff.uni-mainz.de/lustig/guarani/lingua_tupi.htm</ref>. Porém, a partir de 15871589, com auma morteepidemia de(provavelmente, varíola) que matou inclusive Arariboia,<ref>BUENO, queE. se''Brasil: afogouuma nashistória''. imediações daedição. IlhaSão dePaulo. Mocanguê,Ática. 2003. p. 79.</ref>) São Lourenço dos Índios entrou em decadência<ref>http://www.niteroitv.com.br/guia/niteroi_historia.asp</ref>. Em 1596, a bateria instalada na Praia de Fora rechaçou uma tentativa de invasão neerlandesa chefiada por Van Noorth<ref>http://wikimapia.org/489143/pt/Forte-Bar%C3%A3o-do-Rio-Branco</ref>. Melhor sorte tiveram os núcleos de colonização portuguesa que se estabeleceram nos atuais bairros de São Domingos, Icaraí, Piratininga e Itaipu.
 
Em Piratininga, os jesuítas possuíam a Fazenda do Saco, que produzia gêneros alimentícios para o Colégio dos Jesuítas, na cidade do Rio de Janeiro, então chamada de São Sebastião do Rio de Janeiro. Os núcleos de colonização em Icaraí, Itaipu e São Lourenço foram elevados à condição de freguesias durante os séculos XVII e XVIII, sob os nomes de São João Batista de Icaraí, São Sebastião de Itaipu e São Lourenço. Em 1650, foi construída a Igreja de Boa Viagem, na ilha de mesmo nome. Entre os séculos XVII e XVIII, foi construído o Forte do Gragoatá. Em 1715, foi iniciada a construção do Forte São Luís em um pico localizado ao lado da Fortaleza de Santa Cruz, para reforçar a defesa da entrada da Baía de Guanabara. O forte foi fundado em 1775<ref>http://www.brasilviagem.com/pontur/?CodAtr=2222</ref>. Em 17 de agosto de 1751, foi inaugurada a Capela de São Pedro, na fazenda homônima, na Enseada do Maruí<ref>http://www.niteroivirtual.com.br/modules/myalbum/viewcat.php?cid=16</ref>.