Medicina geral e familiar/Medicina baseada na evidência (editar)
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A '''Prevalência''' é o indicador que mede o número de casos de uma doença (ou condição) existentes numa população num determinado momento; este índice é sempre um número inteiro positivo.
A '''Taxa de Prevalência''' é a proporção de indivíduos doentes (ou com essa condição) num determinado momento, no total da população - determinam-se através de estudos epidemiológicos descritivos transversais e obtém-se através da fórmula: Taxa de Prevalência = N.º de casos de existentes de determinada doença / População em que surge a doença * 10(-n)
A '''Incidência''' é o indicador que mede o aparecimento de novos casos de doença ao longo dum período de tempo; este índice é sempre um número inteiro positivo.
A '''Taxa de Incidência''' é a proporção de indivíduos do total da população que adoece num determinado intervalo de tempo - determinam-se através de estudos epidemiológicos descritivos longitudinais e descritivos e obtém-se através da fórmula: Taxa de Incidência = N.º de novos casos de determinada doença / População em que surge a doença * 10(-n)
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===Especificidade===
'''Especificidade''' é a proporção de indivíduos sem doença que apresentam teste negativo, antes chamado de "negatividade na saúde" (neste caso o termo "saúde" é incorretamente usado devendo ser substituído por "ausência de doença"). Um teste muito especifico é muito bom para confirmar diagnósticos uma vez que tem poucos falsos positivos. Quando a especificidade é de 100% então o teste é diagnóstico, em semiologia é '''Patognomónico'''. Um resultado negativo é menos útil porque a elevada especificidade não exclui que possam haver falsos negativos.
<center><math>\frac{verdadeiros \quad negativos} {total \quad de \quad saudaveis}</math></center>
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'''Risco Relativo''' é a razão entre os riscos absolutos dos indivíduos expostos e dos não expostos ao fator estudado. É sempre um valor positivo (pode ir de zero ao infinito); se for igual a 1 significa que ambas as intervenções avaliadas possuem eficácia semelhante. No caso de avaliação de intervenções terapêuticas, quanto maior do que 1 for o RR, maior é a eficácia de intervenção que A que B (RR=4 significaria que a intervenção A é quatro vezes mais eficaz que a intervenção B). No caso de avaliação de intervenções preventivas, quanto menor do que 1 for o RR, mais eficaz na prevenção da doença é a intervenção A do que a B (RR=0,25 significaria que a intervenção A reduz o risco de doença quatro vezes mais que a intervenção B). O valor absoluto isolado do RR é uma estimativa pontual pelo que deverão sempre ser calculados os seus intervalos de confiança de 95%, ou se possível, de 99%.
'''Redução de Risco Relativo''' é a redução proporcional dos eventos evitados pela não exposição ao fator em estudo (o fator em estudo pode ser um fator de risco ou uma intervenção terapêutica, alterando a ordem da equação)
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==Tipos de estudos==
Estudos observacionais são investigações em que a informação é sistematicamente colhida, mas o método experimental não é utilizado, porque não há uma intervenção ativa do investigador. Observações sistemáticas, especialmente ao longo do tempo, podem permitir uma conclusão causal, e por conseguinte deve-se respeitar a eficácia destes estudos. No entanto, neste tipo de estudos não há equivalência estatística entre os dois grupos estudados. Este tipo de estudo são frequentes na área da medicina onde, por razões éticas, não é possível formar verdadeiros grupos de
Estudo experimental é o tipo de investigação em que o investigador, desejando estudar os efeitos da exposição ou da ausência de um determinado fator, decide, ele mesmo, quais os elementos (pessoas, animais, cidades etc.) serão expostos ou não ao referido fator. Portanto são estudos em que há uma intervenção deliberada do investigador. Quando compara indivíduos expostos com outros não expostos ao referido fator, estará a conduzir um estudo controlado. O ensaio clínico é a tentativa de tradução do estudo experimental (realizado em laboratório com animais) para a prática clínica, utilizando pessoas ou pacientes como objeto de investigação. A seleção dos pacientes deve ser feita de forma que minimize variações que possam afetar as comparações entre os grupos em investigação. Isto é feito, geralmente, utilizando o processo de randomização. O ensaio clínico fornece as evidências mais consistentes para o estabelecimento de relações de causalidade.
===Resumindo
Num estudo observacional o investigador apenas observa o que acontece e tenta tirar conclusões baseadas nessas observações.
Num estudo experimental, o investigador manipula variáveis numa população e tenta determinar a influência que essas variáveis exercem na população.
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===Estudos analíticos===
Partem da causa para o efeito, exigindo para tal a divisão da população em estudo em dois grupos: o de expostos ao suposto fator de risco e o dos não expostos a esse fator. Os grupos são então seguidos, de forma retrospectiva, prospectiva ou ambispectiva para registro do efeito produzido pelo fator de exposição; A direção do estudo é sempre no sentido Exposição -Doença▼
▲expostos a esse fator. Os grupos são então seguidos, de forma retrospectiva, prospectiva ou ambispectiva para registro do efeito produzido pelo fator de exposição;
“Timing” do estudo:
Utilidade: calcular o ''Risco Relativo'' (é a proporção entre a incidência da doença nos expostos com a incidência da doença nos não expostos); ''Risco Atribuível'' (mede a diferença entre a incidência nos expostos vs a incidência nos não-expostos, é a quantidade de risco que pode ser atribuída ao fator em estudo); ''Fração Etiológica do Risco (FER)'' é a proporção de risco atribuível à exposição ou seja a proporção de casos novos da doença relacionadas com a exposição ao fator em estudo -FER=RA/Incidência dos expostos); ''Fração Etiológica do Risco Populacional (FERP)'' é percentagem de indivíduos vítimas de uma determinada doença na população total que poderia não ficar doente (ou não morrer) se o agente ou fator de risco fosse completamente eliminado da população total, FERP = [(Incidência na população – Incidência não expostos) / Incidência na população]
Exemplo: exposição ao tabaco vs desenvolvimento de cancro de pulmão
Partem do efeito para a causa, exigindo para isso a formação de um grupo de indivíduos com determinada doença (casos) e de um grupo controle constituído por indivíduos semelhantes, mas sem a doença. As características (possíveis causas da doença) dos indivíduos de cada grupo são levantadas e verificadas as frequências delas nos dois grupos. Este desenho é retrospectivo, pois doença e exposição já aconteceram no momento do estudo. A direção do estudo é sempre no sentido Doença – Exposição. ▼
▲'''Estudos casos-controlo'''
▲constituído por indivíduos semelhantes, mas sem a doença. As características (possíveis causas da doença) dos indivíduos de cada grupo são levantadas e verificadas as frequências delas nos dois grupos. Este desenho é retrospectivo, pois doença e exposição já aconteceram no momento do estudo. A direção do estudo é sempre no sentido Doença – Exposição.
Utilidade: estudo de doenças pouco frequentes ou com grandes períodos de latência; calcular o “Odds ratio” ou “Razão de Probabilidades”. Trata-se de uma medida de associação, cujo objetivo é a comparação da frequência de exposição nos casos com a frequência de exposição nos controles. Por exemplo, compara a frequência dos hábitos tabágicos dos “casos” com a frequência dos hábitos tabágicos dos “controles”.
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Os estudos de coorte e de casos-controle são ditos '''observacionais''' porque o pesquisador não exerce
▲Os estudos de coorte e de casos-controle são ditos '''observacionais''' porque o pesquisador não exerce controlo sobre variáveis, limitando-se à
observação e registro de eventos. Pelo contrário, nos chamados '''estudos clínicos randomizados''', destinados à avaliação de cuidados à saúde, terapêuticos ou preventivos, o pesquisador controla variáveis.
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| II1 || Evidência obtida a partir de ensaios controlados não aleatorizados e desenhados de forma apropriada
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| II2 || Evidencia obtida a partir de estudos de coorte ou caso-
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| II3 || Evidencia obtida a partir de várias séries comparadas no tempo
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| III || Opiniões baseadas em experiência clínica, estudos descritivos ou conclusões de comitês de peritos
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| D || existe evidencia científica suficiente para recomendar a não adoção da intervenção
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== Ver também ==
{{Referências}}
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