Latim/Lição 3: diferenças entre revisões

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== Gramática ==
 
O ponto gramatical mais relevante nesta lição é um novo ''caso'' do nome. Já víramos o ''nominativo'', o caso do sujeito, e o ''acusativo'', o caso do alvo, destino ou objeto de uma ação.
<!--- Aqui eu entro com a teoria do genitivo e indico onde já apareceu na lição. Podem ser usadas, com parcimônia, frases de exemplo para abranger pontos além de "omnium Romanorum". Morfologia em todas as declinações no Apêndice--->
 
O ''genitivo'' é o terceiro caso que estudaremos. Seu nome, uma tradução do grego ''hê genikê ptôsis'', está relacionado com as palavras da terceira declinação ''gens'' e ''genus''. O genitivo estabelece entre duas palavras uma ''relação'', que pode ser:
* de parentesco: ''gentes Ciceronis'', '''os familiares de Cícero'''
* de posse ou domínio: ''exercitus Catilinae'', '''os exércitos de Catilina'''
* de localidade: ''incolae'' (nom.) ''Romae'' (gen.), '''os habitantes de Roma'''
 
Normalmente, a relação estabelecida pelo genitivo pode ser traduzida em português pela preposição DE, como você pode ver nos exemplos acima. A morfologia do genitivo, isto é, suas formas em todas as declinações, pode ser encontrada no [[/Apêndice/]].
 
=== Adjetivos de segunda classe ===
 
* ''Omnes Romani ciues milites sunt.'' '''Todos os cidadãos romanos são soldados.'''
<!--- Se couber no vocabulário, colocar pelo menos mais um --->
 
Os adjetivos que víramos até agora haviam sido ''magnus'', ''nouus'', ''paruus'', ''sacer'' e ''taeter''. Como foi dito, eles seguem a segunda declinação para o masculino (alguns em -VS e outros em -ER), a primeira (em -A) para o feminino e novamente a segunda (em -VM) para o neutro.
 
Além desses adjetivos de ''primeira classe'', há os de ''segunda classe''. Estes seguem apenas a ''terceira declinação''. Os adjetivos de primeira classe são ''triformes'', isto é, possuem uma forma masculina, uma feminina e uma neutra. Os de segunda classe, por outro lado, são, na maioria, ''biformes''. Ao lado de uma forma neutra, há outra, comum ao masculino e ao feminino.
 
O adjetivo de segunda classe que vimos nesta lição é ''omnis''. Esta é a forma masculina e feminina nominativa singular; seu plural é ''omnes''. O neutro é ''omne'', plural ''omnia'', no nominativo e no acusativo. No genitivo, os três gêneros são iguais: ''omnis'', ''omnium''.
 
=== O infinitivo ===
 
Vimos, nas frases desta lição, uma nova forma verbal. Trata-se do ''infinitivo''. O infinitivo em latim é uma forma ''impessoal'', isto é, não tem ''flexão'' de pessoa nem número. O significado do infinitivo é o da ''ação verbal em si'', o ''fato'' de ela ocorrer. Contraste isto com o sentido do presente do indicativo, que enfatiza a ação ''realizada por alguém''.
<!--- Colocar a teoria. A morfologia vai pro apêndice, onde pode haver o infinitivo de todos os verbos que já apareceram no método, a explicação de que se trata do inf. presente ativo e etc. --->
 
* ''Exercitus in Romam ducere bellum est.'' '''Conduzir exércitos contra Roma é uma guerra.'''
 
Por este exemplo fica claro por que o infinitivo é classificado como uma das ''formas nominais'' do verbo. Ele funciona ''como um nome'': o sujeito do verbo conjugado, ''est'', é o infinitivo ''ducere'', que faz as vezes de um nominativo na frase. Em outras palavras, o que se constitui em guerra, ou num ato de guerra, é ''conduzir'' os exércitos, a ação de os conduzir, não importa por quem seja praticada.
 
Mesmo sendo uma ''forma nominal'', o infinitivo não deixa de ser um ''verbo''. Assim, vem acompanhado de complementos, como uma forma conjugada do verbo viria; no caso, trata-se de ''exercitus'' e ''in Romam'', dois complementos de acusativo ligados ao verbo ''ducere''.
 
Observe, no alto da lição, a frase-exemplo ''Catilina uitas omnium Romanorum ferre uult''. Antes de seguir com a leitura, considere: qual é o verbo conjugado desta frase? Ele está na terceira pessoa do singular, e tem portanto a desinência comum a toda terceira do singular. Há algum nominativo na frase? Se houver, ele será o sujeito do verbo que você identificou. Qual deve ser, portanto, a função do infinitivo ''ferre''? A qual dos dois verbos, o que está na forma nominal ou o conjugado, se referem o acusativo e seus genitivos presentes na frase?
 
Após ter refletido, você pode ter chegado à conclusão de que o verbo conjugado é ''uult'', que tem a desinência de terceira pessoa ''T''. Seu sujeito, nominativo, é ''Catilina''. Pela tradução dada, você pode ver que o objeto do verbo, a resposta à pergunta "''o que Catilina quer?''", é o infinitivo ''ferre'', tomar. É a este infinitivo que estão ligados o acusativo (''uitas'') e seus genitivos (''omnium Romanorum'').
 
Tudo isto é para dizer que o infinitivo pode assumir as funções de um ''nominativo'' ou de um ''acusativo''. Como declinar uma forma nominal de um verbo em outros casos será visto mais adiante.
 
=== Coordenação de orações ===
 
Um aspecto muito importante do estudo do latim é a compreensão da ''sintaxe'' (lê-se "sintásse"). Ela se ocupa da forma como se articulam as diversas ''orações''.
<!--- Incluir aqui et, sed e -que --->
 
Uma ''oração'' é um elemento básico de qualquer discurso, seja de um orador como Cícero, um poeta épico como ''Publius Vergilius Maro'' (Vergílio) ou um comediógrafo como ''Titus Macchius Plautus'' (Plauto). Uma oração consiste de um verbo conjugado e tudo o que a ele está direta ou indiretamente relacionado. O que está diretamente relacionado ao verbo é seu ''sujeito'', seu ''objeto'' e seus ''complementos'' de lugar, de tempo ''etc''. O que lhe está indiretamente associado são os ''complementos'' do sujeito e do objeto. Evidentemente, nem toda oração precisa ter todos estes termos; ocasionalmente, até o sujeito é dispensável ("Chove." -> isto é uma oração, em português). Mas o verbo, soberano, sempre está presente. Ele é tão central para o discurso que os gregos o chamavam ''rhêma'', a unidade básica da fala.
 
Se uma ''oração'' consiste de um verbo e palavras relacionadas, uma ''frase'', por sua vez, é o conjunto mínimo de sons dotados de significado. Sua representação gráfica é uma seqüência de letras, começando com uma maiúscula e terminando com um sinal de pontuação. Por exemplo, "Psiu!" é uma frase em português.
 
Frases podem conter orações. Esta última que apresentamos não contém nenhuma, pois não possui verbo; "Chove.", que indicáramos acima, é uma frase que contém uma oração. Também é possível que frases agrupem mais de uma oração, neste caso, as orações relacionar-se-ão entre si. São estas relações, num sentido mais estrito, o objeto de estudo da sintaxe.
 
Até agora, vimos uma forma de relação entre orações chamada ''coordenação''. As ''orações coordenadas'' se definem pelo fato de poderem ser separadas umas das outras e manter seu pleno sentido. Enquanto no começo da lição apresentáramos as orações unidas, mais adiante as separamos, e elas não perderam seu sentido por isto; assim, são coordenadas.
 
Os vínculos sintáticos entre orações são estabelecidos por palavras conhecidas como ''conjunções''. Um tipo de vínculo de ''coordenação'' que pode ser estabelecido é a ''coordenação aditiva'', operada por ''conjunções aditivas''. Nelas, o sentido de uma oração é simplesmente acrescentado ao da outra:
 
* ''Videmus urbem, et ad urbem imus.'' '''Vemos uma cidade, e vamos à cidade.'''
 
Além da conjunção aditiva ''et'', que você já vira, aparece nesta lição a conjunção ''enclítica'' "-que". Uma palavra enclítica, como "-ne", se apóia no final de outra palavra, não existindo sozinha. Ao adicionar "-que" ao fim de uma palavra, ela passa a ser a primeira de um grupo de palavras em ''coordenação aditiva'' com as anteriores. Podemos dizer simplesmente:
 
* ''Mulier puellaque'', '''a mulher e a menina'''
 
Mas podemos também, como nas frases-exemplo desta lição, ligar duas orações inteiras com um simples "-que".
 
== ''Finis'' ==
 
Como sempre, consulte o [[/Vocabulário/]], faça os [[/Exercícios/]] e, após tê-los [[/Correção/|corrigido]], estude o [[/Apêndice/]].
 
[[Categoria:Latim]]