A história do Japão da Cambridge/O século da reforma: diferenças entre revisões

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O desejo dos japoneses de usar métodos e idéias continentais para a construção do Estado tornou-se mais forte depois da missão enviada para a ''Corte Sui'' em ''600'', quando o ''Príncipe Shotoku'' estava começando a ofuscar ''Soga no Umako'' na direção dos assuntos de Estado. A ascensão do príncipe refletiu-se na decisão tomada em ''601'' de iniciar a construção de um novo palácio para ele em ''Ikaruga'' e na escolha em ''602'' de seu irmão mais novo como comandante de uma nova força expedicionária contra ''Silla''. Depois disso, se empenhou na introdução de métodos continentais de fortalecimento do Estado, destacando a adoção de um sistema de ranqueamento na Corte similares aos de ''Koguryo'' e ''Paekche'', a formulação das famosas ''Dezessete Injunções'' e o intercambio diplomático dos anos 607-608 com a ''Corte Chinesa''. Embora tenham sido levantadas questões sobre qual papel o príncipe desempenhou (se desempenhou algum) nesse desenvolvimento e se as injunções foram realmente escritas tão cedo, cada uma dessas questões foram proeminentes em um prelúdio pré-645 das chamadas ''Grandes Reformas''.
 
Embora existisse na China um sistema de “cargos e patentes” (''kani'') desde a ''Dinastia Wei'' do ''século III'', o sistema adotado pelo Japão em ''603'' era mais próximo e influenciado mais diretamente por ''Koguryo'' e ''Paekche'' do ''século VI''. Todos compartilhavam a prática ''Sui'' de usar boinas feitas de seda púrpura, decorados com ouro e prata, e cuja posição era indicada por penas de diferentes cores. Os nomes das posições variavam de Estado para Estado, mas os nomes adotados no ''Japão'' tinham um caráter confucionista mais forte que os de ''Koguryo''. Cada uma das doze posições japonesas era diferenciada pela cor da boina e recebeu o nome de maior ou menor medida de uma virtude confucionista particular (presumivelmente em ordem decrescente de importância): 1) maior virtude (''tokuDaitoku''), 2) menor virtude (''Shōtoku''), 3) maior benevolência (''jinDaijin''), 4) menor benevolência (''Shōjin''), 5) maior propriedade (''raiDairei''), 6) menor propriedade (''Shōrei''), 7) maior sinceridade (''shinDaishin''), 8) menor sinceridade (''Shōshin''), 9) maior justiça (''giDaigi''), 10) menor justiça (''Shogi''), 11) maior conhecimento (''chiDaichi'') e 12) menor conhecimento (''Shochi''). <ref> Suico 2 (603) 12/05, NKBT 68. 180-181.</ref>
 
Como na ''Coréia'', a outorga das boinas e escalões era acompanhada por uma mudança de nomeações que deixavam de ter um caráter hereditário para serem baseadas de acordo com a capacidade e realizações dos indivíduos. Enquanto os títulos antigos (''kabana'') eram concedidos a clãs e chefes de grupos ocupacionais como direitos hereditários, as novas patentes do ''Sistema das Doze Posições'' foram concedidas a funcionários individuais qualificados por experiência para desempenhar as funções especiais de um determinado cargo. Quando ''Ono no Imoko'' foi nomeado chefe da missão diplomática de ''607'' que fora enviada a corte de ''Sui'', ele foi, sem dúvida, considerado bem qualificado para essa tarefa importante, pois estava no quinto escalão (''Dairei'', maior propriedade). E após seu retorno com a missão considerada bem sucedida, foi promovido para o primeiro escalão (''Daitoku'', maior virtude).
 
Até mesmo os detentores de ''kabana'' de baixo escalão na ordem antiga puderam ser agora agraciados com altos escalões e postos importantes, presumivelmente porque eram capazes e experientes. Por exemplo, um imigrante coreano chamado ''Kuratsukuri no Obitotori'', quando chegou tinha um título ''kabana'' menor que os dos chefes dos principais clãs, foi premiado com o terceiro escalão (''Daijin'', maior benevolência) por construir uma bela estátua budista para o templo ''Asuka-dera''. Essa promoção, de acordo com um estudioso, deu-lhe a mesma posição que a de um nobre do círculo do ''Príncipe Shotoku''. Parece claro que o novo método de classificação (Sistema das Doze Posições, 冠位十二階, ''Kan'i Jūnikai'') ajudou a fortalecer o controle imperial, conferindo status sobre nomeações e promoções baseadas no mérito.
 
O ritmo de tal mudança não pode ser medido com precisão, mas as crônicas do reinado da ''Imperatriz Suiko'' não deixa dúvidas quanto à maior confiança em funcionários experientes e habilidosos que foram nomeados e promovidos com base em sua capacidade de executar tarefas administrativas especializadas. Sob o antigo sistema de título de clã, os chefes das guildas profissionais (''tomo no miyatsuko'') desempenhavam funções administrativas para a Corte, mas durante o reinado da ''Imperatriz Suiko'' e após a instituição do novo ''Sistema das Doze Posições'', um novo importante posto administrativo foi criado: o secretário imperial (''maetsukimi'' ou ''taifu''). A primeira menção conhecida de tal oficial é feita em um registro do ''Nihon shoki'' feito pelos enviados em missões diplomáticas para ''Silla'' e ''Mimana'' (um dos estados que formavam a confederação de ''Kaya'' ou ''Gaya'') quando foram recebidos na corte após sua volta. Depois que os enviados se aproximaram da imperatriz e apresentaram seus memoriais, quatro secretários imperiais, servindo quatro ministros (três dos quais detinham o título kabana de omi e um o título de muraji), relataram a ''Soga no Umako'' o que havia acontecido. <ref>Suico 18 (610) 10/09, NKBT 68. 194-195.</ref>