Aquisição e Desenvolvimento da Leitura e da Escrita/A Leitura na Formação Crítica e Reflexiva do Cidadão: diferenças entre revisões

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Assim, o aluno terá mais amparos para sua leitura racional e emocional e, principalmente, para a leitura de mundo. Freire (1994) disse que "a leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele". Dessa forma, o desenvolvimento da leitura quando é bem trabalhado, permite ao aluno despojar de todos os benefícios que uma leitura de qualidade traz. Fazer parte da sociedade como um cidadão ativo, com pensamentos críticos e ideais condizentes são os resultados de uma boa educação literária.
 
===Estratégias de Leitura na Escola===
A leitura se faz presente na vida do indivíduo quando ele está apto a decifrar e compreender o mundo em que está inserido. No anseio de interpretar os acontecimentos ao seu redor e contextualizar com a sua vida, o indivíduo está formando um tipo de leitura, mesmo inconscientemente. Segundo Freire (2008):
 
::::"A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente". (FREIRE, 2008, apud ARANA, 2015, p. 26675).
 
Essa citação sintetiza que a leitura gráfica, ou seja, dos livros, revistas, jornais é precedida pela leitura da vida. Cada ser humano tem vivências e experiências diferenciadas, portanto, cada um tem uma forma de interpretar uma determinada situação, conforme os padrões da construção de ideias em que o mesmo foi inserido.
 
Afirma Maria Helena Martins (1986), "Enfim, dizem os pesquisadores da linguagem, em crescente convicção: aprendemos a ler lendo. Eu diria vivendo". É evidente tanto para Martins (1986) quanto para Freire (2008) que viver precede a leitura, cada pessoa tem suas experiências individuais, e ao ler, muitos se identificam na forma escrita da leitura.
 
Assim, a escola tem o dever de fornecer a continuidade ao desenvolvimento da leitura, tanto da leitura de mundo quanto à escrita, ao indivíduo. Ela tem o papel de formar um cidadão crítico, envolvido com as causas sociais e cientes do mundo ao seu redor. A instituição escolar como parte fundamental da formação leitura do aluno deve dispor de uma estrutura de qualidade; livros atuais e em bom estado de uso, usufruir de uma infraestrutura sólida, com ambientes bem projetados e bibliotecas conservadas. Conforme Freire (2008): "A compreensão crítica da alfabetização, que envolve a compreensão igualmente crítica da leitura, demanda a compreensão crítica da biblioteca". Assim, quando a escola investe na biblioteca, tanto na parte física, disponibilizando um ambiente confortável onde o aluno se sinta bem e incentivado a ler um livro tranquilamente, quanto na parte motivacional, exercendo e empregando a cultura da leitura, onde os professores incentivem à ida à biblioteca, a escola, assim, exercerá seus deveres quanto ao seu papel de fornecer a cultura a leitura, e assim formar cidadãos capazes de compreender melhor o contexto do mundo em que estão inseridos e de lidar com questões sociais, emocionais, afetivas e psicológicas.
 
::::Não se formam bons leitores oferecendo materiais empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma a qualidade de suas vidas melhora com a leitura. No âmbito desta abordagem, fica evidente que os recursos didáticos e procedimentos devem viabilizar e enriquecer a forma como se procede a uma atividade, seja ela individual ou coletiva, com intuito de facilitar à criança desenvolver seus próprios esquemas mentais na organização do processo de aprendizagem. Sabe-se que os procedimentos estão relacionados ao domínio do uso de instrumentos de trabalho, que possibilitem a construção de conhecimento e o desenvolvimento de habilidades. Favorecem, portanto, a construção, por parte dos alunos, de instrumentos que os ajudarão a analisar os resultados de sua aprendizagem e os caminhos percorridos para efetivá-la. Como exemplo, tem-se a realização de pesquisas, produções textuais, resolução de problemas, elaboração de sínteses e outros. (BRASIL, 1998, apud ARANA, 2015, p. 26676).
 
Em boa parte dos casos o indivíduo não recebe apoio ou incentivo em casa para manter o hábito de ler, muitas vezes pela situação financeira da família não ser adequadamente suficiente para manter tal costume, outras vezes pelo círculo vicioso que passa de pai para filho, pois onde os pais não leem os filhos provavelmente não lerão também. Daí entra a escola, complementando essa brecha.
 
::::Muitos alunos talvez não tenham muitas oportunidades fora da escola, de familiarizar-se com a leitura; talvez não vejam muitos adultos lendo; talvez ninguém lhes leia livros com frequência. A escola não pode compensar as injustiças e as desigualdades sociais que nos assolam, mas pode fazer muito para evitar que sejam acirradas em seu interior. Ajudar os alunos a ler, a fazer com que se interessem pela leitura, é dotá-los de um instrumento de aculturação e de tomada de consciência cuja funcionalidade escapa dos limites da instituição. (SOLÉ, 1998, apud ARANA, 2015, p. 26676).
 
É responsabilidade da escola, também, dispor de professores capacitados para ensinar e educar, usando de técnicas pedagógicas para o bom ensino da leitura. Esse professor deve estar previamente preparado para administrar o conteúdo, deve ter lido e meditado sobre as supostas dúvidas de seus alunos, para suprir e sanar os questionamentos dos mesmos.
 
O professor, dessa forma, estará pronto para administrar o seu conteúdo de acordo com a necessidade da classe, usando de métodos adequados para cada faixa etária. Portanto, o professor é o principal canal de sabedoria, aquele que ensina a forma correta do uso da língua e faz com que o educando passe a raciocinar sobre o que está sendo ensinado, a expor seus ideais e a agregar um pensamento crítico por meio da meditação pela leitura.
 
:::"A escrita é maior que um sistema de formas linguísticas com o qual o sujeito de confronta, esforçando-se por compreendê-lo. Ela é uma forma de linguagem, uma prática social de uma sociedade letrada". (VYGOTSKY, apud FONTANA; CRUZ, 1997).
 
Além de alfabetizar, ensinando o aluno a formar sílabas, palavras e frases, o educador enfrenta o desafio de fazê-lo entender o significado do enunciado ali utilizado, estimulá-lo a formar opiniões sobre o conteúdo lido, além de, e o mais importante, fazê-los raciocinar. O professor empenhado em traduzir a mensagem intrínseca ao objeto da leitura deve estar atento aos benefícios que isso trará para seus alunos, avaliando se será viável e se corresponde com as condições de cognição dos mesmos. O objetivo central da utilização da leitura é fornecer a visão de mundo para o educando, inseri-lo na sociedade por meio da leitura.
 
::::O envolvimento do aluno no processo de aprendizagem deve propiciar ao aluno encontrar sentido e funcionalidade naquilo que constitui o foco dos estudos em cada situação de sala de aula. De igual maneira, propiciar a observação e a interpretação dos aspectos da natureza, sociais e humanas, instigando a curiosidade para compreender as relações entre os fatores que podem intervir nos fenômenos e no desenvolvimento humano. As formas de ensinar e aprender são contextualizados e dessa forma permite ao aluno se relacionar com os aspectos presentes da vida pessoal, social e cultural, mobilizando as competências cognitivas e emocionais já adquiridas para novas possibilidades de reconstrução do conhecimento. Isso evidencia a necessidade de trabalhar com o desenvolvimento de competências e habilidades, às quais se desenvolvem através de ações e de vários níveis de reflexão que congregam conceitos e estratégias, incluindo dinâmicas de trabalho que privilegiam a resolução de problemas emergentes no contexto ou no desenvolvimento de projetos. (BRASIL, 1998, apud ARANA, 2015, p. 26677).
 
O papel da escola, mais do que formar leitores, é de formar leitores que contextualizem o objeto lido com a sua carga de conhecimento, leitores que raciocinam e que mantenham uma relação crítica e opinativa com o que está sendo lido, que buscam entender o conteúdo transmitido com o objeto da leitura. Ainda indicam os Parâmetros Curriculares Nacionais:
 
::::[...] formar um leitor competente, supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto [...] (BRASIL, 1998, apud ARANA, 2015, p. 26677).
 
Então, observou-se aqui que a escola tem um dever para com os discentes, estimulando à leitura, ensinando-os, mas não apenas na forma gráfica, ou seja, o letramento da forma, mas a como se ler os fatos, as mensagens que estão implícitas no contexto, formando cidadãos conscientes do mundo ao seu redor, passando a mensagem que por meio da leitura pode-se conquistar conhecimento e crescimento intelectual, que através da mesma pode-se descobrir e redescobrir fatos que possam vir a ter várias formas de interpretação. A leitura abre um leque de oportunidades de crescimento, e a escola tem o compromisso de repassar esse conhecimento aos seus alunos, ensinando-os a compreenderem as ciências e o mundo em que vivem.