História da Europa/Antecedentes da História da Europa: diferenças entre revisões

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==Introdução==
O propósito deste livro é dar ao leitor uma ampla visão histórica do período entre a Alta Idade Média e os dias atuais, entre aproximadamente 1.000 e 2.000. Este é, claro, um período um tanto arbitrário, mas nem por isso, completamente despropositado: enquanto a Baixa IdeadeIdade Média vê uma contração das sociedades urbanizadas da Europa, o século XI vê a consolidação de muitos Estados e o crescimento do poder militar deles. O século XI é, portanto, um ponto de partida útil, já que forma o pano de fundo histórico para a ascensão da Europa no mundo moderno.
 
Mais problemático é o espaço geográfico da análise. A Europa não é uma unidade geográfica individual e é demasiado fácil vê-la como tal quando na realidade as culturas da Europa ultrapassam suas fronteiras. Os camponeses medievais da Itália ou da Espanha, por exemplo, tinham muito mais em comum com seus vizinhos do Norte da África do que com seus pares na Alemanha ou Inglaterra. Similarmente, grandes regiões da Europa Oriental, mais particularmente da Rússia, mostram significativa influência de culturas asiáticas e historicamente estiveram mais proximamente conectadas ao Oriente do que o Ocidente.
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A resposta a este problema é aceitar que tratar a Europa como uma unidade é algo arbitrário. É essencial, ao se escrever história, definir uma área de estudo, e tratar a Europa como uma unidade é um meio de atingir este objetivo. Tendo-se isso em mente, o problema da geografia da Europa deixa de ser um. As fronteiras geográficas um tanto quanto arbitrárias da Europa não devem diminuir as tentativas de investigar a história de regiões individuais dentro do continente.
 
===Visão histórica geral===
 
A história é muitas vezes vista em termos narrativos, como uma história acerca das atividades coletivas de nossos ancestrais. Em grande medida é verdade que a história é uma forma de narrativa. Contudo ao contrário de outras formas de narrrativanarrativa a história está intimamente baseada em eventos reais e, como tal, é moldada por certas regras e diretivas.
 
A mais importante delas determina a forma como os historiadores lêem as fontes. Antes que o historiador possa dizer com segurança que um evento particular ocorreu ele requer evidências. A maior parte dessas evidências está na forma documental, tal como registros escritos deixados pelas gerações passadas no curso de sua vida diária. É raro que estes registros tenham sido escritos com as futuras gerações em mente, então é importante que o historiador entenda as forças que moldaram a produção desses documentos.
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* Como este evento foi afetado por forças sociais? Estas forças podem incluir a Igreja, condiçoes econômicas, o governo, a geografia, a educação de indivíduos bem como a educação da sociedade em geral, a tecnologia, o nacionalismo, a cultura e as tradições e a classe social do indivíduo.
 
Tudo isso pode ser resumido no método 'ADAPTIL' de avaliar fontes históricas:
 
* 'A' — consideração acerca do '''autor''' da fonte.
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* 'L' — consideração das limitações da fonte.
 
Usar essas técnicas permitir-lhe-á uma melhor compreensão dos eventos documentados atrav;esatravés deste Wikilivro e permitir-lhe-á aplicar seus conhecimentos além da simples memorização.
 
Todos os autores esperam que este livro lhe seja útil para aprender mais sobre a HisóriaHistória da Europa — esteja você se preparando para exames finais ou se deseja apenas aprender mais sobre a História da Europa.
 
== Queda do Império Romano ==
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== Unidade bárbara ==
 
Com o declínio do poder romano, tribos de além da fronteira moveram-se para dentro delas para preencher este vácuo. Os visigodos formaram um novo reino na Ibéria, enquanto os vândalos, por fim, se estabeleceram na África norte. A Grã-Bretanha romana, que tinha convidado guerreiros anglo-saxões para suas terras para ajudar a repelir os ataques de outros bárbaros, se deu conta de que os anglo-saxões decidiram ficar. A própria Itália pós-romana caiu sob influência dos ostrogodos, cujo mais influente rei, Teodorico, foi saudado como um novo imperador pelo Senado romano e teve boas relações com o papa cristão, mas manteve a sede de seu poder em Ravena no norte da Itália. O sul da Itália e da Sicília ficariam sob a influência do Imperador Bizantino por vários séculos durante este período.
A queda do Império Romano, uma tarefa levada a cabo por numerosas tribos nômades, foi completa. Sem o Império Romano essas tribos estavam livres para unificar-se e formar alguns tipos de nações. A Gália Provençal, que fora a mais próspera das províncias romanas, vagarosamente se desmanchou e se reunificou em um reino franco, que se estendia pela Alemanha e norte da França. A presença (e poder) dos francos com seu novo reino era bastante clara. A palavra que o alemão usa para França hoje em dia, ''Frankreich'', é uma homenagem ao reino franco de outros tempos.
 
A província da Gália, que fora a mais próspera das províncias romanas do Ocidente, tornou-se possessão dos francos. A sociedade galo-romana e seus líderes acabariam se assimilando aos francos, contando com os guerreiros deles para proteção e cimentando relações de casamento com clãs francos. O novo reino franco incluía muito do leste da Alemanha e norte da França modernas, seu poder nesta região tornou-se claro através de vitórias sobre os visigodos e outros bárbaros rivais. A palavra que o alemão usa para a França hoje em dia, ''Frankreich'', é uma homenagem ao reino franco de outros tempos.
A dinastia ''merovíngia'', a primeira das dinastias francas, e que recebeu esse nome em razão do lendário rei Meroveu, conquistou e controlou muito do território das modernas França e Alemanha. O último soberano do reinado merovíngio unificado foi Clóvis, que converteu-se ao cristianismo como promessa por ter vencido uma batalha. Clóvis era um ariano, segmento cristão que sob a óptica papal era visto como "herético". Os arianos negam a existência da trindade, ou seja, negam que Jesus Cristo seja a manifestação do "Deus pai". A adoção da religião tinha por Clóvis também motivos políticos, pois legitimava ainda mais seu poder.
 
A dinastia merovíngia, que recebeu esse nome a partir do lendário rei Meroveu, foi a primeira a governar o reino franco. Seu governante mais habilidoso e poderoso, Clóvis, converteu-se ao cristianismo Católico em 496 como promessa por ter vencido uma batalha. O último soberano do reinado merovíngio unificado foi Clóvis, que converteu-se ao cristianismo como promessa por ter vencido uma batalha. Aquando da morte de Clóvis, ele dividiu seu reinado entre seus vários filhos, os quais, com sua rivalidade causaram uma sangrenta guerra civil de um século. Alguns como Chilperico, eram loucos, e nenhum estava disposto a abrir mão de terras ou poder para uma reunificação do reino. A fortuna dos merovíngios declinou e eles perderam importância.
Quando morreu Clóvis, seu reinado foi dividido entre seus filhos. Alguns reis merovíngios que se seguiram não tinham a atitude responsável de Clóvis, e ficaram conhecidos como ''reis indolentes''; deixavam cada vez mais o poder ser exercido pelos chamados ''major domus'' (prefeitos do palácio).
 
A ascensão de um novo poder governante, a dinastia carolíngia, foi o resultado da expansão dos poderes do ''majordomo'', ou "chefe da casa". Os reis merovíngios deram aos seus ''majordomo'' extensos poderes para comandar e controlar seus estados e alguns ''majordomos'' usaram esses poderes para comandar e controlar territórios inteiros. Pepino II foi um dos primeiros a expandir seu poder de tal maneira que dominava quase toda a Gália. Seu filho, também um ''majordomo'', Carlos Martel, venceu a Batalha de Tours, contra os exércitos islâmicos invasores, mantendo a influência muçulmana afastada da maior parte da Europa. Martel, significando "O Martelo", era uma referência à sua arma favorita.
[[Imagem:Karl den store krons av leo III.jpg|thumb|left|''Coroação de Carlos Magno''.]]
 
A ascensão de um novo poder franco sob a ''dinastia carolíngia'' foi o resultado da expansão dos poderes do major domus. Alguns reis merovíngios deram a este funcionário poderes imensos, e alguns major domus controlavam todos os territórios reais. Pepino II (ou Pepino, o Jovem) foi um dos primeiros a expandir esse poder de tal maneira que dominava quase toda a Gália. Seu filho, Carlos Martel, também um major domus, venceu a Batalha de Tours, mantendo a influência muçulmana afastada da maior parte da Europa. (''Martel'' era uma referência à sua arma favorita, o martelo.) O filho de Martel, Pepino III (ou Pepino, o Breve), depois de pedir apoio ao Papa, depôs o último rei merovíngio e foi declarado ''rex Dei gratia'' (rei pela graça de Deus). Isso abriu um precedente para o Absolutismo europeu, no sentido de que se declarava pela primeira vez que alguém era rei pela vontade de Deus. Pepino, o Breve foi o fundador da dinastia carolíngia, que experimentou seu clímax sob o reinado de Carlos Magno, que foi o primeiro rei coroado ''Imperador do Sacro Império Romano''. Diz-se que Carlos Magno foi coroado "de surpresa" e se irritou bastante com o Papa, pois não admitia a suposição de que este deveria decidir coroá-lo; imagina sua autoridade superior a do Papa. Carlos Magno criou algo como um renascimento para o mundo intelectual no reino franco: fundou escolas, apoiou monastérios onde se reproduzia a Bíblia; ainda sob seu governo houve mudanças na arte, que se aproximou do estilo bizantino. As mulheres puderam se dedicar a uma atividade fora do lar: a confecção de roupas.
O filho de Martel, Pepino III o Breve, depois de pedir apoio ao Papa, desfez-se das "marionetes" merovíngias. O papado deu permissão a Pepino para depor os merovíngios de forma a assegurar o apoio franco dos Estados papais, e proteção contra incursões lombardas. Penino foi declarado ''rex Dei gratia'', "rei pela graça de Deus", estabelecendo assim um poderoso precedente para o Absolutismo europeu, no sentido de que se declarava que alguém era rei pela vontade do Deus cristão.
 
<!--(Both Pepin II and Pepin III were known as Pepin the Younger, as Pepin I was Pepin the Elder. However, Pepin III is also known as Pepin the Short, so that is the name that will be used here.)-->
 
[[Imagem:Karl den store krons av leo III.jpg|thumb|left|''Coroação de Carlos Magno''.]] Pepino, o Breve foi o fundador da dinastia carolíngia, que experimentou seu clímax sob o reinado de Carlos Magno, "Carlos o Grande". Carlos Magno também foi o primeiro rei coroado Imperador do Sacro Império Romano -- suposto sucessor dos Césares e protetor da Igreja Católica. Carlos Magno, cujo império expandido através da conquista para englobar a maior parte das modernas Alemanha e França, criou algo como um renascimento para o mundo intelectual no reino franco. Carlos Magno apoiou monastérios e fazia monges reproduzirem a Bíblia, em manuscritos com iluminuras, em salas chamadas ''scriptoria''. Para as mulheres, a confecção de roupas era um dos poucos modos de expandir seus horizontes intelectuais e de fazer algo além de dar à luz e trabalhar nos campos.
 
<!--Charlemagne's sons followed Germanic tradition after his death and divided his kingdom between them during the 9th century. "East and West Francia" emerged, which in the following centuries would be called France and Germany (the latter known as the Holy Roman Empire). During this time, western Europe's settled regions came under increasing attack by the Vikings or Northmen, independent bands of seagoing warriors from Denmark and Scandinavia whose gods included Thor and Odin, and whose raids on wealthy Christian cities and churches were but one feature of their trade networks, which spanned the Atlantic and Europe from Newfoundland to Byzantium. Viking activity continued until Norway and Sweden reluctantly accepted Christianity in the 11th and 12th centuries. England, Ireland and French Normandy all saw substantial Viking settlement in this period, with important historical consequences.-->
 
[[Imagem:Bayeux Tapestry WillelmDux.jpg|thumb|right|180px|A Batalha de Hastings, tapeçaria de Bayeux.]] Na Espanha, um reinado visigodo floresceu até o século VIII, quando a região foi invadida pelos mouros. A Espanha ficaria sob controle, e em franco movimento de resistência contra os mouros até 1492, o final do movimento de unificação conhecido como Reconquista. A Itália começara a se dividir em pequenos reinados governados de maneiras e por reis diferentes. O pensamento do papado iria exercer grande impacto sobre a maioria do povo na Europa. A aprovação do golpe de Pepino, o Breve, também interessava ao Papa na medida em que garantia o apoio franco aos estados papais e protegia-os das incursões lombardas.
 
<!-- Eastern Europe, more thinly populated and more remote from the Roman borders, experienced numerous invasions and migrations during the 6th to 10th centuries. From their homeland in southern Russia, Slavic peoples expanded westward in the wake of the Germanic migrations, settling in the Balkans, Bohemia, Poland and eastern Germany and dividing their allegiances among Rome's successors. The Poles and Czechs adopted Latin Christianity, while the Serbian and Russian kings accepted the Greek Byzantine rite. The Magyars, a tribe of mounted warriors ethnically akin to the Huns, entered Europe from the Russian steppes in the 9th century, fought a series of wars with the German emperors who succeeded Charlemagne, and eventually made their home in Hungary as a Latin-Christian kingdom (their king, Stephen, achieving sainthood). The peoples of the Baltic region, such as the Letts and Prussians, remained largely untouched by the Christian expansion during the early Middle Ages.-->
 
A Inglaterra permaneceu dominada por três diferentes reinados depois da invasão anglo-saxônica-juta. Sob ameaça de uma invasão dos danenses, o rei Alfredo unificou boa parte da nação em fins do século IX. Em 10 de outubro de 1066, Guilherme, o Bastardo (depois Guilherme, o Conquistador) iniciou a invasão dos normandos sobre a Inglaterra, com a Batalha de Hastings. Guilherme dividiu o país em condados, e confiou a autoridade de cada condado a um funcionário, o ''sheriff''. Um descendente de Guilherme, João Sem Terra, sofreu várias derrotas na política externa e numa querela com o Papa. Aproveitando-se disso, em 1215 o povo britânico forçou João Sem Terra a assinar a ''Magna Carta'', que instituiu o Parlamento Britânico (ou ''Grande Conselho''); mas era premissa do rei convocá-lo ou não. Além disso, a Magna Carta também impedia o rei de decretar novos impostos sem autorização do Grande Conselho e regulava os julgamentos de nobres e habitantes das cidades por seus pares.
 
<!--In 1215 the British people forced King John to sign the Magna Carta. King John was particularly despotic. He abused his vassals, killed his child nephew Arthur, and brought the wrath of the Church upon the country in the form of an Interdict (no Church services were performed: no marriages, funerals, or masses. It was the Pope's way of telling England to go to hell). His vassals ultimately united against him. While he was out hunting, they surrounded him giving him the option of signing the Magna Carta or be killed. The Magna Carta instituted the British Parliament, thereby lessening a monarch's power, but it was the king's right to call or not call it.-->
 
[[Imagem:Codex Suprasliensis.jpg|thumb|left|160px|Página do ''Codex Suprasliensis'', manuscrito em cirílico.]] Na Rússia, um reinado foi estabelecido em Kiev; iria este reinado cair, contudo, ante o poder dos mongóis. Durante um período a Rússia esteve afastada da política européia até que Pedro, o Grande, foi convertido ao cristianismo em 988 por Methodus e Cirilo, dois missionários responsáveis pelo sistema de escrita da Rússia desde então e por traduzir a Bíblia. ''Cirílico'', o nome do alfabeto usado na Rússia e em outros países eslavos, vem do nome de Cirilo.