História e epistemologia da Física/A Ciência Pós-positivista: diferenças entre revisões

[edição não verificada][edição não verificada]
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Renatops (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Renatops (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Linha 170:
teoria sobre a gênese da inteligência: só a inteligência alcança a reversibilidade completa, o que não acontece com a percepção ou com a experiência, por exemplo
 
 
Gestalt
== Gestalt ==
 
assinala o caráter estrutural do conhecimento:
 
o sujeito percebe determinadas totalidades estruturadas que se lhe aparecem como coisas existentes em um determinado tempo.
 
Obstáculos pedagógicos
excesso visual,
generalização,
analogias e metáforas
Gestalt
é praticamente impossível diferenciar, na percepção, aquelas propriedades da coisa "como tal" das propriedades que são características da percepção devidas às peculiaridades do sujeito
 
Marxismo
 
Marxismo
== Marxismo ==
 
a relação cognoscitiva produz-se na relação prática material-produtiva entre sujeito e objeto.
 
só pode existir a primeira (percepção) como algo que garanta realização da segunda (relação material-produtiva)
 
Marxismo
o homem não se apropria passivamente do que é oferecido pela natureza, como o animal, mas transforma a natureza, a "humaniza", ou seja, a recria em um "segundo" mundo, a sociedade, em que vive atua.
 
Marxismo
com essas transformações ele mesmo se transforma e produz, dentro de si, novas necessidades.
 
mas para poder transformar o objeto conforme as suas finalidades, o sujeito necessita de um saber sobre a estrutura interna do objeto.
 
por isso, a atividade que transforma tal objeto se une, necessariamente, à atividade cognoscitiva do sujeito.
 
Thomas Kuhn�(1922-1996)
 
Kuhn e as ‘Revoluções Científicas’
== Thomas Kuhn (1922-1996) ==
 
 
=== Kuhn e as ‘Revoluções Científicas’ ===
 
 
Ciência, numa perspectiva histórica, é muito diferente da visão linear, dos textos de física ou da filosofia da ciência
 
Kuhn e as ‘Revoluções Científicas’
vislumbrou construção não-linear do conhecimento:
*mediante saltos,
*com rupturas e
*substituições de paradigmas vigentes
 
Kuhn e as ‘Revoluções Científicas’
 
Fase pré-científica: pluralista, competição de paradigmas
== Fases ==
Ciência normal: monista, exploração do paradigma
 
Revolução científica: crise no paradigma, substituição por paradigma alternativo (incomensurável), conversão, tradução
*Fase pré-científica: pluralista, competição de paradigmas
Kuhn e as ‘Revoluções Científicas’
*Ciência normal: monista, exploração do paradigma
Paradigmas
*Revolução científica: crise no paradigma, substituição por paradigma alternativo (incomensurável), conversão, tradução
 
 
=== Paradigmas ===
 
“um paradigma é o que os membros de uma comunidade científica compartilham
 
reciprocamente, uma comunidade científica consiste em homens que compartilham um mesmo paradigma.”<ref>KUHN, 1970</ref>
 
é uma matriz disciplinar: conjunto de leis, modelos, valores, aceites pela comunidade
(KUHN, 1970)
 
Paradigma
matriz disciplinar: conjunto de leis, modelos, valores, aceites pela comunidade
não é conhecimento rigoroso, é tácito, flexível e vai sendo melhor elaborado com o desenvolvimento da ciência que o reconhece.
 
Paradigma
inclui:
*um modelo teórico,
*o tipo de problemas que devem ser considerados,
*as formas de solucioná-los e
*os instrumentos que podem ser utilizados nas experiências.
 
Ciência normal
 
=== Ciência normal ===
 
resolução de quebra-cabeças
 
pressuposto de que se tem todas as peças, isto é, de que os elementos do paradigma são suficientes para resolver os problemas definidos por ele
 
se não funciona (anomalia), a culpa, em princípio é do pesquisador, não do quebra-cabeças
 
Crises
 
Crise
=== Crises ===
acúmulo de anomalias
 
mudança na percepção da importância das anomalias
=== Crise ===
surgimento de um paradigma concorrente (se não há concorrente, o ‘velho vai servindo’)
 
Paradigmas
*acúmulo de anomalias
*mudança na percepção da importância das anomalias
*surgimento de um paradigma concorrente (se não há concorrente, o ‘velho vai servindo’)
 
é muito difícil que uma ciência abandone um paradigma sem substituí-lo por outro.
 
se um cientista decide, ainda que com boas razões, abandonar sua certeza sobre como é o mundo sem substituí-lo por nada, ele deixa de ser cientista.
 
Revolução científica
 
crise no paradigma 
=== Revolução científica ===
 substituição por paradigma alternativo (incomensurável) 
 
 conversão 
*crise no paradigma 
 tradução
* substituição por paradigma alternativo (incomensurável) 
Revolução científica
* conversão 
* tradução
 
mais do que um período de mudança de paradigmas, é uma mudança na maneira de olhar o mundo!
Mudança de paradigma
Revoluções nas Ciências
O papel dos Manuais
“Referem-se a um corpo já articulado de problemas, dados e teorias e […] ao conjunto de particular de paradigmas aceito pela comunidade científica na época em que […] foram escritos. […] não é necessário que proporcionem informações autênticas a respeito ao modo pelo qual essas bases foram inicialmente reconhecidas e posteriormente adotadas pela profissão.”
 
 
(KUHN, 1970)
=== Mudança de paradigma ===
Proposta de Ensino de Ciências
 
Conscientização das CA (paradigma)
 
Crítica das CA (crise)
=== Revoluções nas Ciências ===
Apresentação da CC (tradução do paradigma concorrente)
 
Promoção da CC (conversão)
 
Mario Bunge�(1919-)
=== O papel dos Manuais ===
Pseudociência é perigosa
 
passa especulação selvagem e dados não controlados por resultados de pesquisa científica
 
representa mal a atitude científica (o `espírito' da Ciência);
“Referem-se a um corpo já articulado de problemas, dados e teorias e […] ao conjunto de particular de paradigmas aceito pela comunidade científica na época em que […] foram escritos. […] não é necessário que proporcionem informações autênticas a respeito ao modo pelo qual essas bases foram inicialmente reconhecidas e posteriormente adotadas pela profissão.”<ref>KUHN, 1970</ref>
contamina alguns campos da ciência, especialmente os ‘light’;
 
Pseudociência é perigosa
 
é a acessível a milhões de pessoas (enquanto a ciência genuína é difícil e, portanto, elitista);
=== Proposta de Ensino de Ciências ===
tornou-se a um negócio multibilionário alimentando-se da crendice popular
 
tem o suporte de poderosos grupos de pressão – às vezes, igrejas e partidos políticos – e a simpatia dos meios de comunicação de massa
*Conscientização das CA (paradigma)
visões populares de Ciência
*Crítica das CA (crise)
Consenso: ciências humanas abrigam controvérsia e Ciência, não. �E as controvérsias sobre a Mecânica Quântica?
*Apresentação da CC (tradução do paradigma concorrente)
Empírica: Ciência só aceita dados empíricos e sínteses indutivas, excluindo hipóteses. �E não-observáveis como átomos, etc.?
*Promoção da CC (conversão)
Sucesso: só resultados práticos contam. Critério para tecnologia. Ciência procura a verdade.
 
visões populares de Ciência
 
Formalista: um corpo de conhecimento é científico se foi totalmente matematizado. �E as Ciências em estado embrionário? E a pesquisa experimental?
== Mario Bunge (1919-) ==
Refutacionista: a marca da Ciência é a refutabilidade. �Então toda crença refutável é Ciência?
 
Metodista: o único requisito para a Ciência é adotar o ‘método científico’. �Uma “correlação entre o comprimento do nariz e opinião política” é ciência?
Pseudociência é perigosa:
Comparação
*passa especulação selvagem e dados não controlados por resultados de pesquisa científica
Imre Lakatos�(1922-1974)
*representa mal a atitude científica (o `espírito' da Ciência);
Programa de Pesquisa
*contamina alguns campos da ciência, especialmente os ‘light’;
*é a acessível a milhões de pessoas (enquanto a ciência genuína é difícil e, portanto, elitista);
*tornou-se a um negócio multibilionário alimentando-se da crendice popular
*tem o suporte de poderosos grupos de pressão – às vezes, igrejas e partidos políticos – e a simpatia dos meios de comunicação de massa
 
=== visões populares de Ciência ===
 
*Consenso: ciências humanas abrigam controvérsia e Ciência, não. E as controvérsias sobre a Mecânica Quântica?
*Empírica: Ciência só aceita dados empíricos e sínteses indutivas, excluindo hipóteses. E não-observáveis como átomos, etc.?
*Sucesso: só resultados práticos contam. Critério para tecnologia. Ciência procura a verdade.
*Formalista: um corpo de conhecimento é científico se foi totalmente matematizado. E as Ciências em estado embrionário? E a pesquisa experimental?
*Refutacionista: a marca da Ciência é a refutabilidade. Então toda crença refutável é Ciência?
*Metodista: o único requisito para a Ciência é adotar o ‘método científico’. Uma “correlação entre o comprimento do nariz e opinião política” é ciência?
 
 
=== Comparação ===
 
 
== Imre Lakatos (1922-1974) ==
 
 
=== Programa de Pesquisa ===
 
núcleo duro: teorias e hipóteses (‘decretadas’ ‘irrefutáveis’)
 
cinturão protetor: teorias e hipóteses auxiliares (ajustáveis às observações)
 
Exemplo
 
Mecânica Newtoniana: Três leis dinâmicas + Lei da Gravitação Universal
=== Exemplo ===
Teoria da evolução: mecanismo da seleção natural
 
Programas
*Mecânica Newtoniana: Três leis dinâmicas + Lei da Gravitação Universal
*Teoria da evolução: mecanismo da seleção natural
 
=== Programas ===
 
Programa em degeneração: não prevê mais fatos novos, apenas se protege
 
Programa progressivo: novas predições e corroborações
 
Programas rivais comensuráveis
 
Competição de Programas
=== Competição de Programas ===
Heurísticas
 
 
=== Heurísticas ===
 
Positiva: conjunto parcialmente articulado de idéias de como modificar, sofisticar, o cinturão protetor 'refutável' . Ex.: Newton e o Cálculo
 
Negativa: núcleo duro é ‘decretado’ não-refutável. Discrepâncias com observações são eliminadas por modificações das hipóteses do cinturão protetor. Ex.: descoberta de Urano
 
Critério de Demarcação
 
=== Critério de Demarcação ===
 
Uma Teoria, para ser científica, deve estar imersa em um Programa de Pesquisa e este deve ser progressivo.
 
Ciência madura: consiste de programas de pesquisa, tem poder heurístico
*Ciência imaturamadura: colchaconsiste de retalhosprogramas de tentativaspesquisa, etem errospoder heurístico
*Ciência imatura: colcha de retalhos de tentativas e erros
Paul Feyerabend�(1924-1974)
 
Feyerabend
== Paul Feyerabend (1924-1974) ==
 
estudou com Popper
 
ia escrever “A Favor e Contra o Método”, com Lakatos mas este morreu antes  só “Contra o Método”
 
Feyerabend
não há regras metodológicas definitivas
 
o ‘Método científico’ limita o cientista
 
o ‘Método Científico’ exclui o Homem e a investigação qualitativa
 
contra o racionalismo e a “religião científica”
 
 Anarquismo metodológico: pluralismo metodológico e de tradições
A Falácia d’‘O Método’
“na prática, muitas vezes, o cientista procede por tentativas, vai numa direção, volta, mede novamente, abandona certas hipóteses porque não tem equipamento adequado, faz uso da intuição, dá “chutes”, se deprime, se entusiasma, se apega a uma teoria”.
 
 
(Ostermann e Moreira, 1999)
=== A Falácia d’‘O Método’ ===
 
"na prática, muitas vezes, o cientista procede por tentativas, vai numa direção, volta, mede novamente, abandona certas hipóteses porque não tem equipamento adequado, faz uso da intuição, dá “chutes”, se deprime, se entusiasma, se apega a uma teoria."<ref>Ostermann e Moreira, 1999</ref>
 
 O método científico é, sem dúvida, uma falácia.
 
Feyerabend
a Filosofia não consegue prover uma descrição geral da ciência.
 
não tem método de diferenciação entre produtos da Ciência e entidades não científicas, tais como os mitos.
 
‘regras’ podem ser quebradas pelos cientistas, se o seu objetivo é o progresso científico.
 
Feyerabend
exigir compatibilidade de novas teorias com as teorias já existentes deixa-as em desvantagem à partida!
 
se é compatível com as ‘velhas’ teorias, a nova teoria não acrescenta validade ou verdade!
 
escolha entre ‘nova’ e ‘velha’ teoria é mais estética que racional
 
não se pode descartar o ‘apego’ ao conhecido e confortável da ‘velha’ teoria
 
Feyerabend
nenhuma teoria interessante é completamente consistente com todos os fatos relevantes
 
retirar certos resultados de cálculos e substituí-los por uma descrição do que é atualmente observado (renormalização)
? retirar certos resultados de cálculos e substituí-los por uma descrição do que é atualmente observado (renormalização)
corrige o gráfico ou ganha o Nobel?
 
Feyerabend
? corrige o gráfico ou ganha o Nobel?
 
tais procedimentos são essenciais para o progresso científico por muitas razões
 
Ex.: no tempo de Galileu, a teoria óptica não explicava os fenômenos observados pelos telescópios  usaram regras ad hoc até disporem de suportes teóricos para suas suposições
 
Ex.: Teoria da renormalização
 
Feyerabend
Aristotélicos: uma pedra cai exatamente abaixo da torre
* a Terra é estacionária. (cairia diagonalmente, se não)
* teoria copernicana teria sido falsificada (!)
 
Galileu usou métodos ad hoc e procedeu de maneira indutiva para dar nova interpretação que a tornou compatível com a teoria de Copérnico
* Contraindução
 
Feyerabend
Incomensurabilidade: não permite padrões gerais para avaliar a qualidade de teorias científicas
 
Comensurabilidade: ‘tradução’ de um paradigma em outro  inviável
 
Feyerabend
o sucesso dos cientistas está envolvido com elementos não-científicos, tais como inspiração, mitos ou de fontes religiosas.
 
não é justo utilizar suposições científicas para selecionar quais problemas merecem ser resolvidos e para julgar o mérito de outras ideologias.
 
Feyerabend
não há método científico universal  não há justificação para a superioridade da Ciência sobre outras ideologias.
 
Ciência não merece o status privilegiado que possui na sociedade ocidental. (não explica tudo).
 
Implicação para o Ensino
=== Implicação para o Ensino ===
 
Ciência deveria ser separada do Estado
 
pais deveriam poder determinar o contexto ideológico da educação de seus filhos, em vez de terem suas opções limitadas pelos padrões científicos ( debates s/ Criacionismo)
 
Objetivo: preparação de cidadãos críticos, de mente aberta
 
Surrealismo�(1920-)
== Surrealismo (1920-) ==
Pipe, Magritte
 
La Condition Humaine, Magritte
 
Pop-art (1950-)
=== Pipe, Magritte ===
Pop-art
 
 
=== La Condition Humaine, Magritte ===
 
 
== Pop-art (1950-) ==
“arte popular”
 
operava com signos estéticos de cores inusitadas, massificados da publicidade e do consumo
 
figuras e ícones populares como tema de suas pinturas
 
crítica irônica do consumismo de massa
 
Pop-art
materiais: gesso, tinta acrílica, poliéster, látex, cores intensas, fluorescentes, vibrantes
 
objetos do cotidiano em tamanho gigante
 
transformava o real em hiper-real
 
Drowning Girl, Lichtenstein
=== ''Drowning Girl'', Lichtenstein ===
Just what is it that makes today's homes so different, so appealing?, Richard Hamilton
 
Andy Warhol
 
=== ''Just what is it that makes today's homes so different, so appealing?'', Richard Hamilton ===
 
=== Andy Warhol ===
 
artificialidade, transitoriedade, efemeridade:
 
"um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama"
 
verdade(!): BBB, YouTube, etc.
 
Campbell's Soup Cans, Warhol
 
Marilyn, Warhol
=== ''Campbell's Soup Cans'', Warhol ===
Beethoven, Warhol
 
Op-art (1960-)
 
Op-art
=== ''Marilyn'', Warhol ===
 
 
=== ''Beethoven'', Warhol ===
 
 
== Op-art (1960-) ==
 
“arte óptica”
 
uso de ilusões
 
interação da ilusão com o plano da pintura, da visão com o entendimento
 
Litografia geométrica, Vasarely
Current, Bridget Riley
Movement in Squares, Riley
Pós-modernidade (1968-)
Pós-modernidade
“O mundo pós-moderno é aquele baseado na Ciência, mas, paradoxalmente, “onde tudo é possível e quase nada é certo.”
 
=== ''Litografia geométrica'', Vasarely ===
(Vaclav Havel, presidente da República Checa, discurso em 4 Julho de 1994)
 
O Caso Sokal
 
=== ''Current'', Bridget Riley ===
 
 
=== ''Movement in Squares'', Riley ===
 
 
== Pós-modernidade (1968-) ==
"O mundo pós-moderno é aquele baseado na Ciência, mas, paradoxalmente, “onde tudo é possível e quase nada é certo."<ref>Vaclav Havel, presidente da República Checa, discurso em 4 Julho de 1994</ref>
 
 
== O Caso Sokal ==
 
1996: Sokal, físico, submeteu artigo pseudocientífico “Transgredindo as Barreiras: Rumo a uma Hermenêutica Transformativa da Gravidade Quântica” à revista Social Text, pós-moderna, de estudos culturais
 
“com as citações mais idiotas que conseguiu encontrar sobre Matemática e Física, feitas por acadêmicos pós-modernistas”
 
o artigo foi aceito sem qualquer revisão de físicos qualificados.
 
no mesmo dia, Sokal anunciou na revista Lingua Franca que o artigo era uma fraude
 
Arte conceitual (1960-)
 
== Arte conceitual (1960-) ==
 
Arte conceitual
conceitos ou idéias têm precedência sobre a estética ou os materiais