Aprendizagem e Medias Sociais/As formas sociais para a Aprendizagem

“O princípio da sabedoria é chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes” Proverbio chinês

A Era da Internet força-nos a lidar com um conjunto, muitas vezes, desconcertante e contínuo, de mudanças induzidas pela tecnologia. Quando uma infra-estrutura de ferramentas computacionais e de comunicação poderosas, se cruza com uma rede de comunicação ubíqua, o palco está montado para uma rápida inovação. Algumas destas inovações estão-nos a apoiar e a ajudar a comunicar, a brincar e a aprender de forma mais eficaz, utilizando ideias e comportamentos familiares. Outras inovações são disruptivas - obrigando os utilizadores a sair das fronteiras económicas e sociais estabelecidas pelas tecnologias e pedagogias anteriores, a fim de as usarem de forma eficaz (Christensen, 2008; C. Christensen, Horn, & Johnson, 2008). Aprender, no entanto, é universal e, portanto, os seres humanos inventam meios e aplicações para poder usar tanto as tecnologias revolucionárias como as tradicionais no sentido de melhorar as suas vidas.

Neste capítulo apresentamos um esquema organizacional, ou heurístico, desenhado para criar uma base concetual, tanto para as tecnologias tradicionais como para as disruptivas, assim como para as constituídas com elementos dos dois tipos quando aplicadas em contextos particulares. Nós desenvolvemos esta heurística de orientação para a aprendizagem e a educação, em 2007 (Dron & Anderson, 2007), que tem sido utilizada, para ajudar a compreender as mudanças nos padrões sociais da aprendizagem, que o ciberespaço engendrou (eg, Buus , Georgsen, Ryberg, Glud, & Davidsen, 2010; Conole, 2010; Dalsgaard & Paulsen, 2009; Gray, Annabell, & Kennedy, 2010; Kop, 2011; Ryberg, Dirckinck-Holmfeld, & Jones, 2010; Thompson, 2011)

Apesar do nosso modelo ter provado ser de algum valor, na sua forma original, temos vindo a modifica-lo e a aperfeiçoá-lo para melhorar a sua clareza e poder explicativo. Em resumo, a sua forma evoluída ilustra três tipos de agregação de alunos, tanto na aprendizagem formal como informal: grupos, redes e agregados. Inicialmente juntamos os agregados, com a entidade mais emergente, ainda, que não seja uma forma social, como tal, a que chamámos de coletivo. O coletivo é a personificação da inteligência coletiva, que desempenha um papel vinculativo e, em muitos casos, extremamente ativo, que possibilita aos sistemas de software social fazerem atualmente coisas, difíceis ou impossíveis no passado. Os coletivos não são uma forma social, mas um ator emergente, que surge de ações tomadas por pessoas numa multidão.

Para distinguir estas formas, ajuda se pensarmos num exemplo da vida quotidiana. Imaginemos que está sentado num café na praça de uma cidade movimentada. Á sua volta, está uma multidão repleta de pessoas - o conjunto de pessoas, nesta parte da cidade. Não sabe quem eles são, e eles não fazem parte da sua rede social, mas pode estar a aprender coisas com eles, como por exemplo, se está a chover ou não, observando quantas pessoas têm sombrinhas abertas. Ao olhar à volta, vê subgrupos deste conjunto: homens, mulheres, crianças, pessoas vestidas com casacos vermelhos, pessoas correndo, pessoas indo para o trabalho. Algumas vêm em grupos - famílias, amigos, turmas de alunos - que partilham um objetivo e são, de alguma forma, coordenadas nos seus movimentos e atividades. Elas podem lá estar com o propósito de aprender juntos: as crianças em viagens de estudo, topógrafos a mapear a terra, ou turistas a quem está a ser mostrado os pontos turísticos da cidade. De vez em quando vê pessoas a correr para os amigos, colegas ou alguém que conhecem. As ligações entre as pessoas na multidão são redes, trocando informações e co-- construindo conhecimento. Depois apercebe-se dum grupo de pessoas, reunido em torno de um artista de rua, a atuar, no meio da praça. Ninguém organizou o encontro- uma pequena multidão parece atrair mais membros, como se houvesse uma força invisível a puxá-los e a reuni-los em conjunto, uma forma sem liderança de coordenação, uma ordem emergente: o coletivo. A multidão está a agir, como um sinal para os outros se juntarem, desempenhando um papel, não muito diferente de um professor que diz a uma turma para prestar atenção a alguma leitura ou performance.

A figura 3.1 ilustra as três formas sociais para a aprendizagem, num continuum, cada uma toldando-se na que se segue.

Todas elas estão limitadas por atributos comuns de partilha e de comunicação que podem contribuir para a aprendizagem dos outros. Os Coletivos, uma forma particular de inteligência coletiva, pode surgir a partir de qualquer uma ou de todas as formas sociais e são caracterizadas por agregação algorítmica, filtrando, trabalhando a base de dados, agrupando-se, e formando um padrão. Estes processos algorítmicos podem ser internos aos membros da multidão (por exemplo, respondendo a outras pessoas numa multidão) e / ou impostos de fora, normalmente por computadores (por exemplo, sistemas de recomendação), e, por vezes, por pessoas físicas (por exemplo, pessoas que contam votos numa eleição).

 
Fig. 3.1 – Formas sociais para a aprendizagem: Agregados, redes e grupos

O nosso modelo deriva das nossas observações sobre, os agrupamentos dos alunos e como eles beneficiam do conhecimento e ações, uns dos outros. Apesar destas formas sociais poderem e deverem existir noutros contextos para além da aprendizagem, não é nossa intenção fornecer um modelo completo da sociedade humana, ou sugerir que o modelo seja útil em todos os outros contextos. Este modelo é útil porque, como vamos demonstrar nos capítulos seguintes, ele ajuda a compreender, não só, como a aprendizagem social ocorre em ambientes educacionais tradicionais, mas também como as diferentes formas em que nos podemos conectar, usando as tecnologias do ciberespaço pode contribuir para as nossas trajetórias de aprendizagem em ambientes informais e pessoais. Estas formas sociais podem e devem existir em muitas circunstâncias para além da aprendizagem, e por isso de vez em quando vamos dar exemplos do seu uso noutras situações, para ajudar a compreender o que queremos dizer, não sendo, no entanto, a nossa intenção sair dos limites do contexto de aprendizagem.

Individual

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Antes de passarmos para as formas sociais que envolvem vários participantes, é importante observar que muita aprendizagem envolve apenas as mais ténues ligações entre as pessoas. Quando estamos a ler um livro, um artigo científico, uma página web, ou feed de notícias, a distância transacional é extremamente elevada. No entanto, mesmo para o mais solitário dos alunos, há sempre outras pessoas envolvidas na transação da sua aprendizagem, como os autores e criadores de conteúdo. Em muitos casos, isto envolve uma forma de conversação didática guiada (Holmberg, 1986) em que o aluno se envolve num diálogo internalizado com o tutor, muito distante. Mesmo quando não é esse o caso, a voz do autor pode ser aparente e há uma forte convicção de que quase todo o processo de aprendizagem envolve, retirado numa ou mais etapas, outro ser humano. Em pequena escala, toda a comunicação, textual, de voz, vídeo, ou avatares inclui um processo de revezamento no qual lemos / absorvemos e, potencialmente, respondemos. A diferença, para o aluno individual, é que a possibilidade de um intercâmbio contínuo não está disponível.

Díades

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Em 1984, BS Bloom colocou o problema dos dois desvios padrão, em que constatou que a performance dum aluno médio tutelado a pares (tutored one-to-one) é melhor, com uma diferença de dois desvios-padrão, que um aluno médio tutelado através dos métodos convencionais de ensino um-para-muitos (one-to-many). No entanto temos algumas reservas sobre a validade desta avaliação, uma vez que os testes dirigidos por objetivos não revelam toda a aprendizagem que pode ter ocorrido na transação e não contempla os ganhos criativos ou descobertas casuais, que podem ter sido feitas em grupos maiores, ou com diferentes métodos de ensino e de aprendizagem

No entanto, é difícil de ignorar a questão central: quando comparada com as tradicionais formas educativas institucionais, onde o objetivo é transferir conhecimento replicável, a tutoria one-to-one funciona muito bem. Desde o desafio original de Bloom, a tutoria um-para-um (supondo que os métodos adequados são aplicados) manteve o padrão-ouro para o ensino eficaz, e nenhum outro modelo tem consistentemente atingido ou superado a mesma melhoria dos dois desvios padrão, que dele resulta. Infelizmente, a tutoria um-para-um é muito cara e apenas é comum, na aprendizagem formal, num número limitado de situações como Ph.D. mentoring, trabalho de projecto, e tutoria pessoal. Mais do que isso, nos grupos mais numerosos, há ganhos que advém da diversidade de perspetivas, heurísticas, interpretações e modelos preditivos (SE Page, 2008).

Apesar da comunicação entre duas pessoas poder ser vista, nalguns aspetos, como uma rede muito pequena ou grupo, a conversa um-para-um, é diferente de outras formas de aprendizagem realizada com mais de uma pessoa. Rainie e Wellman (2012) observam que, logo que uma terceira pessoa é introduzida, o potencial de coligações surge, e a persistência do grupo já não está dependente das ações de um único indivíduo: se um sai, a interação não cessa necessariamente. Uma comunicação com um  número maior de pessoas tem outros benefícios que diferem da comunicação dual quer em escala, quer em espécie. A diversidade aumenta com mais pessoas, permitindo que ocorram mais tipos e maiores níveis de interação, fornecendo perspetivas múltiplas, diferentes interpretações, heurísticas e modelos preditivos (SE page, 2008), contribuindo todos para a aprendizagem: mais possibilidades significam maior amplitude e profundidade do discurso, mais oportunidades criativas, e melhor capacidade de resolução de problemas

Os benefícios da aprendizagem conjunta com muitos indivíduos, a partir de uma comunicação dual de aprendizagem, normalmente proporciona o maior nível possível de liberdade de delegação para o aluno: o tutor pode responder diretamente a perguntas, adequar o ensino às reações explícitas ou implícitas do aluno, e o aluno pode escolher se quer intervir no curso do seu ensino, sem competição com os outros (Dron, 2007a). Embora possa ocorrer no contexto de um grande grupo, a grande quantidade de comunicação dual sustenta a maioria das formas de aprendizagem social, nas trocas de e-mail, conversas telefónicas, orientação presencial e mensagens instantâneas.

Apesar do título deste livro deixa claro que estamos mais preocupados com a aprendizagem em grupos maiores, o diálogo one-to-one representa uma forma "ideal" de aprendizagem guiada, pelo menos quando há um professor que sabe mais do que o aluno e é capaz de aplicar métodos e técnicas para o ajudar a aprender. Este diálogo continua a desempenhar um papel importante nas formas de rede de sociabilidade, por causa dos limites essenciais de um-para-um, entre os nós que levam Rainie e Wellman (2012) a referirem-se como "individualismo em rede" – um foco das conexões individuais dum indivíduo com os outros. É também uma importante forma nos agregados, onde podem interagir com um outro desconhecido, da mesma maneira direta.

GRUPOS

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A forma social mais familiar num contexto educacional é o grupo. Num contexto educacional formal, podemos exemplificar algumas das formas mais comuns que os grupos podem tomar:

Turmas Escolas Serviços adminstrativos
Grupos de tutoria Colégios Painéis
Grupos de seminário Comissão Grupos de interesses especiais
Coortes Grupos de trabalho Grupos de estudo
Divisões Workshops Equipa de desporto
Centros Conferências Recreio de grupos
Faculdades Equipa de projeto Casas
Universidades Departamentos académicos Grupos anuais
Grupos de aprendizagem tecnológica Grupos de investigação
Conselho dos governadores Equipas de alta administração

Cada um destes grupos, pode ser, mais ou menos, formalmente constituído e pode desempenhar um papel na experiência de aprendizagem de cada elemento.

Os grupos são coesos: são identificáveis como entidades distintas, com vivências próprias, que são , em princípio, independentes dos seus membros. No entanto, uma das suas características de definição, é serem os seus membros identificáveis. Os grupos têm muitas vezes, linhas formais de autoridade e funções, como a de presidente, líder de equipa, ou professor, aluno matriculado e assim por diante, com regras implícitas e/ou explícitas que regulam o seu comportamento e estrutura. São estruturados em torno de tarefas ou atividades, com um prazo ou contínuas e instituem níveis de controlo de acesso, para restringir a participação, revisão dos artefactos do grupo, ou transcrições para os membros, proporcionando um domínio menos publico.

Os grupos muitas vezes têm horários: os membros com frequência criam oportunidades para se encontrarem presencialmente ou on-line. através de atividades síncronas e os tipos de interação são, normalmente, de many-to-many ou one-to-many.

A segunda forma social mais importante é a rede. A distinção entre os grupos e redes que empregamos é comummente, utilizada por muitos pesquisadores neste campo bem como em áreas de estudos da comunidade, sociologia e comunidade informática (Por exemplo, de Downes, 2007; Rainie & Wellman, 2012; Sloep et al, 2007;.. Wenger et al, 2011). As redes são constituídas por nós, de pessoas, objetos ou ideias e fronteiras, para além das conexões entre eles. Na forma social de rede, as redes ligam indivíduos e grupos de indivíduos distribuídos, um nó e uma fronteira de cada vez. Não são projetadas de cima para baixo, embora seja possível criar canais para tornar o seu aparecimento mais provável. Em vez disso, elas evoluem através das nossas muitas e variadas interações com os outros. A entrada e saída nas redes é geralmente simples - ligamo-nos de alguma forma com outra pessoa, ou não: embora possamos ocasionalmente cortar as nossas ligações com outros indivíduos, na sua maior parte, é suficiente para simplesmente não se envolver com alguém e para eles poderem sair da nossa rede. Cada rede individual é diferente das outras, porque é definida por conexões sociais e portanto é importante de que perspectiva e conexões estão sendo observadas. As pessoas podem estar operacionais dentro e fora da atividade da rede e a sua participação tem por base a relevância, disponibilidade de tempo, o contexto, necessidades, e outros constrangimentos pessoais.

As redes sempre foram os canais de difusão de conhecimento e descoberta: aprendemos de e com as pessoas que conhecemos, seja conectados através de rede tecnológicas ou pessoalmente. Online, as formas de rede são normalmente mantidas por tecnologias incorporando sistemas de redes sociais. Os alunos podem estar ligados a outros alunos, direta ou indiretamente, e não fazem ideia de todos aqueles que fazem parte da rede mais alargada a que pertencem.

Muitos sites de redes sociais como Facebook, LinkedIn, MySpace fornecem apoio de rede e ferramentas de ajuda, mas esta forma já tem sido usado por alunos de ensino a distância há muito mais tempo: As velhas listas de e-mail e discussões encadeadas também suportam a aprendizagem em rede e as redes sociais físicas, tendo sido importantes canais de difusão do conhecimento.

É importante distinguir algumas mudanças nas noções e no conceito de uma rede: a Internet, por exemplo, é tanto uma rede física de máquinas e conexões entre eles, como uma rede de pessoas. Na verdade, essa rede física é o meio pelo qual as pessoas podem unir-se. É também importante reconhecer que, para além de um meio de transporte, a rede pode incluir ou ser inteiramente composta de coisas (físicas e conceituais), não apenas as pessoas. De fato, é possível ver todo o universo como uma rede. A nossa preocupação aqui não é com a forma topológica e abstrata das redes em geral, mas com forma social da rede. As redes físicas podem ser fundamentais e necessárias para conectar pessoas em grupo, por exemplo, mas a forma social grupo é diferente da forma social rede mesmo que ambos sejam, em vários aspectos significativos, descritos como redes. As formas  de interação das redes  podem ser um-para-um, um-para-muitos, e muitos-para-muitos.

AGREGADOS

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A nossa forma social final é o agregado. Os agregados são compostos por pessoas que estão reunidas por semelhanças ou interesses partilhados. As pessoas podem não estar cientes de que são parte de um agregado (por exemplo, as pessoas com um marcador genético particular), ou podem identificar-se com ele (por exemplo, as pessoas que são fãs de futebol ou de métodos de ensino construtivista). Os agregados envolvem interações com os outros, mas geralmente estas são impessoais ou mesmo anónimas. Quando um autor publica um livro, ele ou ela está escrevendo para um agregado - um número desconhecido de pessoas com um interesse comum particular. Numa biblioteca os livros são classificados com metadados que colocando-os em conjuntos (agregados?), permitindo que as pessoas procurarem itens de interesse.

No passado, a interacção social, na maioria dos agregados tendiam a ser unidireccional, com poucas exceções, como o envolvimento de um orador com os espetadores num anfiteatro, para exemplo. Online, a forma de agregado tornou-se mais significativa. Um post num blog ou um Tweet público (especialmente quando marcados ou enviados com um assunto para indicar o seu conteúdo) não é destinado normalmente a um indivíduo, um grupo ou uma rede de amigos (embora possam ser incluídos), mas a outros que partilham esse interesse. Enquanto os alunos em busca de informações sobre um assunto podem ter em conta pessoas e redes, quando escolhem um post num blog para ler ou um artigo num jornal on-line, é mais frequentemente e não o tema ou a rede que os atrai. Grande parte do tempo, nenhuma expectativa de envolvimento existirá, nenhuma nova rede formada, nenhum grupo adicionado. Quando as pessoas pesquisam vídeos no YouTube, as redes podem também desempenhar um papel, mas, para o maior parte dos casos, a descoberta é baseada em similaridade de conteúdo e palavras-chave comuns. Quando escolhemos itens tratados ou aqueles que foram altamente classificados, a rede é simplesmente a infra-estrutura básica: o que importa são os metadados que classificam e organizam o conteúdo social. Isto não torna os laços sociais dos agregados sem importância: os agregados podem ser fundamentais para a nossa identidade, podemos sentir a proximidade com alguém e confiar nos outros simplesmente porque partilham atributos connosco: as pessoas com as mesmas crenças religiosas, que gostam do mesmo tipo de música, ou que defendem a mesma equipa de futebol, por exemplo. Os modos de interação dos agregados são tipicamente um-para-muitos e muitos-para-um, embora eles possam permitir um envolvimento de muitos-para-muitos.

(Freixo Nunes)

O SUPORTE DO SOFTWARE SOCIAL PARA AS FORMAS SOCIAIS

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Diversos tipos de programas apoiam as redes sociais de diversas maneiras. Os sistemas para Grupos tendem a fornecer características como funções variáveis, associação controlada e permissões baseadas em funções. Sistemas orientados a Rede tendem a fornecer características como friending (adição de amigos, elementos), vínculo  e comentário. Sistemas orientados a Set (Agregados) tendem fornecer ferramentas como tópicos (temas) ou baseados em seleção, tags e categorias. Pouquíssimos sistemas substanciais estão limitados a modo único, mas a maioria têm vários pontos fortes ou ênfases em diferentes áreas. Quanto mais complexo ou multifuncional o sistema, maior será a probabilidade de apoio de diferentes modos, e a maioria pode, com esforço suficiente, ser facilmente direcionado para funções diferentes, embora a sua finalidade, pode estar em desacordo com um uso particular.

A Tabela 3.1 fornece alguns exemplos de sistemas sociais populares categorizados de acordo com o que percebemos serem as formas predominantes que eles suportam, no momento da escrita (dos autores): mas o leitor deve ter em mente que esta é uma arena onde as mudanças e melhorias estão constantemente a serem introduzidas e que as nossas percepções podem diferir de outros que utilizam de formas diferentes. Estas são todas tecnologias leves (brandas) compostas não apenas de ferramentas, mas de métodos, processos e intenções de seus usuários. A maioria das ferramentas podem suportar quase todas as formas sociais, mesmo que a adequação seja pobre.

Tabela 3.1 Suporte para formas sociais em alguns software sociais comuns. 

Sistema Grupo Net / Rede Set / Conjunto

Facebook 

Médio

Facebook fornece grupos e

áreas de grupo

Muito alta

Esta é a razão de ser do Facebook

MédioFacebook oferece páginas

que as pessoas podem criar para 

temas específicos 

Twitter Muito Baixo

Um terço das ferramentas existentes e maneiras de organizar

são para sets, mas o Twitter não suporta

grupos explícitos.

Alto

A função de "seguir" no Twitter

suporta forte

ligações nos dois sentidos,

assim como

(mais comumente) conexões de

mão-única

(one-way)

Muito Alto

Hashtags do Twitter fornecem

um poderoso meio de agrupamento

em torno de um único tópico

Pinterest Baixo

Não há apoio explícito para grupos

MédioA rede social é um

recurso, mas raramente é o

principal meio de descoberta de

conteúdo do site (Pinterest)

Muito AltoComo o nome indica, a característica

mais significativa do

Pinterest é que ele se relaciona com 

interesses compartilhados 

Linkedin Médio

Linkedin proporciona grupos fechados

de interesse que são bastante utilizados

Muito Alto

Razão de existir do Linkedin

Alto

É comum procurar pessoas

com base em categorias de

habilidades e interesses que eles fornecem.

Moodle,

Blackboard,

and other

LMS Systems

Muito Alto

Cursos do Moodle são apoiados em

estrutura (modelo)

de grupo com ferramentas de filiação e

controle fortes e ferramentas de apoio

para colaboração em equipe

Muito Baixo

O uso de blogs entre sistemas e perfis

permitem rede social mínima, embora

observa-se  que estes

raramente são usados

Baixo

Cursos, especialmente os abertos,

proporcionam uma âncora

para o interesse por disciplina,

embora o ato de adesão

na maioria dos casos se faz por um

sistema baseado em de grupo

Muitos, se não a maioria, dos sites e software de redes e sistemas sociais incorporam facilidades para apoio e/ou ganho de benefícios de cada forma social. Por exemplo, o Facebook é principalmente uma plataforma de rede social, mas apoia a formação de grupos fechados, comunicação de individuo-a-indivíduo e uma série de agregações coletivas tais como sistemas de votação, mineração de dados para identificar as pessoas que você talvez conheça, saber se estão ou não conectados (online) e adicionar outros aplicativos, como música / filmes /indicações de livros. Um grupo arquetípico, como uma classe face-a-face pode conter muitas redes de amigos que se estendem além e dentro do grupo, seus membros podem ser classificados em conjuntos relativos a, digamos, capacidade, interesses ou opiniões e coletivos podem ocorrer de várias formas, como um professor contando um “erguer de mãos” or collating the results of clicker presses (???)

Interseções

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Existem muitos tipos de híbridos de cada uma das principais estruturas sociais que identificamos ser tão significativas quanto as próprias formas puras. As formas "puras" de sets, redes e grupos podem ser misturadas em proporções diferentes para combinar os seus recursos, produzindo algumas das formas organizacionais sociais as quais estamos familiarizados.

Grupo-Net: A Comunidade de Prática

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A intersecção clássica de um grupo e de uma rede é uma comunidade de prática (CoP). CoPs surgem, normalmente em contextos de trabalho, como as redes de pessoas que estão dentro de um grupo ou vários grupos. A noção legitima de participação periférica atesta as características do tipo de rede de uma CoP, e ainda há muitas outras maneiras que os membros podem considerá-las como unidades coesas. É útil pensar nelas como aglomerados: um número de pessoas em uma rede que compartilham um propósito, a prática, e muitas vezes a localização, mas sem as hierarquias explícitas, exclusões e os papéis de um grupo mais definido.

Grupo-Set: A Tribo / Comunidade de Interesse

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Mudando do grupo puro em direção ao set, comunidades de interesse reunidas por compartilhamentos comuns e geralmente se envolvem de maneiras mais ou menos formais. Eles são muitas vezes vinculados por interesse em um tópico mais do que pelo próprio grupo, embora isso possa mudar ao longo do tempo. Algumas comunidades de interesse ocorrem em fronteiras entre conjuntos e redes, como se não houvesse tipos formais de engajamento. Quando existe uma mudança para além de comunidades de interesse para set com mais compromisso nós definimos esta categoria turva (confusa) entre grupos e conjuntos no "set" extremo contínuo como "tribos", uma etiqueta que se aplica não só para tribos reais, mas também para uma variedade de formas que compartilham algumas características de set (aglomerados) e algumas dos grupos: estas incluem empresas, universidades, nações e grupos acadêmicos.

Como nos grupos, muitas tribos têm hierarquias, normas sociais, regras explícitas e implícitas e propósitos compartilhados. Em um contexto de aprendizagem, ao contrário dos grupos, eles raramente têm tempo limitado, e poucas pessoas conhecem todos na tribo. Eles estão vinculados por distintos atributos compartilhados, mas isso sempre vem com uma série de outros atributos, caso contrário eles seriam conjuntos puros. Por exemplo, aqueles que compartilham a mesma religião também estarão vinculados por códigos morais, sistemas de crenças e expectativas de comportamento, ou outras características que os marcam como membros da tribo. Como eles tornam-se mais semelhantes com set, por exemplo, Goths (Góticos ou grupos de musica, moda alternativa ???), os fãs de um time de hóquei, pesquisadores de tecnologias para aprendizagem - desaparecem as hierarquias deliberadas, tornando-se mais difuso e abstrato, embora as características que os tornam um set ainda podem ser firmemente associado com seu senso de identidade.

Set-Net: O Círculo

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É comum dividir as redes em categorias mais ou menos arbitrárias que são muitas vezes descritas como 'círculos', como em 'meu círculo de amigos. "Poderíamos, por exemplo, pensar em set de pessoas que conhecemos que vivem nas proximidades e aquelas que não vivem, ou aqueles que são amigos e aqueles com quem trabalhamos. Tecnologias como Círculos do Google+, Listas do Facebook e Elgg coleções são explicitamente concebidas para nos permitir classificar as pessoas de várias formas, refletindo nas diferenças nas formas como nos relacionamos com elas, o que revelamos sobre nós mesmos para elas e o que escondemos. Comunidades de interesse também podem ocupar essa linha tênue entre redes e set, onde o interesse comum é o atributo set, mas onde não há normas formais ou informais, regras, exclusões ou inclusões. Por exemplo, os seguidores de uma determinada banda podem vir a conhecer um ao outro e se agrupam em shows da banda, sem constituição formal como grupo. 

(Mara)  

É comum dividir as redes em categorias mais ou menos arbitrárias descritas muitas vezes como “círculos”, como em “o meu círculo de amigos”. Podemos pesnar, por exemplo, em agregados de pessoas que conheçamos que morem perto e outros que não, ou as que são nossas amigas e as que trabalham connosco. Tecnologias como os Círculos do Google+, Listas de Facebook, e Coleções Elgg são desenhadas explicitamente para nos permitir classificar pessoas de múltiplas formas, refletindo as diferenças da forma como nos relacionamos com elas, o que lhes revelamos sobre nós mesmos e o que escondemos. Comunidades de interesse podem também ocupar esta linha turva entre redes e agregados, onde o interesse partilhado é o atributo do agregado  mas onde não existem normas formais ou informais, regras, exclusões ou inclusões. Por exemplo, os seguidores de uma banda específica podem-se conhecer  uns aos outros e juntarem-se nos concertos da banda, sem nenhuma constituição de grupo formal. 

(Marlene) 

TIPOS DE COLETIVOS DE PESSOAS

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Como E. O. Wilson observou, toda pessoa é um candidato potencial a um grupo (2012, Capítulo 24, do Parágrafo. 10), uma declaração de que está incorporada na gama fenomenal de palavras que dispomos no idioma Inglês para distinguir diferentes agregações de pessoas. Ao analisar as formas sociais existentes para testar o nosso modelo, que surgiu com mais de 120 palavras diferentes comumente usados para se referir a um grupo de pessoas, a partir de parcerias e a força do trabalho, sem ter em conta qualquer um dos milhões de distintos nomes próprios usados para se referir a específicos grupos, como bancos, cidades, países ou tropas de escoteiros. Em nossa análise, descobrimos algumas coisas interessantes ao observar esta lista de exemplos, por sinal muito incompleta. Em primeiro lugar, muitas palavras formais dizem respeito a distintas formas organizacionais especialmente aquelas que ocorrem nas áreas Militar, Religiosa, Negócios, Contextos Acadêmicos Esquadrões, Irmandades, Rebanhos, Federações, e assim por diante. Tendo em mente que a linguagem evoluiu lentamente, e esta fala com uma característica importante sobre muitos agrupamentos humanos: Eles são tecnologizados.

Muitos grupos sociais vêm com processos associados, métodos, regras, leis, procedimentos, ritos de passagem, rituais de entrada e de saída, que sejam de natureza uma particularidade incorporada que adquiriram seus próprios vocabulários. Outros classificam as pessoas de acordo com os bens que elas possuem em comum ou algo que os outros percebam como característica partilhada, tais como raça, classe, moradia e assim por diante... por muitas vezes com implicações que dizem respeito a outras palavras características, como: “tribo”, “nação”, “raça”, “classe trabalhadora”, e “vizinhos”. Por exemplo, indicam características semelhantes, que são usadas para ajustar as pessoas no mesmo Patamar.    

Como E. O. Wilson observou “cada pessoa é uma pesquisadora de grupos compulsiva” (2012, capítulo 24, para.10), esta afirmação está embuída do fenómeno da lista de palavras que temos na língua inglesa para distinguir diferentes agregações de pessoas. Analisando as formas sociais existente para testar o nosso modelo, descobrimos mais de 120 palavras comumente utilizadas para nos referirmo a uma coleção de pessoas, desde alianças a forças de trabalho, sem ter em conta os milhões de nomes próprios utilizados para nos referirmos a grupos específicos como bancos, cidades, países ou tropas de escuteiros. Na nossa análise, descobrimos alguns aspetos dignos de nota sobre esta lista de exemplos incompleta. Em primeiro lugar, muitas palavras formais relacionam-se com formas de organização distintas, especialmente as que ocorrem em contextos militares, religiosos, empresariais ou académicos -  esquadrões, irmandades, rebanhos, federações. tendo em conta que a linguagem evoluiu devagar, isto leva-nos a uma característica importante em muitos agrupamentos humanos: eles são  tecnológicos.  

Muitos grupos sociais surgem com processos, métodos, regras, legislação, procedimentos de passagem rituais de entrada e de saúde associados, e têm uma característica associada adquiriram o seu próprio vocabulário. Outros categorizam as pessoas de acordo com as coisas que partilham em comum ou que outros percepcionam que partilham em comum, como a raça, classe social, morada, entre outros, por vezes com implicações relacionadas a outras características. Palavras como “tribo”, “nação”, “raça”, “classe trabalhadora” e “vizinhos” por exemplo, indicam características de agregados utilizadas para encaixar as pessoas em conetores.

(Marlene)

IDENTIFICANDO AS FORMAS SOCIAIS

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  Ao determinar as formas sociais dominantes, fizemos as seguintes distinções:

● Agregados são formas sociais onde as pessoas podem não ter conhecimento  de outras no agregado mas que estão agrupadas por pontos comuns entre eles. Isto pode conduzir a uma forte identificação e confiança nalguns casos, mas não tipicamente.

● Os grupos são formas sociais onde os indivíduos deliberadamente se juntam a outros com objetivos partilhados e se identificam com as normas e os comportamentos do grupo.

● As redes são formas sociais onde as conexões entre os indivíduos e por vezes grupos de indivíduos são os que os ligam entre eles.

Embora, às vezes possa ser difícil identificar um grupo de pessoas que representa uma comunidade, uma rede ou uma tribo. Enfim, existem normas para ser seguidas.

● Se a identidade social persistir mesmo que não haja participantes, provavelmente é um grupo.

● Se existe pouca importância em conhecer quem está envolvido e o tema abordado é o aspeto mais significativo, então é provável ser um agregado.

● Se as pessoas identificáveis são reconhecidas umas pelas outras, é provavelmente uma rede.

Em muitos casos, é possível que os três sejam verdade. É útil ver a tipologia através de um diagrama de Venn de sobreposição de agregados, a sobreposição permite-nos ver não só a forma social de uma coleção de pessoas que queremos, também não excluí a possibilidade de termos outras perspetivas - todos os grupos são agregados e redes, por exemplo - mas permite também ver sobreposições e fronteiras imprecisas entre eles. A Figura 3.2 mostra a tipologia com alguns exemplos de tipos de entidades sociais relevantes para a aprendizagem encontradas dentro delas. Alternativamente, podemos vê-la como um continuum (ver Figura 3.3).

Cada forma social mistura-se na próxima. Por exemplo, muitas formas tribais como grupos de afinidade, fãs de hóquei, góticos ou teóricos de redes, estão mais próximos de agregados do que de grupos; outros como universidades, nações e conferências intencionais são mais próximos dos grupos. Comunidades de prática existem algures no continuum entre grupos e redes, muitas vezes limitados ou sem estruturas de poder, mas apresentando uma coesividade intencional do que uma simples rede. A noção de combinação é útil e sugere uma analogia de cores: uma variedade infinita de diferentes sombras e tonalidades pode ser criada para combinar as três cores primárias.

Coletivos ou Coletividade

Tendo definido as três formas sociais, viramos agora a nossa atenção para os colectivos, que são, talvez, as mais intrigantes das entidades proporcionadas por softwares sociais. Coletivos, tal como usamos o termo, faz a multidão comportar-se como um único ator. Não são formas sociais como grupos, redes e agregados mas são a máquina e/ou agregados humanos resultantes das atividades de uma coleção de indivíduos. Os colectivos alcançam o seu valor extraindo informação do indivíduo, do grupo, do agregado, e das atividades de trabalho em rede realizadas pelas pessoas, e, em seguida, usam essas mesmas informações para executar algo. Normalmente no ciberespaço, essas atividades são agregadas por software e os resultados apresentados através de interfaces informáticas, mas os seres humanos também podem realizar intencionalmente o papel de agregação. No entanto, não é necessário qualquer agente externo envolvido para um coletivo se formar: os indivíduos que formam a multidão podem agregar-se a eles mesmo, levando a comportamentos emergentes da multidão. Antes do aparecimento da Internet, os coletivos intencionais foram usados, por exemplo, para votar em eleições ou levantar as mãos numa sala de aula, mas os coletivos não intencionais ocorrem de forma mais vulgarizada, como na formação de caminhos distintos nas florestas, a reunião de multidões em torno de um artista de rua e os movimentos do mercado de ações. Na Internet, há talvez milhões de aplicações que criam valor através da agregação, análise, processamento, e representação das atividades da multidão, recolhendo as ações do utilizador, tais como links colocados em páginas web (ex. Google PageRank), tags em fotografias e vídeos, anotações e downloads (ex. Flickr, YouTube, Instagram), artigos ou mecanismos de avaliação (ex. Digg, Mixx, Slashdot, StackOverflow), recomendações (ex. Amazon, ratemyteacher.ca), e aqueles que utilizam considerações individuais para alguma outra finalidade (ex. eBay). O comportamento da multidão pode ser afetado por escolhas implícitas ou contribuições feitas pelo indivíduo, grupo ou a nível das redes, a partir de comportamentos explícitos como a classificação ou a marcação, ou por combinações de cada abordagem. Os colectivos geralmente aumentam em valor com o tamanho dos grupos / redes / agregados e o crescimento das suas ações. Quando um vasto número de recursos são ordenados, anotados, e avaliados por muitos, por exemplo, o recurso resultante duma listagem, pode ganhar um considerável valor colectivo em comparação com uma lista classificada por um único desconhecido individual. Os coletivos comportam-se como agentes ativos dentro de um sistema de forma a que são análogas à agência dos seres humanos: de maneiras bastante previsíveis de fazer escolhas, juízos de valor, expressões de crença, e agir para promover mudanças no comportamento dos outros. Isto tem grande importância no contexto da aprendizagem em redes e agregados porque, na ausência de um ensino formal ou de uma presença cognitiva, os coletivos, muitas vezes, desempenham esse papel. Os coletivos podem às vezes agir como espelhos da mente do grupo ou aspetos da consciência da rede em que os designers de sistemas ou membros da multidão escolheram como sendo significativos. Eles representam aspetos escolhidos pelo grupo, agregado ou atividade da rede, o reflexo da mente coletiva é sempre apresentado através de um espelho distorcido que pode estar agregando, refinando, concentrando, selecionando, filtrando, medindo ou, por outro lado, processando aspetos do comportamento das multidões. Normalmente, mas não exclusivamente, os coletivos afetam os seus próprios membros num ciclo iterativo e auto-organizado. Por exemplo, em navegações sociais, os sinais são frequentemente enfatizados ou desenfatizados como resultado de indivíduos dentro de um grupo ou rede que se deslocam em redor de um sistema, que por sua vez afeta, mais tarde, a navegação desse mesmo grupo ou rede. Contudo, isso não tem de ser o caso. Por exemplo, os resultados da votação para um candidato de um grupo pode influenciar o comportamento de voto noutro, ou etiquetar as fotos dentro de um sistema como o Flickr pode influenciar o comportamento das pessoas exteriores e visitantes em relação aos recursos desse sistema.

Acerca do tamanho de grupos, redes e agregados

E. O. Wilson salienta que "formar grupos, esboçando um conforto visceral e orgulho da comunhão familiar, e para defender o grupo com entusiasmo contra um grupo rival - estes estão entre os universais absolutos da natureza humana e, logo, da cultura" (2012, Capítulo 7, Para. 1). Os Grupos, nas primeiras sociedades humanas, atingiram limites práticos que estavam relacionados com a forma como os seres humanos evoluíram. Os limites eram constrangidos pelas fontes de alimentos disponíveis para apoiar as comunidades, dificuldades de coordenação e atribuição de trabalho às leis da física. Grupos de tamanho familiar e grupos de trabalho, não são unidades viáveis persistentes em termos evolutivos porque há ganhos insuficientes a partir da divisão do trabalho e da difusão da inovação (Ridley, 2010).

No entanto ao estender-se além de uma determinada dimensão. Foi necessário no passado estruturas complexas que evoluíram muito tarde para o nosso desenvolvimento.  Como o macrodemes e o Comércio. Além disso, com meios limitados de comunicações a longas distâncias as interações eram necessariamente locais: Com limites físicos sobre o quão longe uma voz poderia ser transportada ou a distância à qual uma pessoa poderia ser vista. Embora grandes rebanhos sejam possíveis em muitas espécies, eles emergem através da coordenação de indivíduos com outros nas suas proximidades (Miller, 2010). Para uma coordenação vista nas comunidades humanas de grandes tamanhos, limites distintos foram colocados.

O Psicólogo britânico Robin Dunbar (1993) examinou o tamanho dos grupos entre muitas espécies de primatas. Ele observou que a dimensão do grupo estava relacionada com a quantidade da preparação social exercida por aquelas espécies. Os seres humanos no entanto têm cérebros muito maiores do que a maioria dos primatas, e limitando as nossas interações com aqueles com os quais possamos ser mutuamente envolvidos na preparação social seria dispendioso em tempo e em custo, e provavelmente, muito chato. Dunbar utilizou técnicas de mapeamento estatístico que sugerem que a nossa inteligência nos permite expandir o tamanho dos grupos com os quais possamos interagir e assim “podemos ter um relacionamento verdadeiramente social, sendo que esse relacionamento vai sem conhecermos quem são as pessoas nem como elas se relacionarão conosco " (1996, p. 77). Com base no tamanho do nosso cérebro e validada por observações das comunidades tanto primitivas quanto as modernas de grupo online, militares, empresas e outros grupos, a estimativa de Dunbar para esse porte era de 150 pessoas. Muitas vezes se referindo aos números de Dunbar. Curiosamente, isto coincide amplamente com o que Caporael (1997) distinguiu como "macrodemes": originalmente os encontros sazonais de bandas (demes) de cerca de 30 indivíduos que poderiam de forma sustentável caçar juntos) e, mais tarde instanciado como o tamanho típico das aldeias, datado por volta de quinze mil anos.

Na realidade, operamos em grupos de dimensão significativamente maior do que o número que Dunbar sugere. E mesmo que não possamos e em muitos casos não se possa ter um relacionamento pessoal com todas as pessoas envolvidas neles. As empresas, cidades, universidades, países, religiões, e muitas outras formas de grupo têm desenvolvido principalmente através do uso de hierarquias, de processos, métodos e tecnologias que facilitem o intercâmbio de conhecimentos entre eles. Dunbar (1993) observou que a linguagem torna possível para nós formarmos os grupos com hierarquias e divisões de trabalhos, de modo que o tamanho real dos grupos humanos seja consideravelmente maior do qual é possível para nossa capacidade cerebral sozinha concebe-la (p. 689).

Mas o que são as redes mais amplas em uma era mediada tecnologicamente? As noções de Dunbar nas relações em espaços virtuais em meados da década de 1990 foi decididamente muito maçante. Ele sentiu a decepção e a fraude por "codificações obscuras” que resultaria em um excesso de enganos e que seria necessária a interação direta para restaurar a confiança resultando nos números das relações confiáveis conformes as formas anteriores acerca dos 150. No entanto ocorreram as mudanças tecnológicas. Será que ele teria se enganado anteriormente. Além de tudo a definição de uma "relação verdadeiramente social" que ele usa não é tão clara nem tão precisa.

Da mesma forma, longe de reduzir uma genuína interação humana, parece que as ligações formadas via online fortalecem e aumentam aquelas onde há a comunicação frente a frente. (Como em conversações através da webcam, por exemplo) Quanto ao resultado provável das melhorias da internet e os contatos por telefones celulares com os quais os adultos norte-americanos veem os amigos uns aos outros pessoalmente. Cresceram em média 20% nos cinco anos entre 2005 e 2007 (Rainie & Wellman, 2012).

Pesquisas mais recentes mostram que o número de relações em redes mantidos por pessoas nas sociedades de hoje chegam a 600 (Di Prete, Gelman, McCormick, Teitler, & Zheng, 2011; TH McCormick, Salganick, & Zheng, 2010). O próprio Dunbar explica que os laços estreitos são como um único de uma camada de relacionamentos incorporados uns aos outros ( Rainie & Wellman, 2012).  Donath (2007) Trouxe a argumentação sobre o tamanho que um grupo no espaço virtual pode suportar em redes sociais populares, como o MySpace e LinkedIn. Usando a sinalização da teoria, ele observa os meios pelos quais os indivíduos sinalizam uns para os outros usando roupas fashions, atalhos linguísticos e demonstrações públicas de "amizades" para construir e manter as redes sociais e a confiança.

As suas especulações parecem explicar as formas que definem por transições algumas redes e grupos. Os coletivos no entanto não ligados por restrições de tamanho intrínsecos. Eles podem ser tão pequenos quanto um indivíduo ou tão grande como a população do universo: que são todos em um conjunto de coisas físicas, por exemplo. Ou seja, tudo que é necessário para um conjunto de tamanho ilimitado é a capacidade de identificar e apresentá-lo. Os motores modernos de pesquisas e sistemas de classificações e as ferramentas de agregações e filtros lhes permitem envolver-se com enormes grupos de pessoas.

Existe uma correlação entre tamanho e as folgas dos níveis da nossa tipologia social. A maioria dos grupos são menores do que a maioria das redes; muitas redes são menores do que muitos conjuntos. No entanto, a mediação tecnológica pode fazer grupos, redes e conjuntos de qualquer tamanho possível.

A Agregação e a "sabedoria das multidões" surgem em muitos níveis, mas os resultados geralmente tornam-se mais úteis como números de aumento e os benefícios de grande agregação; entre as escolhas de uma outra forma não relacionada torna-se aparentes. Este é o poder da cauda longa (uma expressão muito comum usada na língua inglesa) (C. Anderson, 2004), que mesmo em muitas pequenas tendências e interesses surge um número suficiente e significativo para ser de valor.  O “Mais” é quase sempre bem melhor. Um clássico exemplo de coletividade é o jogo de adivinhações em uma feira-de-diversões para se descobrir o número exato de doces que há em um pote.

Neste coletivo, haverá uma série de opiniões independentes que são individualmente consideradas e geralmente bem susceptíveis a estarem erradas entre uma média muito próxima de acertos. (Surowiecki, 2004). No entanto quando apenas duas pessoas participam da adivinhação a estimativa de acertos é bem menor do que quando há centenas e as chances de acertos aumentam quando há um milhão. No mundo online o sucesso do Amazon.com ao dar sugestões de livros que você poderia vir a gostar, é em grande média devido aos números de escolhas independente das pessoas que estão disponíveis. Para se ter um exemplo extremo se houvessem menos pessoas do que livros é bem improvável que os resultados tivessem importância. 

Resumo dos valores das diferentes Formas Sociais e Coletivas

Quando projetamos um sistema social de apoio à aprendizagem, é importante ter em conta quais os tipos de atividades e quais os objetivos a que se destinam, para que possamos escolher as abordagens e as formas sociais que melhor sirvam para as necessidades identificadas.

Resumindo os principais pontos fortes e fracos de cada forma:

  • Os grupos oferecem maiores valores quando o objeto do conhecimento é conhecido e o processo de conhecimento é complexo. Eles são especialmente úteis quando é necessário um esforço sustentado. Os grupos são poderosos e motivadores, explorando a nossa necessidade inata de pertencimento as formas com as quais temos crescido e / ou evoluído para vivermos em hierarquias. No entanto, os grupos exigem empenho e vêm com uma grande sobrecarga de concepção e gestão; eles também são dispendiosos. Para se obter ferramentas construídas para os grupos de suporte, normalmente o correto é fornecer apoio para tais funções, processos e procedimentos.
  • As Redes são incorporadas na prática, e se estendem muito além do determinável, nos beneficiando da diversidade e do conhecimento que transcende as fronteiras e objetivos facilmente especificados. As redes são grandes para tópicos e a aprendizagem na hora certa, e nos expõe a estratégias e mudanças. Tanto as Redes quanto os grupos, exploram o capital social, para contribuição e motivação. No entanto, as redes não tiram os esforços das explorações de um leal aprendizado. Porque sem estrutura e orientação, nós temos que tomar as decisões por nós mesmos. De um modo geral, as ferramentas das redes devem ajudar a gerenciar e, a manter os relacionamentos sociais, fazendo as quebras e as conexões, e ajudar a lidar com a organização de subconjuntos de rede, com discricionários acessos aos controles de privacidade.
  • Os conjuntos (As coletividades) são mais úteis quando o conhecimento que buscamos não pode ser facilmente encontrado em nossos grupos ou redes. Exemplo: quando nós precisamos saber sobre alguma coisa, mas, não sabemos a quem perguntar. Eles também são um precioso meio para se obter diversas ideias e conhecimentos sobre um assunto. No entanto, como as redes, eles exigem esforço da nossa parte para decidir o que aprender em primeiro lugar e, em seguida, para se tomar decisões sobre a confiabilidade, a relevância e a veracidade. Os Conjuntos precisam de estruturas para se organizarem e, de todas as disponibilizações e benefícios da coletividade para apoia-los.
  • As coletividades proporcionam os meios para nos dar um sentido especial do que define em menor extensões as redes e eventualmente os grupos. Iguais aos professores elas nos dizem: o que fazer, em que confiar, como abordar um assunto. Entretanto, as coletividades são tão inteligentes quanto o público (quanto a multidão). Os meios pelos quais o público foi selecionado (a multidão foi selecionada) definiu-se pelos algoritmos e as apresentações com que executam as tarefas. No entanto, as necessidades da aprendizagem, em vez de simplesmente as preferências de seus usuários é que deveriam ser apoiadas.

A forma ou as formas com as quais um aprendiz individual possa fazer uso da sua jornada de aprendizagem dependerá sempre do contexto e das suas necessidades, mas estes serão pré-determinados por estruturas externas, como a necessidade de avaliação e credenciamento às regras formais e informais do comportamento em um dado contexto, bem como outras restrições financeiras, pessoais, éticas e sociais.

A Tabela 3.2 resume uma série de atributos e seus valores típicos de grupos, redes, conjuntos e coletivos, de modo que os leitores poderão combiná-los com as necessidades das próprias comunidades com as quais eles estão inseridos.

Tabela 3.2 Grupos, redes, conjuntos e coletivos comparados.

Grupos Redes Conjuntos Coletivos
Metáfora sala de aula virtual comunidades práticas virtuais multidão anónima multidões sábias
Atividades Típicas Projetos colaborativos Questionários, discussões, exploração Partilha de conhecimento, questões

e respostas, descoberta focada

descoberta, filtragem
Ferramentas habituais discussões encadeadas,

LMS, video, audio e conferências por texto

listas de emails, blogs e redes sociais (Facebook, Linkedin, etc) Wikis, sites de perguntas e respostas, sites de interesse social (Twitter, Pinterest, Learni.st, etc) motores de pesquisa, sistemas

de recomendação, reputação e avaliação (Amazon, Google, Slashdot, etc.)

Metas acreditação, aprendizagem formal, conclusão de tarefas gerar conhecimento, expansão capital social obter respostas, descobrir redes e grupos, explorar áreas temáticas extração de conhecimento, descoberta de conhecimento, organização de conhecimento
Pedagogia social construtivista conectivista conectivista e instrutitivista qualquer
Escala temporal usualmente num semestre, síncrona ou assíncrona curto e longo prazo, benéfico ao individuo de forma síncrona ou assíncrona assíncrona, sob demanda, transitória longo prazo, assíncrona
Organização hierárquica, pré determinada emergente, flexível, temporária relacional (baseada em conjunto) impessoal, forças de mercado
compromisso para participar Elevado

muitas vezes avaliado

Médio

quando preciso ou requisitado

Muito baixo baixo

muitas vezes passiva

Motivação para contribuir Externa, necessária para credibilidade, capital social, valor processual capital social, altruísmo, reputação profissional altruísmo, dinheiro passivo (como um produto ou uso individual), activo (para acrescentar valor)
Expectativa para ajudar Alta

dependência mutua na maior parte das vezes

Média

partilhar por partilhar com carácter

Baixa Baixa/nenhuma

inconsciente

agregação

Escabilidade Baixa

usualmente limitada a 25-30 pessoas

Média

potencialmente expansível com o crescimento dos membros

Alta Muito alta
Dimensão operacional pode ser efetiva em numeros baixos entre 3-30, a partir daqui a eficiência requer aumento da organização e segmentação tipicamente 30-50 conexões ativas são precisas para sustentar as operações em rede qualquer tamanho proporciona um valor máximo quando uma enorme quantidade de utilizadores participam
Capital Social conectado interligado exposto livre como em cerveja
Modo um para muitos, muitos para muitos um para um, um para muitos muitos para muitos, um para muitos, muitos para um muitos para um

Em muitos casos as linhas entre as diferentes formas sociais podem ser imprecisas ou inconstantes. É comum, por exemplo, incentivar as comunidades de prática que compartilhem as suas propriedades emergentes com as redes, pelo menos em seus estágios iniciais de formação, que têm estruturas fracas e limitadas de hierarquias. Da mesma forma, um grupo ou uma tribo pode muitas vezes ser mais definido do que um grupo do tipo semelhante em termos de interações entre as pessoas. Um exemplo é que nós podemos não conhecer todas as pessoas de uma grande organização além dos que estão em nosso grupo e mesmo assim por interações de ações e muitos pontos em comum interagirmos com estes estranhos como acontece em uma rede. E comum também, como já foi observado, que para que haja muitas misturas de formas em qualquer comunidade, que não pode haver pessoas que nós conhecemos dentro de um grupo anônimo por exemplo. E podemos ter muitas redes transversais dentro e fora dos grupos que são membros dele. 

Conclusão

Nós apresentamos uma tipologia dos tipos de agregações que os programas sociais podem apoiar e de grupos que podem surgir a partir deles. Ela não é o único meio possível para categorizar todas essas coisas, mas lhes dá um sentido como de diversas maneiras os sistemas de programas interativos podem ajudar no processo da aprendizagem social, e ajuda a desembalar as diferenças às vezes sutis entre as formas de ensino e aprendizagem na Net. Nós esperamos mostrar com a ajuda desse livro, que as diferenças (embora às vezes turva ou mista) são profundas, e falha em reconhecer o tipo de entidade com a qual estamos lidando. Isto pode na melhor das hipóteses, levar à perda de oportunidades e, na pior das hipóteses, minar o esforço educacional.

A escolha das palavras é uma tarefa importante, e obter resultados pelo uso correto delas é melhor ainda. Como o filósofo britânico J.L. Austin colocou, “As palavras são nossas ferramentas de uso, e, no mínimo, devemos usar as nossas ferramentas sempre limpas: nós precisamos saber o que queremos dizer e como devemos nos precaver contra as armadilhas que a linguagem nos estabelece (1979, p.182).  As palavras que escolhemos foram o resultado de muitos debates e cogitações, mas elas podem não se encaixarem com o entendimento das palavras de vocês. Se a questão for esta, nós pedimos que vocês deem um tempo aos seus preconceitos existentes e, se quiserem, fiquem a vontade para substituir as palavras pelas quais vocês acham mais apropriadas. Porque não são as palavras que usamos aqui que são importantes, mas o que elas significam”.

(por Francisco Oliveira e Pedro Carneiro