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O atual território botsuano foi primeiramente habitado por povos de línguas khoisan, há mais de 100 000 anos atrás. Aproximadamente no ano 500, povos de línguas bantas invadiram a região, exterminando, misturando-se ou expulsando os habitantes originais. No século XVIII, a tribo makwena invadiu a região, procedente da região sul-africana do Transvaal. Disputas sucessórias fizeram com que uma porção dos makwenas se separasse e fundasse um novo reino ao norte, assumindo o nome Bamangwato. No final do século XIX, conflitos entre os bamangwatos, invasores da tribo ndebele procedentes do leste, colonos bôeres procedentes da região do Transvaal e exploradores alemães procedentes da África do Sudoeste Alemã fizeram com que Khama III, rei do povo bamangwato, pedisse proteção ao governo britânico. Como consequência, em 1885, o norte do território foi declarado pelos britânicos um protetorado com o nome de Bechuanalândia (Bechuana foi a forma anglicizada do nome Botsuana, a comunidade dos falantes da língua setsuana). Já o sul do território foi transformado na Bechuanalândia Britânica e incorporada à colônia do Cabo. Diante de pressões crescentes dos britânicos liderados por Cecil Rhodes, ao norte e de colonos bôeres, ao sul, o rei Khama III conseguiu, em 1895, a confirmação da semiautonomia política dentro do regime de protetorado por parte da rainha britânica Vitória.

Pinturas rupestres em Tsodilo, no noroeste de Botsuana, testemunhando a ocupação humana desde 100 000 anos atrás
Guerreiro ndebele
Mapa da Bechuanalândia de 1887. Ao norte, o protetorado britânico de Bechuanalândia e, ao sul, em rosa, a Bechuanalândia Britânica.

Na década de 1950, começaram a ser erigidas cercas de arame farpado delimitando a fronteira com a Rodésia do Sul com o objetivo de proteger o gado botsuano de doenças vindas do país vizinho[1]. O regime de protetorado continuou até 1966, quando Botsuana declarou sua independência. Um ano antes, a capital do protetorado havia sido transferida de Mafeking, na África do Sul, para Gaborone, que se localizava dentro do território do protetorado. Seu primeiro presidente foi Seretse Khama, neto do rei Khama III. Seretse governou até a sua morte em 1980. Sucedeu-lhe seu vice, Ketumile Masire. No início dos anos 1980, a AIDS começou a preocupar o mundo e, em especial, os países africanos, detentores dos maiores índices de contaminação da população pelo vírus HIV[2].

Memorial em homenagem ao sítio de Mafeking na guerra dos Bôeres, em Mafeking
Ao centro, Ketumile Masire

Após quatro mandatos, Masire foi substituído por seu vice, Festus Mogae, em 1998. Em 2003, o país começou a eletrificar a cerca que marca a fronteira com o Zimbábue. O objetivo, além do controle sanitário do gado botsuano, era o controle da entrada de imigrantes ilegais zimbabuanos[3]. Em 2008, Mogae foi sucedido por seu vice, Ian Khama, filho do primeiro presidente botsuano.

Festus Mogae em visita oficial aos EUA em 2005
Ian Khama, presidente de Botsuana, em visita a Cingapura

Desde sua independência, o país gozou de uma estabilidade política rara no continente africano[4]. O dinheiro gerado pela exploração de diamantes foi investido na melhoria da infraestrutura do país, revertendo em melhoria das condições de vida da população. As taxas de crescimento econômico ficaram sempre em torno dos dez por cento anuais, uma das maiores do mundo. Tudo isto motivou a qualificação de Botsuana como a "Suíça africana".

No entanto, alguns problemas surgiram neste período. A dependência em relação à mineração ameaçou as altas taxas de crescimento econômico na recessão mundial do início dos anos 1990. E a altíssima contaminação da população pelo vírus HIV (aproximadamente um terço da população) revela-se um desafio para o governo.

Referências