Civilização Egípcia/Novo império/Dinastias do Novo Império/18ª Dinastia (segunda parte)
Segunda parte da 18ª Dinastia
editar- Thutmose IV (Menkheperure)
- Amenhotep III (Nebmaatre)
- Amenhotep IV / Akhenaten
- Smenkhkare (Ankhkheperure)
- Tutankhamun (Nebkheperure)
- Ay (Kheperkheperure)
- Horemheb (Djeserkheperure)
- Thutmose IV Menkheperure
Seu nome de nascimento significa Nascido do deus Thot, o nome de trono Menkheperure significa Eternas são as manifestações de Ra.
Existe uma lenda sobre esse faraó que o tornou famoso assim como ficou famosa a Estela do Sonho, que está entre as patas da Grande Esfinge em Gizé.
Thutmose IV acreditava que estava destinado a se tornar faraó por causa de um sonho que teve e os sonhos eram considerados palavras do deus no Antigo Egito.
A Estela do Sonho conta que, quando o jovem Thutmose estava numa caçada, muito cansado ele dormiu sob a sombra da esfinge (provavelmente da cabeça da esfinge). Então, ele sonhou que o deus sol Ra-Harakhte, na forma da esfinge lhe prometia que, se ele limpasse toda a areia que cobria o monumento, se tornaria faraó do Egito.
E foi exatamente o que aconteceu, ele se tornou o oitavo governante da 18ª Dinastia.
É bem provável que Thutmose IV seja o filho de Amenhotep II com Tiye sua esposa, mas egiptólogos especulam se a Estela do Sonho não seria uma maneira de legitimar sua subida ao trono. Não temos provas de que seu pai, Amenhotep II o tivesse reconhecido como herdeiro ou que ele tivesse sido co-regente do pai.
Sabemos que Thutmose IV provavelmente casou-se com Mutemwiya, mãe de seu herdeiro Amenhotep III. Alguns estudiosos acham que essa esposa pode ter sido filha do rei Artatama de Mitani (um reino a nordeste da Mesopotâmia). Ele teve também outras esposas mas não se sabe se alguma era a primeira e principal.
Ao contrário de seu pai e de seu avô, Thutmose IV não possuía o estofo de líder militar e em seu reinado houve poucas campanhas do tipo, houve sim muita burocracia tanto religiosa quanto civil.
Quanto às construções, ele se dedicou muito mais a aumentar e decorar os templos e monumentos já existentes do que propriamente construir novos. Terminou um obelisco começado por Thutmose III em Karnak, fez pequenas obras em Alexandria, Heliópolis, Gizé, Abusir, Saqqara, Mênfis, Crocodilópolis, Hermópolis, Abidos, Amarna, Dendera, Karnak, Luxor, Tod, El kab, Edfu e Elefantina.
Sabe-se que Thutmose IV mandou erigir um templo para si próprio ao sul do Ramesseum e um santuário em alabastro em Karnak.
Sua tumba é a número 43 no Vale dos Reis e foi encontrada por Howard Carter (o mesmo que descobriu a tumba de Tutankhamon). Claro que já tinha sido saqueada pelos ladrões, mas também parecia inacabada quando da morte do faraó.
A decoração ao sul da câmara mortuária foi feita por Horemheb e mostra o roubo da tumba e os esforços feitos pelo próprio Horemheb para consertar tudo.
A múmia de Thutmose IV já havia sido encontrada junto com outras múmias na tumba de Amenhotep II.
Do reinado de Thutmose IV, foram encontradas as tumbas de Yuya e Thuya, Nakht e Menna no Vale dos Nobres. Os dois primeiros foram pais de sua mãe (seus avós maternos), Nakht era o fiscal dos vinhedos e celeiros e Menna era o Escriba dos Campos do Senhor das Duas Terras (como está inscrito em sua tumba).
- Amenhotep III Nebmaatre
Seu nome significa Amon está satisfeito. O nome de trono Nebmaatre significa O senhor da verdade é Ra
Amenhotep III reinou sobre um país em paz. Houve pouca atividade militar em seu governo, seu pai já havia reduzido as campanhas militares e ele continuou sua política, aumentando o poder administrativo.
Como estava gastando pouco com a máquina militar, Amenhotep III se dedicou às artes, em seu governo houve muitas obras, muitos monumentos.
Alguns deles foram, a tumba de Yuya e Thuya no Vale dos Nobres em Tebas, o templo leste e o prédio Festival em Karnak, o terceiro pilono e um santuário para Maat, o templo de Maat em Luxor, seu templo mortuário, os Colossos de Memnon e o palácio Malkata.
Muito dos recursos para essas construções vinham do comércio exterior (ele casou-se com filhas de reis estrangeiros o que solidificou as ligações comerciais) e da mineração de ouro na Núbia. A agricultura também teve um grande desenvolvimento neste reinado.
A obra mais espetacular do faraó Amenhotep III deve ter sido seu templo em Kawn el-Hitan na margem oeste do Nilo. As duas estátuas conhecidas como Colossos de Memnon ficavam na entrada do templo, medem vinte metros e nos dão uma idéia do tamanho que esse templo deveria ter, talvez fosse a maior construção do Egito.
Infelizmente o templo foi destruído por completo e restam apenas as fundações. A construção foi feita de modo que as águas da enchente do Nilo entrassem por dentro do templo deixando de fora apenas o santuário sobre as águas. Deve ter sido alguma coisa de espetacular, mas parece que o templo não resistiu à ação das águas e ao fato do solo ser muito movediço para suportar os pesados pilares.
Este faraó teve muitas esposas e muitos filhos e filhas documentados - pelo menos dois filhos e quatro filhas. É provável que seu filho mais velho tenha morrido jovem deixando como herdeiro do trono Amenhotep IV, que ficou conhecido como Akhenaton.
Amenhotep III foi sepultado no Vale dos Reis na tumba número 22 que é uma das tumbas mais antigas do vale. Foi descoberta em 1915 por Howard Carter (descobridor da tumba de Tutankhamon), originalmente entalhada na rocha por Thutmose IV, foi usada para o funeral de Amenhotep III.
- Amenhotep IV Akhenaten
Seu nome foi mudado no sexto ano do seu reinado de Amenhotep IV para Akhenaton. O nome Akhenaton significa Glória ao disco solar.
Amenhotep IV deve ter sido o filho mais jovem de Amenhotep III e herdou o trono devido a morte do filho mais velho do faraó. Esse filho mais velho deveria ser um Thutmose e estranhamente, na tumba de Tutankhamon, foi encontrado um chicote com o nome desse príncipe.
Talvez o jovem Amenhotep tenha participado do governo do pai como co-regente, mas isso não está provado, há prós e contras.
No sexto ano de seu reinado, o faraó não só trocou seu nome como criou um novo culto, uma nova religião que tinha um único deus, Aton. Para homenagear seu deus, Akhenaton construiu toda uma cidade Akhet-Aton para onde se mudou junto com sua família e a corte. Hoje essa cidade, entre Mênfis e Tebas é chamada Tell el-Amarna.
Parece que além da própria fé, o faraó estava profundamente incomodado com o poder dos sacerdotes de Amon e esta era a oportunidade de lhes dar uma lição. Ele mandou apagar os nomes e imagens de Amon pelo Egito afora. É possível que esse tenha sido o primeiro exemplo de monoteísmo documentado.
É possível que Amenhotep III seu pai, já estivesse promovendo, aos poucos, alguns cultos solares, na tentativa de diminuir o poder dos sacerdotes de Amon e Akhenaton deve ter participado disso.
Na verdade, quando ele chegou ao trono, tomou a religião como foco principal e tentou obrigar o povo, acostumado há milênios a adorar diversos deuses, a se tornar monoteísta por decreto. É evidente que o povo continuou adorando seus deuses, apenas os sacerdotes perderam o poder.
Os templos construídos por Akhenaton para adorar seu deus, foram diferentes de tudo que já tinha sido construído no Egito até então. Os templos não possuíam teto (portanto não eram escuros), as paredes eram decoradas com cenas da vida diária em pedra calcária branca. A visão deveria ser maravilhosa, um complexo de paredes brilhantes sob a luz do sol e o céu azul do Egito.
A arte no período de Akhenaton, é chamada amarniana e é completamente diferente do estilo habitual egípcio. É uma arte tão naturalista a ponto de as figuras parecerem caricaturas.
É espantosa a maneira como o faraó é retratado, pernas e braços finos, barriga proeminente, rosto pontudo e o crânio alongado. É recorrente a pergunta se o faraó sofria de algum tipo de doença que causaria essa deformidade.
Na verdade, as figuras em geral são retratadas dessa forma, até mesmo a família do faraó, inclusive a rainha Nefertiti que, a julgar pelo busto que hoje está no Museu de Berlim, era belíssima.
O busto de Nefertiti é talvez a mais bela obra da arte egípcia e o escultor preferiu retratar a rainha da maneira tradicional.
Praticamente todos relevos de Akhenaton foram desfigurados após a sua morte e as estátuas mostram uma figura definitivamente grotesca.
Akhenaton casou com Nefertiti, filha de Ay que foi vizir de seu pai. Quando o faraó mudou seu nome, sua esposa passou a chamar-se Nefer-Nefru-Aten, Bela é a beleza de Aton. Existe uma corrente de estudiosos que defende a tese de que quando Akhenaton morreu, o faraó que lhe sucedeu, o quase desconhecido Smenkhare, na verdade foi Nefertiti (ou Nefernefruaten), que reinou para manter o poder do novo deus.
Enquanto o faraó se dedicava à religião e as artes, o império egípcio ficou nas mãos de dois homens fortes, Ay, que devia ser o sogro de Akhenaton e o general Horemheb que era casado com outra filha de Ay, Mutnodjme (irmã de Nefertiti).
Ambos se tornaram faraós e graças a eles o Egito permaneceu sob controle enquanto Akhenaton se entregava a seus interesses filosóficos e religiosos.
Após a morte de Akhenaton, houve um movimento sistemático no sentido de apagar todo e qualquer vestígio de sua presença na história do Egito. Seus monumentos foram demolidos, seu nome foi apagado, suas estátuas quebradas e nos afrescos ele foi desfigurado.
O culto a Aton acabou de imediato após a morte do faraó e os sacerdotes de Amon voltaram ao poder como antes. Um túmulo na rocha foi preparado para Akhenaton em Amarna, mas parece nunca ter sido usado. Em Tebas não há tumba com seu nome e não se sabe aonde ele foi sepultado. Seus oficiais e outros nobres foram sepultados nas tumbas em Amarna, onde existem restos do estilo amarniano de arte.
- Smenkhkare Ankkheperure-Merywaenre
Seu nome Semenkhkare-Djeserkheperu significa Aquele a quem o espírito de Ra enobreceu ou Vigorosa é a alma de Ra, Manifestações sagradas. Seu nome de trono Ankkheperure-Merywaenre significa Vivas são as manifestações de Ra.
Este foi um faraó que até hoje gera controvérsias. Alguns acreditam que Smenkhkare era Nefertiti, esposa de Akhenaton. Isso, porque, o nome Ankhkheperure é muito parecido com o nome Nefernefruaton, que era o nome de Nefertiti.
Outros acham que Smenkhkare era o irmão mais novo de Tutankhamon que reinou apenas durante pouco tempo. Também pode ter sido o irmão mais novo de Akhenaton, ou até mesmo um filho dele. Pode ter sido outra pessoa que tenha se casado com uma das filhas de Akhenaton.
O sarcófago da foto é o mais misterioso dos que estão no Museu do Cairo, foi encontrado em janeiro de 1907 na tumba KV55 por Theodore Davis e Edward Ayrton. Pode ter pertencido a Smenkare ou a Akhenaton por causa dos objetos de Amarna encontrados nesta tumba. Os cartuchos do sarcófago foram apagados e ele foi bastante castigado.
Seu reinado foi de apenas três anos, mas, foi o suficiente para abandonar a nova religião de Aton, voltando o centro do poder para Tebas e para os sacerdotes de Amon.
Vamos às teorias, se ele fosse filho de Akhenaton, não seria filho de Nefertiti, acredita-se que ela teve apenas filhas. Ele teria sido talvez, filho de uma das esposas menores, talvez de Kiya (que se acredita era a mãe de Tutankhamon). Smenkare deve ter reinado logo após a morte de Akhenaton e por muito pouco tempo, sendo logo sucedido por Tutankhamon.
Continuando nas hipóteses, ele teria se casado com Merytaton que era a filha mais velha, herdeira da linhagem, mas ela deve ter morrido cedo. Assim quem passou a herdeira oficial foi Ankhesenpaton que casou com o jovem Tutankhamon.
Smenkhkare e Merytaton são mostrados juntos na tumba de Meryre II em Amarna e também num relevo em Mênfis.
Ainda no campo das hipóteses, caso depois da morte de Akhenaton, Nefertiti tivesse assumido como co-regente, a Estela de Co-regência, um fragmento encontrado em Amarna, poderia atestar a credibilidade dessa hipótese.
Originalmente, a Estela mostra três figuras, identificadas como Akhenaton, Nefertiti e a princesa Merytaton. Porém mais tarde, o nome de Nefertiti foi arrancado e no lugar foi colocado o nome do Faraó Ankhkheperure Neferneferuaton, e o nome da princesa foi trocado pelo da terceira filha de Akhenaton e Nefertiti, Ankhesenpaaton.
A troca do nome da filha sugere que Merytaton faleceu antes do final do reinado de Akhenaton.
Outra das controvérsias diz respeito à crença de que Merytaton não morreu jovem e sim que sobreviveu ao seu marido e foi co-regente dele sob o nome de Ankhetkheperure, que é o último nome de trono do seu marido na forma feminina.
Acredita-se que Smenkhkare faleceu por volta dos vinte e cinco anos de causas desconhecidas. Na tumba de número 55 do Vale dos Reis havia a múmia de um homem falecido por volta de vinte e seis anos, que mostrava sinais de hidrocefalia e poderia ser a múmia de Akhenaton (que nunca foi encontrada).
Apesar das evidências o Museu do Cairo insiste em que essa múmia é Smenkhkare. Na verdade, Akhenaton reinou pelo menos por dezessete anos e não poderia ter morrido tão jovem, se é verdade que a múmia possuía apenas vinte e seis anos quando morreu.
- Tutankhamun Nebkheperure
Seu nome significa Imagem viva de Amon. Seu nome de trono Nebkheperure O senhor das manifestações é Ra.
Esse faraó dispensa apresentações porque é o mais famoso de todos os tempos, desde que Howard Carter encontrou sua tumba em 1922. Nunca antes ou depois deste, foi encontrado tamanho tesouro, em todos os sentidos. Não só pelos valores materiais, mas principalmente porque através dos objetos encontrados se pode ter uma visão de todos os aspectos da vida na época.
Além de tudo isso, é quase impossível imaginar o que um faraó de grande importância teria levado para sua tumba, porque afinal, Tutankhamon reinou por apenas nove anos e ninguém ia perceber sua falta se não fosse encontrado intacto seu túmulo.
Na realidade esse foi um faraó pouco conhecido que era apenas um menino ao assumir o trono e jovem ainda quando faleceu. Tutankhamon é mais conhecido por ter retomado o culto a Amon e conseqüentemente ter dado novamente grande poder aos sacerdotes. Ele reabriu os templos de Amon e as suas obras que conhecemos, foram adições aos templos de Luxor e de Karnak.
As relações entre Akhenaton, Smenkhkare e o faraó Tutankhamon são desconhecidas. É possível que Tutankhamon fosse filho de Akhenaton e Nefertiti ou talvez irmão de Akhenaton, pode ter sido um parente ou sobrinho, pode ter sido filho de Smenkhkare. Enfim há muitas possibilidades e nenhuma certeza.
Originalmente seu nome era Tutankhaton e ele deve ter sido criado em Amarna. Após a morte de Akhenaton, ele mudou seu nome para Tutankhamon. Evidentemente ele mesmo não tomou essa atitude e sim seus conselheiros, porque ele era uma criança que foi coroada aos nove anos de idade.
Portanto, se assume que quem governou o Egito nessa época foram provavelmente Ay e Horemheb, como conselheiros do faraó menino. Talvez seja por esse motivo que o faraó Tutankhamon não está registrado nas listas de reis. Horemheb usurpou a maior parte do que havia em nome do faraó, inclusive a Estela da Restauração (sobre a restauração da antiga religião).
Tutankhamon morreu com dezesseis ou dezessete anos e dizem que foi assassinado. Nada disso está provado e portanto tudo é especulação.
A famosa tumba de Tutankhamon a de número 62 no Vale dos Reis que foi encontrada cheia de maravilhosos tesouros além da múmia do faraó, não era sua tumba original. A original era a de número 23, mas não estava pronta quando ele morreu, então ele foi sepultado na 62, que era antes, um local para armazenamento.
Entre as coisas encontradas na sua tumba havia dois pequeninos caixões contendo dois fetos mumificados que se presume fossem filhos do faraó nascidos prematuros. Ele não deixou herdeiros.
O que ocorreu de muito estranho foi que, após a morte de Tutankhamon, sua esposa, Ankhesenamun escreveu ao rei dos Hititas pedindo que enviasse um filho seu para casar com ela. O rei não acreditou em coisa tão espantosa, e até averiguar a verdade e mandar o filho, a história já era conhecida, de modo que o rapaz foi morto logo na fronteira pois tanto Ay quanto Horemheb tinham todos os motivos para não desejarem esse casamento.
Parece que ela foi obrigada a casar-se com Ay (que já era bem velho, provavelmente era pai de Nefertiti) e logo depois não existe mais nada que fale sobre a rainha. Talvez pelo fato de ter escrito aos hititas ela tenha caído em desgraça com o novo faraó. Mas foi assim que Ay se tornou legalmente o faraó.
- Ay Kheperkheperure-Irimaat
Seu nome Itinetjer-Aja significa Pai do deus, Ai. Seu nome de trono Kheperkheperure-Irimaat significa Eternas são as manifestações de Ra.
Quando Tutankhamon faleceu talvez com dezessete anos, um dos seus conselheiros, chamado Ay, casou-se com a jovem viúva do faraó menino o que tornou possível sua subida ao trono.
Existem muitas hipóteses e muitas suspeitas atuais de que esse senhor já idoso (deveria ter setenta anos), que talvez tenha sido tio de Tutankhamon, seja o responsável pela morte do jovem faraó. E, ainda que não tenha sido, pelo menos é muito suspeito o fato da viúva do rei Tut ter pedido um marido aos hititas e após o seu casamento com Ay, ter desaparecido da história.
Ay pode ter sido sem escrúpulos, pode ter sido o assassino do faraó Tut, pode ter obrigado sua viúva ainda menina a casar-se com ele, mas também pode ter sido dentre aqueles que disputavam o trono, o mais qualificado ou o mais esperto. Isso possivelmente jamais saberemos.
Ele era militar e foi vizir e chanceler de Akhenaton.
Sua tumba no Vale dos Reis, de número 23, descoberta por Belzoni em 1816, é parecida em tudo com a de Tutankhamon, inclusive a pintura dos 12 macacos (babuínos) simbolizando as horas noturnas, é igual.
A múmia de Ay não foi encontrada.
É muito possível que, tanto a tumba de Ay (cujo sarcófago estava destruído, sua imagem desfigurada e seu nome arrancado das paredes e dos textos) quanto seus outros monumentos tenham sido modificados por Horemheb que lhe sucedeu no trono.
- Horemheb Djeserkheperure Setepenre
Seu nome significa Hórus está em júbilo. Seu nome de trono, Sagradas são as manifestações de Ra, Escolhido de Ra.
Sabe-se que ele era originário de Heracleópolis perto do Fayum. No reinado de Amenhotep III ele já era um oficial do exército e mais tarde, sob Akhenaton foi o Grande Comandante do Exército.
No reinado do faraó Tutankhamon ele foi regente e conselheiro e subiu ao trono após o breve reinado de Ay.
É possível que quando Ay subiu ao trono, Horemheb estivesse fora do país em alguma campanha militar e por isso não conseguiu se tornar faraó. Independente de o faraó Tut ter sido assassinado ou não, o fato é que a oportunidade de casar com a viúva do faraó interessava aos dois, tanto Ay quanto Horemheb desejavam o trono.
Horemheb deve ter sido um homem ambicioso e dedicado, porque assim que Ay faleceu ele se declarou faraó.
Sua estátua de coroação (em Turim) conta como o deus Hórus o elevou ao trono. Na Estela de Turim está registrado como ele se preparou para ser faraó, como conselheiro e príncipe regente de Tutankhamon.
Seu objetivo como faraó foi colocar o país de volta nos trilhos após uma fase de governantes fracos que começou com Akhenaton.
Para isso ele devolveu as propriedades dos templos e as terras dos nobres, mas punia com a morte aqueles que roubassem dos pobres ou se apropriassem de suas terras.
Para consolidar seu poder, casou com Mutnodjmet, cantora de Amon e talvez irmã de Nefertiti.
Fez campanhas militares, ele era general desde que Tutankhamon era faraó, tanto na Núbia quanto na Síria.
Construiu alguns monumentos mas usurpou a maior parte, tanto de Tutankhamon como de faraós anteriores a ele. Parece que Horemheb se dedicou a destruir tudo aquilo que tivesse ligação com o período de Amarna e Akhenaton, destruindo os templos tanto do faraó quanto do deus Aton, assim como apagou os nomes de Akhenaton, Nefertiti e Tutankhamon de todos os lugares que pode. É possível que tenha sido ele também a apagar os nomes de Ay.
Horemheb não tinha herdeiros, portanto antes de falecer designou seu chefe militar, Paramessu como seu sucessor.
Quando foi conselheiro de Tutankhamon, Horemheb havia construído uma tumba em Saqqara, mas após sua coroação resolveu construir outra, no Vale dos Reis. Sua tumba tem o número 57 do Vale. Ele usurpou também o templo mortuário de Ay em Medinet Abu.
A tumba de Horemheb foi descoberta entre 1907/08 por Theodore Davis e embora algumas colunas estivessem quebradas, a decoração estava em boas condições. Havia ossos dentro da tumba e alguns ainda dentro do sarcófago, muitos foram jogados em outras câmaras. As múmias de Horemheb e de sua rainha não foram encontradas no cache junto com outros faraós, portanto é possível que os ossos pertençam aos donos da tumba.
Todo o equipamento mortuário que não foi roubado, estava destruído, quebrado e espalhado pela tumba.
Os restos de pedra e terra eram os originais de quando a tumba foi escavada, mas parece que quando Horemheb morreu ela não havia sido terminada. Grande parte da decoração está em esboços e a maior parte da tumba, os corredores foram apenas pintados de branco. A parte que foi terminada é de grande beleza.