Civilização Egípcia/O clima e o rio
Sendo o Egito cortado pelo rio Nilo no sentido sul-norte, observa-se a formação de duas regiões: o Vale, estreita faixa de terra cultivável, apertada entre desertos denominada Alto Egito; e o Delta, em forma de leque, com maior extensão de terras aráveis, pastos e pântanos, denominado Baixo Egito.
A queda de chuvas no vale do Nilo é quase nula, portanto, se dependesse das chuvas, ali não poderia haver agricultura, mas é por causa rio Nilo que o Egito ficou fértil e mais desenvolvido.
Talvez o Egito não tenha sido sempre uma terra tão quente, mas, mesmo assim, o calor seria predominante, o clima é quente e seco. É possível que no período de formação do Egito, ainda houvesse facilidade de contato com as regiões vizinhas porque a desertificação do Saara ainda não estava completa. No terceiro e quarto milênios, o deserto se expandiu e de alguma forma protegeu o povo que vivia no vale do Nilo.
O rio que nutre o solo egípcio e permite as plantações e a vida foi determinante para seu desenvolvimento.
O rio Nilo é formado por três rios: o Nilo Branco, o Nilo Azul e o rio Atbara. Considera-se que o rio Nilo tem origem no Lago Vitória no Grande Vale do Rift (África Oriental). De lá ele sai com o nome de Nilo Branco.
O Nilo Azul nasce na Etiópia e se encontra com o Nilo Branco em Cartum (capital do Sudão). Ao norte de Cartum ele recebe seu último grande afluente: o rio Atbara.
Assim ele segue atravessando a Núbia e o Egito. Nos tempos antigos havia sete bocas do rio no delta, desaguando no mar Mediterrâneo.
Esse era o portentoso rio, que, para os povos que viviam às suas margens, era um verdadeiro deus, por eles chamado Hapi.
Na realidade, da junção entre o sol e o rio Nilo é que nasce a prosperidade e por isso ambos eram vistos como deuses.
O rio enche e inunda as terras com as águas carregadas de aluviões e o sol se encarrega de secar o excesso para que a vegetação possa renascer luxuriante.
Por esse motivo, o vale do Nilo era chamado de terra negra ou kemet. O oposto era o deserto, a terra vermelha ou deshret.
Afinal os egípcios não precisavam pedir aos deuses pela chuva, o rio-deus proporcionava a água e o adubo necessários para as plantações e a terra negra era a alegria dos deuses e dos homens. Já a terra vermelha deveria ser evitada, era o deserto com um vento abrasador que secava os campos e era consagrada ao deus Set.
As terras fertilizadas pelas cheias do Nilo eram usadas para plantar, principalmente linho, cevada e trigo.
E aqui entram as tão famosas palavras de Heródoto, o grande historiador grego:
Se a cheia anual fosse muito grande, causava destruição. Se fosse muito baixa, alagaria pouca extensão de terras, pouca terra para semear é sinônimo de pouco alimento. Se por vários anos a cheia fosse baixa, havia fome.
Então, embora sendo de fato uma dádiva, o Nilo não prescinde da mão do homem.
No momento em que os homens começam a dominar o rio, controlando a cheia anual, construindo diques, os nilômetros que serviam para medir o nível das cheias e reservatórios, pondo em prática o trabalho comum para o bem de todos, com a cooperação e a organização são lançadas as bases da grande civilização egípcia, o povo que construiu um império que dominou sua época e que até hoje desperta curiosidade e paixão.