Civilização Egípcia/Segundo período intermediário/Dinastias do segundo período intermediário
Faraós da Décima Quarta Dinastia
editarO Cânone de Turim começa com Nehesi, mas provavelmente outros reis governaram antes dele e não estão registrados no papiro. A 14ª Dinastia, conviveu com a 13ª e possivelmente com a 15ª, na confusão que foi o segundo período intermediário.
- Nehesi
Parece ser o único rei dessa dinastia que foi registrado.
Existem alguns artefatos que datam de seu reinado, incluindo um obelisco no templo de Seth a nordeste da cidade de Raahu, duas estelas em Tel Habwe, uma coluna em Tanis com o nome de sua mãe e um certo número de selos escaravelhos com seu nome.
Não se entende porque o nome Nehesi significa Núbio na língua egípcia. Talvez ele fosse nascido na Núbia, e isso não seria de se estranhar porque no exército egípcio havia um grande contingente de núbios.
Na verdade, embora os faraós de dinastias anteriores vivessem lutando contra o povo núbio, os homens núbios que se engajaram no exército egípcio eram guerreiros fortes e corajosos, chamados Medjay ou Medjai eram arqueiros temíveis, sempre lutando na linha de frente das batalhas.
Além disso, os núbios tinham grande admiração pela civilização egípcia e a preservaram dentro do possível, como vamos ver bem mais tarde.
- Khatire
- Nebfaure
- Sehabre
- Meridjefare
- Sewadjkare
- Heribre
- Sankhibre
- Kanefertemre
- Neferibre
- Ankhkare, ...
Faraós da Décima Quinta Dinastia
editarEssa dinastia deve ter existido paralelamente à 14ª e é a dinastia dos Hicsos, os reis estrangeiros.
- Salitis
Foi o primeiro rei da 15ª Dinastia. Ele também foi chamado de Shaek ou Sultão.
Foi ele o fundador das dinastias governadas pelos estrangeiros ou hicsos. Mâneton diz que durante a 13ª Dinastia esse hicso já vinha conquistando nomos e estabelecendo seu poder no Delta, ainda que seu povo fosse apenas visto como uns nômades se estabelecendo nas terras férteis do Egito.
O fato é que Salitis capturou Mênfis e se estabeleceu como um poderoso governante. Ele escolheu Avaris como sua capital e seu povo reinou no Egito por mais de um século.
Existem poucos registros de seu reinado, apenas três blocos de pedra tirados de monumentos maiores, onde seu nome está inscrito, associado ao seu nome de trono que era Se-kha-en-Re.
- Bnon ou Sheshi
Esse foi um rei obscuro e há dúvidas de onde colocá-lo, alguns egiptólogos preferem que ele fique na 14ª Dinastia. Mas, nada comprova quando e quanto tempo governou.
Foram encontrados centenas de selos com o nome desse rei e isso é tudo o que se sabe dele.
- Apachnan ou Yakubher
É outro rei obscuro que pode pertencer ou não a essa dinastia.
Seu nome parece aramaico e relacionado a Jacob, com esse nome foram encontrados alguns selos escaravelhos no Egito, uns poucos foram encontrados na Palestina e apenas um na Núbia.
A única menção a seu nome é uma lista de reis escrita mais de um milênio depois de sua morte.
- Khyan
Como os outros reis, esse também está colocado nessa dinastia mas, isso é discutível.
Ele parece ter sido um grande governante, talvez um dos maiores entre os estrangeiros, porque seu nome foi encontrado nas costas do Mar Mediterrâneo e em Creta.
Artefatos e selos com seu nome foram achados em Knossos (Creta), em Bogaskoi (capital do reino Hitita) e nas montanhas ao norte da atual Turquia.
Em geral o titulo que acompanha seu nome é Governante das terras estrangeiras.
- Apophis(Auserre Apepi)
O nome deste rei é mais conhecido em sua forma grega Apophis.
Parece que esse nome foi tirado do deus Apep ou Apófis (que era a serpente poderosa e indestrutível e representa as forças do mal).
Consta que ele era um homem bem educado e muito envolvido com os costumes egípcios.
Apophis reinou durante o mesmo período que os reis de Tebas.
Conta a lenda que foi ele quem provocou a guerra com o Príncipe de Tebas, Tao II, escrevendo uma carta em que reclamava que ronco dos hipopótamos do lago sagrado de Tao não o deixavam dormir (há muitas milhas de distância).
Insultado, o Príncipe tebano imediatamente partiu para a guerra. E esse foi o inicio da luta sem tréguas para expulsão dos estrangeiros.
Se isto é verdade, provavelmente Apophis não desejava chegar a tal ponto. Ele certamente desejava impor sua autoridade aos orgulhosos tebanos, descendentes diretos da linhagem real.
Essa história foi encontrada no Papiro Sallier I da coleção do Museu Britânico, que leva o número 10185. Foi escrito em hierático e está datada do reinado de Merenptah, o quarto rei da 19ª dinastia.
Infelizmente o papiro está muito estragado e há muitas lacunas até que termina repentinamente na terceira linha da terceira página. De qualquer maneira a história é muito interessante do ponto de vista histórico.
Também no Museu Britânico há o chamado Rhind Mathematical Papyrus, onde o copista anota que está escrevendo no ano 33 do reinado de Apophis, e está fazendo uma cópia de um original da 12ª Dinastia.
Do outro lado do Papiro ele menciona o ano 11 com uma referência da tomada de algumas cidades egípcias. Provavelmente se refere ao inicio da guerra entre egípcios e hicsos antes do começo do Novo Império. Mas isso não é uma certeza,
Esse papiro foi adquirido pelo advogado escocês A.H.Rhind durante sua estada em Tebas em 1850.
- Khamudi
Foi o último dos grandes reis hicsos.
Ahmose atacou o Delta mais ou menos no ano 11 do reinado de Khamudi e capturou a cidade de Iunu ou Iunet Mehet O Pilar ou Pilar do Norte (Heliópolis).
No ano seguinte o rei hicso tentou negociar a retirada de Avaris, mas o exército egípcio tendo à frente Ahmose (filho de Tao II e irmão de Kamose) os expulsou do Egito, através do Delta.
Khamudi se deslocou com seu povo para a costa da Palestina tentando fugir dos egípcios. Mas, o exército egípcio os perseguiu através da Estrada Hórus (Horus Road), que era o caminho para a Palestina e a Síria.
Os egípcios mantiveram as batalhas na área para evitar a volta dos estrangeiros. Isso continuou até a 18ª Dinastia, porque seu primeiro faraó foi justamente Ahmose que ao final expulsou definitivamente os hicsos e deles não mais se ouviu falar.
Khamudi é mencionado no Cânone de Turim e deixou um obelisco em Avaris.
Faraós da Décima Sexta Dinastia
editar- Anat-Her
O nome deste rei parece ser de origem canaanita.
Nada se sabe sobre ele, nem mesmo em que dinastia colocá-lo. É provável que ele ocupe a falha que existe no Cânone de Turim, onde há nomes parecidos como Yakim e Aper-Anati.
- User-anat
Anat é poderoso. É possível que fosse um príncipe do sul da Palestina.
- Semqen
- Zaket
- Wasa
- Qar
- Pepi III
- Bebankh
- Nebmaatre
- Nikare II
- Aahotepre
- Aaneterire
- Nubankhre
- Nubuserre
- Khauserre
- Khamure
- Jacob-Baal
- Yakbam
Este é outro rei com um nome que não é egípcio. Parece um nome amorita.
Embora não esteja na lista de Mâneton, seu nome de trono era Sekhaenre e existem algumas centenas de selos escaravelhos com seu nome.
Talvez ele caiba na falha do papiro de Turim entre outros cinco reis, sendo que três estão faltando.
- Yoam
- Amu, ...
Faraós da Décima Sétima Dinastia
editar- Inyotef V Nubkkheperre
Esse rei as vezes chamado Inyotef VI, é muito pouco conhecido exceto por ter deixado uma pirâmide na margem próxima ao templo de Karnak em Tebas.
Aliás dois reis Inyotef (Inyotef V e Inyotef VI) deixaram esse tipo de pirâmide, parecidas com as da 4ª Dinastia.
- Rahotep
- Sobekemsaf I
- Djehuti
- Mentuhotep VII
- Nebirau I
- Nebirau II
- Semenenre
- Suserenre
- Sobekemsaf II
Esse rei deixou uma pequena estátua, muitas inscrições nas rochas, uma estela e dois pequenos obeliscos (um está desaparecido e o outro está no Museu do Cairo).
Sua tumba foi encontrada em Tebas e de acordo com os documentos da 20ª Dinastia, os ladrões de tumbas lá entraram e encontrando o túmulo intacto tudo roubaram e nada deixaram para trás.
- Inyotef VI
Chamado Inyotef O velho. É conhecido apenas pelos itens encontrados em sua tumba, em Dra´a Abu el-Naga, Tebas, e que hoje estão no Museu Britânico.
A tumba foi cortada na rocha mas havia um pátio com uma pequena pirâmide. Dois obeliscos que pertenciam à tumba, foram perdidos no rio Nilo ao serem transportados.
Seu nome está registrado em diversas estruturas em Abidos.
- Inyotef VII
Sucedeu Inyotef VI, talvez fosse seu irmão e governou por menos de um ano.
É possível que tenha sido assassinado durante seu reinado.
- Tao I Seakhtre
Ele reinou por no máximo um ano e há muito pouco sobre ele. Somente uns poucos itens como um selo encontrado em Dra´a Abu el-Naga (provavelmente onde ele foi sepultado), seu nome de trono escrito em um cartucho numa mesa de oferendas, e um relevo do rei encontrado numa tumba em Tebas.
Sua esposa foi Tetisheri, uma das grandes mulheres do Egito, conhecida como a Mãe do Novo Império porque ela e seu marido foram os pais de Tao II e avós dos grandes guerreiros que livraram o Egito da dominação dos hicsos, Kamose e Ahmose.
- Tao II Sekenenre
Tao II foi o príncipe que tomou a atitude de lutar contra o povo estrangeiro, os hicsos, que dominava parte do Egito.
É conhecido por se lançar na guerra por causa de um insulto do rei hicso. Apophis o hicso, reclamou dos roncos dos hipopótamos no lago sagrado de Tebas (há milhas de distância).
Tao II morreu em batalha e sua múmia foi encontrada em Tebas de modo que se pode observar os golpes que ele sofreu. Seu crânio, coluna e costelas estavam fraturados.
Sua rainha, Aahotep, também foi famosa e em sua tumba foram encontradas as moscas de ouro, prêmio por bravura em luta, e muitas armas.
- Kamose Wadjkheperre
Seu pai era Tao II e sua mãe a rainha Aahotep, seu irmão era Ahmose I.
Quando seu pai morreu na guerra, Kamose tomou as rédeas e comandou o exército sobre os estrangeiros fazendo com que eles recuassem.
Paralelamente à luta no norte, Kamose também lutou no sul contra os kushitas.
Duas inscrições em pedra encontradas na Núbia, trazem os nomes de Kamose e Ahmose lado a lado e com certeza foram escritas ao mesmo tempo e pela mesma pessoa. Podemos concluir que os irmãos reinaram juntos como co-regentes, pelo menos na época dessa inscrição.
Não se sabe se Kamose morreu em alguma das batalhas em que estava engajado, mas certamente não teve tempo de completar seu túmulo.
A múmia de Kamose é mencionada no Abbott Papyrus, que registra os roubos de tumbas, escrito durante o reinado de Ramsés IX.
Lá está que, a tumba de Kamose estava em bom estado mas a múmia tinha sido removida.
De fato ela foi descoberta em 1857 em Dra´a Abu Naga, num caixão pintado, aparentemente escondida numa pilha de escombros. Infelizmente parece que a múmia estava em mau estado, mas foi sepultada com uma adaga de ouro e prata, amuletos, um escaravelho,um bracelete, um espelho de bronze e um peitoral na forma de um cartucho com o nome de seu sucessor e irmão Ahmose.
O caixão ficou no Egito, a adaga em Bruxelas e o peitoral, o bracelete e o espelho estão no Louvre, Paris.
O nome do faraó inscrito no caixão só foi reconhecido cinqüenta anos após a descoberta, quando então, a múmia abandonada sob os escombros já tinha desaparecido.