Civilização Tupi-Guarani/História (Segunda Parte)

A partir do final do século XIX, começou a ocorrer a migração de tribos guaranis do sul da América do Sul para o litoral brasileiro, num processo que continua até hoje[1][2]. Isso resultou na legalização de alguns territórios indígenas guaranis no sudeste brasileiro, como a Aldeia Krukutu e o Território Tenondé Porá, na cidade de São Paulo[3] e as aldeias de Sapukai, Parati-mirim, Araponga, Saco de Mamonguá e Rio Pequeno, no litoral oeste do estado do Rio de Janeiro[4].

"A Carioca", quadro de Pedro Américo de 1882
Brasão de Niterói, com o ano da adoção do seu nome tupi: 1835
Gonçalves Dias
Cartaz da ópera "O Guarani", de Carlos Gomes, baseada no livro homônimo de José de Alencar
Iracema, quadro de 1884 de José Maria de Medeiros
Estátua de Iracema na Lagoa da Mecejana, em Fortaleza, no Ceará, no Brasil
Armadilha de caça inventada pelos índios xetás
Assunção, capital do Paraguai
Menina guarani da etnia embiá. A etnia embiá é a principal etnia guarani presente atualmente no litoral brasileiro.
Lima Barreto
Tarsila do Amaral
Oswald de Andrade
Praça de Gertrudis Bocanegra, em Pátzcuaro, em Michoacán, no México. A cidade foi o palco do encontro indígena que resultou na criação do dia do índio, em 1940.
Brasão do município paulista de Ubirajara
Índios tupiniquins protestando em 2008 contra plantação de eucalipto em terra indígena no Espírito Santo, no Brasil
Cataratas do Iguaçu: cenário do filme The mission
Paulo César Saraceni, que dirigiu o filme brasileiro "Anchieta"
Ney Latorraca, que interpretou Anchieta no filme
Sede do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai
Em vermelho, países nos quais o guarani é falado. Em grená, o Paraguai, país no qual o guarani é idioma oficial.
Logotipo da Viquipetã, a Wikipédia em língua guarani
Brasão de São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas onde o nheengatu é língua oficial
Regiões ocupadas pelos índios tupinambás de Olivença, no estado brasileiro da Baía
Família guarani em Mato Grosso do Sul
Bandeira de Tacuru, no Mato Grosso do Sul

Em 1910, foi criado o primeiro órgão do governo brasileiro voltado para a questão indígena: o Serviço de Proteção ao Índio. Em 1911, o escritor brasileiro Lima Barreto lançou a obra "Triste Fim de Policarpo Quaresma", onde o protagonista propunha alterar o idioma oficial brasileiro do português para o tupi, argumentando que o tupi era o verdadeiro idioma brasileiro: o português seria um idioma emprestado dos portugueses, o que implicaria na eterna subserviência brasileira aos gramáticos portugueses. Na obra, o personagem era ridicularizado como sendo um louco visionário e internado num hospício.

Em 1920, ocorreu uma adaptação do romance "O Guarani" para o cinema[5]. Na década de 1920, o movimento artístico modernista no Brasil se interessou pela cultura indígena brasileira como uma expressão da mais autêntica cultura brasileira. Exemplos desse interesse modernista pela cultura indígena são: o quadro Abaporu (termo em tupi que significa "homem que come gente"), pintado em 1928 pela pintora Tarsila do Amaral e que é, atualmente, o mais caro quadro de pintor brasileiro; a famosa frase do escritor Oswald de Andrade, tupi or not tupi: that's the question ("tupi ou não tupi: essa é a questão"), que está presente na sua obra "Manifesto Antropófago", de 1928 e a epopeia amazônica do escritor Raul Bopp, "Cobra Norato", lançada em 1931[6].

Em 19 de abril de 1940, índios de todo o continente americano se reuniram na cidade mexicana de Pátzcuaro para debater a situação dos povos indígenas americanos. Desde então, a data passou a ser comemorada como o dia do índio[7]. Em 1943, o município de Pau Gigante, no estado brasileiro do Espírito Santo, mudou seu nome para sua tradução em língua tupi: Ibiraçu[8].

Em 1944, o distrito de Caçador, no município de São Pedro do Turvo, em São Paulo, no Brasil, mudou sua denominação para "Ubirajara", título da obra de José de Alencar e que significa, traduzido do tupi, "senhor da lança"[9][10]. Atualmente, o distrito é um município independente. Em 1949, ocorreu uma adaptação de "Iracema" para o cinema[11].

Em meados do século XX, os índios xetás, povo indígena com trezentos indivíduos no noroeste do estado brasileiro do Paraná, foram contactados pela primeira vez por não índios. A brutal perseguição desencadeada pelos não índios resultou no quase extermínio dos xetás. Atualmente, restam poucos indivíduos pertencentes à etnia, distribuídos entre os estados brasileiros de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Existe um projeto do governo paranaense para reagrupar os xetás remanescentes em uma propriedade rural em Umuarama, no Paraná[12].

Em 1961, os irmãos Villas Bôas conseguiram reservar uma grande área no estado de Mato Grosso para uso exclusivo dos índios: o Parque do Xingu.[13] Entre as etnias presentes no parque, estão os camaiurás, os caiabis, os iudjas e os auetis, todas pertencentes ao tronco linguístico tupi.[14] Em 1967, a empresa de fabricação de papel e celulose Aracruz comprou uma área no estado brasileiro do Espírito Santo para plantar eucalipto. A área era reivindicada por índios guaranis e tupiniquins. A disputa judicial continua até hoje, com ocorrência de episódios violentos.[15] No mesmo ano, o Serviço de Proteção ao Índio, devido a irregularidades administrativas, foi substituído pela Fundação Nacional do Índio.

Em 1969, os paiter-suruís do estado brasileiro de Rondônia contactaram, pela primeira vez, representantes da Fundação Nacional do Índio. Ameaçados por invasões de fazendeiros e de seringalistas e atingidos por uma epidemia de sarampo, os paiter-suruís, a partir de então, passaram a contar com assistência médica do governo federal, bem como passaram a reivindicar a demarcação de suas terras.[16] Em 1970, estreou o filme brasileiro "Como Era Gostoso o Meu Francês", baseado nos relatos de Hans Staden e Jean de Léry sobre os índios tupis brasileiros do século XVI. O filme, reproduzindo os idiomas dos fatos históricos, era falado em português, em francês e em tupi.

Em 1976, foi lançada uma versão para os cinemas do romance Iracema com Helena Ramos no papel principal[17]. Em 1978, foi lançado o filme brasileiro "Anchieta - José do Brasil", dirigido por Paulo César Saraceni. O filme narrava a vida do padre jesuíta José de Anchieta e contava com diálogos em tupi[18]. Em 1979, o diretor Fauzi Mansur lançou mais uma versão para os cinemas do romance O Guarani. Na década de 1980, ocorreu o primeiro contato oficial dos índios zoés com o homem branco. Os índios zoés vivem no Estado brasileiro do Pará, no município de Óbidos. Foi, talvez, a última vez que um grupo macrotupi isolado entrou em contato com o homem branco. Istou gerou iniciativas do governo brasileiro no sentido de estudar a cultura zoé e, ao mesmo tempo, de protegê-la de influências culturais externas que corrompessem sua pureza e sua originalidade[19].

Em 1985, foi lançado o filme brasileiro "Avaeté - Semente da Vingança", que se baseava no episódio real do massacre dos índios cintas-largas no noroeste do estado brasileiro de Mato Grosso[20]. Para interpretar os papéis indígenas, o filme utilizou índios da etnia rikbaktsa, que não pertencem ao tronco linguístico tupi, mas sim ao tronco macro-jê[21]. Em 1986, estreou o filme inglês The Mission ("A Missão"), que retratava o episódio histórico das Guerras Guaraníticas. O filme ganhou a palma de ouro no Festival de Cannnes e o oscar de fotografia[22].

Em 1989, o norte do estado brasileiro de Goiás se emancipou, adquirindo o nome de "Tocantins". O nome era inspirado no principal rio do novo estado, nome que, traduzido do tupi, significa "bico de tucano", de tukana (tucano) e tim (bico, nariz). O nome do rio é uma referência aos índios tocantins, que habitavam o atual estado do Pará quando os portugueses aí chegaram.[23] O brasão do novo estado também contém uma referência à cultura tupi: em vez dos costumeiros lemas em latim das bandeiras, o lema inscrito no brasão do novo estado é escrito em língua tupi. O lema é co yvy ore retama, que significa "esta terra é nosso país".

Em 1991, o guarani adquiriu o status de língua oficial do Paraguai. Vale ressaltar, no entanto, que o guarani paraguaio sofreu muita influência da língua castelhana, diferenciando-se em vários aspectos do guarani falado pelos índios. Em graus mais extremos de mescla, o guarani paraguaio deu origem a uma língua mista chamada "jopará". Em 1995, o guarani adquiriu a condição de língua histórica do Mercosul devido à sua importância na formação dos países constituintes do bloco econômico. Em 2006, o guarani tornou-se língua oficial do Mercosul, juntando-se ao português e ao castelhano[24].

Em 1996, mais uma adaptação do romance "O Guarani" foi lançada nos cinemas: desta vez, pela diretora brasileira Norma Bengell[25]. Em 1999, estreou o filme luso-brasileiro "Hans Staden", narrando a passagem do mercenário alemão Hans Staden entre os índios tupis brasileiros do século XVI. Foi, talvez, o primeiro filme onde quase todos os diálogos eram falados em tupi. Em 2002, o município brasileiro de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, declarou três línguas indígenas como línguas oficiais do município, juntamente com o português. Entre elas, o nheengatu[26].

A partir de 2004, fazendas do sul do estado brasileiro da Baía, na região da Serra do Padeiro, nos municípios de Una, Ilhéus e Buerarema, começaram a ser invadidas por descendentes de índios tupinambás, que reivindicavam o direito à posse da terra. A violência dos confrontos obrigou a intervenção do governo federal. De um lado, os invasores defendiam que tinham o direito à terra que era anteriormente ocupada por seus ancestrais. De outro lado, os fazendeiros argumentavam que a ascendência indígena dos invasores era falsa[27][28][29].

No mesmo ano, o professor brasileiro Eduardo de Almeida Navarro lançou um método moderno de aprendizagem da língua tupi antiga, o "Método Moderno de Tupi Antigo".[30] Em 2008, índios guaranis procedentes de Parati, no estado brasileiro do Rio de Janeiro, ocuparam uma área com restos arqueológicos indígenas na Praia de Camboinhas, em Niterói, no estado brasileiro do Rio de Janeiro. Após um incêndio criminoso, a aldeia foi reconstruída sob o nome de Tekoá MBoy-ty (traduzido do guarani, significa "Aldeia de Sementes")[31].

Em 2009, foi lançada a versão em língua guarani da Wikipédia[32]. Em 2010, o município de Tacuru, no extremo sul do estado brasileiro do Mato Grosso do Sul, oficializou o guarani como idioma oficial do município junto com o português[33]. No mesmo ano, índios guaranis caiouás da aldeia Pirajuí invadiram a fazenda São Luís, em Paranhos, no oeste do estado brasileiro de Mato Grosso do Sul, reivindicando a terra que haveria pertencido a seus ancestrais. O ministério público e a polícia federal brasileiros intervieram no caso, buscando uma conciliação entre as partes envolvidas.[34] Em 28 de dezembro de 2010, o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais inaugurou, no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, em Cachoeira Paulista, o supercomputador Tupã. O nome é uma referência ao deus tupi do trovão. O computador é o terceiro maior do mundo em previsão operacional de tempo e clima sazonal.[35]

Em 2011, na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais Militares no Rio de Janeiro, no Brasil, o privilégio de hastear a bandeira brasileira coube à tenente Silvia Wajãpi. A tenente, cuja etnia wajãpi fala uma língua do tronco tupi e habita a fronteira entre Brasil e Guiana Francesa, foi a primeira indígena brasileira a se formar como oficial das forças armadas brasileiras[36][37]. No mesmo ano, a luta indígena do huka-huka, que é praticada pelas tribos que habitam o Parque do Xingu, no estado brasileiro do Mato Grosso, entre elas a tribo dos camaiurás, que fala uma língua do tronco tupi, começou a ser ensinada a policiais militares do estado brasileiro de São Paulo, tanto como método de defesa pessoal quanto como instrumento de fortalecimento do patriotismo dos policiais. Isso, devido ao fato de o huka-huka ser uma das únicas artes marciais genuinamente brasileiras[38]. E o exército brasileiro começou a receber as primeiras unidades do veículo blindado Guarani. O nome é uma homenagem à famosa tribo tupi[39].

Em 2012, foi lançado o filme brasileiro "Xingu", retratando a vida dos irmãos Villas Bôas e a criação do Parque do Xingu, em 1961. Tiveram participação destacada no filme, tanto no enredo quanto como atores, os índios caiabis.[40] Em 2013, o professor Eduardo Navarro lançou o "Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil".[41] Foi lançada a minissérie franco-canadense-brasileira Rouge Brésil, narrando os episódios da França Antártica, no século 16.[42]

Referências

  1. http://www.ubatuba.com.br/indios.asp
  2. http://www.tekoamboytyitarypu.site90.com/index.php?p=1_2_Aldeia
  3. http://www.culturaguarani.org.br/historia.htmlos
  4. http://www.aldeiaguaranisapukai.org.br/guarani/artigo_historia_guarani_brasil_domingos_nobre.pdf
  5. ALENCAR, J. Ubirajara. 12ª edição. São Paulo: Ática, 1996. Vida e Obra: p. 13
  6. http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/c/cobra_norato
  7. http://brincandocomarte.blogspot.com/2011/04/surgimento-do-dia-do-indio.html
  8. http://www.ibiracu.es.gov.br/site/?p=municipio&id=1
  9. http://www.ubirajara.sp.gov.br/a_cidade/p_historia.asp
  10. http://archive.is/20121210050839/www.triboeletrica.blogspot.com/
  11. ALENCAR, J. Ubirajara. 12ª edição. São Paulo: Ática, 1996. Vida e Obra: p. 14
  12. http://pib.socioambiental.org/en/noticias?id=3623
  13. http://www.xinguofilme.com.br/
  14. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/xingu
  15. http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=833&Itemid=2
  16. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/surui-paiter/846
  17. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u690185.shtml
  18. http://www.meucinemabrasileiro.com.br/filmes/anchieta-jose-do-brasil/anchieta-jose-do-brasil.asp
  19. http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_materia.php?codMateria=3189
  20. http://www.epipoca.com.br/filmes_detalhes.php?idf=6799
  21. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/rikbaktsa/349
  22. http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=107
  23. NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 603.
  24. http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/11/21/ult1808u79815.jhtm
  25. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u690185.shtml
  26. http://www.ipol.org.br/imprimir.php?cod=83
  27. http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI105873-15223,00-O+LAMPIAO+TUPINAMBA.html
  28. http://es.globalvoicesonline.org/2010/05/13/brasil-el-arresto-a-un-lider-indigena-aumenta-la-tension-en-bahia/
  29. http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:0DBC8PnWD8IJ:www.cimi.org.br/pub/publicacoes/1260883649_Porantim%2520321-final.pdf+documentos+falsos+cacique+babau+revista+%C3%A9poca+una+buerarema,+ilh%C3%A9us,+Bahia,+tupinamb%C3%A1,+demarca%C3%A7%C3%A3o+reserva+ind%C3%ADgena&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESjxP9PKt1ZJ6eU8VgEVkK8vD1_SHeOLt8aXd8C_olqbrrW3KG5MZO0mNuiHMQ0Q-LRqM2CIuEWR3rMQOOcyq3wG0RQK5nUBOFGPeQjiVVbG2UMpyZtB-xIXHDsIe9RU7KU2XdNS&sig=AHIEtbSUcEmYouHgeUKgg4cVoR1vGpyizg
  30. NAVARRO, E. A. Método Moderno de Tupi Antigo. Terceira edição. São Paulo: Global, 2005. p. 4
  31. http://www.tekoamboytyitarypu.site90.com/index.php?p=1_2_Aldeia
  32. http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI3485912-EI4802,00.html
  33. R7 Notícias. Disponível em http://noticias.r7.com/brasil/noticias/cidade-do-mato-grosso-do-sul-adota-o-guarani-como-idioma-oficial-20100531.html. Acesso em 15 de janeiro de 2014.
  34. http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1324585-7823-INVASAO+DE+FAZENDA+EM+MATO+GROSSO+DO+SUL+ACIRRA+ANIMOS+ENTRE+INDIOS+E+AGRICULTORES,00.html
  35. Info. Disponível em http://info.abril.com.br/noticias/ti/inpe-comeca-a-usar-novo-supercomputador-tupa-31122010-10.shl. Acesso em 21 de janeiro de 2014.
  36. http://betopantanal.blogspot.com/2011/07/jogos-mundiais-militares-organizacao-da.html
  37. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/wajapi
  38. http://novaurbis.blogspot.com/2011/09/cel-arruda-trouxe-luta-indigena-huka.html
  39. http://economia.ig.com.br/empresas/industria/exercito+comeca+a+testar+guarani+blindado+que+substituira+urutu/n1300074805427.html
  40. http://www.xinguofilme.com.br/
  41. NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 603.
  42. Doc and fiction. Disponível em http://www.docandfiction-tv.fr/rouge-bresil-france-2-zoom.php. Acesso em 21 de janeiro de 2014.