Curso básico de LibreOffice/O LibreOffice é um padrão aberto

Ser um padrão aberto significa que qualquer um pode implementar uma solução baseada neste padrão. Se você quiser implementar uma suíte de escritório compatível com o LibreOffice.org, nada o impede, mesmo que, a rigor, seja bem mais fácil e produtivo contribuir com o código-fonte do LibreOffice.org. A tendência de se buscarem soluções baseadas em padrões é irreversível e o fato de ser um padrão aberto garante a independência de quem o implementa e de quem o adota.

Mas, o que é um Padrão?

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Padrão é, no caso estrito, um conjunto de normas que visam a assegurar o acesso, a reprodutibilidade e o armazenamento de informações de um determinado arquivo. No sentido lato, padrão visa a tornar possível a interoperabilidade entre vários fornecedores de uma solução. Por exemplo, se moramos no Brasil, os televisores recebem o sinal de cores sob o sistema PAL (Phase Alternated Line, em inglês) e ainda sob o padrão de resolução ou subsistema M, daí o nome comum PAL-M. Se você só dispuser de um televisor em preto e branco, você só não receberá, evidentemente, a informação de cor; isto é um padrão, ou seja, garante-se a informação, não os recursos adicionais. Dentro ainda deste exemplo, não temos que nos preocupar com a marca do televisor, e sim com os recursos deste, já que na transmissão se garante a informação do programa. Se você vai recebê-lo com todos os recursos, como a cor ou se ouvirá o som em estéreo ou não depende do televisor, e não da transmissão. Vivemos, de modo imersivo, transparente, cercados de padrões; o semáforo de trânsito, por exemplo, ainda que tendo as três cores padrão, as tem também de modo totalmente convencionado: o farol vermelho vem em primeiro lugar - acima; o farol amarelo vem no meio e o verde fica na parte inferior do sinal de trânsito. Quer dizer, não há nenhum impedimento em um daltônico (com qualquer manifestação de daltonismo) de dirigir um veículo automotor, já que as cores que, via de regra, que potencialmente lhes causam algum transtorno, seriam o vermelho e o verde e estas frequências de cor estão sempre em posições extremas no semáforo, tendo, invariavelmente, ao meio, o amarelo - a não ser a "miopia" de algum legislador que não consegue "ver", detectar aí um padrão. A posição das cores é padronizada internacionalmente.

Um exemplo de padronização aceito e utilizado mundialmente é o Método 5S. Qualquer corporação que deseje implementá-lo pode fazê-lo sem pagar direitos autorais a ninguém, tendo que arcar somente com os custos inerentes ao processo e, normalmente, os gastos com consultoria.

Qual a implicação da expressão "Padrão Aberto"?

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Você pode argumentar: "Um texto formatado no MS Word segue um padrão". De fato. Mas aí entra a segunda parte: padrão aberto X padrão proprietário. Um padrão aberto é um conjunto de diretivas ou características que garantem a manipulação do código, a sua auditabilidade, o entendimento de como funciona o software, retirando deste a sua dimensão de "caixa preta". A implicação disto tudo é exponencial: eu posso, como usuário do programa de computador, passar de mero usuário passivo para sujeito da ação, pois eu posso entender os bastidores do funcionamento do programa, já que este é aberto, livre, e eu posso estudá-lo e eventualmente processar mudanças em seu funcionamento e ainda serei encorajado a propagar estas mudanças a toda a comunidade de SL.

Podemos citar, como requisitos para um software poder ser considerado aberto, várias características, dentre elas:

  • Disponibilidade: Padrões abertos devem estar disponíveis para todos lerem e o implementarem livremente, sem incorrer em qualquer tipo de constrangimento, quer legal, quer monetário;
  • Permitir a escolha do usuário: Não podemos pensar em padrão aberto se a escolha está restrita a determinado fornecedor;
  • Inexistência de "royalties": Padrões abertos são livres para implementação sem a cobrança de royalties. O processo de certificação de aderência ou endosso ao padrão pode ser cobrado contanto que não seja requisito para a sua implementação;
  • Impedir discriminação: Os padrões e as organizações que os mantêm não podem discriminar entre implementações, têm que conversar livremente entre si;
  • Extensível: Os padrões devem evoluir. Não confunda padrão com empecilho à evolução dos formatos;
  • Protegido: O licenciamento do padrão deve impedir práticas comerciais predatórias que restrinjam a sua evolução e implementação;
  • Suportado em nome do interesse coletivo: Padrões devem ser suportados enquanto houver interesse público;
  • Ausência de custo: O custo da especificação deve ser zero ou cobrir apenas os custos de cópia e distribuição de forma a não restringir o acesso ao padrão a desenvolvedores de qualquer capacidade econômica.

Podemos, sem qualquer embargo, afirmar que o ODF é norma técnica de padrão aberto de suíte de escritório sendo este padronizado pela entidade ISO/IEC sob o número de protocolo 26.300.

Por ser aberto, o LibreOffice.org garante que qualquer pessoa pode adotá-lo e modificá-lo à vontade. O LibreOffice.org usa o formato ODF em seus aquivos. O formato ODF é assegurado e endossado pela entidade internacional OASIS, ou Organization for the Advancement of Structured Information Standards, ou ainda, em português, Organização para o Avanço de Padrões em Informação Estruturada, que tem, entre seus membros, IBM, Sun, Adobe, Corel, SAP Ag, dentre outras.

O formato ODF se subdivide em vários subformatos (leiam-se extensões), para efeito de identificação dos aplicativos / arquivos.

As extensões de arquivos mais comuns, usadas pelos documentos do OpenDocument são:

  • .odt para Processadores De Texto (text)
  • .ods para Planilhas Eletrônicas (spreadsheets)
  • .odp para Apresentações em Slides (presentations)
  • .odg para Editor de imagens (graphics)
  • .odf para Equações Matemáticas (formulae)
  • .odm para Documentos-Mestre (master)
  • ...

É muito fácil saber o tipo de arquivo do ODF: se é um arquivo do usuário, se é um modelo, e qual a aplicação do LibreOffice.org que manipula aquele arquivo: os arquivos do padrão ODF têm, salvo menção em contrário, três (3) letras em sua extensão.

  • A primeira delas é sempre a letra O, de Open (aberto, em inglês);
  • A segunda letra pode assumir um D, que é o mais comum, que indica Document, Documento, ou seja, documento do usuário, ou a letra T, de Template (modelo, gabarito, em inglês); e
  • A terceira letra da extensão do arquivo indica a aplicação que vai, normalmente, manipular aquele arquivo. Normalmente, pois o usuário pode ter mudado, por algum motivo, as associações de arquivos. Os nomes as aplicações estão sempre em inglês. S para SpreadSheet (Planilha); T para Text; G para Graphics (imagens); lembre-se de que ODF é a norma de documentos livres. As extensões são grafadas em caixa baixa (minúsculo).

Vejamos alguns exemplos:

Relatório_Gerencial_2010.ott
Extensão do arquivo: ott (O de Open; T de Template e T de Text).Trata-se, sem dúvida, de um modelo de documento texto; a ser manipulado pelo Writer.
Relatório_Gerencial_2010_Final.odt
Extensão do Arquivo: odt (O – Open; D – Document (arquivo do usuário); T – Text[o]). Trata-se de um arquivo de usuário e que deve ser manipulado normalmente pelo Writer.
Relatório_Financeiro_2010.ods
Extensão: ods (O – Open; D – Documento comum, não-modelo; S – Spreadsheet (Planilha eletrônica). Documento de planilha comum. Deve ser aberto pelo Calc.

ODF: Padrão de Compactação de Documentos

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Se, por curiosidade, se abre um arquivo armazenado em formato .ODF, veremos que se trata de um arquivo "zipado", i. e., compactado em um formato universal, (LZW, ou Lempel-Ziv- Welch, em homenagem aos seus autores – é um formato "LossLess" (sem perdas), utilizado por muitos programas de compressão de dados, como o Zip do Unix, ou o Winzip do Windows, por exemplo), o qual, como o próprio nome sugere, pode ter seu conteúdo lido por qualquer computador e sob qualquer Sistema Operacional. Alguém, por exemplo, enviou a você um relatório importante, mas você só necessita, por ora, de um gráfico deste relatório, o qual sabe-se estar armazenado dentro deste arquivo .ODF em um formato bem difundido de imagem, por exemplo, .GIF ou .PNG. Sem problema. Abra-o com o navegador de arquivos do seu S. O. e extraia só o que você precisa, no caso, a imagem. Este é só um exemplo da importância de se trabalhar com padrões.

Podemos citar dois exemplos emblemáticos sobre a importância de padrões:

Em dezembro de 2004 um tsunami varreu a Indonésia, como se sabe. Foram muitas vítimas e um prejuízo financeiro de dimensões quase tão avassaladoras como o próprio tsunami. As equipes de ajuda humanitária enfrentaram atrasos na entrega de itens de sobrevivência por conta da dificuldade em processar formatos de arquivos diferentes. Alguns voluntários chegaram a jogar garrafas com mensagens a partir de helicópteros para poder se comunicar, algo impensável nos dias de hoje. Quer dizer, estudamos tanto, criamos tantos meios de comunicação e justamente a falta de padronização nos remete de novo a séculos atrás! O mesmo problema se verificou por ocasião da passagem do furacão Katrina (exemplo 2). No caso cito, o maior problema, pasme, se deu por não haver um padrão de transmissão de sinais de rádio entre as inúmeras equipes de socorro!!!

Se se pergunta "porque adotar padrões abertos?" certamente haverá uma plêiade de respostas. Mas o menos óbvio precisa ser dito: os padrões fechados são antiéticos. Quando uma determinada empresa de software fecha o código de uma solução sua, alegando ter em mente apenas se proteger do roubo deste código, chega a ser pueril pensar que, a partir daí, esta mesma empresa não vai lançar mão deste mesmo código fechado para obter algum tipo de privilégio. Há inúmeros exemplos. Cite-se o caso do Quattro-Pro, considerado, então, a melhor planilha eletrônica. Só para se ter uma ideia, a versão MS-Dos do Quattro-Pro utilizava modo gráfico (proprietário, claro) e seus relatórios representavam um grande apelo visual. Havia versão para Windows 3.xx e, por ocasião do lançamento do Windows 95, o programa não instalava, apresentando erro! Coincidência? Não se pode reputar como ético, por exemplo, uma empresa lançar um programa e a cada versão deste não manter compatibilidade com as versões anteriores, além do fato de sempre estas versões virem "bugadas", com falhas. Como o "bug" é sobre um software fechado, só o fabricante poderá removê-lo - e quando quiser. Esta cultura de sempre procurar ter a última versão do software instalada é ruim para a empresa adquirente da solução (?), pois a mesma nunca vai dominar totalmente a ferramenta (a cada versão, mudam os recursos, mudam os menus, etc), fora o que vai ter que dispender, sempre, em termos financeiros. Muito bom para o detentor do código.

Fato notório, com relação a qualquer pacote proprietário, é que ele vai na contramão de todo o movimento ecológico, ao promover o sucateamento precoce (leia-se: artificial, forçado) de toda a maquinária (o "hardware" para rodar o Vista, Sistema Operacional proprietário da Microsoft, é o sonho de consumo - da indústria de componentes e periféricos, melhor dizendo.). Qualquer pessoa com perspicácia mediana há de ver que isto não pode dar certo... Nós, usuários de computador, precisamos ter consciência ecológica, afinal, o lixão, digo, o planeta, é o mesmo, não importa o "software" que usamos…