Engenharia industrial/Qualidade/O factorial 2^k
O desenho factorial completo é usado em experiências que envolvem vários factores onde é necessário o estudo conjunto de efeitos dos vários factores numa resposta. Contudo, vários casos especiais do desenho factorial são importantes porque são amplamente usados no trabalho de investigação e porque são a base de outros desenhos factoriais tamém de considerável adoção prática. O mais importande destes casos especiais é o caso de factores, cada um com apenas dos níveis. Estes níveis podem ser quantitativos, como dois valores de temperatura, pressão ou tempo; podem ser qualitativos, como por exemplo duas máquinas ou dois operadores; ou a presença ou asência de um factor. Um destes facoriais completos requer observaçãoes e é chamado desenho factorial .
Este capítulo foca-se neste importante classe de desenhos de experiências. Até ao fim deste capítulo vamos assumir que (1) os factores são fixos, (2) o desenho é completamente aleatório e (3) a usual assunção de normalidade é satisfeita.
O factorial é particularmente útil nas fazes iníciais do trabalho experimental, quando existem muitos factores a ser investigados. Consequêntemente estes factoriais são amplamente usados em experiências preliminares. Como só há dois níveis em cada factor, assume-se que a resposta é apróximadamente linear na amplitude dos níveis dos factores escolhidos.
O factorial
editarO primeiro desenho da classe de factoriais é o que apenas tem dois factores, por exemplo A e B, cada um com apenas dois níveis. Este desenho factorial é chamado desenho factorial . Os níveis dos factores podem ser arbitráriamente chamados de "Alto" e "Baixo". Como exemplo, considere a investigação do efeito da concentração de um reagente e da quantidade do catalisador num processo quimico. O objectivo da experiência é determinar se ajustamentos nos níveis dos factores aumenta o rendimento da reação. Começa-se por chamar ao reagente o factor A e define-se os níveis a estudar de 15 e 25 por cento. O catalisador é o factor B, com o nível alto fixado a duas libras de catalisador e o nível baixo a uma libra. A experiência é replicada 3 vezes, pelo que há 12 observações. A ordem pela qual as observações são retiradas é completamente aleatória. Os dados obtidos estão na tabela abaixo:
Factor | Combinação
de tratamento |
Réplica | ||||
A | B | I | II | III | Total | |
- | - | A baixo, B baixo | 28 | 25 | 27 | 80 |
+ | - | A alto, B baixo | 36 | 32 | 32 | 100 |
- | + | A baixo, B alto | 18 | 19 | 23 | 60 |
+ | + | A alto, B alto | 31 | 30 | 29 | 90 |
As quatro combinações de tratamento deste desenho, estão representadas gráficamente na figura abaixo. Por convenção denotam-se os efeitos dos factores com uma letra latina maiúscula. Então "A" refere-se ao efeito do factor A e "B" refere-se ao efeito do factor B e "AB" refere-se à interacção entre factores. No desenho os níveis alto e baixo dos factores A e B são representados por "-" e "+" respectivemente nos eixos A e B. Então o sinal - no eixo A representa o nível baixo de concentração enquanto o sinal + no deixo A representa o nível alto de concentração. Pela mesma lógica o sinal - no eixo B representa o nível baixo de catalisador e o sinal + representa o nível alto de catalisador.
As quatro combinações de tratamento, que também podem ser representadas por letras latinas minúsculas, e o nível baixo de um tratamento também pode ser denotado com a ausência de uma letra. Por convenção (1) é usado para assinalar que todos os factores estão no nível baixo. Esta notação é usada em todos os factoriais . Num desenho factorial de dois níveis define-se o efeito médio de um factor como a variação na resposta produzida pela variação no nível desse factor sobre os níveis do outro factor. Também, os símbolos (1), a, b, e ab representam o total das n réplicas de todas as combinações do tratamento. Então o efeito de A com o nível baixo de B é e o efeito de A com o nível alto de B é . A média destas duas quantidades devolve o efeito de A:
O efeito de B é obtido a partir do edito de A nível baixo e o efeito A a nível alto :
Define-se também o efeito da interacção AB como a média das diferenças entre o efeito de A com B a nível alto e o efeito de A com B a nível baixo:
Alternativamente pode também definir-se a interação AB como a diferença média do efeito de B com A a nível alto e o efeito de B com A a nível baixo. Isto conduz-nos à mesma equação.
As fórmulas dos efeitos A, B e AB podem ser deduzidas por outro método. O efeito de A pode ser obtido como a diferença das médias da resposta dos dois tratamentos do lado direito do quadrado da figura 1 e dos dois tratamentos do lado esquerdo da figura 1 . Ficamos então com:
Esta é exectamente a mesma expressão a qjue tinhamos chegado quando definimos o efeito de A. O efeito de B é obtido como as diferenças da médias nos tratamentos no topo e fundo do quadrado da figura 1.
Esta é exectamente a mesma expressão a qjue tinhamos chegado quando definimos o efeito de B. Finalmente a interação AB é a média da diagonal da direita para a esquerda da figura 1 [ab e (1)] menos a média da diagonal da esquerda para a direita da figura 1 (a e b).
Esta é a expressão do efeito da interação definida acima.
Usando dos valores da figura 1 podemos estimar a média dos efeitos:
A partir destes valores pode verificar-se que o efeito de A (concentração do reagente) é positivo, o que sugere que um ajumento na concentração de 15% para 25% aumenta o rendimento da reação. O efekito de B (catalisador) é negativo o que seugere que um aumento na quantidade de catalisador diminui o rendimento da reação. A interação aparenta ser pequena quando comparada com os dois efeitos principais.
Em muitas experiências envolvento desenhos factoriais interessa ao investigador quantificar a magnitude e a direcção dos efeitos dos factores para determinar que variáveis são mais importantes. A análise de variância pode ser usada para confirmar esta interpretação. Considere a soma dos quadrados de A, B, e AB e note que são usados os contrastes para estimar os efeitos. Por exemplo :
Pode chamar-se ao contraste o efeito total de um factor. A soma dos quadrados de qualquer contraste pode ser obtida a partir das seguintes expressões:
Usando os dados da figura 1 podemos calcular a soma dos quadrados:
A soma dos quadrados total é obtida com a seguinte expressão:
A soma dos quadrados do erro é obtida com a seguinte expressão:
Aplicando aos dados da figura 1 temos:
E para a soma dos quadrados do erro temos:
Estamos então em condições de construir a tabela ANOVA
Fonte de
Variação |
Soma de
Quadrados |
Graus de
liberdade |
Quadrado
médio |
Valor de
prova | |
A | 208,33 | 1 | 208,33 | 53,15 | 0,0001 |
B | 75,00 | 1 | 75,00 | 19,13 | 0,0024 |
AB | 8,33 | 1 | 8,33 | 2,13 | 0,1826 |
Erro | 31,34 | 8 | 3,92 |
Note que os coeficientes do contraste para estimar os efeitos da interação são simplesmente o produto dos coeficientes dos dois efeitos principais correspondentes. Os coeficientes de contraste são sempre +1 ou -1 e uma tabela de sinais como a tabela 3 pode sempre ser usada para determinar o sinal de cada tratamento.
Combinação do
tratamento |
Efeito do factorial | |||
I | A | B | AB | |
(1) | + | - | - | + |
a | + | + | - | - |
b | + | - | + | - |
ab | + | + | + | + |
As colunas da tabela 3 são os efeitos principais A, B e a interacção AB. I representa a média total de toda a experiência e a coluna que lhe está associada apenas tem sinais +. as linhas representam as combinações de tratamento. Para en contrar o contraste e estimar qualquer efeito, simplesmente multiplica-se na coluna aproporiada da tabela e soma-se. Por exemplo, para estimar o efeito A o contraste é -(1) + a - b + ab, que é usado na equação do efeito de A
O modelo de regressão
editarNo desenho factorial é fácil expressar o resultado da experiência em termos de um modelo de regressão. Para a experiência do processo quimico da tabela 1 o modelo de regressão é:
onde é a variável codificada que representa a concentração de reagente, é a variável codificada que representa a quantidade de catalisador, e os são os coeficientes da regressão. As variáveis e tomam sempre o valor -1 ou +1. O modelo de regressão para este caso é então:
Neste caso a intercessão da regressão é 27,5 que é a média global das 12 observações e os coeficiêntes da regressão e são metade do efeito estimado para o factor correspondente. A razão para isso é que os coeficiêntes e variam de duas unidades (de -1 a +1).
Resíduos e adequação ao modelo
editarO modelo de regressão pode ser usado para fazer previsões para os valores obtidos nos quatro pontos do desenho. Os resíduos são as diferenças entre os valores observados e os valores de previsão para y. Seguindo o nosso exemplo, quando a concentração de reagente é baixa e a quantidade de catalisador é também baixa o valor de previsão é:
Como há três observações para esta combinação de tratamento os resíduos são:
Os restantes resíduos são calculados de forma semelhantes
Para um nível alto de concentração de reagente e um nível baixo de catalisador temos:
E os respectivos resíduos são:
Para um nível baixo de concentração de reagente e un nível alto de catalisador temos:
E os respectivos resíduos são:
Finalmente para um nível alto de ambos os factores temos:
E os respectivos resíduos são:
Estamos então em condições de construir o grá fico de probabilidades da distribuição normal.
- ↑ Design and Analysis os Experiments - Montgomery, D.C.