Civilização Egípcia/Período dinástico antigo: diferenças entre revisões

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[[File:Limestone statue of Khasekhemwy.jpg |thumb |left|150px |Estátua do faraó Khasekhemwy]]
=== Túmulos===
 
Como vimos no capítulo anterior, o povo egípcio sempre se preocupou com a alma e o conforto do morto para sua vida após a morte.<br>
*'''Naqada''' - Era a necrópole da cidade de Nubt, a cidade do ouro, assim chamada porque Nub deriva do termo egípcio para ouro e a cidade ficava próxima das minas de ouro. <br>
Neste período dinástico antigo, já eram construídos túmulos mais sofisticados, as '''mastabas –''' que eram sepulturas feitas de adobe com lados oblíquos e a parte superior plana. <br>
Sua localização permite deduzir que era uma cidade importante pelo fato de ficar no final da rota de comércio do deserto oriental. Através do estudo de suas sepulturas é possível perceber que a cidade entrou em decadência mais tarde perdendo seu posto para Nekhen. <br>
Dentro das mastabas havia câmaras e ali eram deixados objetos para o conforto do morto no outro mundo.<br>
A cidade era devotada ao deus Seth de Nubt, nos ''Textos das Pirâmides'' inscritos nos blocos encontrados em Naqada, ele é chamado '''Nubty'''. O povo acreditava que Seth havia nascido em Naqada e estava ligado aos reis do período antigo, aparecendo inclusive na cabeça da maça do rei Escorpião. As rainhas da primeira dinastia recebiam o titulo de ''aquela que vê Hórus e Seth'' e o rei Peribsen da segunda dinastia enfatizou que Seth era seu protetor. <br>
Com o decorrer do tempo, as mastabas foram ficando cada vez maiores e mais complexas. Faraós da primeira e da segunda dinastias, já possuíam mastabas revestidas com pedras e havia sepulturas com até trinta câmaras.
Foi ao norte da aldeia de Naqada que foi encontrada em 1895, uma mastaba primitiva, uma grande estrutura de tijolos que trazia em cada lado, ''uma fachada de palácio'' (como um serekh). Ali foram encontradas tabuinhas de marfim, selos de argila com os nomes dos reis Aha e da rainha Neithotepe. <br>
Através do estudo dessas tumbas é possível saber o nível sócio econômico da cidade. Devemos acrescentar a descoberta de um fragmento, que hoje está no ''Ashmolean Museum de Oxford'', que mostra o que foi interpretado como a representação da coroa vermelha do rei. O fragmento foi encontrado em Naqada e é um pedaço de um vaso grande vermelho com o acabamento superior em preto. Vermelho era a cor associada a Seth, o desenho lembra muito a representação da coroa vermelha que Narmer usa, tanto em sua maça como na paleta.
 
*'''Buto''' – originalmente era duas cidades, Pe e Dep, que se transformaram numa só, a qual os egípcios deram o nome de Per-Wadjet. <br>
A deusa '''Wadjet''', protetora local, era representada por uma serpente e considerada padroeira de todo o Baixo Egito.<br>
[[File:GD-EG-Louxor-113.JPG|thumb |right|200px |Serpente Wadjet]]
Desde o período paleolítico foi uma cidade muito importante e só começou a decair lentamente depois da unificação do país. As evidências arqueológicas mostram que a cultura do Alto Egito foi substituindo a cultura de Buto no Delta e isso é uma prova importante da unificação das duas terras formando uma só entidade, um só país. <br>
Nessa fase, Wadjet se juntou a Nekhbet, que era representada como um abutre branco e tinha a posição de padroeira no Alto Egito, assim, juntas, elas se tornaram as padroeiras do Egito unificado. A imagem de Nekhbet se juntou à de Wadjet no Uraeus que circunda a coroa dos faraós do Egito unificado. <br>
O templo de Wadjet, o ''Per-nu'' ou ''Per-neser'' significa ''Casa da Chama'' e a cidade ficou conhecida como Per-Wadjet que significa ''Casa de Wadjet'' (Uto) de onde deriva o nome Buto. (grego).
[[File:Egypte louvre 024b.jpg|thumb |left|130px | Hórus]]
 
*'''Nekhen e Nekheb''' – Em geral essa área é chamada El Kab, mas na verdade são duas cidades muito antigas, Nekheb ou El Kab na margem leste do Nilo, e a velha Nekhen, agora chamada Kom El Ahmar (o Monte Vermelho) na margem oposta. <br>
Nekhen, que ficou conhecida como Hieracômpolis seu nome grego, fica no Alto Egito, é a '''Cidade do Falcão'''. O deus principal da cidade era '''Nekheny''', um falcão com duas grandes plumas na cabeça, que mais tarde foi assimilado a Hórus. As imagens mais antigas de Hórus (Her ou Har em egípcio) vêm dos hieroglifos e serekhs do período pré-dinástico. <br>
 
'''Nekhen/Hieracompolis'''
 
Nesse local foram encontradas casas, templos, prédios administrativos e áreas dedicadas aos artesãos. Nekhen deve ter sido uma cidade muito importante nesse período e o local foi escavado por Quibell e Green de modo pouco adequado, afinal a arqueologia engatinhava. Não há grande documentação a respeito mas, eles encontraram uma espécie de sinal hieroglífico primordial com que se escrevia Nekhen. <br>
Também foi em Nekhen que foram encontradas a Paleta de Narmer e a cabeça de maça, além da cabeça de maça do Escorpião. A maior parte dos artefatos foram descobertos num local chamado de ''Depósito Principal'' que deve ter sido um esconderijo, além dos objetos mencionados acima, havia paletas, objetos votivos, vasos de pedra. <br>
Outro achado significativo e que depois foi perdido e até hoje não foi encontrado novamente é a ''Tumba 100'' do cemitério pré-dinástico. Essa foi, ao que parece a primeira tumba egípcia a ser decorada com pinturas nas paredes mas sua localização hoje (2009) é desconhecida. <br>
As escavações de 1970 e 1980 revelaram locais no deserto, fora da cidade inclusive um templo pré-dinástico.
[[File:Souls of Pe and Nekhen.svg|thumb |right|150px |As almas de Pe e Nekhen]]
As almas de Pe e Nekhen simbolizam as almas dos primeiros reis das duas cidades. São desenhados usando a máscara de Hórus por Nekhen e a máscara de Anubis por Pe. Eram venerados como espíritos ancestrais, possuindo grande poder. Ambos, Pe e Nekhen são respeitados como estrelas que, juntos formam uma escada que será usada pelo rei que acaba de falecer para subir aos céus. <br>
 
'''Nekheb'''
A deusa abutre '''Nekhbet''' pertencia a esta cidade e o seu templo era ''Per-wer'', que significa ''Casa Grande''.
Provavelmente por causa da proximidade de Nekhen e sua ligação com o poder real, Nekhebet se tornou uma das deusas tutelares do Egito, junto com Wadjet. Ela passou a representar a Coroa Branca do Alto Egito, enquanto que Wadjet de Buto simbolizava a Coroa Vermelha do Baixo Egito.
Não se sabe datar a origem desse conceito mas há evidências nos ''Textos das Pirâmides'' de que elas eram consideradas as mães do rei.
[[File:Deir el Bahari 080405.jpg|thumb |left|200px |a deusa Nekhebet]]
 
*'''Abidos ou Abedjou'''
 
Este local deve ter sido usado para agricultura e comércio no dinástico antigo, provavelmente a população era mais concentrada na parte norte e a fundação da cidade de Abedjou data de Naqada III. <br>
É possível que houvesse vilas espalhadas pelo local e sua segurança e oferta de empregos, atraísse muita gente. A cidade se expandiu e se desenvolveu durante as primeiras seis dinastias. <br>
A grande fama de Abidos vem do fato de ter sido a necrópole mais importante deste período e contem vestígios de todos os períodos da história do Egito. Foi o centro de culto de Osíris, senhor do mundo inferior. Na entrada do canyon em Abidos, que os egípcios acreditavam ser a entrada do submundo, uma das tumbas de um rei da 1ª dinastia foi confundida, milhares de anos mais tarde com a própria tumba de Osíris, e peregrinos deixaram ali suas oferendas para o deus durante outros milhares de anos. A área é chamada de '''Umm el Qa´ab''', '''Mãe dos Potes'''. <br>
 
[[File:Umm el-Qaab.jpg|thumb |right|250px |porque Umm el-Qa´ab é chamada Mãe dos Potes]]
As necrópoles do pré-dinástico e do dinástico antigo estão localizadas no deserto e consistem de três partes: pré-dinástica cemitério U ao norte, cemitério B no meio, com as tumbas reais da dinastia 0 e do início da 1ª dinastia e ao sul o complexo de tumbas de seis reis e uma rainha da 1ª dinastia e dois reis da 2ª dinastia. Muitas tumbas da 1ª dinastia mostram as marcas de incêndios, outras foram saqueadas inúmeras vezes. <br>
Em 1977 foi descoberto um pequeno selo de marfim que trazia a palavra ''nar'', talvez o nome de Narmer. <br>
As tumbas do período em questão, foram localizadas em Umm El Qa´ab, no total devem ter sido dez túmulos reais, mas apenas oito foram localizados, a saber: Djer, Djet, rainha-mãe Merneith são da 1ª dinastia; Den, Peribsen e Khasekhemwy são da 2ª dinastia. <br>
A tumba do rei Khasekhemwy é dentre essas a mais elaborada, chamada ''Shunet Es-Zebib'', também foram encontrados os restos de barcos ancestrais, datando da 1º dinastia. <br>
Abidos foi usada como necrópole durante diversos períodos até mesmo no período Greco-romano. <br>
[[File:Egito pt.svg |thumb |left|200px | mapa onde se vê Mênfis]]
*'''Mênfis'''
 
Originalmente a cidade era chamada '''Ineb-Hedj''', que significa '''Os muros brancos''', Mênfis é seu nome grego. Durante o Médio Império foi chamada de ''Ankh-Tawy'' que significa ''Aquela que liga as duas terras''. <br>
No início Mênfis era uma fortaleza, de onde Menés (ou seja lá o rei que fundou a cidade) controlava as rotas terrestres e fluviais, entre o Alto Egito e o Delta. A história conta que Menés fundou Mênfis ao construir diques para proteger a área das enchentes do Nilo. <br>
Os estudos sugerem que por volta da 3ª dinastia a cidade já era bastante grande. Ao longo da história do Egito, Mênfis se tornou centro administrativo e religioso, além de uma das cidades mais importantes do mundo antigo. <br>
Hoje, é impossível imaginar como a cidade foi em tempos tão antigos, está completamente descaracterizada, talvez a antiga Mênfis esteja enterrada sob os campos cultivados, sob a lama do Nilo e as vilas que se espalham no local. <br>
Através das necrópoles de Mênfis, textos e papiros de outras partes do Egito e mesmo relatos de Hérodoto que visitou a cidade, é que temos um pouco de uma história que deve ter sido muito rica. Como exemplo, os papiros do tempo de Akhenaton que relacionam Mênfis como local das padarias.
Sabemos também que o decreto real rejeitando o culto de Akhenaton, editado por Tutankhamon, após a morte do primeiro, teve origem em Mênfis. <br>
Na realidade a decadência da cidade que foi sempre tão importante para a história egípcia, se deu com a chegada dos gregos e com a crença no cristianismo. <br>
 
=== Escultura e outras artes ===