A Cidade do Rio de Janeiro no Século XVII/A Cidade Desce o Morro: diferenças entre revisões
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No início do século, foi aberta a rua dos Pescadores, a atual rua Visconde de Inhaúma, no Centro. Os viajantes estrangeiros a consideravam "a pior rua do Rio de Janeiro".<ref>http://www.marcillio.com/rio/encerbes.html</ref> Ao longo do século, começaram as obras de canalização do rio Carioca para abastecer de água o Centro da cidade.
Em 1609, a atual lagoa Rodrigo de Freitas se chamava lagoa de Amorim Soares, mesmo nome do proprietário das terras ao redor da lagoa. A região era ocupada pela cultura da cana-de-açúcar, com mão de obra escrava. Nesse ano, as terras foram vendidas para Sebastião Fagundes Varela, que passou a ter a posse de toda a região desde o atual bairro do Humaitá até o bairro atual do Leblon. A lagoa, então, passou a se chamar lagoa do Fagundes.
[[File:Lagoa Rodrigo de Freitas.jpg|left|thumb|Lagoa Rodrigo de Freitas, em foto do século 21]]
No mesmo ano, teria sido construída uma pequena ermida em homenagem a Nossa Senhora da Candelária por um casal de espanhóis que teria se salvado miraculosamente do naufrágio de um navio chamado Candelária. Essa ermida seria posteriormente ampliada, vindo a constituir-se na atual Igreja de Nossa Senhora da Candelária. Em 1613, foi construída a
[[Ficheiro:IgrejaNSApresentacao.jpg|right|thumb|Igreja de Nossa Senhora da Apresentação]]
Em 1618, foi construído o reduto de São Diogo, na Cidade Velha (local de fundação da cidade no século anterior, no sopé do morro Cara de Cão). A partir de então, o complexo de redutos na Cidade Velha passou a ser chamada de fortaleza de São João da Barra do Rio de Janeiro. Tal fortaleza tinha, por missão, a proteção da entrada da baía de Guanabara, junto com as fortalezas de Santa Cruz da Barra, do outro lado da baía, e o forte da Laje, no meio da entrada da baía.
[[File:1998 baia guanabara barra.jpg|left|thumb|Entrada da baía de Guanabara. Em primeiro plano, a fortaleza de Santa Cruz.]]
Em 1619, os frades da Ordem do Carmo foram autorizados a iniciar a construção de uma igreja no lugar de uma antiga ermida dedicada a Nossa Senhora do Ó à beira-mar. Para a construção, foram utilizadas pedras da
Em 1622, foi inaugurada a
[[File:Igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho.jpg|right|thumb|Igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho]]
Em 1624, o temor de um ataque neerlandês à cidade levou à construção de uma fortaleza na ilha das Cobras, ao lado do
Em 1627, os padres jesuítas construíram a igreja de São Cristóvão, que viria a dar origem ao atual bairro homônimo. Na época, a igreja ficava à beira-mar, situação que viria a ser alterada posteriormente devido aos inúmeros aterros<ref>http://rio-curioso.blogspot.com/2008/09/igreja-de-so-cristvo.html</ref>. Em 1628, foi construída a
Em 1633, começaram as obras de ampliação da igreja e do mosteiro dos monges beneditinos no morro de São Bento. A pedra utilizada na obra era procedente do morro da Viúva, no atual bairro do Flamengo. O projeto da igreja havia sido feito em 1617 pelo engenheiro militar Francisco de Frias da Mesquita, que já havia orientado a construção de vários fortes ao longo do litoral brasileiro desde 1603. O trabalho braçal, no entanto, foi executado por escravos.<ref>ROCHA, M. R. ''The Church of the Monastery of Saint Benedict of Rio de Janeiro.'' Rio de Janeiro: Studio HMF: Lúmen Christi, 1992. p. 14</ref> Em 1634, foi construída a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no alto do Morro da Conceição<ref>http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/hrsxvii.htm</ref>. Em 1635, foi construída uma pequena e rústica igreja no alto de um rochedo, dedicada a Nossa Senhora da Penha de França, por iniciativa do capitão Baltazar de Abreu Cardoso, com mão de obra escrava. Essa igreja, com escadaria cavada na pedra, viria posteriormente a nomear o bairro da Penha.<ref>http://www.rio.rj.gov.br/riotur/pt/atracao/?CodAtr=3905</ref>.
Em 1636, a casa de Câmara e Cadeia se transferiu do morro do Castelo para uma casa térrea ao lado da igreja de São José, no sopé do morro.<ref>http://www.camara.rj.gov.br/historia_imperio.php?m1=acamrio&m2=historia</ref> O principal porto da cidade era o utilizado pelos jesuítas e se localizava no local atual da praça 15 de Novembro. Em 1637, a imagem de Nossa Senhora do Bonsucesso foi trazida de Portugal e instalada na igreja da Misericórdia, na Santa Casa da Misericórdia, na base do
[[File:Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, entrada enfeitada para um casamento.jpg|left|thumb|Fachada da Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso]]
[[File:Interior da Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, visto do coro alto (6).jpg|right|thumb|Interior da Igreja da Nossa Senhora do Bonsucesso]]
Em 1638, passou pela cidade o padre jesuíta peruano Antonio Ruiz de Montoya em sua viagem até a Europa, procedente das missões jesuíticas do Paraguai. Montoya iria se queixar, perante as autoridades europeias, sobre os ataques dos bandeirantes paulistas às missões jesuítas no interior do continente. Montoya se
▲Montoya iria se queixar perante as autoridades europeias sobre os ataques dos bandeirantes paulistas às missões jesuítas no interior do continente. Montoya se notabilizou por ter escrito a primeira gramática da língua guarani, o ''Tesoro de la Lengua Guaraní'', que viria a ser publicada no ano seguinte, em Madri, na Espanha. Em 1639, o temor novamente de um ataque neerlandês levou à reforma da fortaleza na Ilha das Cobras, que passou a se chamar Fortaleza de Santa Margarida da Ilha das Cobras, em homenagem à vice-rainha de Portugal, Margarida de Saboia. Em 1641, a cidade comemorou a coroação de dom João V como rei de Portugal com a encenação de uma peça no largo do Paço. <ref>http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/hrsxvii.htm</ref>
[[File:D. João V of Portugal by an unknown artist.jpg|left|thumb|Dom João V de Portugal]]
Em 1644, foi criada a freguesia de Irajá.<ref>http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/hrsxvii.htm</ref>
[[File:Brasao-irajario.jpg|right|thumb|Brasão de Irajá, da época em que o bairro fazia parte do estado da Guanabara (1960-1975). A abelha presente no brasão se refere à origem etimológica do topônimo "Irajá",
Em 1645, uma expedição chefiada por Francisco de Souto Maior partiu da cidade para lutar contra a dominação neerlandesa de Angola.<ref>http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/hrsxvii.htm</ref> Em 26 de novembro de 1646, a câmara de vereadores da cidade decidiu angariar recursos através de doações e da venda de terrenos no litoral entre a Praia de Santa Luzia e o Morro de São Bento, objetivando a ampliação da fortaleza na
Em 1648, uma frota de quinze navios com 1 400 homens sob o comando de Salvador Correia de Sá e Benevides, filho de Martim Correia de Sá, partiu da cidade com destino a Angola e São Tomé e Príncipe, na África. O seu objetivo era recuperar essas possessões portuguesas, então sob controle neerlandês. A população da cidade financiou a expedição com a quantia de 60 000 cruzados. Era importante recuperar o controle português em Angola, pois era de lá que vinha a maior parte dos escravos utilizados nos engenhos de cana-de-açúcar brasileiros da época: era o chamado "ciclo de Angola" do tráfico negreiro, que durou todo o século 17.<ref>BUENO, E. ''Brasil: uma história''. 2ª edição. São Paulo. Ática. 2003. p. 115.</ref>
A expedição foi vitoriosa, desfechando um poderoso golpe contra as possessões neerlandesas no nordeste brasileiro, que perderam sua principal fonte de mão de obra escrava. Durante todo o século, a cidade teve papel destacado na luta contra as invasões neerlandesas na África e no nordeste brasileiro.<ref>http://www.marcillio.com/rio/hisxviis.html#ang</ref><ref>http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=131&breadcrumb=1&Artigo_ID=1775&IDCategoria=1851&reftype=1</ref> Salvador Correia de Sá e Benevides fazia parte da família do fundador da cidade, Estácio de Sá. A família Sá possuía extensas plantações de cana-de-açúcar na região do atual bairro de São Conrado, geridas com mão de obra escrava.<ref>http://www.marcillio.com/rio/ensconra.html</ref>
Ao longo do século, foi formada, por aterro, a praia Vermelha, na Urca. Ela uniu, ao continente, a ilha que era constituída pelos morros Cara de Cão, Pão de Açúcar e Urca.<ref>http://www.amabotafogo.org.br/2006/historia/guanabara.asp</ref> Em meados do século, a rua Antônio Nabo, que ligava o porto ao morro de Santo Antônio, passou a ser chamada de rua São José, por passar ao lado da igreja homônima.<ref>http://www.flickr.com/photos/leo_museu/4334668104/</ref>
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