Civilização Egípcia/Novo império/Dinastias do Novo Império: diferenças entre revisões

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o faraó fez um novo sarcófago e um novo funeral no número 38 do mesmo Vale dos Reis. <br>
Os nobres e oficiais de sua corte foram sepultados no Vale dos Nobres, onde foram descobertos túmulos fabulosos com trabalhos artísticos surpreendentes que atestam a riqueza do Egito no reinado de Thutmose. Seu vizir Rekhmire foi sepultado na tumba de número 100, uma das mais belas, com muitas cenas da vida diária e inscrições contando o trabalho do vizir. <br>
 
'''Amenhotep II (Aakheperure)''' - seu nome significa '''Amon está satisfeito''', seu nome de trono, Aakheperure significa '''Grandes são as manifestações de Ra'''. <br>
A versão grega de seu nome é Amenophis II. <br>
Seu pai foi Thutmose III e ele continuou as campanhas militares feitas por ele. Quando jovem foi criado para ser um guerreiro, porque pelas representações (se exprimirem a vida real) ele foi um homem atlético, cavaleiro, arqueiro e durante o reinado de seu pai, vivia perto de Mênfis, onde treinava cavalos e era famoso por suas habilidades físicas. Lutou em diversas campanhas na Síria. <br>
[[Image:Amenhotep II Uraeus.jpg|thumb|150px|left|Amenhotep II]]
Amenhotep II parece ter sido um grande faraó pois além das campanhas militares, em seu governo, o país prosperou em todos os sentidos. Muito ele fez pela paz na Núbia e com outros antigos inimigos do Egito, portanto parece que em seu reinado a diplomacia funcionou muito bem, ao lado da espada. <br>
Deixou diversas obras, inclusive, é claro, acréscimos no Templo de Amon em Karnak. Construiu um templo em Gizé e existem monumentos, desde o Delta até a Núbia, com seu nome inscrito. <br>
A múmia do faraó foi encontrada e mostra sinais de doença, talvez tenha sido essa a causa de sua morte. Sua tumba fica no Vale dos Reis, número 35, e é a única (além da de Tutankhamon) em que o faraó foi encontrado em seu próprio sarcófago, em sua própria tumba, quando foi aberta em 1898. Esta é a tumba mais profunda do Vale e a câmara funerária é enorme. Como todas as outras, essa tumba já havia sido roubada pelos ladrões mas não estava muito danificada. A múmia do faraó permaneceu lá até 1928, quando foi removida para o Museu Egípcio. <br>
Essa tumba foi usada para guardar as múmias de outros faraós como Thutmose IV, Amenhotep III, Merneptah, Seti II, Siptah, Setenakhte, Ramsés IV, Ramsés V e Ramsés VI. <br>
A esposa de Amenhotep II era filha de Yuya e Thuya e eles ficaram conhecidos porque o conteúdo de sua tumba foi encontrado e está exposto no Museu Egípcio. A múmia de Tiye, esposa de Amenhotep II é provavelmente a chamada Senhora Mais Velha (''Elder Lady'') que foi encontrada no Vale dos Reis na tumba número 35. <br>
 
'''Thutmose IV (Menkheperure)''' - o nome de nascimento significa
'''Nascido do deus Thot''', o nome de trono Menkheperure significa '''Eternas são as manifestações de Ra'''. <br>
Em egípcio seu nome deveria ser Djehutymes IV, mas ele ficou conhecido pelo seu nome grego Thutmosis. <br>
Existe uma lenda sobre esse faraó que o tornou famoso assim como ficou famosa a '''Estela do Sonho''', que está entre as patas da Grande Esfinge em Gizé. Thutmose IV acreditava que ele estava destinado a se tornar faraó por causa de um sonho que teve e os sonhos eram considerados palavras de deus no Antigo Egito. <br>
A Estela do Sonho conta que quando o jovem Thutmose estava numa caçada, muito cansado ele dormiu sob a sombra da esfinge (provavelmente da cabeça da esfinge).
Então, ele sonhou que o deus sol ''Ra-Harakhte'', na forma da esfinge lhe prometia que, se ele limpasse toda a areia que cobria o monumento, se tornaria faraó do Egito. E foi exatamente o que aconteceu, ele se tornou o oitavo governante da 18ª Dinastia. <br>
É bem provável que Thutmose IV seja o filho de Amenhotep II com Tiye sua esposa, mas egiptólogos especulam se a Estela do Sonho não seria uma maneira de legitimar sua subida ao trono. Não temos provas de que seu pai, Amenhotep II o tivesse reconhecido como herdeiro ou que ele tivesse sido co-regente do pai. <br>
Sabemos que Thutmose IV provavelmente casou-se com Mutemwiya, mãe de seu herdeiro Amenhotep III. Alguns estudiosos acham que essa esposa pode ter sido filha do rei Artatama de Mitani (um reino a nordeste da Mesopotâmia). Ele teve também outras esposas, não se sabe se alguma era a primeira e principal. <br>
Ao contrário de seu pai e de seu avô, Thutmose IV não possuía o estofo de líder militar e em seu reinado houve poucas campanhas do tipo, houve sim muita burocracia tanto religiosa quanto civil. <br>
Quanto às construções, ele se dedicou muito mais a aumentar e decorar os templos e monumentos já existentes do que propriamente construir novos. Ele terminou um obelisco começado por Thutmose III em Karnak, fez pequenas obras em Alexandria, Heliopolis, Gizé, Abusir, Saqara, Memphis, Crocodilopolis, Hermopolis, Abydos, Amarna, Dendara, Karnak, Luxor, Tod, Elkab, Edfu e Elefantina. Sabe-se que Thutmose IV mandou erigir um templo para si mesmo ao sul do Ramesseum e um santuário em alabastro em Karnak. <br>
[[Image:KV43-ObjectsFromTombOfThutmoseIV MetropolitanMuseum.png|thumb|150px|right|Objetos da tumba de Thutmose IV]]
Sua tumba é a número 43 no Vale dos Reis e foi encontrada por Howard Carter (o mesmo que descobriu a tumba de Tutankhamon). Claro que já tinha sido assaltada pelos ladrões, mas também parecia inacabada quando da morte do faraó. A decoração ao sul da câmara mortuária foi feita por Horemheb e mostra o roubo da tumba e os esforços feitos por Horemheb para consertar tudo. <br>
Sua múmia já havia sido encontrada cinco anos antes junto com outras múmias na tumba de Amenhotep II. <br>
Do reinado de Thutmose IV, foram encontradas as tumbas de Yuya e Thuya, Nakht e Menna no Vale dos Nobres. Os dois primeiros foram pais de sua mãe (seus avós maternos), Nakht era o fiscal dos vinhedos e celeiros e Menna era o Escriba dos Campos do Senhor das Duas Terras (como está inscrito em sua tumba). <br>
 
'''Amenhotep III (Nebmaatre)''' - seu nome significa '''Amon está satisfeito'''. O nome de trono Nebmaatre significa '''O senhor da verdade é Ra'''. A versão grega de seu nome é Amenophis III. <br>
Amenhotep III reinou sobre um país em paz. Houve pouca atividade militar em seu reinado, seu pai já havia reduzido as campanhas militares e ele continuou sua política, aumentando o poder administrativo. <br>
Como estava gastando pouco com a máquina militar, Amenhotep III se dedicou às artes, em seu governo houve muitas obras, muitos monumentos. Alguns deles foram, a tumba de Yuya e Thuya no Vale dos Nobres em Tebas, o templo leste e o prédio Festival em Karnak, o terceiro pilono e um santuário para Maat, o templo de Maat em Luxor, seu templo mortuário, os Colossos de Memnon e o palácio Malkata. <br>
Muito dos recursos para essas construções vinham do comércio exterior (ele casou-se com filhas de reis estrangeiros o que solidificou as ligações comerciais) e da mineração de ouro na Núbia. A agricultura também teve um grande desenvolvimento neste reinado. <br>
Sua obra mais espetacular deve ter sido seu templo em ''Kawn el-Hitan'' na margem oeste do Nilo. As duas estátuas conhecidas como ''Colossos de Memnon'' ficavam na entrada desse templo, elas medem vinte metros e nos dão uma idéia do tamanho que esse templo deveria ter, talvez fosse a maior construção do Egito. Infelizmente o templo foi destruído por completo e restam apenas as fundações. Foi construído de modo que as águas da enchente do Nilo entrassem por dentro do templo deixando de fora apenas o santuário sobre as águas. Parece que o templo não resistiu à ação das águas e ao fato do solo ser muito movediço para suportar os pesados pilares. <br>
[[Image:ReliefOfAmenhotepIII-ThebanTomb57.png|thumb|150px|left|Relevo de Amenhotep III da Tumba Tebana número 45, tumba de Khaemhet]]
Este faraó teve muitas esposas e muitos filhos e filhas documentados - pelo menos dois filhos e quatro filhas. É provável que seu filho mais velho tenha morrido jovem deixando como herdeiro do trono Amenhotep IV, conhecido como Akhenaton. <br>
Amenhotep III foi sepultado no Vale dos Reis na tumba número 22, é uma das tumbas mais antigas do vale. Foi descoberta em 1915 por Howard Carter (descobridor da tumba de Tutankhamon), originalmente entalhada na rocha por Thutmose IV, foi usada para o funeral de Amenhotep III. <br>
 
'''Amenhotep IV Akhenaten''' - seu nome foi mudado no sexto ano do seu reinado de Amenhotep IV para Akhenaton. O nome Akhenaton significa '''Glória ao disco solar'''. <br>
Amenhotep IV deve ter sido o filho mais jovem de Amenhotep III e herdou o trono devido a morte do filho mais velho do faraó. Esse filho mais velho deveria ser um Thutmose e estranhamente foi encontrado na tumba de Tutankhamon, um chicote com o nome desse príncipe. <br>
Talvez o jovem Amenhotep tenha participado do governo do pai como co-regente mas não está provado, há prós e contras. <br>
No sexto ano de seu reinado, o faraó não só trocou seu nome como criou um novo culto, uma nova religião que tinha um único deus, '''Aton'''. Para homenagear seu deus, Akhenaton construiu toda uma cidade ''Akhet-Aton'' para onde se mudou junto com sua família e a corte. Hoje essa cidade, entre Menfis e Tebas é chamada Tell el-Amarna. <br>
Acredita-se que além da própria fé, o faraó estava profundamente incomodado com o poder dos sacerdotes de Amon e esta era a oportunidade de lhes dar uma lição. Ele mandou apagar os nomes e imagens de Amon pelo Egito afora. Parece que esse foi o primeiro exemplo de monoteísmo documentado. <br>
É possível que Amenhotep III seu pai, já estivesse promovendo, aos poucos, alguns cultos solares, na tentativa de diminuir o poder dos sacerdotes de Amon e Akhenaton deve ter participado disso. Na verdade, quando ele chegou ao trono, tomou a religião como foco principal e tentou obrigar o povo, acostumado há milênios a adorar diversos deuses, a se tornar monoteísta por decreto. É evidente que o povo continuou adorando seus deuses, apenas os sacerdotes perderam o poder. <br>
Os templos construidos por Akhenaton para adorar seu deus, foram diferentes de tudo que já tinha sido construído no Egito até então. Os templos não possuíam teto (portanto não eram escuros), as paredes eram decoradas com cenas da vida diária em pedra calcária branca. A visão deveria ser maravilhosa, um complexo de paredes brilhantes sob a luz do sol e o céu azul do Egito. <br>
[[Image:Akhenaten - Ajenatón.jpg|thumb|150px|right|Akhenaton]]
A arte no período de Akhenaton, é chamada ''amarniana'' e é completamente diferente do estilo habitual egípcio. É uma arte tão naturalista a ponto de as figuras parecerem caricaturas. É espantosa a maneira como o faraó é retratado, pernas e braços finos, barriga proeminente, rosto pontudo e o crânio alongado. É recorrente a pergunta se o faraó sofria de algum tipo de doença que causaria essa deformidade. Na verdade, as figuras em geral são retratadas dessa forma, até mesmo a família do faraó. Nefertiti, a esposa de Akhenaton, cujo busto é talvez a mais bela obra de arte egípcia e hoje está no Museu de Berlim, pelo menos nessa obra não é mostrada de maneira tão estranha, e ela era uma mulher linda. <br>
Praticamente todos relevos de Akhenaton foram desfigurados após a sua morte e as estátuas mostram uma figura definitivamente grotesca. <br>
Akhenaton casou com Nefertiti, filha de Ay que foi vizir de seu pai. Quando o faraó mudou seu nome, sua esposa passou a chamar-se ''Nefer-Nefru-Aten'', '''Bela é a beleza de Aton'''. Existe uma corrente de estudiosos que defende a tese de que quando Akhenaton morreu, o faraó que o sucedeu, o quase desconhecido Smenkhare, na verdade foi Nefertiti (ou Nefernefruaten), que reinou para manter o poder do novo deus. <br>
Enquanto o faraó se dedicava à religião e as artes, o império egípcio ficou nas mãos de dois homens fortes, Ay, que devia ser o sogro de Akhenaton e o general Horemheb que era casado com outra filha de Ay, Mutnodjme (irmã de Nefertiti).
Ambos se tornaram faraós e graças a eles o Egito permaneceu sob controle enquanto Akhenaton se entregava a seus interesses filosóficos e religiosos. <br>
Após a morte de Akhenaton, houve um movimento sistemático no sentido de apagar todo e qualquer vestígio de sua presença na história do Egito. Seus monumentos foram demolidos, seu nome foi apagado, suas estátuas quebradas e nos afrescos, ele foi desfigurado. O culto a Aton acabou de imediato após a morte do faraó e os sacerdotes de Amon voltaram ao poder como antes. <br>
Um túmulo na rocha foi preparado para Akhenaton em Amarna, mas parece nunca ter sido usado. Em Tebas não há tumba com seu nome e não se sabe aonde ele foi sepultado. Seus oficiais e outros nobres foram sepultados ns tumbas em Amarna, onde existem restos do estilo amarniano de arte. <br>
 
'''Smenkhkare (Ankkheperure-Merywaenre)''' - seu nome Semenkhkare-Djeserkheperu significa '''Aquele a quem o espírito de Ra enobreceu''' ou '''Vigorosa é a alma de Ra''', '''Manifestações sagradas'''. Seu nome de trono Ankkheperure-Merywaenre significa '''Vivas são as manifestações de Ra'''. <br>
Este foi um faraó que até hoje gera controvérsias. Alguns acreditam que Smenkhkare era Nefertiti, esposa de Akhenaton. Isso, porque, o nome Ankhkheperure é muito parecido com o nome Nefernefruaton, que era o nome de Nefertiti. <br>
[[Image:Ataud kv55.jpg|thumb|100px|left|Ataúde encontrado na KV55]]
Outros acham que Smenkhkare era o irmão mais novo de Tutankhamon que reinou apenas durante pouco tempo. Também pode ter sido o irmão mais novo de Akhenaton, ou até mesmo um filho dele. Pode ter sido outra pessoa que tenha se casado com uma das filhas de Akhenaton. <br>
Seu reinado foi de apenas três anos, mas, foi o suficiente para abandonar a nova religião de Aton e deixar Amarna, voltando o centro do poder para Tebas. <br>
Vamos às teorias, se ele fosse filho de Akhenaton, não seria filho de Nefertiti, acredita-se que ela teve apenas filhas. Ele teria sido talvez, filho de uma das esposas menores, talvez de Kiya (que se acredita era a mãe de Tutankhamon). Ele deve ter reinado logo após a morte de Akhenaton e por muito pouco tempo, sendo logo sucedido por Tutankhamon. <br>
Continuando nas hipóteses, ele teria se casado com Merytaton que era a filha mais velha, herdeira da linhagem, mas ela deve ter morrido cedo. Assim quem passou a herdeira oficial foi Ankhesenpaton que casou com o jovem Tutankhamon. Smenkhkare e Merytaton são mostrados juntos na tumba de Meryre II em Amarna e também num relevo em Mênfis. <br>
Ainda no campo das hipóteses, caso depois da morte de Akhenaton, Nefertiti tivesse assumido como co-regente, a ''Estela de Co-regência'', um fragmento encontrado em Amarna, poderia atestar a credibilidade. Originalmente, a Estela mostra três figuras, identificadas como Akhenaton, Nefertiti e a princesa Merytaton. Porém mais tarde, o nome de Nefertiti foi arrancado e no lugar foi colocado o nome do Faraó Ankhkheperure Neferneferuaton, e o nome da princesa foi trocado pelo da terceira filha de Akhenaton e Nefertiti, Ankhesenpaaton. A troca do nome da filha sugere que Merytaton faleceu antes do final do reinado de Akhenaton.<br>
Outra das controvérsias diz respeito à crença de que Merytaton não morreu jovem e sim que sobreviveu ao seu marido e foi co-regente dele sob o nome de Ankhetkheperure, que é o último nome de trono do seu marido na forma feminina. <br>
Acredita-se que Smenkhkare faleceu por volta dos vinte e cinco anos de causas desconhecidas. Na tumba de número 55 do Vale dos Reis havia a múmia de um homem falecido por volta de vinte e seis anos, que mostrava sinais de hidrocefalia e poderia ser a múmia de Akhenaton (que nunca foi encontrada). <br>
Apesar das evidencias o Museu do Cairo insiste em que essa múmia é Smenkhkare. Na verdade, Akhenaton reinou pelo menos por dezessete anos e não poderia ter morrido tão jovem, se é verdade que a múmia possuía apenas vinte e seis anos quando morreu. <br>