Ir para o capítulo anterior: A planta Carvalho Ir para o próximo capítulo: Aspectos culturais

A madeira do carvalho sempre foi muito utilizada pelo homem na construção civil, na construção de barcos[1], na confecção de barris para armazenar, transportar e amadurecer vinho, uísque, rum e outras bebidas alcoólicas e como lenha. Os barris de carvalho, além de permitir uma eficiente armazenagem de bebidas, também melhoram sensivelmente a qualidade das mesmas. Também costumam ser utilizados pequenos pedaços de carvalho (chips) para conferir um sabor especial aos vinhos, quando estão em fase de preparo e maturação.

Madeira de carvalho
Seção transversal de carvalho mostrando os anéis do tronco
Madeira de Quercus robur
Tábuas de madeira de carvalho branco do Gabão
Escultura em madeira de carvalho em Bremen, na Alemanha, representando o herói medieval Rolando
USS patriot, navio estadunidense cujo casco é feito de madeira de carvalho, abeto e cedro, cobertos com fibra de vidro, para fugir à ação de minas magnéticas
Painel em madeira de carvalho na catedral Santa Maria d'Auche, na França
Muro de madeira de carvalho em Ârhus, na Dinamarca
Bateria feita com madeira de carvalho
Barris utilizados para se armazenar rum em Savanna, em Reunião
Barris de carvalho utilizados para armazenar vinho na Catalunha, na Espanha
Chips de carvalho em vinho chardonnay fermentando

As bolotas do carvalho têm um sabor que varia entre o doce e o amargo, dependendo da espécie de carvalho. Os carvalhos brancos geralmente têm bolotas mais doces que os carvalhos vermelhos[2]. O amargo é devido à presença de ácidos tânicos, o que torna as bolotas tóxicas para cavalos, bois, cabras e ovelhas. Os ácidos podem ser removidos através de um período de molho das bolotas na água, seguido de cozimento. No caso das bolotas doces, elas podem ser consumidas diretamente, cruas ou assadas. As bolotas podem ser utilizadas na fabricação de farinha, a qual pode ser utilizada para se fabricar pão ou macarrão (por exemplo, o macarrão coreano gooksoo do dotori[3]).

Também podem ser utilizadas para se fazerem doces. Podem ser consumidas cozidas, como ingrediente de sopas. As bolotas de carvalho foram usadas tradicionalmente na alimentação humana na Europa[4], nas Coreias, no Japão[5] e entre os índios da América do Norte, porém seu uso diminuiu nos últimos séculos devido à concorrência de alimentos estrangeiros.

Buracos na pedra onde os índios da Califórnia moíam as bolotas de carvalho
Dotorimuk, um típico doce coreano feito com o amido das bolotas de carvalho

Os bosques de carvalho são tradicionalmente local de alimentação de porcos, os quais comem as bolotas caídas no chão sem que isso lhes cause problema algum. Esta prática é chamada na Inglaterra de pannage. Normalmente, essa prática ocorre no outono, quando as bolotas estão maduras, o que impede que os outros animais se intoxiquem com o consumo das bolotas nos pastos. A alimentação dos porcos com bolotas de carvalho é um ingrediente importante na confecção do famoso presunto espanhol presunto espanhol pata negra[6].

Porcos comendo bolotas na reserva natural de New Forest, na Inglaterra
Colhendo bolotas para os porcos, ilustração de um saltério inglês do século catorze. A gravura corresponde ao mês de novembro.
Sanduíche com o tradicional presunto espanhol pata negra

Os ácidos tânicos removidos das bolotas são utilizados na indústria do couro para curtir o mesmo, ou seja, para torná-lo mais resistente. Das bolotas, também pode ser extraído um óleo de massagem. O valor nutricional das bolotas varia conforme a espécie de carvalho, porém sempre apresentam alto conteúdo de proteínas, carboidratos, gorduras, cálcio, fósforo, potássio e niacina[7].

De uma espécie de carvalho, o sobreiro (Quercus suber), pode ser extraída a cortiça que é utilizada principalmente na confecção de rolhas. A cortiça é a casca do sobreiro, que, após ser retirada, se recompõe naturalmente.

Sobreiro com a casca já retirada no Languedoc-Roussillon, na França
Depósito de cortiça no Algarve, em Portugal
Rolha de cortiça para espumante

As florestas de carvalho na Itália, França e Croácia são locais tradicionais de coleta de trufas. As trufas são fungos comestíveis que crescem nas raízes dos carvalhos e que alcançam altos preços no mercado gastronômico. Elas costumam ser localizadas por cães ou porcos que possuem um olfato apurado suficiente para localizá-las a altas profundidades sob o solo[8][9].

Trufas negras da Croácia
Colheita de trufas em Mons, em Var, na França
Trufas brancas da Toscana, na Itália
Colheita de trufa em Mons, em Var, na França
Cachorro procurando por trufas
Instrumentos para colheita de trufas
Massa com cobertura de trufas

Referências