Os primeiros europeus a chegarem ao atual território do Haiti foram os espanhóis da expedição de Cristóvão Colombo de 1492. Na noite de natal, a nau Santa Maria encalhou na costa norte do Haiti e teve de ser abandonada. Os espanhóis seguiram a viagem de exploração da região, porém deixaram um grupo de 39 homens no local, no forte construído com os restos da nau Santa Maria, o Forte Natividade (La Natividad), no local da atual cidade haitiana de Molhe São Nicolau (Môle Saint-Nicolas). Quando voltaram à cidade, no ano seguinte, Colombo constatou que a mesma havia sido arrasada pelos indígenas.

Os reinos indígenas em que se dividia a ilha de Espanhola na época da chegada dos espanhóis
Museu de Guahaba, em Limbé, especializado em cultura indígena. Guahaba era o nome que os indígenas tainos davam à região.
Gravura do século XVIII retratando a Ilha da Tartaruga. A ilha recebeu esse nome por seu formato se assemelhar a uma tartaruga flutuando sobre o mar. A ilha foi o primeiro local de colonização francesa no Haiti.
Forte da Rocha, na Ilha da Tartaruga, construído pelo francês François Levasseur em 1640
François l'Ollonais, um dos piratas que tinham, por base, a Ilha da Tartaruga
Casa em Porto do Príncipe no século XVIII

A ilha batizada por Colombo como A Espanhola (La Española) era conhecida pelos índios locais tainos como Quisqueia. Os espanhóis ocuparam principalmente a porção leste da ilha, onde fundaram a cidade de Santo Domingo. A porção oeste da ilha ficou esquecida, o que possibilitou que ela fosse ocupada por piratas franceses ao longo dos séculos XVI e XVII. Especialmente a Ilha da Tartaruga (Île da la Tortue), na costa norte do Haiti, que se tornou uma famosa base de piratas. Em 1697, através do tratado de Ryswick e em 1777, através do Tratado de Aranjuez, a Espanha cedeu, oficialmente, à França, a posse da porção oeste da ilha.

Verificando a fertilidade do solo local, os franceses passaram a plantar tabaco, índigo, cana-de-açúcar e café na região. Como os índios locais tainos haviam sido massacrados pelos espanhóis, os franceses passaram a importar escravos africanos para trabalhar nas plantações. Os franceses denominaram a colônia São Domingos (Saint-Domingue). A capital inicial da colônia foi Cabo Francês. Em 1770, a capital foi transferida para a cidade de Porto do Príncipe, que havia sido fundada em 1749, no local de um antigo hospital utilizado pelos piratas. São Domingos tornou-se uma das mais lucrativas colônias europeias na América, sendo apelidada de "pérola do Caribe". Porém, em 1789, com a revolução Francesa, a agitação política na metrópole se transferiu para a colônia caribenha, gerando uma revolta de escravos em 1791 que culminou na abolição da escravidão em 1793 pelos representantes do governo revolucionário francês em São Domingos, Léger-Félicité Sonthonax e Étienne Polverel. Durante a revolta, os proprietários de terras brancos foram massacrados pelos escravos. O cônsul francês Napoleão Bonaparte enviou, em 1802, uma força militar para restabelecer a ordem em São Domingos. Após violentos combates contra os revoltosos, o exército francês liderado pelo general Leclerc acabou por triunfar e enviar o principal líder da rebelião, Toussaint Louverture, para uma prisão na França, onde veio a morrer no ano seguinte em decorrência do rigor do clima e da má nutrição.

Porém a revolta prosseguiu em São Domingos, culminando na declaração de independência em 1804 por um companheiro de Louverture, Jean-Jacques Dessalines. O novo país passou a se chamar Haiti, que era o nome indígena de uma região da ilha e que significava "terra de altas montanhas". Dessalines se autoproclamou imperador Jacques I, porém acabou sendo assassinado em 1806[1]. O país se dividiu em dois: uma monarquia no norte, sob o comando de Henri Cristophe e uma república ao sul, sob o comando de Alexandre Pétion. Henri Cristophe construiu uma grande fortaleza ao norte: a cidadela de La Ferrière. No mesmo ano em que fortaleza terminou de ser construída, 1820, Henri Cristophe se suicidou diante da iminência de uma rebelião popular.

Enquanto isso, Alexandre Pétion morreu, de febre amarela, em 1818. Sucedeu-lhe, como líder da República do Haiti, Jean Pierre Boyer, que retomou a região norte do Haiti, pondo fim ao Reino do Haiti. Em 1822, com a independência da República Dominicana, na porção leste da Ilha de Espanhola, a República do Haiti invadiu a região e unificou a ilha. Em 1825, a França aceitou reconhecer oficialmente a independência haitiana em troca de uma indenização de noventa mil francos. A alta quantia da indenização forçou o governo de Boyer a aumentar os impostos, o que diminuiu sua popularidade. Em 1843, uma revolução forçou Boyer a abdicar do cargo de presidente e a se exilar. A instabilidade política permitiu à República Dominicana expulsar os haitianos no ano seguinte. Daí em diante, os governos haitianos se sucederam velozmente, sem conseguir deter a onda de rebeliões.

Em 1857, os Estados Unidos reivindicaram a posse da ilha haitiana de Navassa, que possuía reservas abundantes de guano. O guano, na época, era uma importante matéria-prima para a indústria de fertilizantes. Não obstante os protestos haitianos, a companhia estadunidense Navassa Phosphate Company explorou o guano na ilha de 1865 até 1898. Em 1915, os Estados Unidos invadiram o país para proteger os interesses do banco Kuhn, Loeb & Company. Os Estados Unidos permaneceram no país até 1934. Após a saída estadunidense, o país retomou sua rotina de instabilidade política e rebeliões. Em 1957, François Duvalier foi eleito presidente e iniciou uma ditadura baseada na violência de sua milícia pessoal, os tonton macoutes ("bichos papões"). Duvalier permaneceu no poder até sua morte em 1971, sendo sucedido por seu filho Jean-Claude Duvalier. O filho continuou a política do pai até ser derrubado por um levante popular em 1986.

Após a queda de Jean-Claude Duvalier, o país retomou a sua instabilidade política costumeira. Em 2004, a Organização das Nações Unidas iniciou uma ocupação militar do país para estabelecer a ordem. Em 2010, um terremoto de grau sete arrasou o sul do país, deixando 200 000 mortos e mais de 1 000 000 de desabrigados. O terremoto foi acompanhado por uma epidemia de cólera, que matou mais de 7 000 haitianos. A doença foi causada, em parte, por bactérias introduzidas por soldados nepaleses que vieram ao país em missão de paz da Organização das Nações Unidas. Mas a doença só se alastrou devido à ausência quase total, no país, de um sistema de esgotos e de água potável[2].

Referências

  1. http://www.americas-fr.com/histoire/haiti.html
  2. Cólera matou mais de 7 mil pessoas no Haiti em menos de dois anos. O Fluminense. 22 de julho de 2012. Disponível em http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/ciencia-e-saude/plantao/colera-matou-mais-de-7-mil-pessoas-no-haiti-em-menos-de-dois-anos. Acesso em 22 de julho de 2012.