História da Humanidade/Introdução

História é a ciência que estuda o passado da humanidade para compreendermos o presente e poder projetar o nosso futuro.

Busto de Heródoto,considerado o pai da História

Como todas as ciências,a História tem suas especificidades, trabalha com formas de raciocínio próprias a ela, tem seus limites e suas exigências. Uma grande dificuldade que encontramos quando queremos falar de nossos estudos é estabelecer a diferença entre o que é o trabalho historiográfico sobre um determinado tema e o que é simplesmente um juízo de valores. Por exemplos, quando falamos em preconceito racial, todos nós temos uma opinião a respeito. Alguns são contra, outros a favor; uns dizem que a culpa é dos próprios discriminados,outros afirmam que o preconceito é pura injustiça.

Trata-se apenas de opiniões diferentes sobre o assunto. Outra coisa, e bem diferente, é analisar historicamente o racismo,pesquisar suas origens, a quem ele serviu ou ainda serve, quais interesses estão por trás de uma teoria racista e em que contexto ela foi elaborada.

Vamos pensar na escravidão africana na América.A que conjunto de acontecimentos pertencia a idéia de que os negros não tinham alma? Certamente à questão de escravidão. A quem interessava a difusão dessas idéias? Não aos escravos, com certeza.

Eis a grande diferença! Não se trata apenas de opinar ou julgar quem está certo ou errado. Trata-se de localizar e compreender historicamente o acontecimento, de tentar entender porque os homens daquela época agiam daquela forma e, finalmente, contribuir para a formação de valores e de uma formação de mundo mais justa.

O conhecimento histórico é dinâmico

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Essa abordagem da História não significa que temos a capacidade de recuperar "a verdade". O conhecimento histórico é uma reconstrução de fatos a partir de fontes históricas,ou seja,é o nosso pensamento de hoje tentando alcançar o modo de pensar e de viver de outros tempos e de outros povos.

O conhecimento histórico é dinâmico: modifica-se, reestrutura-se a partir de novas descobertas, do aparecimento de novos documentos e até mesmo de novas formas de ler documentos já conhecidos.

Vamos fazer um exercício. Leia o texto a seguir:

  Já indicamos que, na medida do possível, a cidade deve estar em comunicação,ao mesmo tempo, com o interior do país, o mar e a totalidade de seu território. A cidade deve oferecer a seus cidadãos uma saída fácil; antes de tudo, ela deve ter águas e fontes naturais em abundância. Eis por que nos Estados sabiamente governados, se todas as fontes não são igualmente puras e se há carência de fontes de boa qualidade,as águas que servem para a alimentação devem ser separadas das que são destinadas para outras coisas. 

Ao que parece, trata-se do texto de alguém preocupado com a poluição da água, processo que se itensificou após a Revolução Industrial. A contaminação das águas urbanas ainda é um grande problema da atualidade. Será essa a preocupação do autor?

Conhecendo quem escreveu e em que contexto, percebemos que não. Este texto foi escrito por Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 a.C., e seu título é Política. Agora, leia o texto pensando que ele foi escrito por um filósofo da Antiguidade, e perceba como o sentido do texto se modifica. Não se trata de um discurso de cunho ecológico e sim um discurso com preocupações políticas: Aristóteles estava ensinando aos governantes gregos formas de bem governar.

Como os historiadores dividem a História

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A periodização clássica, ou positivista, divide a história em quatro grandes eras. Essa forma de dividir é criticada tanto por seu viés eurocêntrico quanto por trazer implícita a suposição de que as relações políticas determinam outros aspectos e processos que compõem a dinâmica social. Assim, marcos da história europeia são tidos como cruciais para a o mundo inteiro, mesmo em épocas anteriores ao domínio europeu sobre outras partes do mundo. E, mostram estudos recentes, ao contrário do que se costumava imaginar, a transição de uma Idade para outra não se fez acompanhar de transformações abruptas no tecido social.

Outro ponto a ser observado é a própria definição subjacente de História, segundo a qual esta somente existe a partir da invenção da escrita. Avanços teóricos e metodológicos do século XX refutaram esta tese, porque se pode estudar a história das sociedades sem escrita pela análise de fontes materiais e orais (quando possível), recorrendo-se, para tanto, ao auxílio de outras disciplinas, como a arqueologia e a antropologia.

Dito isto, a divisão clássica ainda é predominante, por sua utilidade e praticidade; por ter-se tornado a linguagem comum através da qual se comunicam os historiadores. Basta ter em mente as ressalvas feitas acima para não incorrer em preconceitos e juízos de valor.

  • Pré-História: Período que se estendeu do surgimento do ser humano moderno (c. 200.000 a.C.) até a invenção da escrita (c. 3500 a.C.).
  • Idade Antiga: Período vai da invenção da escrita (c. 3500 a.C.) à queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.).
  • Idade Média: Iniciada com a desintegração do Império Romano do Ocidente (476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla (1453 d.C.).
  • Idade Moderna: Teve início em 1453, com a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos, e terminou com a Revolução Francesa, em 1789.
  • Idade Contemporânea: Período da história atual, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789 d.C.).