Iniciação à Pesquisa Científica em Saúde /REPOSITÓRIO DE EXERCÍCIOS RESOLVIDOS/ Exercício 17: Dengue II

Questão 17: Dengue II editar

Um profissional de saúde decidiu fazer um levantamento à partir de 5 casos de Dengue confirmados na Unidade Básica de Saúde onde ele atua. Para isto, buscou informações sobre o tipo de moradia e sexo destes pacientes, nos registros ambulatoriais. Usou como comparação 5 pacientes da mesma região que não tiveram Dengue, no mesmo período, o último mês. Analise os dados apresentados no quadro a seguir e responda as questões.

 
Dengue em janeiro/16 Moradia Sexo
Não apartamento F
Sim apartamento F
Não apartamento M
Não apartamento M
Sim casa M
Sim casa M
Sim casa F
Não apartamento F
Sim casa M
Não apartamento F

F- feminino, M-masculino

a) Qual a frequência absoluta e relativa do tipo de moradia em pacientes que tiveram Dengue e do grupo controle.

b) Construa um gráfico utilizando os dados Dengue e sexo.

c) É possível tirar conclusões que possam ser aplicadas à toda comunidade, a partir desta análise?

d) Que estudo voce poderia propor para analisar melhor a questão levantada nesta avaliação preliminar? indique o desenho de estudo, criterios de elegibilidade, variáveis preditoras e desfecho, validade externa do estudo e considerações éticas sobre a proposta.


Resposta da questão: editar

a)Tendo em vista que a frequência absoluta é a quantidade de observações que aparece em uma dada categoria, basta contar quantos pacientes moram em casa e tiveram dengue e quantos moram em apartamento e tiveram dengue, lembrando de fazer o mesmo para o grupo controle. Sendo assim:

Frequência absoluta de pacientes que moram em casa e tiveram dengue = 4

Frequência absoluta de pacientes que moram em apartamento e tiveram dengue = 1

Frequência absoluta de pacientes que moram em casa e não tiveram dengue = 0

Frequência absoluta de pacientes que moram em apartamento e não tiveram dengue = 5

Já a frequência absoluta equivale à frequência percentual, ou seja, é numero de vezes que uma determinada observação aparece em uma dada categoria. Portanto, deve-se dividir a frequência absoluta pelo total de observações possíveis na categoria à qual ela faz parte. Sendo o tipo de moradia a categoria e ter dengue ou não as observações possíveis, verifica-se:

Frequência relativa de pacientes que moram em casa e tiveram dengue = 4/4 = 100%

Frequência relativa de pacientes que moram em apartamento e tiveram dengue = 1/6 = 16,7%

Frequência relativa de pacientes que moram em casa e não tiveram dengue = 0/4 = 0%

Frequência relativa de pacientes que moram em apartamento e não tiveram dengue = 5/6 = 83,3%

Referência bibliográfica: PINHEIRO, R.S.; TORRES, T.Z.G. Análise exploratória de dados. In: MEDRONHO, R.A. Epidemiologia. 2.ed. Atheneu, 2008. P.327-328.

b) Foi usado o gráfico de barras porque ele é mais apropriado para apresentar as variáveis categóricas nominais, que dizem respeito àquelas que descrevem atributos ou qualidade de dados, não sendo possível a realização de operações aritméticas entre elas. O gráfico apresentado a seguir mostra a distribuição dos casos de Dengue por sexo do indivíduo (cor vermelha sexo feminino e cor azul sexo masculino).

Referência bibliográfica: PINHEIRO, R.S.; TORRES, T.Z.G. Análise exploratória de dados. In: MEDRONHO, R.A. Epidemiologia. 2.ed. Atheneu, 2008. P.324;334.

c) Não, pois a amostra é muito pequena. Isso fica mais claro ao fazer o cálculo da margem de erro. Para tanto, usa-se a seguinte fórmula:

E= zα/2 pq/n

Sendo o intervalo de confiança (zα/2) de 95% (usa-se, então, o valor 1,96), p=0,5 e q=0,5 e n a amostra, que é 10, tem-se que a margem de erro é igual a 0,309.

Sabendo que margem de erro diz respeito à diferença entre a proporção populacional e a proporção amostral, um valor de 30% mostra que o erro entre elas é muito grande e, por consequência, significativo.

Referência bibliográfica: Estatística básica e aplicada, InfoLabo. Disponível em: http://infolabo.com.br/stat2/Estatistica.pdf. Acesso em 17 de junho de 2016.

d) Um estudo que avalie se fatores como sexo biológico e tipo de moradia influenciam na susceptibilidade a contrair dengue. Um estudo objetivo, mais simples e rápido de se fazer seria um estudo transversal , a partir da avaliação de modo aleatório dos prontuários de um número de pessoas que foi atendido nas Unidades Básicas de Saúde espalhadas pela cidade, é importante saber se a pesquisa vai se limitar a uma única UBS ou a toda cidade, porque em uma mesma cidade há áreas de maior ou menor incidência de dengue. Assim, os resultados de uma determinada área poderiam não ser válidos para toda a cidade.

Para tanto, deve-se calcular o número amostral adequado para uma UBS específica e, a partir dele, buscar prontuários por sorteio nas UBSs. Para que esse prontuários sejam válidos na pesquisa, os pacientes devem ser maiores de 18 anos, não podem morar na zona rural (caso contrário, não seria possível classificar de modo adequado o tipo de moradia entre casa e apartamento), podendo ou não terem contraído dengue no último mês. As variáveis preditoras seriam o sexo biológico e o tipo de moradia, enquanto o desfecho é apresentar ou não dengue.

Esse estudo teria uma validade externa apenas para a comunidade em torno da UBS avaliada. Além disto, há o conceit da validade interna, que se refere ao conjunto de procedimentos metodológicos que determinam o grau de evidência científica do estudo. Neste caso, os fatores que limitam essa validade estão muito relacionados às intervenções realizadas durante a pesquisa e o estudo em questão é meramente observacional. Por esse mesmo motivo, esse estudo não se esbarra em questões éticas, a maior preocupação, ao longo de toda a seu execução deve-se manter o sigilo e o anonimato em relação aos pacientes.

Referência bibliográfica: BANDEIRA, M., Validade interna e externa de uma pesquisa. Disponível em: http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/lapsam/Metodo%20de%20pesquisa/Metodos%20de%20pesquisa%202013/Texto_4_-_Validade_Interna_e_Externa_de_uma_Pesquisa.pdf. Acesso em 17 de junho de 2016.

HULLEY, S.B.; NEWMAN, T.B.;  CUMMINGS, S.R. Primeira parte: Anatomia e Fisiologia da Pesquisa Clínica. In: HULLEY, S.B.; CUMMINGS, S.R.; BROWNER, W.S.; GRADY, D.G.;  NEWMAN, T.B. In: Delineando a pesquisa clínica. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. P.21-32.

Indexadores do tema deste exercício editar

Apresentação de dados científicos sobre saúde

Preparação e análise de gráficos sobre dados de saúde

Planejamento de estudos científicos em saúde

Escolha dos controles

Bibliografia utilizada editar

PINHEIRO, R.S.; TORRES, T.Z.G. Análise exploratória de dados. In: MEDRONHO, R.A. Epidemiologia. 2.ed. Atheneu, 2008. P.327-328.

PINHEIRO, R.S.; TORRES, T.Z.G. Análise exploratória de dados. In: MEDRONHO, R.A. Epidemiologia. 2.ed. Atheneu, 2008. P.324;334.

Estatística básica e aplicada, InfoLabo. Disponível em: http://infolabo.com.br/stat2/Estatistica.pdf. Acesso em 17 de junho de 2016.

BANDEIRA, M., Validade interna e externa de uma pesquisa. Disponível em: http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/lapsam/Metodo%20de%20pesquisa/Metodos%20de%20pesquisa%202013/Texto_4_-_Validade_Interna_e_Externa_de_uma_Pesquisa.pdf. Acesso em 17 de junho de 2016.

HULLEY, S.B.; NEWMAN, T.B.;  CUMMINGS, S.R. Primeira parte: Anatomia e Fisiologia da Pesquisa Clínica. In: HULLEY, S.B.; CUMMINGS, S.R.; BROWNER, W.S.; GRADY, D.G.;  NEWMAN, T.B. In: Delineando a pesquisa clínica. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. P.21-32.

VOLTAR À PAGINA PRINCIPAL editar