Interatividade Educativa/9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo TEÓRICO mostrou-se a opção por pensar a ação pedagógica e dela idealizar modelos que conformam as tecnologias digitais, de modo a inverter no emprego dos artefatos tecnológicos subordinando à ação pedagógica a lógica dominante. Ou seja, partiu-se da necessidade em sala de aula para a tecnologia disponível e mais adequada.
Norteado pelo objetivo de definir interatividade educativa quando a oferta de conteúdos curriculares se der em mídia digital e submeter o modelo a uma ação pedagógica intentando validá-lo, o trabalho teórico atingiu os três primeiros objetivos intermediários, reunindo e analisando a literatura afim e definindo um modelo conceitual de interatividade educativa. A partir da análise realizada e com base no modelo conceitual proposto, refletiu-se sobre o emprego de meios digitais na oferta de conteúdos curriculares e sobre o papel do professor em sua ação pedagógica empregando tais meios. Por fim, confrontando o modelo proposto com a realidade escolar, buscou-se estabelecer os pontos fortes e fracos capazes de validá-lo ou não, atingindo assim o quarto e último objetivo intermediário.
Unindo a demanda criada por uma comunidade escolar com a necessidade de validação do modelo conceitual definido foi proposto à comunidade escolar um programa de inclusão digital em Ubatuba, Estado de São Paulo. Esse programa foi realizado entre 2007-2008.
Um dos projetos que compõe o programa, a construção de salas de aula informatizada foi implantando em outubro de 2008. O projeto de inclusão digital dos pais de alunos da escola embora previsto para ser disparado no início do ano de 2010, nunca foi iniciado por opção política da prefeitura. Os projetos de pesquisa-ação e formação tecnológica continuada de professores da escola iniciaram-se em 2007, interrompidos em função da rotatividade anual dos professores interinos e retomados em 2008 com dois terços do corpo docente contratado.
O dispositivo pedagógico de formação tecnológica continuada dos professores foi concebido segundo o Modelo de Formação Centrado na Análise e Transformação das Práticas, desenvolvido por José Alberto Correia[1]. Cuja dimensão estruturante é a pesquisa-ação “Professor Reflexivo atuante em ações de Inclusão Digital”. Os dois projetos terminaram em 2010, daí em diante não foram absorvidos pelo projeto pedagógico da escola.
O modelo de interatividade educativa proposto foi aplicado no planejamento e elaboração de material didático destinado a formação tecnológica continuada dos professores da escola e validado qualitativamente pelos participantes da ação pedagógica por meio de análise SWOT.
Enfim, entende-se que esta tese é contribuição à comunidade científica, dedicada ao estudo dos embasamentos teóricos os quais tratam do emprego de mídias digitais como suporte a conteúdo curricular. O modelo aqui proposto encontra sua relevância na medida em que oferece um olhar (sistêmico-relacional) diferenciado, que valoriza a mediação interativa em sua complexidade, ao mesmo tempo em que promove às perspectivas mecanicistas uma crítica fundamentada.
Ao realizar este estudo da mediação de conteúdos educativos em meios digitais, as bases tecnicistas advindas das ciências fronteiriças, pareciam coerentes. Mas, ao deixar de lado as teorias educacionais comportamentalistas, ruíram as certezas,
Considera-se fundamental que novos estudos sejam efetuados nesta direção, com objetivo de construir e reconstruir as reflexões levadas a cabo e avançar em direção a implementação de novas visões no seio da Ciência da Computação. Por exemplo, naquele campo, a determinação de uma gradação dessa variável numa escala de valores qualquer, visando avaliar sua aplicação na produção de tecnologias específicas ao campo educacional. Assim como na construção de “pontes conceituais” mais sedimentadas em direção à Ciência da Comunicação, que desviem do itinerário da comunicação de massa.
Parafraseando Alex Teixeira Primo, ao concluir sua tese doutoral, certamente a provisoriedade deste estudo criará novas dúvidas, e o processo de reflexão retomará sua continuidade.
- ↑ CORREIA, J. A. Inovação pedagógica e formação de professores. Porto: ASA, 1989.