Latim/Declinações

Caso é a maneira de se escrever em latim a palavra de acordo com a função sintática, ou seja, com a função que a mesma exerce dentro da frase. As palavras podem ser escritas de 6 (seis) casos (mais o caso locativo, que é arcaico); uma vez que em Latim existem 6 (seis) casos, uma palavra em Latim pode ser escrita de 6 (seis) modos diferentes (fora a flexão de gênero, número e grau). Declinação é um tipo de flexão que palavras das classes substantivo, adjetivo, pronome, numeral e artigo (esta última inexistente no Latim) sofrem em virtude da função sintática que exercem.

O latim tem cinco declinações, que se dividem em sete casos básicos cada, que para serem corretamente declinados, deve-se decompor a frase e analisá-la sintaticamente. As declinações são identificadas pelo genitivo singular, que corresponde, respectivamente a "ae", "i", "is", "us", "ei".

A declinação permite que as orações latinas sejam estruturadas das mais diversas formas, diferentemente do Português onde a estrutura geral das orações é sujeito-verbo-objeto. Isto obriga o latinista a atentar-se à declinação das palavras para compreender corretamente as frases. Por exemplo, alguém desatento às declinações poderia interpretar a seguinte frase "PHILOSOPHVM NON FACIT BARBA" como "o filósofo não faz a barba", sendo que o correto é "A barba não faz o filósofo".

Caso Nominativo ou Função do Sujeito Indica o sujeito e predicativo do sujeito.

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Vejamos o que é o sujeito. Sabemos que o verbo é uma palavra que indica ação. Quem lê, quem escreve, quem estuda, quem olha pratica ações diversas: ação de ler, ação de escrever, ação de estudar e a ação de olhar; ações expressas por palavras que se denominam verbos.
Sabemos também que é impossível uma ação sem causa. Se um celular, por exemplo, aparece com a tela quebrada, alguém deverá ter praticado a ação de quebrar; ou o vento, um animal ou uma coisa quebrou o celular. A coisa que praticou a ação de quebrar é o sujeito.
Sendo assim, podemos descobrir o sujeito perguntando: "Quem praticou a ação?"
Por exemplo, na frase:
-João bateu no gato.
Devemos perguntar: "Quem bateu no gato?"
-Foi João.
homo - [o] homem (ex: homō ibi stat - o homem está de pé aí)

Caso Genitivo ou Função do Adjunto Adnominal Restritivo

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Expressa posse, matéria ou origem (fonte). Geralmente indica o adjunto adnominal restritivo.
Suponhamos a frase "O livro de Paulo". - O livro poderia ser de Pedro, de Carlos, de Arthur etc., mas dizendo "O livro de Paulo" nós restringimos a palavra livro. Nesse sentido, de Paulo, ao mesmo tempo que completa o sentido da palavra livro, está restringindo, está especificando essa palavra.
hominis - de [o] homem (ex: nōmen hominis est Claudius - O nome do homem é Claudius)

Caso Dativo ou Função do Objeto Indireto

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Indica quem sofre a ação, o objeto indireto da oração.
Já sabemos que um verbo é uma ação. Pois bem, toda ação requer uma causa, do mesmo modo, ela produz um efeito.
Quando dizemos: "Paulo fez um brinquedo" atribuímos a causa, ou seja, o sujeito, a Paulo, da mesma maneira a ação de fazer produziu um efeito; qual o resultado da ação de Paulo? - um brinquedo.
Observando, porém, outros verbos, notaremos rapidamente que a ação por eles expressa não produz, como no exemplo de Paulo, nenhum efeito. Assim, quando falamos: "O sabiá voou" - não perguntamos: "Quem é que ele voou?" Isso quer dizer que a ação não produz nenhum resultado.
Por que eles são diferentes? No primeiro caso, citamos um verbo de predicação incompleta, e no segundo, de predicação completa.
Existem 4 (quatro) tipos de verbos de predicação incompleta. O verbo, o qual obrigatoriamente temos que colocar uma preposição entre o verbo e o objeto, chama-se verbo transitivo indireto. Como em:
-"Paulo depende a mãe" - não podemos unir diretamente o verbo depender ao complemento mãe, sendo assim, o correto seria: "Paulo depende da mãe".
O verbo, o qual podemos perguntar "o quê?" e "para quem?", são verbos transitivos diretos-indiretos. Como em:
-"Eu dei." - imediatamente, perguntamos: "o quê?"
Se a resposta pra questão é "cinco reais", podemos perfeitamente perguntar: "Para quem?"
Desta maneira, a resposta completa seria: "Eu dei cinco reais a alguém"
Cinco reais é um objeto direto. Alguém, já que possui um predicativo (a) entre ele e o verbo, é um objeto indireto.
hominī - para/a [o] homem [como objeto indireto] (ex: hominī donum dedī - eu dei um presente ao homem)

Caso Acusativo ou Função do Objeto Direto

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Expressa o objeto direto do verbo.
Já sabemos que um verbo é uma ação. Pois bem, toda ação requer uma causa, do mesmo modo, ela produz um efeito.
Quando dizemos: "Paulo fez um brinquedo" atribuímos a causa, ou seja, o sujeito, a Paulo, da mesma maneira a ação de fazer produziu um efeito; qual o resultado da ação de Paulo? - um brinquedo.
Observando, porém, outros verbos, notaremos rapidamente que a ação por eles expressa não produz, como no exemplo de Paulo, nenhum efeito. Assim, quando falamos: "O sabiá voou" - não perguntamos: "Quem é que ele voou?" Isso que dizer que a ação não produz nenhum resultado.
Por que eles são diferentes? No primeiro caso, citamos um verbo de predicação incompleta, e no segundo, de predicação completa. Os verbos de predicação completa não precisam de complemento, já os verbos de predicação incompleta precisam de complemento.
Existem 4 (quatro) espécies de verbos de predicação incompleta. Os verbos cuja ação passam diretamente à coisa ou pessoa sobre que recai são os verbos transitivos diretos. Como em:
-"Paulo estudou o Wikibook" - não colocamos nenhuma preposição entre o verbo, estudou, e o objeto, Wikibook. Tal coisa ou pessoa sobre que recai, diretamente, a ação do verbo chama-se Objeto Direto.
hominem - [o] homem [como objeto direto] (ex: hominem vidi - Eu vi o homem.)

Caso Ablativo ou Função do Adjunto Adverbial

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Indica separação ou os meios pelos quais uma ação é efetuada.
Se na oração "O sabiá morreu" (de sentido completo, pois o verbo é intransitivo e, por isso, nenhum complemento pede) acrescentarmos uma circunstância, a de tempo, por exemplo, dizendo: "O sabiá morreu ontem", "ontem" constituirá um adjunto adverbial.
O adjunto adverbial, portanto, não é exigido pelo verbo. Os objetos diretos e os indiretos e o predicativo são também complementos, mas não são exigidos para a compreensão completa do verbo.
Diversos são os tipos de adjuntos adverbiais:
Lugar - onde: Estou no quarto.
donde: O sabiá vai sair do campo.
por onde: Vim pelo pior caminho.
Tempo - quando: No inverno, as flores murcham.
há quanto tempo: Somos assim desde a infância.
Modo - Não peças com tanta ira.
Companhia - Farei dinheiro com minha tia.
Instrumento ou Meio - Comemos com colheres.
Causa - Quebrou-se por culpa do vento.
Matéria - Anel de zircônio.
homine - [o] homem (ex:sum altior homine(sing) hominae(plural) - sou mais alto que o homem)

Caso Vocativo ou Função do Vocativo

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Usado na comunicação direta para chamar o interlocutor. É o mesmo vocativo da língua portuguesa. Indica apelo, chamado.
Por exemplo, quando vemos um amigo e dizemos: "Paulo, como vais?" - a palavra Paulo indica apelo, chamado; a palavra Paulo, portanto, exerce a função de vocativo.
O caso latino que demonstra a função vocativa chama-se vocativo (do latim vocare = chamar)
O vocativo pode vir no início, no meio ou no final da oração:
- no início: "Paulo, como vais?"
- no meio: "Estude, Paulo, o livro.""
- no final: "Como vais, Paulo?"
Observe que o vocativo sempre virá acompanhado de vírgulas, tanto no Latim, quanto no Português.
Obs.: Muitas vezes, indica-se com Ò o vocativo em Português.
Por exemplo:
Noturno citadino[1]
Um cartaz luminoso ri no ar.
Ó noite, ó minha nega
toda acesa de letreiros!...
Pena é que a gente saiba ler...
Senão
tu serias de uma beleza única
inteiramente feita
para o amor dos nossos olhos.

Caso Locativo

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Indica tempo ou lugar no qual a ação é efetuada. Consiste em um caso mais marginal no Latim com uso muito restrito: nomes de cidades, ilhas pequenas e algumas outras palavras.
É idêntico ao genitivo (na 1ª e 2ª declinação no singular), ao dativo (na 1ª e 2ª no plural e na 3ª declinação) e ao ablativo (na 4ª e 5ª declinação).
Obs:. O Locativo foi muito usado no latim antigo.


 

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  1. Mario Quintana. Esconderijos do tempo. São Paulo: Globo, 1995.