Linguística I/Índice, símbolo e signo

Meta

Tratar das diferenças entre linguagem humana e linguagem animal.

Objetivos

  1. diferenciar os conceitos de índice, símbolo e signo;
  2. reconhecer a especificidade do conceito de signo linguístico.

Índice, símbolo e signo - Introdução editar

Os seres humanos usam palavras (signos linguísticos) para nomear os seres do mundo real. Esses nomes são estipulados por meio de um acordo entre os membros da comunidade de fala. Índice, símbolo e signo possuem a propriedade da substituição, ou seja, são um elemento x que substituem um elemento y, mas cada um de forma diferente.

Nesta aula veremos o que é o signo linguístico. Para isso, começamos vendo a diferença entre signos naturais e signos artificiais. E veremos também como se dá o acordo que atribui signos aos referentes[nota 1] do mundo real.

As palavras e as coisas editar

A noção de signo linguístico editar

Na aula sobre linguagem animal, descobrimos que os animais possuem a capacidade de simbolizar. Simbolizar significa usar símbolos que representam entidades do mundo real. Segundo Benveniste,

  “a faculdade de representar o real por um ‘signo’ e de compreender o ‘signo’ como representante do real, de estabelecer, portanto, uma relação de ‘significação’

entre alguma coisa e alguma outra coisa”.  

BENVENISTE, 1966, p. 26, apud Lopes, 1995, p. 41.

A dança das abelhas significam distância e direção. As sequências acústicas da fala humana possuem significados: casa - /'kasa/[É o quê? 1] - 🏠. A sequencia de sons que possui significado é o signo linguístico. Existe uma relação simbólica unindo conteúdo (significado) à expressão (significante). A relação significativa pode ser estabelecida também por expressões do tipo não verbal, como a que usamos no exemplo acima apara evocar na sua cabeça o elemento do mundo real que queríamos expressar: 🏠. Cada signo se organiza de uma forma: o verbal combina fonemas para criar morfemas e combina morfemas para criar palavras. Os signos não verbal combinam formas, cores, posições, etc.

Diferença entre índice, símbolo e signo editar

Segue um breve resumo da teoria dos signos de Fiorin[nota 2].

De acordo com o critério de intenção comunicativa, os signos se dividem em naturais e artificiais.

Signos naturais, também chamados de índices ou sintomas, são fenômenos da natureza que indicam outro fenômeno. Exemplos: céu com nuvens carregadas (indica chuva iminente), cigarra cantando (na sabedoria popular, indica que o dia seguinte será quente), dor no osso que já foi fraturado (indica que haverá mudança no tempo).

Os signos artificiais são, como o nome indica, criados pelos humanos para fins de comunicação e fazem parte das linguagens: palavras, sinais e placas de trânsito. Ele são resultado de um acordo deliberado (a galera sentou e combinou) ou da prática histórica[É o quê? 2] (não, sei, só sei que foi assim[nota 3]).

 
Signos naturais e artificiais

O Símbolo editar

conceito de símbolo editar

  Os símbolos são objetos materiais que representam noções abstratas  
LOPES, 1995, p. 44

A representação é sempre "deficiente ou inadequada", ou seja, o objeto simbolizante é "menor" do que o referente simbolizado. Além disso, ele é motivado: A cruz representa o Cristianismo, a caveira com os ossos cruzados representa morte, o símbolo de wifi indica que há no ambiente uma frequência de rádio disponível [É o quê? 3].

Características do símbolo editar

Polissemia: um símbolo pode ter diversos significados.

Sinonímia: um mesmo referente pode ter vários símbolos.

As palavras e as coisas editar

Uma das questões mais antigas que mobilizam os linguística é a relação entre as coisas e as palavras que as nomeiam: existe relação entre coisas e palavras? A realidade vem antes da língua ou é por ela construída?

Há um texto de Platão[Quem é esse? 1]|Crátilo: ou Sobre a Correção dos Nomes}}, Crátilo[nota 4], que trata sobre essa questão. O filósofo questiona se a linguagem pode contribuir para o conhecimento da realidade. Os outros dois participantes do diálogo, Crátilo e Hermógenes, divergem. Para Crátilo, cada coisa tem um nome apropriado, que faz parte de sua natureza. Hermógenes defende que uma sociedade estabelece de comum acordo um nome para as coisas, sem que exista algum motivo natural para isso.

O naturalismo (hipótese de Crátilo) entende que existe uma relação natural entre o signo e a coisa significada. O convencionalismo (posição de Hermógenes) entende que não há nenhuma motivação entre as palavras que designam as coisas e estas coisas. As palavras são escolhidas arbitrariamente dentro de uma sociedade[É o quê? 2].


Ferdinand de Saussure disse que:

  O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica”  
SAUSSURE, s/d, p. 90

Isso significa que o signo é convencional e não motivado. A teoria Saussureana é convencionalista.


Conclusão editar

Os signos artificiais não são parte do processo de comunicação, pois envolvem elementos naturais. Já os símbolos artificiais pressupõem um emissor e um receptor. Entre os símbolos artificiais, os símbolos apresentam relação parcialmente motivada entre significante e significado, enquanto os signos linguísticos apresentam relação arbitrária e imotivada.

Notas

  1. Referente é o objeto ou entidade do mundo extralinguístico (real ou imaginário). https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/referentes/18581
  2. FIORIN, 2002, p. 71, 72
  3. Chicó, em https://www.youtube.com/watch?v=4DbpoqJvoyM
  4. Crátilo: ou Sobre a Correção dos Nomes

Quem é esse?

É o quê?

  1. /'kasa/ é a transcrição fonológica da palavra casa.
  2. 2,0 2,1 Esse acordo não é tácito, dificilmente podemos rastrear sua origem ou encontrar a lógica entre os elementos ligados. É o que Saussure chama de relação arbitrária e imotivada.
  3. Na verdade, há vários tipos de radiofrequência em todos os ambientes, mas o símbolo de wifi indica a presença daquela que tu tá querendo, né? https://www.significados.com.br/wi-fi/

Referências

SAUSSURE, F.. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1975

Ligações externas editar

Símbolo

Signo

Convencionalismo (em inglês)