Linguística I/Linguística: ciência no século XX
Meta
Localizar os estudos linguísticos em relação à gramática, à filologia e à gramática comparada.
Objetivos
- diferenciar estudos gramaticais e filológicos de estudos linguísticos;
- compreender a relevância dos estudos da linguagem no século XIX, a saber, da gramática comparada, para a emergência do objeto da Linguística.
Pré-requisito
Leitura prévia do capítulo “Visão geral da história da Linguística”, de Ferdinand de Saussure
Linguística: ciência no século XX - Introdução
editarAinda hoje o senso comum estranha a afirmação de que Linguística é uma ciência, pois imagina que ciência está em laboratórios, ligada à áreas da física ou da biologia. A Linguística, como qualquer outra ciência, possui um objeto de estudos delimitado e possui uma metodologia de investigação. Nesta aula, baseada no capítulo "Visão geral da história da Linguística" do Curso de Linguística Geral, vamos ver as áreas de estudo que, desde a antiguidade, se debruçaram sobre a linguagem e o caminho percorrido até o estabelecimento da Linguística como uma ciência.
Fases do estudo da linguagem
editar A ciência que se constituiu em torno dos fatos da língua passou por três fases sucessivas antes de reconhecer qual é o seu verdadeiro e único objeto |
— SAUSSURE, [20--?], p. 7 |
Os estudos sobre a linguagem passaram por 3 fases: a Gramática, a Filologia e a Gramática comparada.
A gramática se inicia na Grécia antiga e tem como objetivo formular regras que determinam o uso Correto da língua. (nota: ver a questão prescrição x descrição a respeito do conceito de “certo” e “errado” na língua.
A Filologia tinha como objetivo a interpretação de textos antigos. Ao longo do tempo e com as sucessivas edições, a forma e o sentido de um texto podem se alterar. A Filologia compara os textos visando determinar (fixar) sua forma mais fiel possível à última versão lançada em vida pelo autor. Para tanto, ela tem que lançar mão de estudos linguísticos.
A Filologia (ou Gramática) comparada surge no século XIX quando os estudos que comparavam gramáticas de diferentes línguas europeias encontrou evidências da existência de uma língua ancestral em comum entre elas.
Mais detalhes nas seções a seguir.
Gramática, normatividade e gramaticalidade
editar"Gramática" pode significar o livro que apresenta as regras ee uma língua ou pode ser as próprias regras. A Gramática apresentada em manuais normativos escolhem uma variedade da língua e a elegem como o "uso correto", tratando como erro todas as outras variedades.
A Linguística entende gramática como o conhecimento implícito que o falante possui da própria língua. Quando o falante usa a língua, ele usa esse conhecimento implícito. Quando ele descreve as estruturas linguísticas, ele está usando um conhecimento explícito. Para usar a língua não é necessário saber descrevê-la. Um falante da língua é capaz de, diante de uma sentença qualquer, dizer se ela pertence àquela língua, isto é, se a sentença possui gramaticalidade.
Enquanto a gramática normativa escolhe uma variedade para descrever, a Linguística observa todas as variantes possíveis da língua, e destaca que o falante sabe intuitivamente o que é possível e o que não é.
Filologia
editarÁrea de estudos dedicada a buscar o sentido de textos antigos. Para isso, lança mão de aspectos linguísticos, literários, sócio-históricos, etc.
Gramática comparada
editarO estudo de línguas europeias é a descoberta do sânscrito mostrou que essas línguas descendem de uma língua em comum, o Indo-europeu primitivo. O estudo das semelhanças entre as línguas mostrou regularidades nas alterações vistas entre elas. Essa descoberta levou à conclusão de que existe uma regularidade na mudança, e que a mudança é parte das línguas. A descrição dessas regularidades levou à formulação ds leis fonéticas. O estudo da língua como norma e como texto da lugar ao estudo das formas da língua.
Conclusão
editarO estudos linguísticos passaram por diferentes fases até o surgimento da linguística e seu foco na língua falada.
Referências
SAUSSURE, F.. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1975