Linguística I/O signo linguístico
Meta
Definir e caracterizar o signo linguístico.
Objetivos
- compreender o conceito de signo linguístico;
- identificar as principais características do signo linguístico.
Introdução
editarEssa aula trará sobre a natureza do signo linguístico, que é sua relação com as coisas da realidade, e suas características : a arbitrariedade e a linearidade.
O signo
editarSegue um breve resumo das ideais contidas no capítulo "Natureza do signo linguístico", que do Curso de Linguística Geral.
Saussure contesta a concepção de que a língua é "uma lista de termos que correspondem a outras tantas coisas." Essa Concepção:
- pressupõe que as ideias preexistem às palavras,
- ignora a diferença entre caráter vocal e psíquico da palavra e
- simplifica o vínculo que une os nomes às coisas.
Saussure diz que as ideias não precedem a linguagem, afirma a natureza vocal e psíquica do signo e defende a complexidade da relação entre palavras e coisas.
A natureza dupla do signo linguístico
editarO signo de Saussure é formado pela união de dois termos: o conceito e a imagem acústica. O conceito é a ideia que fazemos do objeto. A imagem acústica é a impressão psíquica da cadeia sonora que representa este conceito. Não é o som, mas sim uma imagem acústica formada na mente. No momento da fala, o o falante evoca um conceito que vem ligado a uma imagem acústica, que o cérebro transmite ao aparelho fonador as instruções para a materialização dessa imagem. O som alcança os ouvidos do interlocutor e, em sua mente, a imagem acústica reconhecida evoca o conceito correspondente.
As duas faces do signo linguístico, o significado (conceito) e o significante (a imagem acústica) são inseparáveis. Se o signo é a união entre dois fenômenos psíquicos, ele não pode ser entendido como união entre um nome e uma coisa. O signo não une o nome do nome à coisa, ele representa essa coisa.
Características do signo linguístico
editarA arbitrariedade
editarO signo é a união entre significante e significado. Essa união é convencional e arbitrária, isto é, é um acordo entre os falantes [nota 1] de uma determinada comunidade. Não existe motivação para os nomes. Não existe uma razão para que, por exemplo, o cachorro ser designado por esse signo, o qual, aliás, pertence à língua portuguesa e é diferente em outras línguas.
Objeções à arbitrariedade e os contra-argumentos de Saussure
editarOnomatopeias: ok, não há motivo natural pra chamar o cachorro de cachorro, mas há pra representar o latido com "au au au".
Exclamações: seriam de origem natural: quando o ser vivente bate o dedinho no sofá ele grita "ai!"
Saussure traz os seguintes contra-argumentos:
Da onomatopeias: eis um bom exemplo de imagem acústica: nós "escutamos" "au", mas o albanês escuta "ham", o cachorro alemão "diz" "wuff"; o dinamarquês, "vov"; o espanhol, "guau"...
Das exclamações: primeiro que você não dá uma topada e diz "ai", você solta um monte de palavrão. Ah, não solta? Então vale para os palavrões, o "ai" e o "ui" o mesmo que vale para as onomatopeias: cada língua tem sua maneira própria de representar essas vocalizações.
Arbitrário, pero no mucho
editarAqui Saussure faz uma ressalva: tá, alguns signos são, sim, motivados. Mas isso não representa uma contradição. Não há motivo para o "feijão" se chamar "feijão", mas há motivo para a "feijoada" se chamar "feijoada". Os mecanismos de formação de palavras, internos às línguas, admitem essa motivação relativa.
A linearidade do significante
editarEssa é tranquila. Não podemos pronunciar duas ou mais palavras ao mesmo tempo, ou mais de um fonema. Os significantes aparecem um depois do outro, em linha.
A título de comparação: na linguagem visual, os signos aparecem juntos, como na imagem abaixo:
A linearidade é do significante e não do significado. Os significantes devem obedecer a uma ordem de colocação. Os significantes acústicos se alinham no tempo: um depois do outro.
Conclusão
editarVimos que as coisas não preexistem à língua, não existe um motivo natural que una o nome à coisa, o signo é a união entre significante e significado, que é essa união é arbitrária e imotivada, ainda que mecanismos internos da língua utilizem de motivação parcial ou relativa. O significante, no signo linguístico, se apresenta em linha, um de cada vez, e um atrás (ou após) o outro.
Notas
- ↑ Ainda que não exista nenhuma ligação natural entre um significante e um significado, mas não é possível que um indivíduo promova mudanças nessa relação. A convenção é de domínio da comunidade falante.
Referências
SAUSSURE, F.. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1975
Ligações externas
editarO circuito da Fala Vídeo. Duração:01:18m
Sobre o princípio da arbitrariedade do signo em Saussure Vídeo. Duração 5:21m
O Princípio da Linearidade do Signo em Saussure Vídeo. Duração 8:21m