Literatura anglo-saxã/Capitulo III
Pensamento envolvido
editarEmbora pareça que os textos anglo-saxões sejam simplórios poemas épicos vazios, simples e escassos em informações reais, muitos estudiosos conseguiram extrair pensamentos complexos e significados para textos que muitos consideravam simples fontes de gramatica em Inglês antigo e informações históricas: Na verdade podemos dizer que os anglo-saxões tinham uma ampla visão do mundo, muitas vezes demonizada pelos monges católicos, que induziam os leitores a pensar que este povo era selvagem, bárbaro e simplório.
A opinião de J.R.R Tolkien
editarJohn Reuel Ronald Tolkien, conhecido por suas obras de ficção e seu mundo secundário Arda, escritor da trilogia "O Senhor dos Anéis" era além de escritor um grande admirador de poesia anglo-saxã, e criticava o fato de que em sua época os estudiosos que viam escritos como Beowulf como simples fontes de informações históricas: Tolkien em seu ensaio "Beowulf: Os monstros e os críticos" tomou a liberdade de traçar um significado profundo para a narrativa do poema, apresentando um homem em um mundo hostil, no qual tudo estava contra ele, embora fosse jovem e entrasse em contraste com o rei Hroðgar¹ que vivia seus anos finais. Já na segunda parte, Beowulf é um rei em seus anos finais, longe de seus anos de juventude e glória, e ele morre lutando contra um dragão, que seria mais uma parte deste mundo hostil onde ele vive. Tolkien também levou em conta os traços pagãos da obra para deduzir a data de sua criação por volta de 700 DC². Em um época em que o cristianismo se misturava com o paganismo Germânico, formando uma estranha cultura mista. Embora Tolkien afirme isso, existem várias citações ao Deus judaico-cristão no poema, e algumas citações são feitas sobre personagens bíblicos como Caim. Assim, J.R.R Tolkien via que na obra mais conhecida da literatura anglo-saxã, haviam significados profundos que poucos notavam, preferindo ver a literatura Inglesa pré-Normanda como uma grande fonte de nomes e acontecimentos históricos dos séculos em que estes povos dominavam as ilhas britânicas.
Paganismo e cristianismo
editarÉpicos anglo-saxões como Waldere são explicitamente católicos, já outras obras apresentavam heróis que viviam em locais e em épocas que indicam que eles seriam pagãos (como Beowulf , que viveria na Escandinávia do século V ou VI) assim seriam estranhos ao público heróis que fossem condenados ao inferno, por isso os escribas sempre envolviam personagens bíblicos na história e transformavam em cristãos heróis que viveriam em tempos e lugares pagãos. Além de demonizar a cultura Germânica nativa. Poucos então descreviam a cultura anglo-saxã com autenticidade, pois por serem escribas católicos romanos, preferiam fazer propaganda negativa da ética Germânica e de seus preceitos culturais. Que eram muitas vezes considerados muito promíscuos e liberais aos olhos dos Católicos romanos e Anglicanistas.
Casos isolados
editarEmbora a cultura Inglesa pré-normanda tenha sido demonizada , alguns escritores como Bede o venerável, Tácito, e Snorri Sturlusson retrataram a cultura , a ética e a religião nativa germânica sem fazer algum tipo de propaganda negativa, muitas vezes ainda admirando³ os preceitos destes povos e insinuando que poderiam aprender muito com eles.
Considerações importantes
editarNeste capitulo podemos ver o quão profunda era a literatura anglo-saxã, e que estudiosos como J.r.r Tolkien conseguiram encontrar fortes significados nas obras que pareciam as mais simples. Vimos também que a cultura Germânica (anglo-saxã,Escandinava,continental) sofreu uma onda de propagandas negativas por escritores que foram encarregados de escrever sobre estes povos, criando os esteriótipos dos Saxões como "bárbaros ignorantes" .
Notas
editar1: Importante notar que Hroðgar também teria uma juventude heroica como a de Beowulf. 2: A cristianização da Inglaterra teria começado antes, mas só se encerrado no século VIII. 3: Tácito insinuava que Roma poderia aprender com os povos Germânicos.