Livro aberto da massagem/Bases teóricas

História da massagem

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Segundo estudos arqueológicos, a Massagem e o Homem têm sensivelmente a mesma idade. Já na Pré-História, o bem-estar geral e o alívio da dor e desconforto era promovido pelo Homem através da fricção no corpo, um método que atualmente é denominado por Massagem.

Registros de algumas civilizações da antiguidade, cerca de 300 anos a.C.,(egípcios antigos, persas, budistas e japoneses) referiram os benefícios da massagem para o bem-estar do Homem. No entanto as finalidades curativas desta técnica "de friccionar o corpo" foram reconhecidas, em primeiro lugar pelos chineses, que incluíram esta técnica na medicina folclórica desde 1800 a.C..

A Massagem foi pouco desenvolvida durante a Idade Média, no entanto no século XVI foi publicado um texto sobre fricções, que havia sido transcrito de uma literatura antiga,juntamente com aplicação específica em pacientes cirúrgicos por Pare de França. O trabalho deste foi reconhecido e ainda hoje a terminologia francesa é usada para técnicas específicas de massagem como Petrissage, Effleurage ou Tapotement.

Outra contribuição bastante importante para o desenvolvimento da Massagem foi a do sueco Pehr Henrik Ling ao organizar a Massagem e os exercícios terapêuticos num sistema que se tornou conhecido como ginástica médica.

 
Pehr Henrik Ling

Devido ao seu desenvolvimento a Massagem começou a ser adotada em vários países. Em Inglaterra, tanto Mennell como Cyriax utilizaram uma aplicação especifica da Massagem com fricção profunda para estruturas articulares contráteis ou não contráteis lesadas. Na Alemanha, Dickie descobriu que a Massagem profunda sobre uma parte do corpo poderia trazer efeitos distintos e favoravelmente observáveis em partes do corpo distantes daquela que tava a ser tratada. À nova técnica, Dickie chamou zona reflexa ou Bindegewebsmassage (ou massagem do tecido conjuntivo, como é conhecida no seu país). Outro alemão, Cornelius descreveu uma variação da Massagem de zona reflexa, aplicando pressão profunda em pontos específicos - massagem em pontos nervosos.

A evolução da Massagem tem sido acompanhada pelo crescimento da tecnologia moderna, resultando numa explosão de nova instrumentalização médica. Foi tentado substituir o toque humano por aparelhos como meio de dar assistência ao paciente, todavia foi este reconhecido como modalidade de cura, crescente do comportamento psicológico o contacto humano.

Em suma, durante séculos alguma forma de Massagem ou de sobreposição de mãos tem vindo a ser utilizada com o objetivo de curar e aliviar a dor, tornando-se assim o mais antigo e simples tratamento médico. Embora no Oriente a Massagem seja aceite naturalmente como uma forma de intervenção terapêutica, no Ocidente, só recentemente é que esta técnica se tem vindo a estender-se por outros campos.

Efeitos fisiológicos e terapêuticos

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A massagem influência sempre a circulação dos diversos tipos de tecido. Condições patológicas que ocorrem numa determinada estrutura irão refletir-se noutras estruturas interferindo com a função de todo o organismo. O efeito principal da massagem consiste em produzir estimulação mecânica dos tecidos por meio de uma pressão e estiramento ritmicamente aplicados. A pressão comprime os tecidos moles e distorce as redes de receptores nas terminações nervosas. Ao aumentar os lúmens dos vasos sanguíneos e espaços dos vasos linfáticos, estas forças afetam a circulação capilar, venosa, arterial e linfática. Alguns dos efeitos fisiológicos e terapêuticos consequentes da massagem são:

  • Aumento da circulação sanguínea e linfática;
  • Aumento do fluxo de nutrientes;
  • Remoção dos produtos catabólicos e metabólicos;
  • Estimulação do processo de cicatrização;
  • Resolução do edema e hematomas crônicos;
  • Aumento da extensibilidade do tecido conjuntivo;
  • Alívio da dor;
  • Aumento dos movimentos das articulações;
  • Facilitação da atividade muscular;
  • Estimulação das funções autonômicas;
  • Estimulação das funções viscerais;
  • Remoção das secreções pulmonares;
  • Aumento da temperatura periférica da pele e do corpo;
  • Estímulo sexual;
  • Promoção do relaxamento local e geral.
  • Mobilização da pele e dos tecidos subcutâneos

Os tipos de reações serão sempre os mesmos mas, a intensidade e duração pode variar, dependendo da severidade da patologia e da força do estímulo.

A derme, um tecido conjuntivo denso irregular com poucas células adiposas, encontra-se dividida em duas camadas:

  • Derme reticular é a principal camada fibrosa e é na sua maior parte constituída por colágeno.
  • A derme papilar encontra-se bem abastecida com capilares.
 
1-Córnea, 2-Epiderme, 3- Derme, 4- Tecido adiposo subcutâneo
 
Diagrama da pele humana

Epiderme

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A epiderme é constituída por epitélio de descamação estratificado dividido em cinco camadas.

  • A camada basal é composta por queratinócitos, que produzem as células das camadas superficiais.
  • A camada espinhosa é composta por varias fiadas de células mantidas juntas por muitos desmossomas. A camada basal e a camada espinhosa são por vezes denominadas estrato germinativo.
  • A camada granulosa é constituída por células repletas de grânulos de queratina. A morte das células ocorre neste estrato.
  • A camada translúcida é composta por uma camada de células mortas transparentes.
  • A camada córnea é constituída por muitas camadas de células de descamação mortas. As células mais superficiais descamam.

A queratinização é a transformação das células vivas da camada basal em células de descamação mortas dos estrato córneo. As células queratinizadas são repletas de queratina e possuem um invólucro proteico, ambos contribuindo para a força estrutural.

Os espaços intercelulares são repletos com lípidos que contribuem para a impermeabilidade da epiderme em relação à agua.

Pele espessa e pele fina

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A pele espessa possui todas as cinco camadas epiteliais. A derme sob a pele espessa produz as impressões digitais. A pele fina contem menos células por camada e a camada translúcida encontra-se geralmente ausente. Os pelos encontram-se apenas na pele fina.

Estruturas acessórias da pele

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  • Pelos
  • Músculos
  • Glândulas
  • Unhas

Funções do sistema tegumentar

  • Proteção- a pele evita a entrada de microorganismos, atua como barreira de permeabilidade e protege contra a abrasão e a radiação ultravioleta.
  • Regulação da temperatura– através da dilatação e da contração dos vasos sanguíneos, a pele controla a perda de calor do corpo. As glândulas sudoriparas produzem suor que evapora e faz baixar a temperatura do corpo.
  • Produção de vitamina D – a pele exposta a radiações ultravioletas produz colecalciferol que é modificado no fígado e depois nos rins para formar vitamina D ativa. A vitamina D aumenta os níveis de cálcio no sangue promovendo o consumo de cálcio a partir dos intestinos, a remoção de cálcio dos ossos , e a redução da perda de cálcio a partir dos rins.
  • Sensibilidade - a pele contem receptores sensoriais para a dor, tato, calor, frio e pressão que permitem a reposta adequada ao meio.
  • Excreção – as glândulas da pele removem pequenas quantidades de produtos de excreção mas que não são importantes na excreção.

Tecido subcutâneo

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A pele repousa na hipoderme que a liga aos ossos e músculos subjacentes e lhe fornece vasos sanguíneos e nervos. A hipoderme é constituídos por tecido conjuntivo laxo, com fibras de colágeno e elastina. Os principais tipos de células na hipoderme são os fibroblastos, células adiposas e os macrófagos. A hipoderme que não faz parte da pele, é por vezes designada por tecido celular subcutâneo ou fáscia superficial.

Cerca de metade da gordura armazenada no corpo encontra-se na hipoderme, funcionando como acolchoamento e isolador e é responsável pelas diferenças na forma do corpo entre o homem e a mulher.

Tecido conjuntivo

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O tecido conjuntivo distingue-se dos outros tipos de tecidos pelo facto de ser constituído por células separadas umas das outras por uma abundante matriz extra-celular. Esta que é não viva é a base para a classificação do tecido conjuntivo em subgrupos.

Células do tecido conjuntivo

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As células especializadas dos vários tecidos conjuntivos produzem a matriz extracelular, são elas: Blastos que criam a matriz, Citos que mantêm a matriz e Clastos que degradam-na para reconstrução. A matriz extracelular tem três componentes principais: fibras proteicas, substância fundamental constituída por proteínas não fibrosas e por outras moléculas e líquido. A estrutura da matriz dá aos tipos de tecido conjuntivo a maior parte das suas características funcionais tais como a capacidade de suportar peso (ossos e cartilagens), suportar tensões (tendões e ligamentos) e suportar incisões, feridas e outras agressões (derme da pele).

Fibras proteicas da matriz

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Existem três tipos de fibras proteicas: Colágeno, fibras de reticulina e elastina, que ajudam a formar o tecido conjuntivo.

O colágeno é a proteína mais comum do corpo humano e representa 1/4 a um 1/3 do total das proteínas do corpo. Cada molécula de colágeno é constituído por três cadeias de polipeptidos enrolados sobre si. O colágeno é muito forte e flexível, mas pouco elástico.

As fibras de reticulina (como uma rede) são na verdade fibras de colágeno muito finas e por isso mesmo não constituem uma categoria quimicamente distinta de fibras. São fibras muito curtas e finas que se ramificam para formar uma rede parecendo microscopicamente diferente das outras fibras de colágeno. As fibras de reticulina não são tão fortes como a maioria das fibras de colágeno, mas as redes de fibra de reticulina preenchem espaços entre os tecidos e os órgãos.

A Elastina é uma proteína elástica com a capacidade de voltar a forma inicial depois de ser distendida ou comprimida. As moléculas desta proteína parecem minúsculas molas enroladas e as moléculas individuais encontram-se cruzadas entre si para produzir uma teia interligada de moléculas em forma de mola que se estendem por todo o tecido

Outras moléculas da matriz

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Dois tipos de macromoléculas não proteicas denominadas ácido hialurônico e proteoglicanos fazem parte da matriz extracelular. Estas moléculas constituem a maior parte da substancia fundamental da matriz.

O ácido hialurônico (aparência de vidro) é uma cadeia simples de polissacarídeos composta por unidades repetidas de dissacáridos. Confere uma qualidade muito oleosa aos líquidos que o contêm; por essa razão constitui um bom lubrificante para cavidades de articulações.

O proteoglicano (formado a partir de proteínas e polissacarídeos) é uma macromolécula constituída por numerosos polissacarídeos cada um ligado por uma das extremidades a um centro proteico comum. Tem a capacidade de armazenar água podendo voltar à sua forma original.

Classificação do tecido conjuntivo

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Matriz – principalmente fibras proteicas

1. Propriamente dito
    1.	Laxo
    2.	Denso
       o Regular ou ordenado
          1.Colágeno
          2.Elástico
       o Irregular ou não ordenado
          1.Colágeno
          2.Elástico
2. Especial
       o Adiposo
       o Reticular
       o Medula óssea

Matriz – Fibras proteicas e substância fundamental

1. Cartilagem
       o Hialina
       o Fibrosa
       o Elástica
2. Osso
       o Compacto
       o Esponjoso

Matriz – Principalmente liquida

1. Sangue


  • Tecido conjuntivo laxo ou celular
LOCALIZAÇÃO: Largamente distribuído através do corpo; substância sobre a qual repousam as membranas basais e epiteliais; revestimento entre glândulas, músculos e nervos. Liga a pele aos tecidos subjacentes.
ESTRUTURA: Células (fibroblastos, macrófagos e linfócitos) numa fina rede de fibras, a maior parte de colágeno. Funde-se frequentemente com o tecido conjuntivo mais denso.
FUNÇÃO: Revestimento laxo, apoio e alimento para as estruturas com que se encontra associado.


  • Tecido conjuntivo denso regular colagênico (tecido tendinoso)
LOCALIZAÇÃO: Tendões ( inserem os músculos nos ossos) e ligamentos (ligam os ossos entre si)
ESTRUTURA: Matriz composta por fibras de colágeno orientadas aproximadamente na mesma direção.
FUNÇÃO: Capacidade para suportar grandes forças de tensão exercidas na direção da orientação das fibras, grande força de tensão e resistência à distensão.


  • Tecido conjuntivo denso ordenado elástico
LOCALIZAÇÃO: ligamentos entre as vértebras e ao longo da parte posterior do pescoço (nuca) e nas cordas vocais.
ESTRUTURA: Matriz composta de fibras de colágeno e de elastina dispostas regularmente.
FUNÇÃO: Capaz de se distender e de se encurtar como uma banda de borracha com força na direção da orientação das fibras.


  • Tecido conjuntivo denso não ordenado colagênico
LOCALIZAÇÃO: Bainha; derme; invólucros de órgãos e septos; revestimento exterior de canais e canalículos do organismo.
ESTRUTURA: Matriz composta de fibras de colágeno dispostas em todas as direções (tecido fibroso) ou em planos entrecruzados de fibras orientadas aproximadamente numa única direção (tecido aponevrótico).
FUNÇÃO: Força de tensão capaz de suportar distensões em todas as direções.


  • Tecido conjuntivo denso nãos ordenado elástico
LOCALIZAÇÃO: Artérias elásticas
ESTRUTURA: Matriz composta por agregados de bainhas de fibras do colágeno e elastina orientadas em múltiplas direções.
FUNÇÃO: Capaz de exercer força em várias direções, distendendo ou encurtando.


  • Tecido adiposo
LOCALIZAÇÃO: Predominantemente em áreas subcutâneas, mesentéricos, bacinetes, em redor dos rins, revestindo a superfície exterior do cólon e em tecido conjuntivo laxo que penetra em espaços e fendas.
ESTRUTURA: Pouco material extracelular a rodear as células. Os adipocitos encontram-se tão preenchidas de líquidos que o citoplasma é empurrado para a periferia da célula.
FUNÇÃO: Revestimento de material, isolador térmico, armazenamento de energia e proteção dos órgãos contra ferimentos por colisão ou vibração.


  • Tecido reticular
LOCALIZAÇÃO: Nos gânglios linfáticos, baço e medula óssea.
ESTRUTURA: Rede fina de fibras de reticulina irregularmente dispostas.
FUNÇÃO: Permite uma rede de suporte para os tecidos linfático e hematopoético.


  • Medula óssea
LOCALIZAÇÃO: Nas cavidades medulares dos ossos. Dois tipos: Medula amarela (tecido adiposo na maioria) nos corpos dos ossos longos; e medula vermelha (tecido hematopoético) nas extremidades dos osso longos e em ossos curtos, planos e de forma irregular.
ESTRUTURA: Estrutura reticular com numerosas células formadoras do sangue (medula vermelha).
FUNÇÃO: Produção de novos glóbulos sanguíneos (medula vermelha)


  • Cartilagem hialina
LOCALIZAÇÃO: Ossos longos em crescimento, anéis cartilagíneos do sistema respiratório, cartilagem costal, cartilagem nasal, ossos das articulações superficiais e esqueleto embrionário.
ESTRUTURA: Fibras de colágeno pequenas e dispersas uniformemente na matriz, tornando-a transparente. As células da cartilagem ou condrócitos encontram-se em espaços ou lacunas, na matriz rígida.
FUNÇÃO: Permite o crescimento dos ossos longos. Confere rigidez com alguma flexibilidade na traqueia, brônquios, costelas e nariz. Forma superfícies articulares rugosas ou lisas e no entanto algo flexíveis. Forma o esqueleto embrionário.


  • Cartilagem fibrosa
LOCALIZAÇÃO: Discos intervertebrais, sinfise púbica, meniscos interarticulares.
ESTRUTURA: Fibras de colágeno, semelhantes às fibras de cartilagem hialina. As fibras são mais numerosas do que em outras cartilagens e dispõem-se em agregados espessos.
FUNÇÃO: Algo flexível e capaz de suportar pressões consideráveis. Relaciona estruturas sujeitas a grandes pressões.


  • Cartilagem elástica
LOCALIZAÇÃO: Ouvido externo, epiglote e trompas de Eustáquio.
ESTRUTURA: Semelhante à cartilagem hialina, mas a matriz contem também fibras de elastina.
FUNÇÃO: Confere rigidez com ainda maior flexibilidade que a cartilagem hialina uma vez que as fibras elásticas retornam à sua forma original depois de distendidas.


  • Osso esponjoso
LOCALIZAÇÃO: No interior dos ossos do crânio, vértebras, esterno e pélvis; encontrado também nas extremidades dos ossos longos.
ESTRUTURA: Rede entrançada de estruturas caracterizadas por trabéculas com grandes espaços entre elas. Os osteócitos ou células ósseas localizam-se no interior de lacunas nas trabéculas.
FUNÇÃO: Funciona como uma armação provedora de força e suporte, sem o peso elevado dos ossos sólidos.


  • Ossos compacto
LOCALIZAÇÃO: Partes exteriores de todos os ossos e diáfises dos ossos longos.
ESTRUTURA: Dura, matriz óssea predominante. Muitos osteócitos encontram-se localizados em lacunas distribuídas de forma circular em torno dos canais centrais. Pequenas passagens ligam lacunas adjacentes.
FUNÇÕES: Providencia grande força e suporte. Forma nos ossos um revestimento exterior sólido, que os impede de ser facilmente fraturados ou perfurados.


  • Sangue
LOCALIZAÇÃO: Nos vasos sanguíneos. Produzido pelos tecidos hematopoéticos. Os leucócitos abandonam frequentemente os vasos sanguíneos e passam para os espaços intersticiais.
ESTRUTURA: Vasos sanguíneos e matriz líquida.
FUNÇÃO: Transporte de oxigênio, dióxido de carbono, hormônios, nutrientes, produtos de excreção e outras substâncias. Protege o corpo de infecções e encontra-se envolvido na regulação da temperatura

Tecido muscular

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Tecido efector, de origem mesodérmica que responde a estímulos provenientes do meio interno e externo de uma única forma, através da contração. A contração é realizada por células especializadas, as fibras musculares, as quais se contraem sob estimulação apropriada. O Tecido Muscular é responsável pela locomoção e pelos movimentos de várias partes do corpo, tem ainda a capacidade de transformar a energia química em energia mecânica através da diminuição enzimática do ATP.

O Tecido muscular é constituído por infinitas fibras musculares esqueléticas, estas são cobertas pelo sarcolema (membrana celular) que apresenta características próprias de excitabilidade e condutibilidade. As fibras musculares apresentam componentes específicos. O retículo sarcoplasmático que é responsável pela associação entre a excitação da fibra e o desencadear da atividade contrátil. As mitocôndrias (sarcossomas) estão relacionadas com a produção metabólica de energia. O último componente é os miofilamentos contráteis que formam estruturas designadas por miofibrilhas. As miofibrilhas são constituídas por inúmeros sarcômeros que na sua constituição apresenta os filamentos de actina e miosina.

Os sarcômeros são unidades estruturais da miofibrilha responsáveis pela geração de tensão e produção de trabalho mecânico. Os sarcômeros encontram-se separados pelos discos Z. No interior do sarcômero encontram-se duas faixas: as Bandas I (claras) que contêm apenas filamentos de actina e as Bandas A (escuras) formadas por filamentos de actina e miosina justapostos. Dentro da Banda A existe uma região mais clara, a Banda H que contem apenas miosina.

A actina e a miosina são responsáveis pela contração muscular voluntária, esta ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre a miosina. A contração desencadeia-se por um estímulo nervoso que irá se propagar na membrana das fibras musculares atingindo o retículo sarcoplasmático, provocando a saída do cálcio do interior deste, ocorrendo despolarização do sarcolema. O cálcio dirige-se para os Tubulos T e de seguida para as cisternas ligando-se ao complexo troponina-tropomiosina, que fixa a tropomiosina à actina. O Filamento da actina liga-se ás cabeças de miosina que se prendem aos sítios ativos da actina, desencadeando-se assim a contração.

No corpo dos vertebrados existem três tipos de músculo cuja classificação se baseia no aspecto de localização dos constituintes celulares: Liso, Esquelético e Cardíaco.

  • Tecido muscular liso: É um músculo que é conhecido por músculo involuntário, que se localiza na pele, órgãos internos, aparelho reprodutor, grandes vasos sanguíneos, aparelho excretor, vias áreas e pequenos feixes na derme. As fibras musculares lisas são fusiformes, apresentando um único núcleo ovoide que se encontra na parte central da célula e sem estrias transversais. Por sua vez, a sua contração é involuntária e lenta. O estímulo para a contração dos músculos lisos é mediado pelo sistema nervoso vegetativo.
  • Tecido muscular estriado esquelético: É conhecido como um músculo voluntário. As suas contrações são voluntárias e rápidas, as quais também permitem os movimentos dos vários ossos e cartilagens do esqueleto. Este tecido é enervado pelo sistema nervoso central. As fibras musculares são cilíndricas e multinucleadas, não ramificadas e de origem mesodérmica. Os miofilamentos organizam-se em estrias longitudinais e transversais.
  • Tecido Muscular Estriado Cardíaco: Este tipo de tecido forma a maior parte do coração dos vertebrados e encontra-se também no tubo cardíaco embrionário. As fibras musculares são alongadas, irregularmente ramificadas, que se unem por estruturas especiais: discos intercalares, apresenta ainda estriação transversal. A contração é involuntária, vigorosa e rítmica. É enervado pelo sistema nervoso vegetativo.

Tecido circulatório

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Possuir um bom sistema circulatório significa ter um abastecimento eficiente dos constituintes do sangue, incluindo oxigênio e nutrientes, que atinge todas as células individuais. Este fator é vital para o funcionamento saudável de todo o organismo. Ao mesmo tempo, o aumento da circulação sanguínea acelera o sistema linfático que absorve e elimina todas as substâncias desnecessárias.

A massagem é um meio de dilatação dos vasos sanguíneos o que promove uma boa circulação sanguínea e assim uma boa regulação dos nutrientes e oxigênio. A massagem deve ser executada no sentido caudal-cefálico de forma a promover o retorno venoso do sangue e assim este chegar da melhor forma ao coração.

Tecido nervoso

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O sistema nervoso é o responsável pelo desempenho da maioria das funções do controle do nosso corpo, em conjunto com o sistema endócrino. Enquanto que o sistema nervoso controla as atividades rápidas do corpo (contrações musculares, fenômenos viscerais e intensidade de secreção de algumas glândulas endócrinas) através de impulsos eletroquímicos, o sistema endócrino regula as funções metabólicas corporais, através da atuação de substâncias químicashormonas.

O sistema nervoso é constituído por mais de 100 bilhões de neurônios, e estes são considerados a sua unidade funcional básica. Diferenciam-se das células dos outros tipos de tecidos devido aos seus prolongamentos (dendrites e axônios), há ausência de replicação e de regeneração e ainda devido a sua principal característica de sinapse entre si. O neurônio é constituído por: um corpo celular ou soma, os dendrites e o axônio. O corpo celular contém o núcleo da célula que é bastante volumoso, e várias estruturas responsáveis pelo metabolismo, crescimento e reparação do neurônio, como por exemplo retículo endoplasmático, corpúsculos de Nissl, lisossomas, mitocôndrias, aparelhos de Golgi, etc. Os dendrites são mais curtos que os axônios sendo maioritariamente os responsáveis pela recepção dos estímulos (sinapse axo-dendrítica), embora em alguns casos o corpo celular e o axônio, nos nódulos de Ranvier, também possam participar nesta recepção (sinapse axo-somática e axo-axónica respectivamente).

Os axônios são os prolongamentos mais longos existindo apenas um por neurónio. Estes podem ser, ou não, envolvidos por uma bainha de mielina, passando a ser designados por mielínicos ou amielínicos respectivamente. A mielina apresenta uma capacidade isoladora e assume um importante papel nas trocas iônicas, tornando-as, assim, mais rápidas e com menos gastos de energia. Esta bainha não é contínua ao longo do axônio, apresentando intervalos designados por nódulos de Ranvier, sendo a este nível possível as trocas iônicas. Nas extremidades dos axônios encontram-se os botões terminais que estão em “contacto” com os receptores do neurônio seguinte (dendrites, corpo celular ou axônio), estabelecendo-se, assim, uma sinapse. Existem diferentes tipos de neurônios dependendo do número de dendrites que apresentam. Sendo assim, os que apresentam vários dendrites são designados por neurônios multipolares e são mais frequentes, existindo também os bipolares, que apresentam um dendrite e um axônio, e os unipolares, que apresentam um prolongamento comum que sai do corpo celular e que depois se divide no axônio e no dendrite.

No entanto, o sistema nervoso também apresenta outro tipo de células que têm como função principal o suporte dos neurônios, chamadas as células da nevróglia. Estas têm a capacidade de se replicarem ao longo da vida e dividem-se no sistema nervoso central em oligodendrócitos, astrócitos e micróglia, e no sistema nervoso periférico em células de Schwann. Embora, as células da nevróglia não participem na condução nervosa, apresentam outras importantes funções no tecido nervoso, como as funções mecânicas e de suporte, preenchimento de espaços no tecido nervoso e separação de estruturas, transporte de substâncias, isolamento elétrico dos neurônios, regulação do seu metabolismo e formação da bainha de mielina.

Tecido linfático

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Tecido linfático

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Sistema Linfático

O tecido linfático é um tipo de tecido conjuntivo especializado que contém grande quantidade de linfócitos. Este é formado a partir da filtração do excesso de líquido intercelular extravasado dos capilares sanguíneos. As células mais abundantes no tecido linfático são os linfócitos. Este, no entanto, é desprovido de hemácias e de plaquetas.

O sistema linfático consiste em um líquido, chamado linfa, que flui dentro dos vasos linfáticos, diversas estruturas e órgãos que contêm tecido linfático e medula óssea vermelha, que aloja as células-tronco que se desenvolvem em linfócitos. A composição do líquido intersticial e da linfa é, basicamente, a mesma. A diferença maior entre os dois é a localização. Após o líquido passar dos espaços intersticiais para os vasos linfáticos, é chamado de linfa.

Vasos linfáticos e circulação linfática

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Os vasos linfáticos começam como capilares linfáticos, tubos terminais fechados localizados nos espaços entre as células. Assim como os capilares sanguíneos convergem para formar vênulas e veias, os capilares linfáticos unem-se para formar vasos linfáticos maiores, que se parecem com veias em estrutura, porém têm paredes mais finas e mais válvulas. Em intervalos variados ao longo dos vasos linfáticos, a linfa flui através das estruturas do tecido linfático chamadas linfonodos.

A linfa passa dos capilares linfáticos para os vasos linfáticos e, depois, através dos linfonodos. Os vasos linfáticos que saem dos linfonodos passam a linfa para outro linfonodo e assim sucessivamente. Os vasos linfáticos unem-se para formar um tronco linfático. Os principais troncos são os troncos lombar, intestinal, broncomediastínico, subclávio e jugular. Os troncos principais passam sua linfa para o duto torácico e para o duto linfático direito. A linfa do duto torácico passa para o sangue venoso a nível da veia subclávia esquerda e a linfa do duto linfático direito passa para o sangue venoso a nível da veia subclávia direita.

Formação e fluxo da linfa

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A maioria dos componentes do plasma sanguíneo infiltra-se livremente através das paredes dos capilares para formar o líquido intersticial. Mais líquido é removido dos capilares sanguíneos do que retorna para eles através da reabsorção. Esse excesso (aproximadamente 3 litros por dia) é drenado para os vasos linfáticos e torna-se linfa. Portanto, a sequência do fluxo de líquido é capilares sanguíneos (sangue) - espaços intersticiais (líquido intersticial) - capilares linfáticos (linfa) - vasos linfáticos (linfa) - dutos linfáticos (linfa) - veias subclávias (sangue).

Órgãos e tecidos linfáticos

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Os órgãos e tecidos do sistema linfático, amplamente distribuídos por todo o corpo, são classificados em dois grupos, baseados nas suas funções. Órgãos e tecidos linfáticos primários propiciam o ambiente apropriado para as células-tronco se dividirem e se tornarem completamente desenvolvidas nas células B ou células T, que são os tipos de linfócitos que executam as respostas imunes. Os órgãos linfáticos primários são a medula óssea vermelha e o timo. Células-tronco hematopoiéticas situadas na medula óssea vermelha, dão origem às células B maduras e às pré-células T. As pré-células T migram para o timo e tornam-se completamente desenvolvidas nele. Os órgãos e tecidos linfáticos secundários, que são locais onde ocorre a maioria das respostas imunes, incluem os linfonodos, o baço e os nódulos linfáticos. O timo, os linfonodos e o baço são considerados órgãos porque cada um é envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo. Os nódulos linfáticos, ao contrário, não são órgãos porque não têm cápsula.

Funções do sistema linfático

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  • Drenagem do líquido intersticial. Os vasos linfáticos drenam o excesso de líquido intersticial dos espaços teciduais evitando assim a formação de edema.
  • Transporte de lipídios dietéticos. Os vasos linfáticos transportam os lipídios e as vitaminas solúveis em lipídios (A, D, E e K) absorvidas pelo trato gastrintestinal para o sangue.
  • O sistema do corpo responsável pela imunidade é o sistema linfático.
  • Facilitar as respostas imunes. O tecido linfático inicia respostas altamente específicas, direcionadas contra micróbios específicos ou células anormais. Os linfócitos, auxiliados pelos macrófagos, reconhecem as células estranhas, micróbios, toxinas e células cancerígenas e respondem a elas de duas formas básicas: os linfócitos chamados células T destroem os invasores, causando-lhes ruptura ou liberando substâncias citotóxicas (destruidoras de célula) e os linfócitos chamados células B se diferenciam nos plasmócitos, que secretam anticorpos que destroem substâncias estranhas específicas causando sua destruição.

Efeitos fisiológicos e mecânicos da massagem

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Os efeitos mecânicos da massagem dão origem a uma série de efeitos fisiológicos importantes. A manipulação da pele e dos tecidos subjacentes exercem um efeito considerável no fluxo sanguíneo e linfático nestes tecidos tratados. Especificamente sobre o tecido linfático, colabora com o retorno linfático formando "nova linfa" através da pressão nos tecidos. Melhora as defesas por ativar a circulação dos linfócitos e direcionar mais "líquido" para os linfonodos.

Efeitos mecânicos

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  • Movimentos de: linfa; sangue venoso; secreções pulmonares; edema; conteúdo intestinal; conteúdo de hematomas.
  • Mobilização de: fibras musculares; massas musculares; tendões; tendões em bainha; pele e tecidos subcutâneos; tecidos cicatricial; aderências.

Efeitos fisiológicos

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  • Aumento da circulação sanguínea e linfática;
  • Aumento do fluxo de nutrientes;
  • Remoção dos produtos catabólicos e metabólicos;
  • Estimulação do processo de cicatrização;
  • Resolução do edema e hematomas crônicos;
  • Aumento da extensibilidade do tecido conjuntivo;
  • Alívio da dor;
  • Aumento dos movimentos das articulações;
  • Facilitação da atividade muscular;
  • Estimulação das funções autonômicas;
  • Estimulação das funções viscerais;
  • Remoção das secreções pulmonares;
  • Estímulo sexual;
  • Promoção do relaxamento local e geral

Precauções e contra-indicações da massagem

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A massagem é contra-indicada sobre ferimentos abertos, tromboflebite e tecidos infectados, sintoma de erupção cutânea, como bolhas, feridas e escabiose, ou contusões, varizes, febre, fraturas, hemorragias, articulações inflamadas, úlceras abertas, tumores e inchaços não diagnosticados, cancro, problemas cardiovasculares como trombose ou outros males circulatórios, sobre o abdômen, no caso de gravidez, ou de náuseas, vômitos e diarreia, situações pós-cirúrgicas,

Podem ser esperadas reações adversas em 3 tipos diferentes de circunstâncias:

  • Quando a massagem é contra-indicada para o paciente;
  • Quando a técnica é inapropriada para a condição que está sendo tratada
  • Quando uma técnica inapropriada é incorretamente aplicada.