Logística/Embalagem/Redução da embalagem na origem

Os principais objectivos da redução na origem são: Diminuição do consumo de matérias e de energia nos processos de fabrico de embalagens e a tentativa da completa eliminação de produtos nocivos ao ambiente, como por exemplo metais pesados e alguns solventes. Logo o principal objectivo não é de utilizar menos embalagens mas produzir as mesmas embalagens com o menor impacto ambiental possível. A redução do consumo de material pode ser obtida através da redução da espessura das embalagens e/ou atraves de mudanças no formato da embalagem de forma a optimizar a mesma. Em certa medida, o uso de embalagens de maior capacidade e de embalagens de recarga mais leves, é também forma de redução na origem. A utilização de produtos concentrados é também outra forma de reduzir a embalagem, como por exemplo as embalagens da Figura 1 (Poças et al., 2003, p. 9-12).


A norma europeia EN 13428:2000 “Packaging – Requirements Specific to Manufacturing and Composition – Prevention by Source Reduction” define “prevenção através de redução na origem” como “o processo para obtenção de uma embalagem primária, secundária ou terciária, para o mesmo fim e com o mesmo desempenho e aceitação pelo consumidor, mas com o peso e/ou volume mínimo”.

Nos diferentes sectores da embalagem a redução na origem tem visto um grande desenvolvimento em grande parte devido aos interesses económicos que podem ser obtidos.A redução não origem tem um grande impacto na gestão de recursos e na minimização do impacto ambiental provocado pela embalagem mas apesar de tudo isto o consumidor não esta consciente dos esforços aplicados na redução na origem e da evolução que se tem vindo a verificar na área. O grande desafio que se coloca na redução na origem é minimizar o impacto que a embalagem provoca no ambiente, mantendo a funcionalidade da mesma através da cadeia de distribuição, transporte e armazenamento, mantendo a segurança e a qualidade do produto e a sua aceitabilidade junto do transporte.

Recentemente a EMBOPAR – Embalagens de Portugal SGPS, SA, apresentou alguns exemplos de acções de prevenção de resíduos de embalagem por redução na origem, que foram desenvolvidos pelas empresas accionistas da EMBOPAR. As alterações foram realizadas na embalagem primária, secundária ou terciária e essas alterações focaram-se mais na concepção do produto, processo de acondicionamento, concepção ou optimização da embalagem ou dos materiais.

Como exemplo temos:

Figura 2. Embalagens de Coca-Cola

Uma garrafa de coca-cola de plástico (Figura 2) com capacidade de 2 litros, após alterações na pre forma de PET o que permitiu reduzir o peso final da garrafa em 16g uma redução de -24% em relação ao peso anterior. Foi também eliminada a tampa metálica e substituída por uma em PE e foi eliminada a base em PP.

Graças ao desenvolvimento tecnológicos nas técnicas de fabrico que tem sido desenvolvidos ao longo dos anos e a descoberta de novos materiais que são utilizados nas embalagens tem sido possível reduzir a quantidade de material usada para fabricar as embalagens. Nas embalagens de vidro as tecnologias de projecto assistido por computador, a técnica de moldação das garrafas pelo processo prensado-soprado e o desenvolvimento de revestimentos da superfície externa, permitiu a redução do peso das garrafas sem que estas tivessem prejuízo na sua resistência mecânica. De forma a eliminar zonas mais vulneráveis a fractura optimizando assim o formato da garrafa são utilizadas técnicas de projecto. Para se conseguir uma melhor distribuição de vidro pela superfície é conseguido através do processo prensado-soprado, que quando associado a revestimentos superficiais adequados permite reduzir a quantidade de vidro usado para uma garrafa de determinada capacidade e com certas características de resistência.

Como exemplo da redução de peso em embalagens temos a empresa Heye-Glass:

peso antes, g peso actual, g %redução Ano
0.33 L refrigerante]] 165 145 12 1993
0.33 L cerveja 195 135 31 1994
1 L vinho 555 350 37 1996
0.70 L Spirit 360 300 17 1998

A redução de peso em embalagens metalicas com por exemplo nas latas é normalmente obtido através da redução da espessura da folha metalica e da utilização de menos folha metálica (menos área). Nos ultimos 20 anos foi demostrado estatisticamente que o peso de uma lata de 33 cl em folha-de-flandres diminuiu, cerca de 30%.Isto foi possivel devido ao uso de de aço de duplaredução (etapa no processo de fabrico do aço que confere ao aço uma maior dureza e resistência mecânica) e recorrendo ao “beading”. As caneluras no corpo da lata reforçam as caneluras do corpo da lata reforçam a sua resistência ao vácuo formado após o processamento térmico, que por sua vez permite reduzir a espessura da folha metálica usada sem prejudicar a resistência da lata. As caneluras apresentadas na Figura 3 são a forma mais comum, mas também já existem outro tipo de formatos que conseguem alcançar o efeito de diferenciação.

Figura 3. Lata com caneluras

As latas de alumínio têm conseguido ao longo do tempo diminuir de peso, apesar de mais leves no inicio. Entre 1975 e 1995 verificou-se um aumento de cerca de 35% no número de latas fabricadas por kilograma de alumínio. Esta reduçao de peso foi principalmente pelos desenvolvimentos no processo de fabrico (processo de embutimento e estiramento ou “draw-wall-ironing”) e também alterações dimensionais, respectivamente o “neck-in” (que deixa usar tampos de diâmetro inferior) e também o design do fundo da lata que é o grande responsavel pela resistência da lata à pressão interna.

As embalagens de plástico embora sejam naturalmente sistemas de embalagens mais leves, têm também sofrido reduções significativas de peso ao longo do tempo como se pode verificar na tabela abaixo. Uma garrafa média de plástico para bebidas (águas e refrigerantes) pesa hoje em dia menos 30% do que há 12 anos atrás, graças á redução no uso de matérias-primas e melhorias no design das embalagens.

1970 1990 %redução
Filme de paletização 1400 g 350 g 75%
copo de iogurte PS 6.5 g 3.5 g 75%
Frasco de detergente 2 L 120 g 67 g 45%

Quando se reduz uma embalagem tem que se ter em conta que so se pode reduzir a embalagem até ao ponto em que uma redução adicional põe em risco a integridade do produto – ou seja – a redução tem limites de ordem técnica. Quando estes são ultrapassados perde-se o produto cuja produção tem um impacto ambiental e é anulado o objectivo principal da redução da embalagem, a diminuição do impacto ambiental.