Logística/Localização/Selecção de locais/Selecção sistemática do local para uma instalação/Factores críticos, objectivos e subjectivos


Na análise de localização de instalações, existe uma vasta lista de factores, possíveis de serem usados. Dependendo do problema de localização, deve-se desenvolver uma lista de factores pertinentes. Todos esses factores devem ser classificados como críticos, objectivos ou subjectivos.

Um factor de localização classifica-se como crítico, se a sua presença ou ausência é determinante para a análise de tomada de decisão da localização de uma instalação num local. Alguns desses factores incluem a disponibilidade de mão-de-obra, disponibilidade de serviços públicos e atitudes da comunidade. Um factor objectivo, sendo normalmente caracterizado por algo tangível, é avaliado em termos monetários, como é o caso dos custos de transporte de matérias-primas, serviços públicos e mão-de-obra. O contrário se passa com os factores subjectivos, como, por exemplo, a actividade sindical, atitudes políticas ou concorrência no local, que necessitam de ser caracterizados por medidas do tipo qualitativo (Tompkins et al., 1984, p. 516).

De acordo com Martinich (1997, p. 266-270), os vários factores de localização que entram em jogo têm em conta três fases de decisão de localização de instalações. Estas, formando muitas vezes uma hierarquia geográfica e de informação, consideram decisões de carácter regional, local e lote de terreno. Assim, sabendo que os factores mais importantes para avaliar alternativas, variam de fase para fase, apresenta-se e explica-se como é que alguns destes factores surgem em cada fase.

Na Fase 1, decisão regional, factores económicos, legais e de mercado, surgem como factores de potencial importância.

  • Proximidade do mercado. Normalmente, as instalações de produção podem estar localizadas longe do consumidor final, apesar da proximidade permitir prazos de entrega mais curtos e previsíveis para os clientes industriais que utilizam sistemas de produção just-in-time, para os quais a proximidade pode ser crucial. Adicionalmente, por vezes, há vantagens na localização dentro do mesmo país que o consumidor final ou dentro de um bloco económico, como é o caso da União Europeia. Por outro lado, operações de serviço devem localizar-se perto dos clientes, a não ser que os serviços sejam prestados por telecomunicação.
  • Proximidade de matérias-primas. Em instalações de produção, a proximidade de matérias-primas e outros materiais de consumo, inputs, é importante para reduzir os custos de transporte e tempo de entrega. Por vezes, proximidade pode significar uma localização próxima a um ponto de entrega de baixo custo, ao contrário das próprias fontes físicas de matérias-primas. A proximidade a fontes de matérias-primas tende a ser um aspecto de menor importância para instalações de serviço, uma vez que estas utilizam, normalmente, menos materiais.
  • Disponibilidade de serviços públicos. Em algumas partes do mundo, a disponibilidade de energia eléctrica, água potável e outros serviços públicos é limitada. Estes e mais alguns serviços, como a disponibilidade de esgotos, são assumidos como garantidos pelos consumidores residenciais. Ao invés disso, instalações comerciais e industriais não têm a garantia do fornecimento destes serviços e, em alguns casos, têm necessidade de se abastecerem a si próprias, se não existir capacidade suficiente disponível.
  • Oferta de mão-de-obra e sindicalização. As empresas necessitam de saber se numa dada região existe ou não mão-de-obra suficiente, que possua as competências necessárias, a um salário aceitável. Em alguns locais do globo, é fácil obter informações sobre o salário médio e os índices de produtividade para categorias gerais de trabalhadores, sendo este nível de detalhe suficiente para as decisões na fase regional. Além disso, também se deve ter em conta a extensão da sindicalização e o ambiente geral das relações entre a gestão e os trabalhadores em cada região.

A nível internacional, as decisões de localização apresentam alguns factores adicionais importantes.

  • Restrições legais. Algumas empresas abriram instalações no estrangeiro, partindo do princípio que poderiam importar os meios de produção, mas, mais tarde, viram-se confrontadas com restrições de importação ou leis de conteúdo interno, que as impede de o fazer. Em alguns países, também existem restrições ao repatriamento dos lucros. Em resultado disso, as empresas têm que recorrer a permutas ou outro tipo de acordos, de forma a conseguir movimentar capitais para fora do país em que os lucros foram gerados.

Após a decisão regional, surge a Fase 2, decisão local, em que se tornam relevantes os seguintes factores de localização.

  • Impostos. Numa mesma região, por exemplo, os impostos podem variar consideravelmente. Este fenómeno ocorre, em virtude de diferentes políticas fiscais das administrações locais, influenciando, assim, os salários brutos pagos pelas empresas.
  • Incentivos económicos. Geralmente, os governos locais recorrem a incentivos financeiros, de forma a atrair empresas a localizarem-se dentro da sua jurisdição. Estes incentivos, podem assumir várias formas, desde ajudas financeiras directas, como a disponibilização de terrenos gratuitamente, empréstimos de baixo custo ou redução de impostos, até incentivos menos directos. Estes últimos, tais como a construção ou melhoramento de estradas e modificação de restrições do local, podem ser ainda mais valiosos para a empresa.
  • Atractividade da comunidade. A qualidade da habitação, taxa de criminalidade, qualidade das escolas e instituições culturais e desportivas influenciam as decisões de localização de instalações, devido, principalmente, aos seus efeitos sobre a vontade dos trabalhadores em se mudarem e capacidade de encontrar mão-de-obra qualificada, com experiência.
  • Indústria compatível. Normalmente, certas partes de um país têm uma elevada concentração de instalações do mesmo segmento industrial. Este fenómeno ocorre, porque se torna vantajoso, para um fabricante que queira abrir uma unidade de produção, encontrar-se próximo da concorrência. É mais provável a existência de mão-de-obra com as qualificações necessárias, bem como de infra-estruturas de formação profissional. Além disso, já existem fornecedores dos materiais e serviços necessários e a indústria é aceite pela comunidade local. Isto pode ser importante nos casos em que esta tenha características desagradáveis, tais como poluição.
  • Rede de transportes. Dependendo do tipo de materiais e produtos a expedir, o transporte pode ser especializado. Assim, um local pode ser preferível a outro, por exemplo, uma instalação que necessita de acesso a linhas férreas e portos, prefere um local perto de um rio e de uma linha férrea.
  • Políticas e atitudes do governo. Na construção de uma instalação, este factor é importante, uma vez que os governos locais influenciam directamente a facilidade ou dificuldade da construção. Daí que a maioria das empresas não se queiram instalar em locais onde não são, à partida, desejadas.
  • Regulamentos ambientais. Apesar da maioria das leis ambientais serem feitas a nível nacional, as restrições para cada região, são baseadas na história ambiental dessa mesma região.

Na Fase 3, fase final do processo de decisão, são identificados e seleccionados os locais para as instalações, tendo em conta, agora, informações mais detalhadas, comparativamente às fases anteriores. Esta análise é crucial. A disponibilidade de capacidade de geração de energia eléctrica, por exemplo, pode ser uma questão importante a abordar nas fases 1 e 2, enquanto que o acesso à rede eléctrica pode ser importante na Fase 3. Factores como espaço para expansão ou proximidade a outras indústrias são, muitas vezes, importantes, nesta última fase.

  • Espaço para expansão. A importância do espaço para a expansão de uma empresa não pode ser exagerada. Segundo Roger Schmenner, citado por Martinich (1997, p. 270), a razão mais comum para as empresas deslocarem as suas instalações é a falta de espaço para expansão. Normalmente, quando uma pequena empresa estabelece uma instalação, tem como objectivo manter os seus investimentos ao mais baixo nível. Daí que não compre mais espaço do que aquele que é previsto ser necessário no futuro imediato. Caso a empresa seja bem sucedida, pode surgir, como consequência, uma rápida sobreocupação das suas instalações. Como uma estratégia para o desenvolvimento económico, alguns governos locais respondem a este problema com a compra de terrenos em grandes parcelas e arrendamentos em pequenos lotes, mantendo alguns de reserva para necessidades futuras das empresas já existentes no local.
  • Proximidade de outras indústrias. O facto de várias instalações terem a possibilidade de partilhar equipamentos e serviços, em escritórios e parques industriais, apresenta alguns benefícios, uma vez que os custos associados são menores. Serviços como a simples recolha de lixo ou a entrega de encomendas podem ser fornecidos a preços mais baixos para um conjunto de instalações, ao invés de uma ou duas. Com isto, estes grupos de instalações, tendem a atrair o apoio de outros prestadores de serviços, como advogados, contabilistas ou engenheiros.