Logística/Reparações e sobressalentes/Gestão de sobressalentes
A gestão de peças sobressalentes é uma parte fundamental da logística, pois geralmente representa cerca de 19 a 35% do custo unitário do produto (© DEGEI - UA, L.M.Ferreira). Para que esta gestão não seja uma "dor de cabeça" para os gestores, não pode ser só observada do ponto financeiro e/ou operacional, mas também como um serviço para o cliente, isto é, o serviço pós venda é também muito importante para satisfazer as necessidades do cliente. Esta gestão de sobressalentes consiste em ter um certo número de unidades do produto em armazém para que em caso de avaria ou defeito a empresa se encontarr capacitada para solucionar o problema em causa (Antonio Vinicius Pimpão Gomes; Peter Wanke).
Existem dois tipos de peças sobressalentes (Antonio Vinicius Pimpão Gomes; Peter Wanke):
- Itens reparáveis - são unidades que podem ser recuperadas, isto é, em caso de avaria a peça é substituida por uma semelhante e a que apresenta falha procede para o centro de reparação para posteriormente ser reposta no armazém;
- Itens consumiveis ou descartáveis - são unidades que são directamente descartadas e substituidas por outras que se apresentam em stock.
Um dos grandes desafios dos gestores é conseguir definir a quantidade e localização das peças sobressalentes, como é o caso do sector da aeronáutica, que possui peças com elevado custo de aquisição e de armazenamento. Existem duas fontes de estacionariedade na procura de peças de aviões: pequenas peças que vão ter uma procura mais previsível (os parafusos, filtros, chips, etc.) e as peças de maior porte e maior valor acrescentado, (motores, sistemas hidraulicos, componentes das asas, etc.) que vai variando ao longo do tempo. Para estas peças de maior valor existem umas previsões de quanto tempo demoram a danificar-se ou mesmo destruirem-se, mas mesmo assim nunca se tem a certeza de que elas aguentam até a essa estimativa. Por isso mesmo, tem que se ter uma atenção especial para que não tenhamos uma ruptura do stock nem um excesso de peças sobressalentes de valor acrescentado.
Um dos pontos fulcrais de uma boa gestão é detectar o tempo de vida das peças para que haja um rápido ajustamento de stock. Geralmente se tivermos uma detecção mais retardada do tempo de vida da peça os custos de transporte da peça sobressalente vão subir muito, devido ao facto de os fornecedores terem que transportar a peça num curto espaço de tempo, ou então a resposta à falha da peça é muito grande, levando a que os clientes fiquem descontentes.
A localização de armazéns é um dos pontos elementares da logística de sobressalente pois a resposta à procura de peças tem que ser o mais reduzida possível, daí obtar-se por ter um ou dois (no máximo) armazéns por continente e a maior parte espalhados por todo o mundo. Os armazéns espalhados por todo o mundo, geralmente denominados regionais, situam-se em locais de serviço para que possam controlar melhor o nivel de serviço da procura, isto é, o armazéns centrais tentam satisfazer a procura o mais rapidamente possível enquanto os armazéns regionais fornecem ao armazém central.
Existe uma inspecção de avião intercalada entre cada vôo, assim, se houver necessidade de trocar alguma peça danificada o armazém central tem que ter a capacidade de responder a esta procura, respondendo no máximo de quatro dias. Se houver uma avaria mais grave mas que o avião ainda possa voar, então este dirige-se a um local de serviço (armazém central). Neste caso o tempo de espera do avião não pode exceder dois dias. Existe ainda a situação de o avião não poder levantar vôo (Aircraft on Ground) e aí sim, a capacidade de resposta do armazém central é fulcral, pois o transporte de peças sobressalentes tem que ser respondida no máximo de seis horas. O Aircraft on Ground é um termo de manutenção aérea que indica que existe uma avaria suficientemente grave para que o avião não levante vôo. Quando um avião se encontra no estado de Aircraft on Ground e não houverem peças suplentes para substituirem as defeituosas, a companhia aérea geralmente pede ajuda ao aeroporto para que troque a peça em questão ou até mesmo a outra companhia aérea.
A gestão de stocks de valor acrescentado é feita através de uma revisão periódica do stock para que a peça sobressalente seja substituida no máximo em quadro dias.