Marcas nas fotografias de Werner Haberkorn/Introdução
As cidades, desde o advento das revoluções industriais, tornaram-se o lócus privilegiado da produção e circulação de mercadorias nos marcos de uma economia industrial capitalista. E a partir da segunda metade do século XIX, tornaram-se também o grande centro de exposição das novas mercadorias, com as Exposições Universais e com as reformas urbanas que instituíram um novo traçado urbano, ordenado, disciplinado em grandes vias retilíneas para o fluxo veloz do capital.
Neste contexto uma nova arquitetura se anuncia, do espetáculo, da exposição das mercadorias, das vitrines, dos grandes painéis de vidro, das lojas de magazine, dos grandes bancos e escritórios de negócios. O espaço urbano, neste sentido, torna-se também suporte material para veiculação de produtos, serviços e marcas.
Os centros urbanos das grandes metrópoles ganharam este perfil, e se transformaram em objetos de disputa por parte do capital imobiliário, que surgiu com a transformação do espaço urbano em mercadoria valiosa, pois escassa. Neste aspecto, a verticalização foi uma das formas encontradas para multiplicar o solo escasso do centro em algumas cidades. São Paulo, ao longo da primeira metade do século XX, vai ganhado este perfil, abandonando aquela imagem de cidade do café em busca de uma nova imagem de cidade industrial e moderna, identidade ainda desconhecida, como nas palavras de Sevcenko:
A metáfora da locomotiva cabia bem no ritmo vertiginoso de crescimento de São Paulo. Em 1954, quando comemorava seus quatro séculos de existência, escolheu-se como slogan a frase "São Paulo – a cidade que mais cresce no mundo". São Paulo assumia os signos da modernidade, com seus arranha-céus, letreiros, luminosos, lojas de departamento e ainda a presença das chaminés, era "a cidade que não podia parar" outro slogan repetido à exaustão.
Neste contexto, a cidade ganhava também um novo urbanismo, marcado pela implantação de um projeto viário, com ênfase em grandes avenidas, que privilegiava, por sua vez, outro grande símbolo da modernidade: os automóveis. Francisco Prestes Maia foi o protagonista destas mudanças. Como autor do Plano de Avenidas e sobretudo como prefeito de São Paulo, com plenos poderes.
O trabalho do fotógrafo Werner Haberkorn, objeto de análise deste estudo, se situa neste contexto da cidade de São Paulo:
Werner Haberkorn foi um empresário e fotógrafo alemão radicado em São Paulo, fundando em 1940, a Fotolabor, um estúdio e gráfica de cartões postais, tornando-se uma das mais importantes empresas de cartões-postais do estado de São Paulo.
Direcionando suas lentes para os principais pontos do centro da cidade de São Paulo, registrou todo o processo de evolução e crescimento da capital paulista nos anos de 1940 e 1950. Estas fotos encontram-se na Coleção Werner Haberkorn do acervo do Museu Paulista e compõe um conjunto de documentos imagéticos importantes para a memória da cidade de São Paulo.
Neste estudo buscamos identificar, pesquisar e analisar nos letreiros, luminosos, placas de propaganda, entre outros suportes espalhados pelos edifícios da cidade, as várias marcas de empresas e produtos presentes nas fotos de Haberkorn.
No âmbito da disciplina de Comunicação Visual, para as turmas do curso de Comunicação Social do Centro Universitário Belas Artes, o projeto propicia o exercício de várias faculdades cognitivas na identificação destas marcas nas fotos, na pesquisa e investigação da elaboração de logotipos, marcas, cartazes, propaganda e desenvolvimento histórico da própria marca e ou empresa.
Desta forma, buscamos contribuir na produção, difusão e compartilhamento do conhecimento inseridos no projeto mais amplo dos projetos Wikimedia, em especial o Wikilivros. Este material integra a Iniciativa GLAM do Museu Paulista, coordenado pelo CEPID NeuroMat (apoio FAPESP), pela direção do Museu Paulista e pela Associação Wikimedia Brasil.
Bibliografia
editar- LIMA, Solange Ferraz de - A Cultura metropolitana nas fotografias de Werner Haberkorn- SP. Espaço Líquido Editora. 2014
- SEVCENKO, Nicolau – Pindorama revisitada: cultura e sociedade em tempos de virada – SP, Peirópolis, 2000
- ROLNIK, Raquel - A cidade e a lei- SP. Studio Nobel, 1997