O estado de São Paulo/História
A região do atual estado de São Paulo já era habitada por povos indígenas desde aproximadamente 12000 a.C.[1] Até aproximadamente o ano 1000, a região do atual estado de São Paulo era ocupada inteiramente por tribos indígenas que falavam línguas pertencentes ao tronco linguístico macro-jê. A partir dessa época, tribos falantes de idiomas do tronco linguístico tupi procedentes do sul da Amazônia começaram a ocupar o litoral brasileiro. Como resultado, quando os navegadores europeus começaram a frequentar o litoral paulista, a partir do século XVI, encontraram somente tribos falantes de idiomas do tronco linguístico tupi: os carijós (que falavam guarani), ao sul; os tupiniquins, no litoral central e os tupinambás, no litoral norte (estes dois últimos grupos étnicos falavam tupi)[2].
Em 1501 e em 1503, o navegador português Gonçalo Coelho comandou duas expedições de reconhecimento do litoral brasileiro que passaram pelo litoral paulista, aportando nas regiões das atuais cidades de São Vicente e Cananeia. Nesta última região, teria deixado, como degredado, o cristão-novo Cosme Fernandes. Cosme veio a ser acolhido pelos índios carijós locais e passou a ser referido pelos europeus que aportavam à região como "o bacharel de Cananeia"[3]. Como, porém, a região não deu sinais de possuir ouro ou outros metais preciosos, Portugal desinteressou-se pela sua ocupação, limitando-se a adquirir madeira de pau-brasil dos indígenas, bem como a patrulhar o litoral contra a presença de comerciantes franceses de pau-brasil.
Por volta de 1513, naufragou no litoral paulista, na altura da atual cidade de São Vicente, um barco português. Desse naufrágio, sobreviveu o português João Ramalho, que foi acolhido pelos índios locais, os tupiniquins, vindo a se casar com a filha do chefe da aldeia. O nome do chefe era Tibiriçá e o de sua filha, Bartira. A colonização portuguesa da região somente iniciou-se com a expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, que fundou a cidade de São Vicente em 22 de janeiro de 1532[4].
Em março de 1532, o rei português dom João III decidiu delegar a administração do Brasil para particulares, através das chamadas "capitanias hereditárias". A região do atual estado de São Paulo ficou, desta forma, dividida entre três capitanias: Rio de Janeiro, Santo Amaro e São Vicente[5]. Em 25 de janeiro de 1554, por ordem do Padre Manoel da Nóbrega, um grupo de 12 jesuítas, entre eles os padres Manoel de Paiva e José de Anchieta, fundaram o Real Colégio de Piratininga, evento este que é considerado o marco de fundação da atual cidade de São Paulo[6].
Partindo das cidades de São Paulo e de São Vicente, os exploradores conhecidos como "bandeirantes" passaram a desbravar o interior do país, em busca de pedras preciosas e de escravos índios. Nesse processo, acabaram anexando grande parte do atual território brasileiro, mesmo regiões que ficavam além da linha do Tratado de Tordesilhas e que, portanto, não pertenciam teoricamente a Portugal.
Em 1709, a coroa portuguesa comprou a Capitania de São Vicente e a transformou na Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Em 2 de dezembro de 1720, a região das Minas Gerais se separou da capitania, o que fez com que esta mudasse seu nome para Capitania Real de São Paulo. Com a proclamação da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, por dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, na cidade de São Paulo, a Capitania de São Paulo se transformou na Província de São Paulo.
Ao longo do século XIX, o cultivo do café se espalhou pelo vale do Rio Paraíba do Sul e, em seguida, pelo oeste paulista. Nesse processo, foi dizimada a população indígena caingangue que ocupava o oeste do estado[7]. Com a abolição da escravidão, em 13 de maio de 1888, imigrantes europeus assalariados, em sua maior parte procedentes da Itália, passaram a ser trazidos para substituir a mão de obra escrava negra.
Os imigrantes chegavam de navio pelo porto de Santos e, de lá, eram conduzidos para as plantações no interior do estado[8]. Um dos países de origem dos imigrantes eram os Estados Unidos, mais especificamente a região sudeste do país, que havia sido recém-derrotada na Guerra Civil Estadunidense (1861-1865). Esses imigrantes se instalaram, principalmente, na região das atuais cidades de Americana e Santa Bárbara d'Oeste[9]. Com a proclamação da república brasileira, em 1889, a Província de São Paulo mudou sua denominação para a atual: Estado de São Paulo.
Em 18 de junho de 1908, desembarcou, no porto de Santos, o primeiro grupo de imigrantes japoneses que vinham para trabalhar nas lavouras de café de São Paulo[10]. As primeiras décadas do século XX marcaram o despontar do estado como polo industrial do país. Para tal fato, cooperaram os lucros obtidos através do café, a instabilidade dos preços do produto (que motivaram a busca de uma alternativa econômica para o produto) e a abundância de mão de obra europeia qualificada, formada por imigrantes que não desejavam mais trabalhar no campo[11]. O desenvolvimento econômico do estado no século XX, porém, não atraiu apenas imigrantes estrangeiros, mas também migrantes oriundos da Região Nordeste do país[12].
Em 9 de julho de 1932, o estado se rebelou contra o governo inconstitucional do presidente brasileiro Getúlio Vargas, na chamada Revolução Constitucionalista de 1932. Os combates duraram quase três meses e terminaram com a rendição do estado[13]. Ao longo do século XX, houve intensa imigração lituana para o estado, especialmente para o bairro de Vila Zelina, na cidade de São Paulo, bairro que é considerado a segunda maior colônia lituana no mundo[14].
Em 27 de abril de 1940, foi inaugurado o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, conhecido popularmente como Pacaembu. Em 14 de julho de 1948, quinhentos imigrantes neerlandeses fundaram um núcleo de povoamento no atual município de Holambra, dedicando-se ao cultivo de flores[15]. Na segunda metade do século XX, o perfil dos imigrantes no estado mudou: passou a se constituir de coreanos, bolivianos, peruanos e paraguaios, que vinham trabalhar em fábricas de confecções de roupas, geralmente dirigidas por árabes e descendentes[16]. Em 19 de março de 1964, 500 000 pessoas participaram, na cidade de São Paulo, da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, pedindo a saída do presidente brasileiro João Goulart. Treze dias depois, João Goulart foi derrubado pelo Golpe Militar de 1964[17].
No início do século XXI, o estado sofre com o aumento da violência, motivado pelo crescimento do crime organizado[18].
-
Obelisco do Parque do Ibirapuera, construído em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932
-
Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho no ano de 1998
Referências
- ↑ Scribd. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/35430825/Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatuba. Acesso em 17 de maio de 2013.
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 18-19.
- ↑ http://www.cananet.com.br/historia/carvalho/
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma História. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 40-41
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma História. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 42-44
- ↑ A fundação da cidade de São Paulo. Disponível em http://www.sampa.art.br/historia/fundacao/. Acesso em 14 de agosto de 2012.
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 282.
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 266-267.
- ↑ Imigrantes americanos no Brasil. Disponível em http://www.achetudoeregiao.com.br/atr/Imigrantes_Americanos_no_Brasil.htm. Acesso em 13 de janeiro de 2013.
- ↑ IBGE, CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES. O vento do oriente: uma viagem através da imigração japonesa no Brasil. Roteiro de André Uesato e Renata Correa. Arte e design de Lícius Bossolan e Martha Werneck. Rio de Janeiro. IBGE. 2008. p. VI.
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 283.
- ↑ GOMES, S. C. Uma inserção dos migrantes nordestinos em São Paulo: o comércio de retalhos. Disponível em http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1413-666X2006000200007&script=sci_arttext. Acesso em 13 de janeiro de 2013.
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 266-267.
- ↑ RAPCHAN, E. S. Lituanos e seus descendentes: Reflexões sobre a identidade nacional numa comunidade de imigrantes. Disponível em http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao10/materia01/texto01.pdf. Acesso em 13 de janeiro de 2013.
- ↑ Imigração holandesa. Disponível em http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/imigracao-holandesa/. Acesso em 13 de janeiro de 2013.
- ↑ VARELLA, T. Espaço Cidadania. Imigrantes bolivianos vivem como escravos em São Paulo. Disponível em http://www.metodista.br/cidadania/numero-26/imigrantes-bolivianos-vivem-como-escravos-em-sao-paulo. Acesso em 13 de janeiro de 2013.
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 363.
- ↑ DUFFY, G. KAWAGUTI, L. Sp é negligente no combate à violência, diz Anistia Internacional. 27 de novembro de 2012. Disponível em http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI6333920-EI5030,00-SP+e+negligente+no+combate+a+violencia+diz+Anistia+Internacional.html. Acesso em 1 de janeiro de 2013.