Protocolos Colaborativos/ TEV/Trombólise nas formas graves
População alvo
editarPacientes com tromboembolismo pulmonar (TEP) ou trombose venosa profunda (TVP) confirmados ou de alta suspeita com limiar para tratar
Sumários
editarNOME DO SUMÁRIO | INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL | ANO |
---|---|---|
Fibrinolytic (thrombolyic) therapy in acute pulmonary embolism and lower extremity deep vein thrombosis | UpToDate | 2016 |
Pulmonary embolism treatment | Dynamed | 2016 |
2014 ESC Guidelines on the diagnosis and management of acute pulmonary embolism | European Society of Cardiology (ESC) | 2014 |
Antithrombotic Therapy for VTE Disease | American College of Chest Physicians/CHEST | 2016 |
Conhecimentos Básicos
editarRespostas fisiopatológicas quando um trombo se aloja no pulmão:
editar- Infarto: ocorre em aproximaamente 10% e geralmente ocorrem por trombos pequenos que viajam às veias segmentares e subsegmentares, causando sintomas como hemoptise e dor pleurítica;
- Troca gasosa anormal: causa alteração da relação vetilação/perfusão e inflamação. Esta gera disfunção do surfactante e aletectasia, além de alteração do drive respiratório, gerando hipocapnia e alcalose respiratória.
- Comprometimento cardiovascular: a obstrução do leito vascular e vasoconstrição geram hipóxia, aumento da resistência vascular periférica, causando dilatação do ventrículo direito (VD), com redução da pré-carga de ventrículo esquerdo (VE) e do débito cardíaco. Quando ocorre uma obstrução de 75% em um paciente hígido, o VD deve gerar uma pressão além de 50mmHg para preservar o fluxo na a. pulmonar. Se há falha nesse mecanismo o paciente evolui com hipotensão. Em pacientes com doença cardiopulmonar prévia, a hipotensão pode ser induzida por um trombo menor.
Trombolíticos:
editarOs agentes trombolíticos têm a função de ativar a transformação do plasminogênio em plasmina, acelerando a lise do trombo. Alteplase, estreptoquinase e uroquinase são os agentes reconhecidos atualmente pela FDA. A estreptoquinase é mais barata, mas apresenta mais efeitos adversos e seu tempo de administração é de 24h. Já a alteplase tem o menor tempo de infusão, podendo ser administrada em 2 horas.
Contraindicações da trombólise:
editarABSOLUTAS | RELATIVAS |
•Hemorragia intracraniana prévia
•Lesão vascular cerebral estrutural •Neoplasia intracraniana maligna •AVEi há 3 meses •Suspeita de dissecção aórtica •Sangramento ativo (exclui menstruação) •TCE significativo ou trauma facial há 3 meses |
•Hipertensão crônica, grave, mal controlada
•PAS > 180 ou PAD > 110 mmHg •AVEi há mais de 3 meses •PCR > 10min ou traumática ou cirurgia grande há 3 meses •Sangramento interno há 2-4s •Punção vascular não compressível •Procedimento invasivo recente •Exposição prévia ou alergia à SK •Gestação; Úlcera péptica ativa •Pericardite •Uso anticoagulante (RNI <1,7 ou TP > 15s) •> 75ª; Retinopatia diabética |
Trombólise no TEP: indicações
editarDesfechos:
editarMortalidade, recorrência e sangramento (maior, intracraniano)
Comparação entre sumários:
editarINDICAÇÕES DE TROMBÓLISE | |
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UpToDate | Única amplamente aceita: choque ou hipotensão persistente |
Dynamed | Recomenda: se choque, a não ser que existam contraindicações absolutas (ESC I B) |
ACCP | Sugere: hipotensão, sem alto risco de sangramento (Grade 2 B) |
ESC | Choque ou hipotensão em pacientes de alto risco para TEP (I B) |
INDICAÇÕES POSSÍVEIS DE TROMBÓLISE | |
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UpToDate | Piora ou disfunção grave de VD (“TEP submaciço”), PCR, embolia extensa, trombo livre em AD ou VD |
Dynamed | Sugere: hipotensão s/ alto risco de sangramento (ACCP 2 B) ou risco intermediário-alto + descompensação hemodinâmica (ESC IIa B) |
ACCP | Sugere: sem hipotensão inicial, com deterioração após anticoagulação e baixo risco de sangramento (Grade 2 C) |
ESC | Considerar: TEP de risco intermediário a alto e sinais de descompensação hemodinâmica (IIa B) |
Sumário de achados:
editarDesfecho | Efeito | Confiança | Importância |
Morte por todas as causas | NNT: 59 | Fraca a moderada | CRÍTICA |
Sangramento maior | NNH: 18 | Fraca a moderada | GRANDE |
Recorrência TEP | NNT: 54 | Fraca a moderada | GRANDE |
Sangramento intra-craniano | NNH: 78 | Fraca a moderada | GRANDE |
Considerações:
- O valor de p só foi significativo quando se separou o grupo de risco intermediário (isto é, estável hemodinamicamente mas com disfunção de VD). Quando se dividiu por idade o valor não teve significância estatística.
- O NNH para sangramento maior foi de 11 em maiores de 65 anos. Em menores foi de 176, mas com um p=0,89.
Recomendações:
editarRecomendação | Classe | Nível |
---|---|---|
Ofereça trombólise em todo paciente com choque ou hipotensão refratária, na ausência de contraindicações | 1 | B |
Considere trombólise em pacientes de risco intermediário com evolução desfavorável, principalmente se < 65a | 2 | B |
Trombólise no TEP: qual trombolítico? e qual via (sistêmica ou por cateter)?
editarDesfechos:
editarMortalidade, recorrência e sangramento (maior, intracraniano)
Comparação entre sumários:
editarO Dynamed apenas cita que o FDA aprova alteplase e uroquinase. O UpToDate diz que a superioridade de nenhum dos trombolíticos foi estabelecida e que alteplase em infusão por 2h é a principal razão para ser a mais comumente usada.
SISTÊMICA OU POR CATETER? | |
---|---|
UpToDate | •Sistêmica: em pacientes hemodinamicamente instáveis
•Cateter: se estável (raro); considerar se instável apesar da trombólise sistêmica, risco de morte antes que a sistêmica tenha efeito ou alto risco de sangramento |
Dynamed | •Sistêmica em veia periférica sugerida em relação a cateter (ACCP 2 C)
•Infusões rápidas (ex: 2h) são sugeridas em relação às longas (ex: 24h) (ACCP 2 C) |
ACCP | •Sugere: sistêmica, em veia periférica (2 C);
•Sugere retirada com cateter: se alto risco sangramento, falha na trombólise sistêmica ou choque com risco de morte antes que ela tenha efeito (2 C) |
ESC | •Considerar o cateter como alternativa à embolectomia em pacientes em que a trombólise sistêmica é contraindicada ou falhou (IIa C) ou no risco intermediário alto com risco de sangramento alto (IIb B) |
Sumário de achados:
editarResultados sugeriram:
• Infusões prolongadas associadas com maior tx de sangramento
• Infusões curtas alcançam lise mais rápida
• Bolus de rt-PA (50mg em 15min) parece tão efetivo e seguro quanto a infusão em 2h (100mg)
• Infusão rt-PA diretamente na a. pulmonar x veia periférica não acelera a trombólise, mas causa mais sangramento no sítio de inserção do cateter
Recomendações:
editarRecomendação | Classe | Nível |
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Considere o uso da alteplase em infusão por 2h (100mg) quando decidir pela trombólise | 2 | C |
Considere a administração do trombolítico por via periférica ao invés da via por cateter em a. pulmonar | 2 | C |
Considerar a trombólise via cateter se alto risco sangramento, falha na trombólise sistêmica ou choque com risco de morte antes que a ela tenha efeito | 2 | C |