Redes de computadores/História da Internet

A abordagem histórica é sempre válida, mesmo quando se trata de tecnologia, que nos termos atuais, se moderniza e evolui em ritmo frenético. Devemos recorrer à história para resgatar as motivações, o contexto histórico e a evolução por trás de cada invenção. Portanto, não podemos ignorar a história daquilo que se tornou um componente central da infra-estrutura mundial de telecomunicações [1], a Internet.

É interessante notar que uma série de pesquisas e motivações nasciam na década de 60, e que tinham em comum a idealização de uma grande rede de comunicação: a necessidade da descentralização geográfica da informação durante a Guerra Fria, as primeiras pesquisas sobre comutação de pacotes e a idealização de estudiosos (J.C.R. Licklider, do MIT) de construir uma grande rede de onde qualquer pessoa pudesse acessar arquivos e programas, são exemplos das motivações que surgiram naquela década.

Foram nos anos 60 que surgiram os primeiros estudos sobre comutação de pacotes, com a intenção de criar uma forma de comunicação mais eficiente e robusta que a comutação de circuitos. Neste período temos 3 institutos que se destacam em suas contribuições (pesquisas realizadas em paralelo, sem conhecimento mútuo). Seriam estes o MIT, Rand Institute e o National Physical Laboratory. Muito do que foi pesquisado teve o propósito de atender a necessidades militares, pois o contexto político do mundo era a Guerra Fria. Mas pesquisadores, como J.C.R. Licklider do MIT, em 1962, já discutia o conceito de Rede Galática (Galactic Network), e já idealizava um conceito de redes de computadores que é basicamente o modelo de internet que temos hoje.

O primeiro livro sobre a teoria da comutação de pacotes foi lançando em 1964, por Leonard Kleinrock. Em 1965, depois que Lawrence G. Roberts, trabalhando com Thomas Merril, colocaram em funcionamento a primeira (pequena) rede WAN usando a rede telefônica, concluiu-se que a comutação por circuito era ineficiente para este propósito, confirmando definitivamente, que a solução estava na comutação por pacotes.

Em 1968 é criado o primeiro comutador de pacotes, chamado Interface Message Processors (IMP’s), para compor a arquitetura da ARPANet. Em 1969, três IMPs são instalados na universidade de Stanford, Santa Bárbara e Utah, configurando assim, uma rede com 4 nós. Em 1972 a ARPANet já contava com 15 nós. Neste mesmo ano o primeiro protocolo tipo host-to-host foi criado, e a primeira aplicação de e-mail foi apresentada.

A década seguinte, 70, foi a responsável pelo desenvolvimento do TCP, inicialmente especificado por Vint Cerf, em 1974. O objetivo era obter um protocolo que transmitisse de forma eficiente e confiável ,pacotes em redes de longa distância. Posteriormente, Robert Kahn definiu algumas regras que norteariam o desenvolvimento do novo protocolo, como por exemplo: retransmissão dos pacotes em caso de perda, cada rede distinta se conecta à internet sem depender da sua arquitetura, caixas-pretas (posteriormente chamados de gateways e roteadores) fariam a conexão entre as redes sem reter informação sobre os pacotes e não haveria um controle global no nível de operação.

Os anos 80 marcam a proliferação das redes conectadas à Internet e finalmente, com a criação da Web , e dos browsers com interface gráfica na década de 90, temos a inclusão do usuário doméstico na rede, e o início do fenômeno comercial e cultural que se tornou a Internet.

A Proliferação de Redes 1980-1990 editar

Ao final da década de 1970, aproximadamente 200 máquinas estavam conectadas à ARPAnet, ao final da década de 1980, o número de máquinas ligadas a internet pública, uma confederação de redes muito parecida com a internet de hoje, alcançaria 100 mil. A década de 1980 seria uma época de formidável crescimento.

Grande parte daquele crescimento foi consequência de vários esforços distintos para criar redes de computadores para interligar universidades. A BITNET processava e-mails e fazia transferência de arquivos entre diversas universidades do nordeste dos Estados Unidos. A CSNET (computer science network – rede da ciência de computadores) foi formada para interligar pesquisadores de universidades que não tinham acesso a ARPAnet. Em 1986, foi criada a NSFNET para prover acesso a centros de super-computação patrocinados pela NFS. Partindo de uma velocidade inicial de 56 kbps, ao final da década o backbone da NSFNET estaria funcionando a 1.5 Mbps e servindo como backbone primário para interligação de redes regionais.

Na comunidade da ARPAnet, já estavam sendo encaixados muitos dos componentes finais da arquitetura da internet de hoje. No dia 1º de janeiro de 1983, o TCP/IP foi adotado oficialmente como o novo padrão de protocolo de maquinas para a ARPAnet (em substituição ao protocolo NCP). Devido a importância do evento, o dia da transição do NCP para o TCP/IP foi marcado com antecedência – a partir daquele dia toda as maquinas tiveram de adotar o TCP/IP. No final da década de 1980, foram agregadas importante extensões ao TCP para implementação do controle de congestionamento baseado em hospedeiros. Também foi desenvolvido o sistema de nomes de domínios (DNS) utilizado para mapear nomes da internet fáceis de entender para endereços IP de 32 bits. Paralelamente ao desenvolvimento da ARPAnet (que em sua maior parte deve-se aos Estados Unidos), no inicio da década de 1980 os franceses lançaram o projeto Minitel, um plano ambicioso para levar as redes de dados para todos os lares. Patrocinado pelo governo francês, o sistema Minitel consistia em uma rede publica de comutação de pacotes (baseada no conjunto de protocolos X.25, que usava circuitos virtuais), servidores Minitel e terminais baratos com modens de baixa velocidade embutidos. O Minitel transformou-se em um enorme sucesso em 1984, quando o governo francês forneceu, gratuitamente, um terminal para toda residência francesa que quisesse. O sistema Minitel incluía sites de livre acesso – como o da lista telefônica – e também sites particulares, que cobravam uma taxa de cada usuário baseada no tempo de utilização. No seu auge, em meados de 1990, o Minitel oferecia mais de 20 mil serviços, que iam desde home banking ate bancos de dados especializados para pesquisa. Era usado por mais de 20% da população da França, gerava receita de mais de um bilhão de dólares por ano e criou dez mil empregos. Estava presente em grande parte dos lares franceses dez anos antes de a maioria dos norte-americanos ouvir falar em internet.

Referências editar

  1. Kurose, 2006