Retórica e argumentação/Falácias/Argumentum ad Hominem
Argumentum ad Hominem é tentativa de descreditar o adversário por meio de ofensas ou detalhes de sua vida sem relevância para o assunto debatido.
Exemplos:
- Quem é você para dar conselhos matrimoniais? Você já se divorciou duas vezes!
- É claro que você vai dizer que carne vermelha não faz mal à saúde. Você é dono de um açougue!
- Rousseau descreve em Emílio sobre como educar crianças. Mas como podemos levar a sério neste assunto alguém que colocou todos seus filhos para a adoção?
Exceções e controvérsias
- Se o que está em discussão é o caráter ou aptidão de uma pessoa, apontar suas falhas não consiste em falácia ad hominem.
- Ao avaliar um testemunho, é legítimo levantar pontos que coloquem em dúvida a credibilidade da testemunha. O mesmo vale nas situações em que a credibilidade do argumento depende da credibilidade do argumentador.
- É comum, mesmo entre filósofos, atacar ideias apontando que elas não são seguidas à risca sequer entre aqueles que as defendem. Por um lado, pode-se dizer que estes argumentos são falaciosos, uma vez que o mérito das ideias independe do fato delas terem sido aplicadas à risca. Por outro lado, pode-se atacar ideias por sua inaplicabilidade e apontar como evidência disto o fato delas não serem aplicadas sequer entre seus defensores. Àqueles que forem utilizar este tipo de argumento, tenham os seguintes pontos em mente:
- Tenha certeza de compreender corretamente às ideias atacadas, ou, além de falácia ad hominem, corre-se o risco de incorrer em falácia do espantalho.
- Preferencialmente, aponte as razões segundo às quais as ideias debatidas são inaplicáveis. Então, utilize o argumento como um exemplo.
- Quando os argumentos de uma pessoa demonstram total ignorância ou falta de perspectiva sobre o assunto debatido, é comum ela receberem respostas que visam lhe conferir alguma perspectiva ou colocá-la em seu lugar. Este tipo de argumento é perigoso. Pode-se ter sucesso em fazer a pessoa tomar consciência da própria ignorância ou conferir-lhe perspectiva. Contudo, é provável que ela interprete a hostilidade como falta de razão e fique ainda mais convicta de sua posição. Além do mais, pode-se estar errado sobre a pessoa nestes casos, cometendo-se assim uma gafe enorme.
Autodefesa: Uma forma de se defender de um argumento ad hominem é por meio de paromologia, ou seja, admitir a crítica e minimizá-la:
- Eu posso não ser um perito, mas sou informado o suficiente para ter uma opinião educada sobre o assunto.
- Ainda que eu tenha interesse pessoal na questão, os meus argumentos tem méritos os quais você(s) é(são) capaz(es) de julgar objetivamente.