Utilizador:Pedro Rito/Logística/Técnicas de previsão/Opinião de peritos/Método delphi
Segundo Delurgio (1998, p. 636), o método Delphi é uma técnica de previsão usada para elaborar previsões de dados futuros. De maneira a fazer essas previsões junta-se um grupo de peritos para identificar problemas emergentes, detectando as suas causas e o tempo em que ocorrerão. O principal objectivo desta técnica é criar consenso e identificar as opiniões que possam ser úteis para o grupo. Na maioria dos casos, só se chega a um acordo consensual sobre a previsão, quando termina todo o processo.
Esta técnica é um dos métodos qualitativos mais conhecidos. O método é eficaz, visto que se baseia em estudos independentes e estruturados realizados por especialistas, nos quais se fazem estimativas imparciais sobre futuros alternativos.
Os especialistas preenchem questionários, sobre o futuro, de forma iterativa. Assim, os factos, que possam influenciar acontecimentos futuros, são destacados. É de notar que os peritos preenchem os questionários individualmente e separados uns dos outros, e que os resultados obtidos na primeira ronda são usados para gerar os questionários seguintes, podendo inclusive ser partilhada informação. A independência das respostas aos questionários elimina quaisquer parcialidades que pudessem ocorrer caso os peritos se encontrassem juntos, isto é, um pudesse influenciar a opinião do outro.
É de realçar que não existe um número predefinido em relação à quantidade de peritos que deve participar em todo o processo, dependendo este do tipo de problema a ser tratado e da população passível de ser consultada (Alvarenga, 2007, p. 8).
O método Delphi foi desenvolvido pela primeira vez no início da guerra fria, de modo a estimar o impacto que a tecnologia teria, se se desencadeasse uma guerra intercontinental que não envolvesse acções terrestres. Este estudo foi iniciado, em 1946, pela Douglas Aircraft, uma empresa aeronáutica americana, que desenvolveu o projecto RAND. Rapidamente, os investigadores foram confrontados com diversos problemas, ao nível dos métodos de estimativa tradicionais e quantitativos, visto que estas técnicas só são aplicáveis quando há experiência precisa e científica. Para combater estes problemas, foi desenvolvido, a partir de 1959, o método Delphi por Olaf Helmer, Norman Dalkey e Nicholas Rescher. O método consistia no seguinte: os especialistas davam a sua opinião sobre a probabilidade, frequência e intensidade de possíveis ataques hostis, enquanto que outros, anonimamente, davam o seu feedback. O processo era repetido até se chegar a uma opinião consensual. Desde então o método tem vindo a ser utilizado regularmente, apesar de ter sofrido ligeiras modificações e reformulações (Wikipedia, 2010).
É possível definir uma metodologia para esta ferramenta. Na primeira ronda, são apresentados questionários aos peritos, que têm de ser preenchidos. De seguida as respostas individuais são sintetizadas e devolvidas aos peritos, de forma a que estes possam analisar os resultados e modificar os seus comentários na ronda seguinte. São realizadas três ou mais rondas de maneira semelhante. Quando os administradores do método acreditam que os peritos desenvolveram adequadamente as suas posições, estes podem trabalhar em conjunto para aperfeiçoar as respostas e projecções. No fim do processo os financiadores devem ter disponíveis as probabilidades de acontecimentos futuros, estando aptos a desenvolver um planeamento organizacional (Delurgio, 1998, p. 636).
Uma das principais vantagens que o método de Delphi apresenta é o facto de haver uma imparcialidade nas decisões finais tomadas em relação à previsão mais adequada, tornando o seu resultado mais fiável, sendo este revisto por peritos de diversas áreas profissionais e reduzindo a influência de um sobre o outro (Delurgio, 1998, p. 636).
O método Delphi apresenta certas características que o definem:
- Controlo do fluxo de informação
Após cada ronda de questionário a informação é recolhida e analisada de forma a evitar que informações irrelevantes sejam abordadas na ronda seguinte (Wikipedia, 2010).
- Feedback pontual
Existe uma partilha de respostas e feedback entre os participantes, sendo que a qualquer momento estes podem rever as suas previsões anteriores. Em reuniões comuns os participantes tendem a defender fortemente as suas opiniões prévias, ou então a conformar-se demasiadamente com as opiniões do líder do grupo, no método Delphi isto tende a não acontecer (Wikipedia, 2010).
- Anonimato dos participantes
Todos os participantes mantém o anonimato, mesmo após o relatório final. Desta forma, os especialistas expressam as suas opiniões abertamente, admitindo mesmo os próprios erros através da revisão de opiniões anteriores (Wikipedia, 2010).
- Não-confrontação cara-a-cara
É imperativo que não hajam confrontos cara-a-cara entre os participantes, de modo a eliminar quaisquer pressões que estes poderiam ter nesse tipo de confrontação (Alvarenga, 2007, p. 6).
São muitas as áreas nas quais se verifica a utilização do método Delphi. Este começou por ser aplicado na previsão do desenvolvimento da ciência e tecnologia, como já foi referido anteriormente. Desde então, tem vindo a ser aplicado em problemas políticos, como a previsao de tendências económicas, de saúde, de educação, assim como a nível empresarial. Por exemplo, num caso reportado por Basu e Schoroeder (1977), o método Delphi previu as vendas de um novo produto durante os primeiros dois anos com uma imprecisão de 3-4% em relação às vendas reais. Outros métodos quantitativos produziram erros entre 10-15%, e métodos tradicionais não estruturados tiveram erros de cerca de 20% (Wikipedia, 2010).
Existem algumas variantes dentro do método Delphi. O principal ponto de divergência é a localização dos especialistas, sendo que estes se podem encontrar no mesmo local ou geograficamente dispersos. O desenvolvimento da indústria das telecomunicações permitiu revolucionar esta técnica relativamente aos especialistas dispersos, uma vez que tornou o processo mais fácil e rápido de executar (Delurgio, 1998, p. 636).